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História SuperAfim - Três


Escrita por: Sayen

Notas do Autor


Não cumpri com o prometido, né?

[Insinuação de sexo]

Capítulo 4 - Três


Fanfic / Fanfiction SuperAfim - Três


Permaneci parado por alguns minutos.

 

Não era um bar. Era uma droga de um clube pra idosos.

 

Virei para trás e me sentei abaixo da primeira árvore que vi. Fincada na frente de uma casa azul e branca. Respirei fundo e fiquei olhando a movimentação em frente ao Kekoisa. Sua fachada era vermelha e os dizeres em preto: Sua jornada de volta para o passado. Vi uma fila, ordenada, que se estendia pelas duas casas ao lado do clube. Nos momentos seguintes, nos quais eu quase surtei, percebi que só dava terceira idade e não havia nada que eu pudesse fazer.

 

Questionei-me, pela milésima vez naquele dia, a necessidade de fazer o que eu estava fazendo.

Eu já havia feito loucuras na minha vida, mas nada se comparava a isso.

 

Batuquei os pés no chão e deixei o ar puro da rua me invadir. E eu estava prestes a arrumar uma desculpa para aparecer mais cedo na república quando vejo Carol.

 

“CAROL!?”

Arregalei minhas orbes verdes.

Carol a “caixinha”. E ruiva desta vez.

 

Estava linda, descendo a Rua das Marias dentro de um vestido azul. Com um decote maravilhoso e seus olhos mel intensos. Suspirei. Quando cheguei a São Paulo, com um Marcos nos meus calcanhares, a primeira pessoa que vi, foi Carol. E a minha primeira decepção também, tendo em vista que foi quando eu descobri o porquê de a chamarem de caixinha.

Carol era garota de programa. Começou aos 18 e se deu tão bem que foi chamada para trabalhar numa boate. Lá ela durou até seus 20 e foi ai que virou a caixinha. Divertindo despedidas de solteiro since 2010.

Naqueles bolos falsos.

 

É.

 

Imagina essa visão divina saindo de um bolo decorado, com fundo falso, vestida de coelhinha.”

 

Afastei pensamentos, mas não conseguir afastar a saliência que pulsava em minha calça.

Carol não me notou. Eu não sou notável.

Vi ela chegar ao ouvido do segurança que organizava a fila do Kekoisa. Trocaram duas palavras, ela sorriu o segurança a deixou passar, e ela estava acompanhada de um velho.

 

Vi ali a minha oportunidade.

 

Eu quero deixar de ser virgem e a Carol nunca nega fogo a ninguém. Só é zoado usar o mesmo brinquedo que milhares de caras usaram, mas nada que uma camisinha não resolva.

 

Segui a fila, e em alguns minutos cheguei à porta. Quando hesitei para entrar, o segurança me barrou.

 

— Você é muito novo para entrar, não acha?

Ótimo. Só entra velho!”

Eu ia abrir a boca para dar uma desculpa, e antes que eu pensasse em dizer qualquer coisa, o cara prosseguiu:

— Veio buscar seu avô?

Resolvi mentir. Carol estava lá com seu decote, sua boca, seu corpo quente e não era justo um pau idoso se aproveitar disso.

— É. Meu velho tem um problema nas costas e quase não se lembra do caminho de volta pra casa. — Menti depois de pigarrear.

Amarildo levantou uma sobrancelha. (Amarildo é nome de segurança? Descobri que era Amarildo porque vi em seu crachá.).

Ele me deu um adesivo temporário.

Disse que podia ficar no máximo 40 min para achar meu suporto avô. O agradeci e prossegui.

A intenção e o objetivo aqui é chegar na Carol.

E então, comecei minha caçada de 3 segundos:

 

1 segundo: Velhos de 60/70/80 anos dançando Jamiroquai.

2 segundo: Minha repulsa.

3 segundo: Carol no colo do velho que a acompanhou na entrada.

 

Fechei os olhos e deixei que o ar pesado do clube me invadisse.

A única oportunidade que encontrei e Carol já estava atracada com alguém.

E não havia mais nenhuma garota por ali. Só idosas.

E eu não posso perder meu cabaço com uma vagina usada há anos.

 

Percebi que eu estava naquela situação em que você pisa na merda, descalço. A sua única opção é abrir os dedos.

Mãe sempre fazia eu e Carlinhos escutarmos jazz em casa. Deixei-me levar pela música, e lembrei que Jamiroquai não é ruim. O que caga é a faixa etária do Kekoisa.

 

Rolei os olhos pelo local. Sem janelas, um globo no centro da pista. Chapelarias na entrada e bares no fundo. Algumas mesas ao lado e um grupo grande de idosos se divertindo. Parecia um final feliz para o final da vida.

— Essas gurizada de hoje em dia...

Virei. A voz vinha de um senhor ao meu lado. Percebi que eu estava perto da entrada ainda.

