História Navegando por águas misteriosas - Pior é que elas têm razão

Annabeth-

Annabeth parou bruscamente, com um riso nervoso. Pulou de seu navio em direção à areia novamente, pousando suavemente. Thalia ainda passava as mãos no rosto de Jason, que parecia estar estranhando a situação. Annabeth encarou a menina de olhos azuis:

- Você só pode estar brincando. Como assim “Temos que levá-los conosco” ? Por qual motivo eu colocaria esses paspalhos no meu navio?

Percy cuspiu areia. Ela olhou-o pelo canto do olho. O garoto parecia com raiva e frustrado, magoado em especial com ela. Jamais gostara do famoso Poseidon, e duvidava muito que fosse gostar do filho. É ,tudo bem, ele ainda tinha o direito de ir e vir por onde bem entendesse, porém aqueles pés não pisariam no seu convés. Sua mãe sempre tivera um ódio profundo do pai de Perseu Jackson. A tripulação feminina esperava em seu navio, inclinadas na murada, vendo o que estava havendo. Já a masculina estava parada, observando a situação e se poderiam ter alguma vantagem sobre elas.

- Jason Grace... – murmurou Thalia de repente – Como você está grande...

- Quem é você? – interrogou o menino, finalmente abrindo a boca

Annabeth também não estava entendendo nada. Deu um passo à frente, mas resolveu não interromper. Sentia que sua amiga gostaria de falar alguma coisa. E foi o que aconteceu. Ela se afastou devagar, recuando um pouco para vê-lo melhor.

- Depois de tanto tempo... – tirou um cabelo de sua testa – Jason... Sou eu... Sua irmã.

A capitã abriu a boca levemente. Aquele era o tão falado irmão distante de Thalia. A moça nunca falara muito da família, mesmo quando menor. Só lhe dissera que tinha um irmão, o qual eram muito próximos, e que não eram da mesma mãe. Conviveram na mesma casa um tempo, e quando crescidos na mesma cidade. Costumavam se falar todo dia. Porém, Thalia se cansou da vida que estava levando, se cansou das indecisões e preferências do pai. Fugiu, e entrou para tripulação de Annabeth. Sua família nunca mais recebeu notícias dela.

É claro, a tripulação era conhecida. Mas sua amiga evitava ao máximo citar seu nome. Então as pessoas só a descreviam como uma bela moça, cujo era também muito habilidosa, um dos braços direitos de Annabeth. Agora, estava parada diante de seu irmão, enquanto a capitã observava a situação surpresa. Jason arregalou os olhos, parecendo ter dificuldades para pronunciar as palavras:

- T-Thalia? – ele piscou – É você?!

A outra assentiu, enquanto abria os braços para um abraço. Jason continha os olhos marejados, e Thalia mesmo que tentasse se controlar ainda deixava escapar uma lágrima. Tanto amor...

- Me desculpe. Me desculpe por sumir... Por tudo – lamentou-se – Eu deveria ter lhe avisado, deveria...Não foi justo com você, com ninguém...

- Não, não se sinta mal. O importante é que você está aqui, agora – o garoto loiro se afastou dela para analisá-la mais uma vez

Percy também estava parado diante dos dois, sua face expressava que não havia se sentido feliz pela irmã de um dos seus tripulantes ser de um navio oposto. Annabeth não sabia o que fazer, até que Perseu movimentou-se e pegou Jason por um braço:

- Certo, eu respeito que essa seja sua irmã, e você tinha que ter um momento com ela e tudo, mas sabe que temos que partir agora, não é?

- Mas...

- Não posso fazer algo que não seja da vontade da capitã – disse Thalia, com uma face tristonha

Annabeth se sentiu mal imediatamente.

- Vou ser sincera com você, homens não são permitidos na minha tripulação – ela pôs as mãos na cintura – Eles só atrapalham.

- Será que eles não poderiam ajudar com os canhões, limpando o convés ou algo do gênero? – interrogou a amiga, aflita - Sabe, estamos precisando de gente. 

A loira inclinou a cabeça, pensando na proposta. Percy levantou as sobrancelhas com um sorriso sarcástico. Deu uma risada:

- NÓS? Nós não somos faxineiros, senhoritas. Viemos para fazer a diferença, não para limparmos o chão que suas botas cheias de areia pisam!

- Vocês não aguentariam uma semana sozinhos... – disse a capitã – Ou ajudam e seguem minhas ordens, ou não entram naquele navio. Posso considerar a ideia de Thalia, estamos precisando de ajuda a mais... Contato que não façam besteira, e se mantenham em seu lugar.

- Nós não queremos entrar no seu navio ridículo! – retorquiu o filho de Poseidon

- Você tem certe...

- Cale a boca, Leo! – interrompeu Perseu, estressado, com o rosto vermelho

- Tudo bem! Thalia, pegue o seu irmão. Deixe estes paspalhos morrerem em alto mar – encerrou Annabeth, subindo em seu navio

Ouviu Percy protestando e gritando, afirmando que não poderiam levar Jason. Ela sinceramente não se importava. Os outros garotos pareciam apreensivos em relação a situação. Jason estava mais indefeso ainda. Não parecia ter opinião sobre o assunto, só se deixava arrastar pela irmã, de quem tinha tanta saudade. 

Percy -

- ÓTIMO, REALMENTE ÓTIMO! – berrou o Capitão mais uma vez – Achamos o resto da tripulação mais tarde! SUBAM NO NOSSO MALDITO NAVIO!

Ordenou ao resto dos rapazes, que não tiveram outra escolha senão embarcar. Todos subiram em seus navios, e os barcos dos meninos avançaram, as ondas começaram a levá-los para longe da ilha.

- E nós não precisamos de vocês! – falava Percy ainda, audivelmente – Até parece que vamos no unir a vocês! Que piada! Sincera...

Mas antes do rapaz concluir a frase, todos foram arremessados para trás, com um estrondo, som de baque, quebrando madeira. Eles ouviram distantemente o coro do riso das meninas, junto com algumas gozações. O filho de Poseidon bateu a cabeça contra as escadas do navio, mas conseguiu se levantar depois de um tempo. Piscou, meio confuso. Que estranho. Água estava entrando no navio. Estava inundando o convés. O navio estava... estava...

- ESTÁ AFUNDANDO! – praguejou Leo, batendo na murada

- O que aconteceu? – gritou Frank de um outro lado

- BATEMOS EM UMA ROCHA ENORME! AH, NÃO! PENETROU O CASCO! – informou Nico de um outro canto – Quebrou tudo...

Percy xingou em todas as línguas que conhecia. Os homens tiveram que pular, vendo que os danos eram irreparáveis. Nadaram de volta até a praia, angustiados. Seus pertences como roupas e caixas de comida boiando pela água, danificados. Seus barris de rum, de água doce, afundando. O navio que o menino tanto lutara para conseguir, acabado. Depois do que pareceram anos, estavam de volta à areia, se arrastando. As garotas os observavam apoiadas na murada de seu barco ainda parado.

- O que faremos agora? – interrogou Frank, batendo uma bota no chão, para sair a água

- Teremos que... – começou Nico

- Ir com elas – completou Leo, tentando fazer uma voz brava, mas não conseguiu

Percy não queria falar nada. Parecia que era tudo absolutamente culpa daquela menina loira. Estava sentindo seu rosto tão quente que provavelmente os pingos d´água que haviam em seu rosto estariam se vaporizando. Sentou na areia e olhou para cima, como uma cara enfezada. Annabeth sorria para ele, sem um pingo de bondade, os olhos com pura diversão:

- Bem vindos garotos! Espero que estejam prontos para seguirem nossas ordens.