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História Os Garotos - Capítulo 10 - O Processo de Admissão Escolar


Escrita por: andreiakennen

Notas do Autor


Sei que estão cansados do ENEM nesse fim de semana, mas em consideração a vocês, nossos cinco amados bronze-boys passaram por um processo parecido, bora ler?
Espero que se divirtam!
Boa leitura! o/

Capítulo 10 - Capítulo 10 - O Processo de Admissão Escolar


Os Garotos

Por Andréia Kennen

Capítulo X

O Processo de Admissão Escolar

Ikki acordou cedo e estava em uma sequência de flexões quando ouviu o barulho da campainha. Pensou que pudesse ser um dos amigos de Seiya do cais e apenas jogou o quimono sem estampa, na cor azul escura, por cima do dorso desnudo e saiu do quarto. Sua parte debaixo estava coberta por um short curto preto o qual colocou para dormir na noite anterior. 

Desceu as escadas rapidamente com receio que o barulho incessante da campainha acordasse os que estavam dormindo.   

— Estou indo, estou indo — avisou e assim que abriu a porta seus olhos se arregalaram ao se deparar com a defensora pública vestida com um traje social composto por saia na margem dos joelhos e blazer, ambas as peças combinando no mesmo tom rosa claro e os cabelos estavam presos bem firmes em um coque no alto na cabeça.

Erika trazia uma pasta de documentos nas mãos e abriu um sorriso grande ao ver Ikki, mas quando principiou um desejo de “Bom dia”, as palavras se perderam na metade do caminho ao encarar o peito descoberto do rapaz.

— Opa... — ela virou-se de costas, enquanto Ikki se recompunha, fechando o quimono de forma improvisada, ao prendê-lo por dentro, no cós do short, pois havia deixado a faixa no quarto.

— Perdão, Kanagawa[1]. Eu não esperava uma visita feminina a essa hora da manhã. Pode entrar.

Com cuidado, a advogada volveu em direção ao jovem e, ao certificar-se que ele estava mesmo com o quimono fechado, soltou um suspiro de alívio e retirou os óculos escuros.

— B- bom dia — o cumprimentou. — E eu quem devo desculpas. Sei que é cedo, mas não esperava pegá-lo tão desprevenido assim.

Ikki gesticulou com a boca de um lado para o outro, sem saber muito bem o que responder, optou por refazer o convite para que ela entrasse.  

— Vou fazer um café, entre, por favor.

— Sim, com sua licença — ela pediu educadamente, deixando os sapatos de salto alto na porta e seguiu Ikki. Aproveitou para admirar o resultado da reforma e não deixou de ficar impressionada. — Apesar de ter visto nos documentos do processo onde ficava a residência não imaginava que fosse tão bem localizada aqui em Fujisawa[2]. Pelas fotos também achei que o lugar estivesse em um péssimo estado e que ainda estariam em reformas.

— Tivemos ajuda dos colegas de Seiya que trabalham aqui perto, no cais. Acabou que terminamos rápido com a reforma. Aliás, achei que fosse um deles que estivesse passando para nos ver, por isso desci... “mais a vontade” para atender a porta.

Erika sorriu, voltando a ficar encabulada, e se repreendeu em pensamento ao recordar de como o corpo de Ikki era bem definido e formado, um peitoral elevado e uma barriga com músculos que formavam pequenas dobras, foi capaz de visualizar até mesmo a penugem pubiana que formava o caminho da perdição logo abaixo do umbigo e que morria um pouco mais intensa na margem do short. Sacudiu a cabeça tentando afastar aquela imagem que fazia brotar pensamentos inadequados àquela hora da manhã. Nem conseguia acreditar que Ikki tinha apenas dezenove[3] anos, ele parecia um homem mais velho, de vinte oito a trinta anos.

Parou na entrada da cozinha e respirou fundo, tentando conter aquele ritmo estranho do seu peito, enquanto via o rapaz abrir o armário de parede e retirar uma chaleira a qual passou encher com água da torneira da pia.

— Vamos esquecer isso por enquanto — ela respondeu ainda se referindo ao incidente de flagrá-lo seminu e mudou de assunto em seguida. — Vocês tiveram ajuda de conhecidos? Por isso terminaram mais rápido?

— Sim, conhecidos de Seiya. Compramos os móveis também, mas ainda faltam algumas coisas, mas nem temos certeza de tudo que falta. Conforme formos precisando, vamos comprando.

— E o controle do orçamento?

— Eu deixei nas mãos do Shiryu. Ele é bem mais inteligente do que eu nessa parte e graças a ele o dinheiro deu para reforma, para compra dos móveis e ainda nos restou trinta e cinco por cento daquele valor total.

A notícia pareceu deixar Erika verdadeiramente contente.

— Isso é ótimo, Amamya-san. Porque vocês ainda terão muitos gastos com a questão escolar e é isso que vim explicar aqui hoje — ela disse mostrando a pasta que trazia em mãos.

— Certo. Pode ficar a vontade — Ikki pediu, apontando a cadeira. — Vou terminar de fazer o café e vou chamar os outros.

— Não precisa incomodá-los. Eu tenho compromisso daqui a pouco, então vou tentar ser breve. Farei apenas um apanhado geral e, caso tenham dúvidas, deixarei o meu contato para que me liguem e eu as esclarecerei por telefone.

— Está certo — ele concordou, assentindo também com a cabeça.

...

Algumas horas mais tarde. Todos os membros da casa estavam acordados e Ikki repassava as explicações da advogada para eles.

