1. Spirit Fanfics >
  2. Herói >
  3. O Primeiro Olhar

História Herói - O Primeiro Olhar


Escrita por: LuscasRafael

Notas do Autor


Cheguei com esse capítulo de 'Herói'. Adorei o feedback no prefácio e vou continuar com a Fanfic! Espero que gostem e boa leitura! Beijos do Tio Dark! ♥

Capítulo 2 - O Primeiro Olhar


Já havia amanhecido. Notei isso pelos fracos feixes de luz que entravam pelas frestas da janela. Acordei ainda sem minhas roupas em um quarto desconhecido e escuro. O local que parecia não passar por uma faxina a algum tempo me deu certos calafrios, mas aos poucos me tranqüilizei ao notar que já não estava mais naquele beco. Sobre meu corpo havia um lençol branco que me cobria. Levei alguns minutos processando na minha mente tudo o que havia acontecido, mas nada me fazia lembrar de onde eu estava.

 

- Será que fui sequestrado e não me lembro? – falei comigo mesmo pressionando a mão na minha cabeça que doía até que senti que estava com a mesma enfaixada.

 

- Se você considera que salvar sua vida e te trazer a um lugar seguro é um sequestro, então sim. – disse a voz feminina e sensual. Instantaneamente me assustei quando olhei aquela silhueta. Minha visão ainda estava turva, mas logo que consegui focar meu olhar, pude ver a bela mulher que estava parada na porta, segurando uma caneca que provavelmente estava preenchida com café ou qualquer outro líquido quente suficiente que a fizesse soprar constantemente no intuito de esfriar o mesmo.

 

- Quem é você? - mil e uma dúvidas passaram pela minha cabeça, mas somente essa saiu pela boca.

 

- Meu nome é Samantha, mas pode me chamar de Sam. – respondeu indiferente se aproximando da cama onde eu estava. Como a iluminação não era das melhores, só agora pude notar alguns detalhes como o cabelo loiro claro preso em um coque, a boca era delicada o suficiente para tornar sensual qualquer palavra que saísse por ela, os olhos verde-mar que fizeram eu me perder por alguns instantes e o corpo não muito escultural, mas belo o suficiente para fazer feliz qualquer homem que o dominasse. Ela usava uma blusa tomara que caia preta que deixava à mostra o umbigo onde havia um piercing e vestia também um short curto jeans e mais nada.

 

- Eu me chamo Serge, prazer. – estendi minha mão e ela fez o mesmo com a mesma feição de indiferença – Foi você quem me salvou a noite passada? – questionei ainda meio confuso.

 

- Não. Na verdade o seu herói não se encontra no momento, mas pediu que eu cuidasse de você enquanto ele está resolvendo alguns problemas fora. – respondeu sentando-se na cama. Eu fiz o mesmo e sentei mantendo meu corpo coberto pelo lençol – Aliás, suas roupas estão encharcadas no varal, eu recomendo que você não as vista por enquanto, eu irei buscar algumas roupas dele para você não ficar nu pelo resto do dia. – ela deu uma leve risada e se levantou saindo do quarto enquanto eu permaneci onde estava pensando em tudo que havia acontecido na noite passada. Senti uma enorme vontade de chorar e bater minha cabeça contra a parede até estourar meus miolos, a vergonha de ter passado por aquilo se tornou uma mancha permanente na minha mente. Por fim, contive as lágrimas já que de nada iam adiantar, alguém que eu ainda não conhecia já havia me vingado e seria inútil ficar chorando ali como uma criança que perdeu o brinquedo favorito. Após alguns momentos, ela voltou com algumas peças de roupa – Vista isso, deve ficar bom em você. – disse colocando as roupas do meu lado e voltando para a porta ficando de costas para que eu pudesse me trocar.

 

- Obrigado. – respondi grato. Logo me levantei deixando na cama o lençol e vesti o que ela me trouxera. Uma camisa xadrez de manga comprida que me vestiu perfeitamente, uma cueca preta, uma calça jeans clara e por fim um tênis esportivo que parecia novo e me serviu bem.

 

- As roupas dele ficaram bem em você. Parecem ter o mesmo estilo. – disse voltando-se para mim.

 

- Tem razão, são lindas. Ele tem bom gosto. – fiquei em silêncio por um momento até que resolvi saciar uma de minhas dúvidas – Quem é ele?

 

- Bom... Isso é algo que cabe somente a ele dizer.

 

- Poderei vê-lo quando voltar? – persisti.

 

- Se for da vontade dele, o que eu suponho que seja. Sim, você poderá. – respondeu me estendendo a caneca que segurava. Eu bebi um pouco do conteúdo e constatei que realmente aquilo era café.

 

- Porque diz isso? – perguntei devolvendo a caneca.

 

- Não é do feitio dele abrigar as pessoas que salva a não ser que haja algum interesse da parte dele. – franzi a testa ao ouvir isso.

 

- E porque ele teria algum interesse em mim? Eu sou apenas um universitário comum como tantos outros.

 

- Ele gosta de dizer que enxerga além do que os outros. Talvez ele tenha visto algo em você. Ou na sua “aura”, como ele mesmo gosta de falar. – respondeu dando de ombros.

 

- Entendo... – baixei meu olhar quando novamente as imagens da noite anterior passaram pela minha mente.

