Tinha o trabalho de uma vida para entregar e apresentar amanhã, na universidade; o cabelo desengonçado e a minha roupa favorita no cesto para lavar. Tinha de estudar para o teste de quarta, porque terça estaria ocupada. Tinha o quarto quente, como eu gostava, o pijama já vestido e uma borbulha vermelha no queixo, que fazia com que me assemelhasse mais com uma adolescente a passar pela fase da puberdade e menos à mulher quase adulta que era.
Às onze e tal da noite, o mundo conspirava todo para que eu já não saísse de casa.
No entanto ligaram-me e disseram que precisavas de alguém — não de mim, mas de “alguém para te fazer companhia”, porque estavas um caco. Eu podia ter ignorado, ficado em casa como gostaria de ter ficado; não ter feito o esforço.
Mas, mesmo não sendo eu a pessoa que precisavas ao teu lado, vesti uma coisa qualquer e quase choquei com o carro da vizinha, ao sair de casa, com a pressa. Porque os amigos servem para isso.
Tudo porque quem quer arranja um jeito; quem não quer: uma desculpa.
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