— Explica de novo, Ikki — Shiryu pediu, cruzando os braços no peito enquanto encarava um dos formulários a sua frente. — Você quer dizer que iremos passar por um teste?

— Pelo que entendi, são vários, Shiryu. De acordo com a idade, Shun e Seiya deveriam estar frequentando entre o penúltimo o último ano ginasial. Por isso, eles terão que fazer duas provas: a primeira será para definir se eles têm conhecimento suficiente para entrarem na série que condiz com a idade deles. A segunda prova será de admissão na escola que forem ingressarem.

Ikki consultou a tabela sobre a mesa, então continuou.

— Shiryu e Hyoga, vocês dois têm idade para terem concluído o ensino obrigatório[4], por isso terão que fazer uma prova não só para confirmar que possuem mesmo esse conhecimento, mas para obterem o certificado de conclusão do ensino obrigatório. Caso optem por fazerem o ensino secundário[5], terão que passar por outra prova que irão nivelá-los na série adequada com a idade que possuem e somente depois disso, farão o teste de admissão na instituição que irão escolher para ingressar.

— Está me dando dor de cabeça só de ouvir tudo isso — Seiya reclamou.

— Então, se Shun e Seiya precisam passar por duas provas, Hyoga e eu por três, você terá que passar por quatro, Ikki?

— De acordo com a minha idade serão três testes também, Shiryu. O primeiro para que eu possa obter o certificado de ensino básico, o segundo para o certificado do secundário e o terceiro é o vestibular, caso eu queira ingressar em alguma universidade.    

— E quanto tempo teremos para nos preparar para tudo isso? — Shiryu perguntou um tanto atordoado.

— Menos de um mês — foi a resposta rápida de Ikki. — Começamos março agora e o novo ano letivo começa em abril[6].

— Menos de um mês?! — exclamaram os quatro ao mesmo tempo.

— Teremos que fazer uma maratona de estudos — ponderou Shiryu, tentando ser racional e procurando recompor sua calma. — Meu mestre sempre me incentivou ao estudo independente.

— Eu também não parei meus estudos por completo — explicou Shun. — Mesmo na Ilha de Andrômeda, o mestre Albiore era um ótimo tutor, um homem bem inteligente e fazia questão de nos dar aula. O Soujiro-san também sempre investiu alto na educação da Kally, ele pagava uma professora particular visto que os horários dela sempre foram irregulares devido as gravações do seriado, e eu acabava estudando junto com ela.

— O mestre Cristal também foi um professor muito exigente, eu só vou precisar repassar as matérias japonesas.

Após a fala de Hyoga houve um silêncio e os quatros rapazes se voltaram para Seiya, que não havia se manifestado. Depois de ser encarado por um tempo, ele compreendeu que os irmãos queriam seu parecer.

— Olha, a Marin até que tentou, sabem? Mas ela dava aula durante a noite, eu estava acabado depois de passar o dia inteiro treinando. Vocês não acham mesmo que eu conseguia prestar atenção naquele bando de chatice estando semimorto, não é?

— Você dormia em todas as aulas, não é, Seiya? — perguntou Hyoga apenas para se certificar, pois ele tinha quase certeza da resposta.  

— Sim — respondeu sem pestanejar e recebeu um cascudo na cabeça de Ikki.

— Não responda como se tivesse orgulho!

— Ai, Ikki!

— Bem, de qualquer forma, eu também não posso dizer que estudei alguma coisa no meu período de treinamento — confessou o mais velho. — Mal tínhamos o que comer naquela maldita ilha, imagine se teríamos livros ou coisas do tipo? O único estudo que tive foi o período em que estudei aqui mesmo, no orfanato, e lá, na mansão Kido, antes de irmos para o Campo de Treinamento.

— E o que você vai fazer agora, Ikki?

— Bem, eu vou repassar as matérias com vocês e tentar pelo menos o certificado do ensino básico. Depois disso, a Kanagawa me orientou a fazer um cursinho com as matérias do secundário e tentar a prova de certificação do secundário o ano que vem. Ela disse se eu tivesse disposição, que eu deveria fazer um cursinho pré-vestibular paralelo ao outro e prestar o vestibular o ano que vem também. Mas é muita coisa de uma vez só. Então, vou por partes.  

— Eu também vou partes, vou fazer esse cursinho primeiro — assentiu Seiya e levou um novo safanão na cabeça dado por Ikki. — Ai, Ikki! Eu já disse que isso dói!

— Você não pode, Seiya. Você tem idade para estar estudando, então terá que ingressar na escola de qualquer jeito. Nem que seja para começar da Escola Primária!

— Ah?! Nem morto!

— Então se esforce e estude.

— Eu vou te ajudar, Seiya — Shun o animou.

— Vamos todos nos ajudar — retificou Shiryu.

— Verdade, Shiryu — concordou Shun.

— A Kanagawa trouxe alguns livros.

— Aquelas caixas que estão lá na sala, onii-san?

— Sim. São livros, apostilas e simulados com as questões que geralmente caem nessas provas.

— Ótimo — comemorou Shiryu. — Vamos começar agora mesmo.

Porém, o estômago de Seiya roncou alto em resposta.

— Não me olhem assim. Só esse café não encheu meu estômago e nossa geladeira está vazia — reclamou ele, cruzando os braços.

— Nessa parte, tenho que concordar com Seiya — anuiu Ikki. — Todos nós nos concentraremos melhor de barriga cheia. Vou fazer as compras.