 

- Ei, está tudo bem agora. – disse se aproximando e pegando no meu queixo – Eu imagino que tenha sido horrível o que você passou, mas acabou. Você não pode ficar remoendo isso e deixar sua vida parada por uma tragédia. A vida é feita de recomeços e você está passando por um agora, por isso, deve ser forte e manter sua cabeça sempre erguida. Tudo bem? – ela encarou fundo nos meus olhos.

 

- Tudo bem... – respondi baixo encarando ela de volta. Uma lágrima escorreu no meu rosto, mas eu rapidamente a enxuguei. Finalmente ouvimos o som da porta se abrindo.

 

- É ele. Fique aqui, irei falar com ele. – disse saindo novamente do quarto. Eu novamente sentei na cama e não sei por que, mas meu coração acelerou. Pude ouvir um pouco sua voz, mas pela distância não pude discernir o que eles falavam. Após alguns momentos, ficaram em silêncio e enfim eu ouvi os passos deles se aproximando. Samantha foi a primeira a entrar no quarto, seguida por nada mais nada menos do que aquele que salvou a minha vida. Alto, um olhar penetrante e sensual, os cabelos longos e negros vieram presos em um rabo de cavalo. Bem vestido, ele usava um sobretudo cinza, pois em dias de chuva, Magdeburg costumava ser muito fria. Vestia também uma calça justa escura, um coturno que parecia de grife e um cachecol que lhe deixou ainda mais charmoso.

 

- Olá! Você é o Serge, certo? – perguntou simpático.

 

- S-Sim! Sou eu mesmo! – respondi gaguejando e estendendo minha mão já trêmula. Sentir sua mão na minha me fez perceber quão caloroso pode ser o toque humano.

 

- Aliás, eu sinto muito por não ter chegado mais cedo ontem à noite. Não queria que nada tivesse acontecido a você. – disse se aproximando e passando levemente a mão sobre a faixa na minha cabeça. Meu coração batia cada vez mais forte. Aqueles olhos tão lindos, aqueles lábios tão longe dos meus. Tentei em vão pensar em qualquer outra coisa.

 

- N-Não tem problema. Eu... Eu... – as palavras começaram a fugir – Eu estou bem! – eu me senti um completo idiota por responder apenas isso. Samantha saiu do quarto. Bill respirou fundo.

 

- Assim como você, ela também passou por momentos ruins. Talvez ela estivesse morta agora, assim como você estaria. Sem família, sem lar, nada. Ela só tem a mim e a esse lugar, então escute bem tudo o que ela lhe disser, pois ela realmente sabe o que está falando. – disse agora com mais seriedade.

 

- O que houve com a família dela? – questionei dando continuidade no assunto.

 

- É algo que eu prefiro que você saiba por ela, se tiver que saber. O que importa agora é você. Me fale quem é você, de onde veio, o que faz e porque aqueles caras estavam te perseguindo na noite passada. – ele se sentou na cama e ficou me observando.

 

- Do início. Bem, meu nome é Serge Price, tenho 20 anos e sou da Universidade de Caulfield, aqui de Magdeburg. Nasci e passei a maior parte da minha vida nos Estados Unidos e só depois de ingressar na faculdade vim para cá, totalmente sozinho. Meus pais nunca apoiaram essa ideia e desde que moro aqui, nunca mais tive contato com eles. Apesar disso, são eles que me mantém aqui, afinal, dinheiro nunca foi um grande problema para minha família. Não tenho muitos amigos, apenas os colegas da minha sala. Então tecnicamente eu vivo por mim mesmo. Infelizmente não posso te dar um motivo exato pelo qual aqueles monstros estavam me perseguindo, isso porque nem mesmo eu sei o porquê. – dei uma leve pausa. As lágrimas começaram a inundar meus olhos mais uma vez, mas eu as contive -  Eu estava voltando para casa depois da aula e quando passei próximo ao bosque, percebi que eles começaram a me seguir e então comecei a correr, mas não fui bom o suficiente para escapar por mim mesmo. Quando fiquei preso naquele beco e eles me pegaram, eles tiraram minhas roupas às forças, me agrediram e... Bem... Você já pode imaginar o que mais eles fizeram. – respirei fundo para conter a vontade de chorar – Mas antes que pudessem me matar você apareceu para a minha sorte, então eu te devo a minha vida. – dei um leve sorriso a fim de descontrair o momento tenso.

 

- Sinto muito por você ter passado por isso. Mas eu o trouxe aqui para que além de poder cuidar de você até que esteja melhor, eu possa estar próximo de você todos os dias. Quero ser o seu herói sempre que precisar, assim como sou para a Sam. – disse se levantando, colocando ambas as mãos em meus ombros e me olhando fixamente. Fiquei sem reação, apenas encarando seus olhos por longos segundos. Minha vontade por um momento foi de abraçá-lo e beijá-lo, mas ao mesmo tempo eu negava para mim mesmo que ele era o motivo pelo qual meu coração batia cada vez mais rápido.

 

- Bom... Eu não sei bem o que dizer, mas é claro que eu quero também poder estar próximo de você e assim como a Sam, te ajudar sempre que for possível. – eu estava pensando em como continuar minha frase, mas ele então me abraçou forte e todas as palavras em minha mente se esvaeceram. Apenas fechei meus olhos e retribui o aconchegante abraço que recebi. Descobri que aquele mesmo homem que durante as noites da cidade saia em busca de justiça, também tem um coração que precisa de atenção e amor. O único problema é que nem mesmo eu sei o que é isso que as pessoas chamam de amar.


Notas Finais


Afinal, o que é amar?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...