Ele tinha uma bengala, barba branca e cabelos da mesma intensidade. Parecia ter saído da cama há pouco tempo. Sua cara amassada e enrugada denunciava uma personalidade insuportável.

— Vai sair da frente agora ou tá difícil?

Parei para pensar na resposta.

Não passou um segundo e ele me atacou de novo.

— Guri!

— Perdão senhor...

— Senhor está no céu.

Finquei as sobrancelhas.

—  rabugento por que nem aqui você pega alguém? —Resolvi ser ácido.

— Meu pau já comeu muito por ai.

Percebi certa semelhança no velho.

Ri.

— OK.

Ele me fitou.

— Um dia você vai passar a mesma coisa. E a não ser que tenha uma esposa fazedora de biscoitos em casa, vai visitar o Kekoisa com frequência.

Ele abaixou o rosto e tirou algo do bolso. Levou a boca e antes de engolir, jogou as palavras na minha cara:

— E vai tomar Viagra para, pelo menos, se sentir um homem.

Ri, outra vez.

— Meu nome é Rafael.

— Eu não perguntei. – Ele estendeu a mão. – Elias.

— Você tem cara de quem comeu bolo e sentiu gosto de merda.

Elias se arrastou com sua bengala para o bar, o segui.

— Sou apenas um velho. – Disse. —Não há mais nada além disso. Um velho com pau mole. Isso é uma merda. Odeio ser velho.

Continuei minha atenção voltada para os protestos de Elias.

— E o que você faz para mudar essa sua vida pacata? – Questionei, pedindo uma dose de vodca com suco de laranja no bar.

— Porra nenhuma.

O observei.

— E por que não? Se reclama tanto da sua vida, por que fica parado vendo sua existência esvair?

Elias me encarou por uns segundos, tempo suficiente de a minha bebida chegar. Agradeci o barman e tomei um gole.

— Quantos anos você tem? – Indagou Elias.

— Quantos anos VOCÊ tem? – Disse.

— Eu perguntei antes garoto atrevido.

— 23.

— 72.

Bebi mais um pouco.

— Nada mal.

— Acha que aguento até os 80?

Eu sorri.

— Meu pai viveu até os 30. E você reclamando da vida.

— Não conheci o meu. – Elias virou para o balcão. – Não que eu guarde mágoa.

Suspirei.

— Gostaria de tê-lo aqui. – Eu disse.

O velho me fitou, desta vez semicerrando os olhos cansados.

— Conselhos ou dinheiro?

— Um pouco de vivência. De experiência para compartilhar comigo. Um ombro amigo e um tapa nas costas. Umas palavras de: Ei, vai ficar tudo bem. Você vai se livrar desse peso morto que é o título de virgem.

Respirei fundo e engoli o resto da bebida. Odiava falar do meu pai.

O perdi por causa de milhares de coisas.

Dentre elas o atraso do ônibus, o atalho que ele precisou pegar, o assalto à mão armada e o fato dele reagir.

Perdi meu pai por causa de um assalto. Ás nove da manhã.

O tiro o atingiu em cheio na cabeça.

Eu não sei se ele sentiu dor. Não sei se ele pensou em mamãe, ou em mim e no Carlinhos.

Será que ele teve tempo de pensar em qualquer coisa antes de sua alma deixar seu corpo?

— Sinto muito.

— Todo mundo diz o mesmo. Sem sentir.

— Eu SINTO muito, guri. – Disse Elias. – Eu realmente sinto.

O fitei.

— O que você perdeu nessa vida?

Elias pediu outra bebida, o acompanhei.

— O amor da minha vida. A mais doce das mulheres.

Continuei bebendo.

— A conheci aqui. Ela tinha 50 anos na época.

— Desde quando existe esse lugar?

— Nem eu sei Rafael. Só sei que Isabela me deixou ano passado. O coração dela era tão grande de amor, que não aguentou viver muito.

— E você não suporta a vida sem ela.

Elias concordou.

— Sabe o que é amor?

— Sou virgem.

Ele riu.

— E o que tem uma coisa a ver com outra?

Olhei para o globo no centro da pista. Observei os velhos dançando e vi Amarildo, o segurança, me encarar da entrada.

— Me ajuda a ficar aqui? – Perguntei a Elias, o ajudando a sair do bar.

— Entrou como provisório? Puta que pariu moleque! Você vai ser meu 3º neto essa semana. Vão achar que minha filha fodeu até não aguentar mais.

Ri.

— Vamos, te pago uma tequila.

Ele concordou. Fizemos uma cena com Amarildo, explicando que meu avô Elias queria se divertir um pouco e que eu cuidaria para que nada saísse do controle. Como castigo, fui avisado de que eu pagaria qualquer coisa que Elias quebrasse e, pra completar, eu deveria sair assim que ele saísse.

[...]