— Eu vou com você, Ikki — Seiya se ergueu da cadeira em um pulo.

— Eu também quero ir — Shun alçou a mão. — Precisamos de alguns produtos de higiene pessoal para abastecer os banheiros.

— Se for assim, eu também vou — Hyoga levantou-se. — Vou precisar de um bom dicionário e, bem, duvido que nessas coisas que a doutora trouxe tenha um dicionário Russo-Japonês.  

Shiryu pigarreou.

— Vamos todos então? Não vou ficar sozinho.  

Ikki revirou os olhos, não achava uma boa ideia irem os cinco ao supermercado de uma única vez, mas como não viu alternativa, acabou cedendo.

— Está bem. Vamos todos.

...

Os cinco entraram juntos no supermercado, mas foi passar a porta automática e os outros quatro se dispersaram, deixando Ikki paralisado diante de tantas prateleiras.

— Não faço ideia por onde começar — resmungou sozinho.

Foi quando ele sentiu uma fisgada em sua camisa, como se ela tivesse sendo puxada, olhou para baixo e viu uma simpática senhorinha, que deveria medir em torno de um metro e meio de altura, observando-o com os olhos estreitados.

— Meu rapaz, será que pode apanhar um desses enlatados aí em cima para mim? — ela apontou para última repartição da prateleira.

Ikki olhou os produtos que estavam praticamente na altura do seu nariz.

— Quanto desses a senhora quer?

— Apenas um, meu jovem.

— Aqui — ele entregou a lata nas mãos dela e a mulher pôs na cesta que trazia pendurada em um dos braços.

— Você é um rapazinho muito gentil.

— Domo[7].

A mulher que estava se retirando, quando Ikki a chamou.

— Ah... Senhora?

— Sim?

— Para quê isso serve? — ele apontou para a lata que ela havia colocado na cesta.  

— É um molho pronto que vai em cima da macarronada, basta aquecer no fogo ou no forno de Microondas e está pronto.

— Hm. Entendi. Parece fácil e útil.

— E você parece um pouco perdido. A sua esposa não te deu uma lista do que ela precisava?

— Não tenho uma.

— Esposa ou a lista?

— Nenhuma dessas duas coisas.

— Ah, agora entendi — ela sorriu simpática. — Você deve morar sozinho, não?

— Moro com meus irmãos mais novos.

— E seus pais?

— Não temos pais.

— Minha nossa, que coisa horrível, não?

— Faz muito tempo que eles faleceram.

— Compreendo. E você não sabe cozinhar?

— Só sei fazer café.

— Hm. Isso vai ser difícil. Mas eu tenho algum tempo, posso ajudá-lo se quiser. Sabe, meu filho se casou há pouco tempo e minha filha está em Tóquio fazendo faculdade, não tenho mais com que me preocupar.

— Eu ficarei muito agradecido, senhora.

A senhorinha abafou o risinho com a mão.

— Então vá pegar um carrinho e eu irei te explicar algumas coisas.

— Certo.

...

Enquanto isso, Seiya havia pego um carrinho e o estava abastecendo somente com coisas fúteis: bolos, potes dos mais diversos sabores de sorvetes, doces, biscoitos e fardos com latas de refrigerantes.

Hyoga estava parado na seção de congelados, não que ele quisesse comprar algo, estava apenas se refrescando do calor que fazia do lado de fora.

— Em pensar que ainda estamos na primavera, não consigo nem imaginar em como será o verão — reclamou, passando a mão para secar o suor da testa.

Então notou que estava sendo observado por uma criança.  

— Oi? — ele a cumprimentou. — Se perdeu da sua mamãe?  

A menina, que parecia ter em torno de uns seis anos, não disse nada, continuou apenas com a cabeça arqueada, o encarando. Hyoga olhou para um lado e depois para o outro, tentando avistar a mãe da menina, mas não encontrou ninguém.

— Eu não sou muito bom com crianças — ele declarou, estendendo a mão para ela. — Mas, vem, dá a mão, vou ajudar a procurar sua mãe.

A criança encarou a mão estendida com desconfiança, deu alguns passinhos para trás e saiu correndo e gritando.  

— Mamãe, mamãe, estranho! Estranho!  

— Ei, garotinha! Eu só estava tentando ajudar!

Shiryu estava na seção de revistas, folheando algumas com artigos sobre a educação atual do Japão.

Shun, que estava no setor de produtos de beleza, se arrependeu de ter ido tirar dúvida com uma promotora de xampus que engrenou a falar dos benefícios do produto dela.

Ikki havia pego um bloco de papel e uma caneta na parte de papelaria e anotava as orientações que a senhorinha passava.

— É muito importante fazer uma lista de compras. Nunca venha ao mercado sem saber o que comprar, senão você perderá tempo, e ainda levará coisas desnecessárias e o que é importante acabará sendo esquecido.

— Sim, sim.

— Alguns produtos não podem ser comprados para estocar. Faça compras diárias para preparar uma refeição com ingredientes frescos e saudáveis para sua família. Principalmente ao que se refere a proteína: peixes e carnes; além das verduras, frutas e legumes. 

— Entendi.

A mulher apanhou duas bandejas de ovos.

— Veja, está tendo uma promoção de ovos. Duas bandejas sairão com desconto e como você disse que tem uma família grande, ovos nunca serão demais. Além disso, são a base para uma grande variedade de pratos, você pode levar duas caixas — ela garantiu, colocando as caixas no carrinho de Ikki que já estava com alguns produtos como arroz, temperos e hortaliças.

