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História Mãos de anjo - Único


Escrita por: Lullaby

Notas do Autor


1- Coloquei Misticismo porque não via outra coisa melhor para meter q
2- É a "continuação" de Protótipo de Anjo, por isso compreende-se melhor para quem já leu esta primeiro (link no final);
3- A partir de sexta já estou livre para vos amar 8D
4- Esta é dedicada à Ems e à Nie, espero que gostem u_u
5- Gostei mais de como ficou Protótipo de Anjo, mas esta deu-me mais trabalho a escrever :3

Capítulo 1 - Único


Mãos de anjo

 

As tuas mãos são únicas. É algo em que tenho reparado. São alvas e leves como as asas que deverias ter nas costas. Bonitas e delicadas, à sua maneira masculina de serem. Mãos de um Herói formoso, esculpidas por um magnífico artista. Mãos de um David de Michelangelo.

São um traço de beleza inumana, divina, que revela a tua inicial natureza celestial.

Mãos que não se põem vermelhas no verão, que não encarquilham no inverno, que não incham ao carregar caixas pesadas que, aliás, fazes com facilidade e de espírito sorridente. Mãos brancas, com leves veios azuis, quase imperceptíveis, de sangue principesco. Mãos que se resguardam no teu casaco vermelho e azul, que se assemelha ao dos jogadores de basebol. Dedos bonitos que deslizam pelos bolsos dos teus jeans, com uma altivez em que nunca tiveste chance de reparar, deduzo. Mas em que eu reparei. Porque eu reparo, com os meus olhos de humano, nessas coisas. 

Tens mãos de anjo. De um pintor, pianista, escultor. Ou melhor, não, porque até essas têm as suas imperfeições, até essas se deformam. Mãos de um escultor de sonhos, pode ser. Vou apontar essa no meu caderno, enquanto te vejo, ao longe, a retirar um caramelo de laranja de um saco de rebuçados. O saco é transparente, então eu posso ver a quantidade de bombons de laranja que desaparecem, enquanto deixas os outros intactos, enquanto deslizas os dedos esguios para evitar escolher outros sabores. Laranja é o teu sabor preferido, questiono-me se isso tem a ver com algum fator além da compreensão humana, ou se diz respeito ao teu gosto pessoal.

Lá estás tu a olhar distraidamente para as partículas de pó que se alinham na tira de sol que escorre da janela. Lá estás tu a pensar em nada, ou em tudo, com os olhos azuis fixos no pequeno, no insignificante; com o rebuçado a derreter lentamente contra parede da tua bochecha (eu sei-o, porque há um ligeiro alto nela).

Já ponderei, e acho que é uma coisa de anjo ser distraído e ingénuo. Porque se na vossa essência rezasse a curiosidade, a cautela, o interesse pelas grandes coisas, vocês poderiam não ter um fim muito feliz.

Sabemos bem o que acontece a um anjo quando ele quer coisas grandes, quando se começa a questionar acerca de coisas maiores que partículas de pó iluminadas pela luz solar.

Ao menos és um anjo caído não figurativamente. Mas literalmente, porque cá te colocaram em terra por acaso ou distração, por um erro qualquer. Às vezes pergunto-me se a tua mãe já reparou que eras para ser um anjo, mas depois lembro-me que, aos olhos das mães, todos os filhos o são.

Fecho o caderno ao ver-te sair de cima da secretária, caminhando na minha direção. Olho, interessado, para cima, e lá estão os teus olhos azuis de pouso volúvel; a tua mão de David a estender o saco de caramelos na minha direção, a tua sombra, da altura dos Deuses Nórdicos, a estender-se, como uma capa caída, atrás de ti. 

Ofereço um sorriso de favor, enquanto olho para o alto na tua bochecha barbeada, (formado por um novo bombom de laranja, presumo). 

Penso no teu sorriso aliviado, à medida que saboreio um rebuçado de morango, de quando me viste contornar o último doce de laranja, para escolher um outro sabor.

Abro o caderno novamente. Sinceramente, vocês anjos e quase anjos e as vossas pequenas alegrias e perfeições são ótimo material para um escritor.


Notas Finais




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