— Se você me inventar de sair antes das duas, eu coloco ácido nesse seu Viagra. – O ameacei.

— Acha mesmo que vai perder sua virgindade aqui?

Eu e Elias estávamos em uma das mesas voltadas para a pista.

Vi Carol se atracar com o velho até os dois irem para o camarote.

Percebi que havia duas ruivas no balcão, atendendo.

Vi uma morena, (muito gostosa, diga-se de passagem), passando com as bebidas nas mesas.

Havia uma loirinha acompanhada de outra ruiva, levando a avó para a pista. Percebi que o Kekoisa era confundido com baladinha por muitos jovens. E talvez esse seja o motivo de Marcos e Carlos terem me mandado pra cá.

— Qual o motivo de tanta guria ruiva? —Indaguei bebericando meu vinho.

— Hoje é convenção de ruivas. —Ele bebeu alguma coisa, e pigarreando prosseguiu: Ontem eram loiras. O Kekoisa faz isso a cada dois anos. Só odeio as senhoras que aparecem em todos.

— Como assim?

— Tem umas velhas que pintam o cabelo para participar das convenções. Quando não estão ruivas, estão loiras e no outro dia, morenas. Não entendo como não estraga.

Eu ri.

— São perucas Elias!

Ele me fitou.

— Não são cabelos?

Eu olhei para o salão.

— Não. Em sua maioria são perucas. – Rimos juntos. —Você precisa de óculos!

Elias gargalhou.

O segui.

E percebi que eu estava demasiadamente bêbado.

 

[…]

— Faça como lhe ensinei mais cedo. —Elias sussurrou quando viu minha oportunidade.

— Eu não vou dar em cima daquela garota. Mal a enxergo. Que porra você me deu?

— Ecstasy.

— ECSTASY SEU FILHO DA PUTA?! —Gritei.

Senti uma pontada na cabeça.

— Porra Elias! Eu pensei que fosse só uma bebida.

— Coloquei pra você se soltar. E você se soltou! Até cantou aquela ruiva agora a pouco.

— Qual das?

— Aquela.

Elias mirou seu dedo de salsicha em cima de uma garota. O que vi foi um cabelo alaranjado.

Só.

Não vi seu rosto, ou ouvi sua voz. Só a percebi perto de mim. Muito mais perto do que eu poderia imaginar que qualquer outra garota chegasse.

— Oi. —Eu disse antes dela se jogar no banco.

— Ela tá chapadona. —Disse Elias. Virei para ele.

— Você usa essa palavra?

— Uso. —Elias me ignorou no minuto seguinte, indo com sua bengala para longe.

Eu queria o seguir, gritei seu nome e ele não voltou. Deu-me uma sensação de desespero.

Como no dia em que meu pai saiu de casa para trabalhar.

 

Quando dei por mim, a garota ao meu lado estava me puxando pelo colarinho.

— Olha guria, não sei nem seu nome.

Ela balbuciou algo inaudível.

Dei um meio sorriso.

— Vamos dançar então.

A puxei pelo braço, esbarrando em milhares de corpos dançantes do Kekoisa.

Nunca vi velhos tão elétricos.

— Só tem você da minha idade aqui? —Vi um vulto ruivo balançar a cabeça negativamente.

Não sabia ao certo se era bonita. Era impossível ver seu rosto.

A puxei para perto no meio de uma música dançante.

— Vamos dançar valsa?

Ela riu.

— Isso é eletrônica guri!

Sua voz era sonolenta e elétrica. Doce, suave e felina.

— Gatinha, você é a estrela da noite.

Eu disse em meio à dança, o calor, a batida e a droga.

 

[…]

 

Havia um corredor escuro.

Ouvi gemidos abafados.

Existia um cheiro de sexo e minha libido estava alterada.

Minha calça pulsava e eu me senti descontrolado.

 

Havia uma ruiva ao meu lado.

A ouvi gemer baixinho no meu ouvido: Sou tua.

Senti seu coração bater rápido por debaixo da sua peça íntima.

E minha alma clamava por me sentir completo.

Não havia mais nada que eu quisesse a não ser sexo.

Mas meu desejo era ver o rosto dela.

Segurei seu rosto entre minhas mãos e coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de suas orelhas, ou do borrão que eu achava que era.

Vi um risco se entortar no borro. Interpretei como um sorriso.

A beijei e o gosto de sua boca era agridoce.

A mordi e um gemido escapou entre seus lábios.

 

No banheiro do Kekoisa, eu apertava firmemente suas coxas.

E estava pegando a camisinha detrás do meu bolso.

 

 

Eu estava me preparando para ser finalmente um homem.


Notas Finais


Ok, espero que eu não tenha decepcionado todos vocês!
Vou responder os comentários amanhã, prometo!
Se quiserem falar comigo, só chegar no meu twitter: @wtf_sabrina.
Ou me adicionar aqui.
OBRIGADA! (To amando vocês <3 )


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