— Não sei nem como agradecê-la, Fujimiko-san — disse Ikki, cumprimentando-a novamente com o curvar de corpo.

A senhorinha riu.

— Imagine, Amamya-kun. Está sendo muito divertido — ela garantiu e ainda apontou a bandeja de ovos. — Com esses ovos você poderá fazer um Omu-raisu[8], uma refeição rápida e prática. Vou te explicar como faz.

— Muito obrigado!

— Mas ainda não terminamos. Veja bem, a refeição tradicional de um prato é composta: por sopa, arroz e algum acompanhamento, normalmente esse acompanhamento são legumes em conserva. A refeição mais comum, entretanto, é composta por sopa e três acompanhamentos, ou por sopa, arroz e mais três acompanhamentos. Estes acompanhamentos normalmente são peixe cru, um prato frito e um prato fermentado ou cozido no vapor. Mas pratos fritos, empanados ou agridoces podem substituir os pratos cozidos também[9]. Está anotando?

— Sim, estou anotando, Fujimiko-san.

...

Shun, Hyoga e Shiryu haviam se encontrado e estavam parados conversando em uma área de circulação do estabelecimento. Shun tinha uma pequena cesta de produtos de higiene pessoal pendurada em um dos braços. Shiryu segurava duas revistas, mas ainda estava na dúvida se deveriam gastar o orçamento da casa com elas. Hyoga, no entanto, era o único sem nada. Ele apenas reclamou para os outros dois que deveria imaginar que não encontraria o dicionário que queria em um supermercado.

— Acho que você vai encontrar esse dicionário somente em livrarias especializadas, Hyoga — expôs Shiryu.

— Hm.

— Onde será que o Seiya foi parar, gente?

— O Seiya eu não sei, Shun. Mas seu irmão está vindo ali — Shiryu apontou o mais velho, que vinha empurrando calmamente um carrinho abastecido com variados tipos de mercadoria, enquanto assentia para a senhorinha que vinha conversando ao seu lado.

— Ikki, estamos aqui — Shun acenou para o irmão e ele acenou de volta.

— Veja — a mulher parou e apontou para Ikki um carrinho que estava sendo empurrado com uma montanha de produtos que chegava a balançar tão grande estava. A maior parte dos produtos naquela compra eram congelados, enlatados, além de bobeiras como sorvetes e doces. — É para não fazer esse tipo de compra que você precisa se conscientizar antes de sair de casa. Além de não ter nada saudável ali dentro, aquela compra sairá uma pequena fortuna.   

Ikki sentiu um tremor ao pressentir algo absurdo e confirmando seu pressentimento, Seiya saiu detrás daquele imenso carinho de compras, colocando a mão aberta encostada na testa, tentando avistar algum deles.

— Ei, Ikki! Você sumiu! — Seiya acenou ao encontrar o mais velho. — Eu acho que peguei tudo o que precisávamos, vamos passar no caixa?

Ikki respirou fundo e contou até dez, enquanto o moreno de olhos castanhos voltava a empurrar o carrinho, fazendo a pilha dentro dele estremecer e as pessoas que estavam passando se afastarem temerosas, prevendo a queda de tudo aquilo.

O mais velho deixou seu carrinho por um instante.

— Só um minuto, Fujimiko-san.

Aproximou-se de Seiya e, novamente, deu um safanão na cabeça dele.

— Ai, Ikki! Quer parar com isso?

— O que pensa que está fazendo, Seiya? Vá devolver tudo isso de onde tirou! — o mais velho ordenou, apontando atrás de Seiya.   

— Hã? Mas, por quê? E a nossa compra?

— Acabei de terminar — Ikki mostrou o carrinho e a senhorinha que acenou para os dois em cumprimento.

— Aquela obaa-san estava na oferta?

Desta vez, a pancada que Ikki deu, foi realmente forte, tanto que Seiya se encolheu com ambas as mãos na cabeça.

— Droga, Ikki. Você está querendo fazer um buraco na minha cabeça, é? Eu vou perder o pouco de cérebro que ainda tenho.

— Pelo menos é consciente do quanto é idiota. Agora chega de brincar. Precisamos voltar para casa, temos que pegar firme nos estudos, vá logo devolver essas coisas.

— Só tem mato naquele carrinho! Não podemos ficar com pelo menos metade desse?

— Seiya...

— Tá, tá. Estou indo.

— Espere um pouco, rapazinho — a senhora Fujimiko, que ouviu toda conversa, aproximou-se dos dois rapazes e retirou do carrinho de Seiya uma caixa de sorvete e entregou para Ikki. — Um luxuzinho de vez em quando para os mais novos não faz mal, Amamya-kun. Apenas não permita que isso se torne um hábito, é bem melhor que tentem comprar os ingredientes e façam a própria sobremesa: pudins, bolos, biscoitos, são muito mais saudáveis e em conta se feitos em casa.

— Se a senhora diz — concordou Ikki.

— Ah, muito obrigado, obaa-san! — Seiya a reverenciou, com lágrimas nos olhos por ter convencido Ikki de levar ao menos uma daquelas guloseimas.

Os outros rapazes se aproximaram e Ikki deu a eles a tarefa de ajudar Seiya a devolver os produtos que ele havia apanhado de volta nas prateleiras. Saíram reclamando pelo fato inusitado de Seiya conseguir dar trabalho para eles até fora de casa.

