Seus olhos misteriosos, suas palavras curtas, seus olhares ilusórios, sua boca puramente puta e seus cabelos azuis, que escorrem pelos seus ombros nus, balançando, tremulando com o assobiar baixinho do vento frio que percorre minha espinha, tentando-me. A menina de cabelo azul que deixa meus dias mais coloridos. Tornou-se meu vício.
Depois mudou para o rosa, a leve franja recém cortada tremulando com o passar do vento — eu o invejava por poder tocar sem pudor em minha menina. Ela sempre alterando minha existência monocromática. Eu era um mero espectador de seu espectro de cores.
Mas ela era como o rosa cálido que pinta o céu no primeiro avistar da manhã, eu era o azul pálido que pinta o céu no crepúsculo ao fim de tarde. Ela era uma artista! Transformando cada olhar em uma obra-prima. Eu era um alienista, transformando cada podridão da sociedade em dinheiro para o sistema capitalista. Como fazer o oposto me amar?
Desejo-a e anseio por cada um de seus beijos, seus toques, sua pele nua, seus pêlos eriçados roçando pelo meu corpo. Desejei-a mesmo sabendo o nosso fim, mesmo sabendo que o equilíbrio entre nós não era uma opção, a balança estava desregulada, era o fim da minha paixão.
Um dia ela entrou em minha vida e disse:
— O problema é esse: você prefere ver a vida a teus pés e eu...eu prefiro ver em tons pastéis.
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