Enquanto isso, Ikki seguiu em direção dos caixas acompanhado da senhora Fujimiko. A cesta de produtos de higiene de Shun foi aprovada com louvor pela senhora, que ficou impressionada com a escolha dos produtos: qualidade, preço e quantidade, tudo parecia ter sido minuciosamente avaliado. Ela então sugeriu que Ikki deixasse a cargo de Shun a responsabilidade de fazer a lista de compras da família. Shiryu, porém, decidiu que levaria as revistas em outra ocasião, era algo que não tinha tanta relevância naquele momento e foi devolvê-las também aonde havia apanhado.

Na saída a senhorinha se despediu dos cinco rapazes, após fazer Ikki anotar o telefone dela no bloco de notas que ele tinha comprado.

— Caso precise de alguma orientação, pode me ligar, Amamya-kun.

— Ikki, porque você não se casa com a Fujimiko-obaa-san? Aí teríamos uma mãe.

O rosto da senhorinha corou e ela sorriu envergonhada.

— Oh, não diga uma coisa dessas, meu rapazinho, eu já sou casada — e novamente ela cobriu o risinho com uma das mãos e se despediu dos cinco simpáticos jovens. — Até mais. Foi um prazer.

— Obrigado, Fujimiko-san — Ikki fez um meneio de cabeça e acenou.

— Achei que ela iria falar algo sobre a diferença de idade, mas... — Shiryu comentou reticente.  

— Olha aí, hein, Ikki, se eu fosse você dava cabo no marido dela e a trazia para morar com a gente, o que acha?

— Shun, segura para mim, por favor.

Shun apanhou as sacolas do irmão.

— S- sim, onii-san, mas o que você vai...?  

Hyoga e Shiryu tiraram as sacolas das mãos de Seiya.

— Deixa que eu seguro essas, Seiya.

— Eu fico com essas.

— Ah? O que foi? Mas eu não vou carregar nada?

— Melhor não.

— Vai acabar deixando tudo cair.

— Mas...  

A aura ameaçadora que Seiya sentiu de repente fez seus joelhos baterem trêmulos um no outro. Não precisava nem olhar para saber de onde vinha e, antes que Ikki desferisse em sua cabeça o golpe de punho que ele ameaçava dar, resolveu seguir o conselho sensato dos amigos e saiu correndo em disparado com ambas as mãos na cabeça.

— Eu só estava brincando, Ikkiii!

...

Durante a maratona de estudo os cinco rapazes se dividiram em dois grupos que se revezavam entre os afazeres da casa e os estudos.

Enquanto um grupo estudava o outro fazia uma pausa para cuidar dos serviços domésticos e do almoço e no período da tarde a ordem se invertia. Estavam dormindo somente cinco horas por dia. Despertavam às cinco da manhã e iam para cama a meia noite.

E seguiram esse ritmo por três semanas consecutivas. Nesse período eles receberam vários incentivos e as visitas dos colegas de Seiya do cais, Kally e o diretor Soujiro, e a defensora pública que se tornara uma figura frequente dentro da casa deles. Erika estava sempre presente, aconselhando os cinco rapazes, trazendo novos livros de estudos, apostilas, inclusive o dicionário que Hyoga precisava. Ela também passou a ajudá-los com a revisão das matérias voltadas para área de humana as quais ela tinha mais domínio. Foi Erika também quem os ajudou a agendar os testes.

E, ao mesmo tempo em que a advogada ficava orgulhosa e contente com esforço daqueles cinco rapazes, ela sentia o peito apertar ao vê-los abdicar de tanto tempo da juventude com aquele esforço demasiado. Foi pensando nisso que, na véspera do dia da prova, ela decidiu visitá-los com um pequeno mimo.

— O que é? — Seiya perguntou ao ver a caixa enfeitada que a doutora estendia na direção deles, os olhos grandes do moreno brilhando de excitação e a boca salivando ao sentir o aroma doce que exalava da embalagem.

— Um pequeno presente.

Ela colocou a caixa no centro da mesa de estudos dele e a desembrulhou. Os cinco pares de olhos, cada uma de uma cor distinta, cresceram de tamanho ao vislumbrarem a guloseima.

— Um bolo! — exclamou Seiya entusiasmado.  

— Oh, que lindo — Shun admirou.

— Não é apenas “um bolo”, rapazes. É um dos melhores da região. E o meu preferido: chocolate com morangos. Espero que gostem.

— Eu vou pegar os pratos e os talheres — Shun levantou-se.

— Eu vou fazer um chá — se dispôs Shiryu.

— Vou trazer as xícaras — Hyoga também se levantou.

Seiya não se moveu, parecia hipnotizado.

Ikki balançou a cabeça negativamente e sorriu para a cara de bobo que o adolescente fazia.

— Obrigado, Kanagawa. Mas está tirando nossa concentração com isso.  

— Larga de ser chato, Ikki — resmungou Seiya, mostrando a língua para o mais velho. — A doutora está sendo muito gente boa!  

— Cale a boca.

— Não, Amamya-san. Eu acho que o Seiya tem razão desta vez. Vocês todos passaram três semanas consecutivas estudando sem parar, relaxar um pouco faz parte — ela disse, passando a recolher os livros e os cadernos da mesa, tendo a pronta ajuda de Seiya.

Vencido pela maioria, Ikki acabou concordando e os seis passaram um restante de tarde de domingo agradável, comendo e conversando amenidades.

Depois que Erika se despediu, eles decidiram que era hora de tomar banho e dormirem cedo. Pois, de acordo com a defensora, uma boa noite de sono também era essencial para o bom desempenho deles no dia seguinte.

...

Os cinco rapazes chegaram cedo ao Instituto Nacional de Educação, na área de avaliação, onde ocorreria a primeira etapa de provas, que estava marcada para as nove da manhã. Todavia, fora solicitado, no momento da inscrição, que os participantes estivessem no local meia hora antes.

Por isso o avaliador, um senhor de terno, baixo, calvo, de bigode e barriga avolumada, surpreendeu-se quando fora checar a sala onde ocorreria o teste e notar que os cinco jovens inscritos o aguardavam. Não era nem oito da manhã.

Parabenizou-os pela pontualidade e após avaliar as condições da sala e as identificações de todos, pediu que aguardassem sentados, pois quando tivesse faltando exatamente meia hora para o início do teste ele iria explicar. 

 O homem aproveitou para listar no quadro negro, diante dos assentos da sala, o cronograma de avaliação e algumas normas. Ao terminar, consultou o relógio e resolveu aguardar sentado o horário.  

Enquanto esperava, aproveitou para observar os candidatos. Certamente eram jovens que estiveram fora do país e agora estavam retornando com a intenção de se instalarem provisória ou definitivamente. Notou que quase todos tinham características estrangeiras. Dois deles pareciam mestiços, os que eram irmãos de sangue, Ikki e Shun Amamya, porque apesar das características orientais seus olhos claros denunciavam a miscigenação. Dois deles pareciam estrangeiros completos, Hyoga Yukida e Shiryu Suynama, mas tinham alguma descendência de grau mais distante. Pelo nome, o porte físico e as roupas tradicionais, Shiryu era chinês. E o outro, devido ao tom loiro dos cabelos e os olhos de um azul claríssimo, certamente era russo. Apenas um deles parecia puramente japonês, o que tinha o jeito de bobo e a cara mais apavorada: Seiya Ogowara.

“O que está fazendo envergonhando nossa pátria na frente desses mestiços estrangeiros, filho? Tenha postura!”, o homem repreendeu Seiya em seus pensamentos.

 Ele consultou o relógio e ao confirmar que havia dado a hora levantou-se e ficou na frente do quadro.

— Bom dia novamente.

— Bom dia — responderam.

— Meu nome é Tamura Otone, serei o avaliador dos senhores hoje — apresentou-se e apontou para o quadro negro bem no momento que outro homem apareceu na porta, carregando os envelopes lacrados das provas.

— Ohayo[10], Tamura-sensei.

— Oh, chegou bem na hora, Chiba-kun. Entre, por favor — o avaliador pediu, fazendo um gesto com a mão para que o outro entrasse. O homem, que parecia bem mais jovem que o senhor Tamura, em torno de uns trinta e cinco anos, adentrou a sala reverenciando os jovens presentes. — Esse é Chiba Nomura, ele será o fiscal que irá manter os olhos bem fixos nos senhores durante a avaliação.  

— Yoroshiku onegai shimasu[11] — o fiscal cumprimentou os jovens.

O grupo repetiu o mesmo cumprimento e Chiba voltou-se para o avaliador, entregando para ele o pacote lacrado com os cadernos de prova.

— Aqui, senhor.

— Obrigado, Chiba-kun. — O senhor Tamura apanhou o pacote e os depositou sobre sua mesa, então tornou aos jovens. — Bem, essa é somente a primeira etapa das provas que ocorrerão nesses dois dias — o homem apontou as normas que havia descrito no quadro. — Aqui, na lousa, especifiquei algumas regras importantes. Regra um: só poderá ficar lápis, borracha e caneta esferográfica azul ou preta em cima da carteira. Regra dois: aparelhos eletrônicos, incluindo celulares, devem ficar desligados e na parte debaixo da mesa. Regra três: os senhores não poderão conversar entre vocês. Regra quatro: não podem abrir embalagens e não podem comer durante o teste. Regra cinco: poderão beber água e ir ao banheiro sempre que sentirem vontade, mas só poderão sair um por vez e antes de saírem deverão levantar a mão, e o fiscal, o Chiba-kun, irá acompanhá-los. Essa primeira etapa terá duração de quatro horas, ou seja, irá começar pontualmente às 9 horas da manhã e terminar às 13 da tarde. Os senhores terão um intervalo de uma hora, mas peço que estejam de volta a sala uns dez minutos antes, pois às 14 horas em ponto começará a segunda etapa de hoje, que terá duração de mais quatro horas, ou seja, terminará as 18h. Os senhores não poderão deixar a sala antes das duas primeiras horas de prova. A partir das duas horas de prova, ou seja, às 11h e às 16h, caso tenham terminado, poderão entregar o caderno de questões junto com o cartão de respostas e estarão liberados. Quando der esse horário, eu irei avisá-los através do quadro. Tenham cuidado para não rasurarem o cartão de resposta, ele é insubstituível. Confiram os dados dos senhores no cabeçalho e assinem. Há somente uma alternativa correta entre as seis alternativas de cada questão, por isso deverão assinalar somente uma e com a caneta. Os senhores têm alguma dúvida?

Como não houve nenhuma manifestação, o senhor Tamura apanhou o saco plástico onde estavam as provas e mostrou-os aos jovens, fazendo a conferência padrão, depois disso rompeu o lacre e entregou um caderno para cada. Pediu para que eles folheassem e conferissem todas as páginas, certificando de que não havia erros de impressão, páginas grudadas ou algo mais que pudesse prejudicá-los. Terminado a conferência, ele entregou os cartões-repostas e a essa altura ele percebeu que o adolescente moreno tinha a testa inundada de suor.    

Pediu para que eles mantivessem a calma, conferiu o relógio e autorizou o início da prova.

— Comecem.

Quatro horas se passaram em um piscar de olhos, todos eles entregaram os cadernos ao término do período estipulado, mesmo quem tinha terminado antes, aguardou os demais, enquanto repassava as questões com cuidados.

Na pausa para almoço os cinco jovens comeram as marmitas que haviam trazido de casa ali mesmo no pátio do Instituto e dez minutos antes estavam novamente dentro da sala, onde se deu o início a segunda etapa.

Novamente, as mesmas expressões sérias. Seiya passou a se apavorar mais naquela segunda etapa do dia. Pois havia questões manuscritas de resolução de problemas matemáticos e interpretação textual. O suador aumentou mesmo com o ar-condicionado ligado. Tentou repassar as dicas da advogada em sua mente, manter a calma e não perder tempo nas questões que tivesse dúvida, mesmo assim não conseguiu conter o nervosismo.

Chiba observou a tremedeira na perna do rapaz fazer com que ele balançasse a carteira e estacou do lado dele, repousando a mão no ombro. Algo que fez Seiya dar um sobressalto.

— Fique calmo, rapaz. Sua perna está batendo na mesa fazendo ela pular e o barulho pode atrapalhar seus colegas.

— D- desculpe!

— Fique calmo. Respire fundo. Não quer beber uma água?

— Acho que vou aceitar, Chiba-san.

— Então, venha.

Seiya se levantou e acompanhou o fiscal, mas antes de sair viu que os amigos o seguiram com os olhares preocupados e sentiu-se envergonhado.

Ademais, assim que pisou os pés do lado de fora e sentiu o frescor de uma brisa que passou balançando seus cabelos, Seiya sentiu-se instantaneamente mais calmo. No bebedouro, tomou dois copos seguidos de água e ao fim suspirou.

— Melhor?

— Sim. Achei que iria ter um colapso lá dentro. 

— Acredite: isso é mais normal do que parece, jovem. Há anos venho presenciando a mesma coisa. Quer ver quando se trata de vestibular ou concurso, aí sim a coisa toda é bem mais tensa. Trata-se do futuro de cada um, então compreendo a pressão que todos sofrem. Mas algo que as pessoas que estão aqui, em busca do futuro, não compreendem, é que, “falhar”, não significa que seu futuro acabou antes de começar. O futuro não é algo que se dissolve tão facilmente assim. Nossa vida inteira será feitas de falhas e conquistas, tudo isso faz parte do nosso ciclo de vida. Então se a “falha” acontecer, o que é normal, devemos continuar em frente, porque o futuro nos espera de um jeito ou de outro. Só não há futuro quando a morte intervém. Por isso, enquanto houver vida, deveremos seguir tentando, ou, procurando outros meios de se chegar aonde almejamos, né?  

O fiscal corou ao ver os olhos de Seiya tão fixos em si.

— Acho que falei demais.

— Não — Seiya moveu a cabeça de um lado para o outro rapidamente. — Suas palavras foram motivadoras. Muito obrigado, Chiba-san! 

O fiscal assentiu contente e os dois retornaram para sala.

Aquele primeiro dia de provas terminou e os cinco voltaram mentalmente exaustos para casa, após pegarem o metrô lotado devido ao horário de pico. Compraram comida para viagem no caminho da estação até a casa deles e depois que se alimentaram, tomaram banho e foram para cama cedo para enfrentarem o segundo dia de provas.

Se o primeiro dia de prova, que era avaliação do ensino básico, havia sido difícil, o segundo, que era avaliação do ensino secundário, fora tortuoso para a maioria. Seiya estava deixando quase todas as questões em branco e nem mesmo as palavras de incentivo do fiscal fora capaz de acalmar seus nervos.

E, quando aquele dia acabou, Seiya só queria encontrar um túmulo para se enterrar.

— Prefiro passar dez mil vezes treinando para ser cavaleiro do que isso! — ele gritou assim que puseram os pés dentro de casa e desabou no sofá da sala.

— Pense apenas que acabou, Seiya — Shun falou tentando tranquilizá-lo.

— Só que não acabou, né, Shun? — ponderou Shiryu consciente. — Ou você se esqueceu que vamos precisar passar pelo mini-vestibular de admissão para a escola que iremos escolher? Apesar de que, acho interessante tentarmos no mínimo três escolas, como a doutora Erika nos orientou. Ou seja, serão em torno de mais três testes com o padrão desse que tivemos.   

— Ah! Eu não quero saber de mais nada! — Seiya resmungou, pegando a almofada e cobrindo a cabeça, abafando qualquer informação extra sobre aquele assunto. Sua cabeça estava doendo tanto que parecia prestes a explodir.

Shun riu da atitude de Seiya. Mas, Ikki, que havia sentado na poltrona de um lugar da sala, apoiou a fala do chinês.

— O Shiryu tem razão. Não temos tempo a perder, o ano letivo começa na próxima semana e se não nos apressarmos vocês irão começar o ano atrasados. Assim que tivermos o resultado do teste amanhã, ao meio dia, voltaremos para casa e faremos a seleção das escolas em quais vocês farão o teste de admissão.

Shun, Shiryu e Hyoga concordaram com um sonoro “sim” e Seiya foi o único que resmungou com a voz abafada pelo travesseiro em sua cabeça.     

Continua...

Revisão e Suporte de roteiro: Naluza.

Escrito originalmente em: 13.07.2007

Versão revisada: 17.07.2015

Notas e Vocabulário:

[1] Uso do sobrenome: Sei que não é novidade para muitos, mas vou explicar para quem talvez não saiba. Os japoneses não têm o costume de chamar as pessoas pelo primeiro nome como acontece no Brasil. É algo da cultura deles. Eles só o fazem com familiares, pessoas íntimas ou quando obtêm permissão da outra pessoa. Em muitos casos, indiferente se é o primeiro nome ou o segundo, a maioria complementa o nome da pessoa com um sufixo de tratamento, os famosos: “kun”, “chan”, “san”, “sensei”, “sama”, etc. Algo que também varia de acordo com o grau de intimidade, idade, status da pessoa etc. No entanto, o Ikki não usou nenhum honorifico com a advogada, isso, porque quero manter a impessoalidade na personalidade dele e esse “quê” de homem mais rude que ele exala e o qual eu, particularmente, amo. Lembro-me que no anime ele chamava a Saori somente de “Kido”, enquanto os demais a chamavam de “Senhorita Saori” (no Japonês: “Saori-san”), e acho que essa forma causava um impacto que dizia muito da personalidade dele. Então, aqui, irei manter esse detalhe que achei interessante.

[2] Fujisawa é uma cidade pequena que fica na prefeitura de Kanagawa a 50 minutos da região de Tóquio de metrô. Escolhi Fujisawa por causa da praia de Enoshima, a mais próxima de Tóquio, já que o Kurumada não deixa claro na sua obra em que região exata do Japão se passa a história (pelo menos nas minhas pesquisas não consegui descobrir), mas sabemos que o Lar Starlight fica de frente a uma praia e tem um cais nas proximidades. Então, achei que essa região parece bastante com a do anime. Também quero observar que fiz uma mudança na arquitetura do lugar onde funcionou o Lar Starlight, no desenho, o orfanato tinha toda uma estrutura de igreja, com terreno bem grande, aqui na fic, o prédio é uma residência convencional, apenas grande, por isso que ao ser reformada, se transformou em uma casa comum.     

[3] Idades dos cinco rapazes de bronze: Sei que esse capítulo está cheio de notas, mas fazem-se necessárias para tirar dúvidas que possam ir surgindo na cabeça de alguns leitores e quero já deixá-las esclarecidas antes que haja questionamento. Desculpem-me por isso. Bem: sobre as idades. Dei-me a licença de ficwriter para fazer algumas alterações nas idades, porque, bem, nunca concordei muito com as idades que o Tio Kurumada deu aos seus personagens, principalmente aos de bronze. Mas não há grandes mudanças. Achei necessário o Ikki ser o mais velho, até porque, eu não consigo concordar que o Ikki tem uma diferença mínima de idade do Shun, porque apareceu no mangá e anime ele pequeno carregando o Shun bebê no colo e ele parecia ter no mínimo uns cinco anos de idades naquela cena. Então, para mim, essa é a diferença de idade entre os dois. Também estou considerando aqui que o Shun é mais novo que o Seiya, e não o contrário, portanto o caçula da casa será o Shun. Considerando que eles estão no começo de março, as idades deles estão da seguinte forma no momento, do mais velho para o mais novo: Ikki 19 anos (vai completar 20 anos em 15 de agosto); Hyoga 17 anos (completos em 23 de janeiro). Shiryu 16 anos (vai completar 17 anos em 4 de Outubro); Seiya 15 anos (vai completar 16 anos em 01 de dezembro); Shun 14 anos (vai completar 15 anos em 09 de Setembro);   

[4] Gimukyoiku (Escolaridade obrigatória ou compulsória): é formada pelo Shougaku (seis anos) e Chuugaku (três anos), totalizando nove anos de ensino básico obrigatório no Japão. É o equivalente ao nosso ensino fundamental no Brasil que vai da 1ª a 9ª série. 

[5] Koukou (Ensino Secundário): são três anos. Seria equivalente aos nossos três anos de ensino médio no Brasil. Mas no Japão o ensino Secundário não é obrigatório. Porém, 98% dos alunos que terminam a escola básica, continuam o ensino secundário.

[6] O ano letivo do Japão: começa em abril e termina em março. Diferente do ano Letivo do Brasil que começa em fevereiro e termina em dezembro.

[7] Domo: Obrigado. Às vezes é usado como cumprimento também “olá”.

[8] Omu-raisu: i.e. "omelete de arroz", sanduíche de arroz frito com aroma de ketchup com uma leve cobertura de ovo batido ou coberto com uma omelete de ovo;

[9] Culinária Japonesa: referência: Wikipédia: Culinária do Japão;

[10] Ohayo: Bom dia.

[11] Yoroshiku Onegai Shimasu – é uma expressão usada depois que se conhece alguém.  Serve também para se pedir um favor. Normalmente é traduzida como: “Prazer em conhecê-lo (a/s)”, “Conto com você”, “Tome conta de nós” ou “Deixo isso em suas mãos”; A tradução literal pode soar estranha para nós ocidentais, porque é algo que se refere a cultura japonesa, sua polidez e extrema educação, seria algo como: “Rogo humildemente por sua favorável consideração”.


Notas Finais


Já sabem, se puder, comentem! o/


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