História Linhas Verdes - Linhas Verdes - O começo.

Eu já cursava gastronomia e estava no último período e por isso a ansiedade insistia em tocar a campainha do meu apartamento querendo entrar, então eu comecei a focar mais nessa parte da minha vida que é tão importante. E foi lá que eu conheci o Rúben, meu melhor amigo no curso e na vida, eu não sei porque algumas pessoas não iam com a minha cara e pelo visto o Rúben conseguiu ver algo em mim e somos quase como carne e unha (risos).

   Nós já passamos por poucas e boas naquele lugar, mas por amor à futura profissão acaba que aguentamos de tudo.

   Alguns dias se passaram e faltava pouco para me formar. Acordei bem cedo como de costume: às 05h15, fui fazer minhas necessidades, esquentei a água para o café e fui preparando a minha refeição. Liguei o rádio e comecei a ouvir alguns programas que escutava desde menina antes de ir para a escola. Já eram 05h45 e eu já estava arrumando minhas coisas para sair, enquanto eu dobrava meu jaleco branco que continha minha inicial “R” lembrei que não despertei o Rúben por algum motivo ele preferia que eu o acordasse telefonando... Vai entender, né?!

- Rúben...?

- Oi, Rita. Disse ele com a voz grossa e ainda sonolenta.

- Então, bom dia. Já são 05h45. Acabei dizendo num tom de culpa. Um breve silêncio se estabeleceu e eu só conseguia escutar o seu ventilador de teto que cismava em fazer um barulho danado, ele acaba desligando na minha cara e eu já até sabia o que estava por vir. Terminei minhas coisas e fui esperar o Rúben na rua frente ao seu apartamento, como ele mora no segundo andar eu pude escutar a porta do seu apartamento fazendo um barulho gigante enquanto fechava.

- PORRA RITA!!

- NÃO PRECISA!! Segurei seu braço impedindo que sua mão beliscasse meu pescoço, era de costume fazer isso toda vez que fazíamos algo errado.

- Eu acordei cedo e acabei fixando por muito tempo no programa da Tina. Ah, e também não precisava bater a porta tão forte, o seu Luís ainda te manda embora por causa disso e eu não vou te abrigar não.

- Eu quero que o seu Luís se foda! Essa Tina resolveu fazer um programa “ótimo” logo no dia da nossa prova prática?! A Vera vai colocar nossos olhos na panela... e vamos logo porque se perdemos o ônibus quem vai colocar teus olhos na panela sou eu!

   Ah...é normal o Rúben ter esses ataques de vez em quando.

- Estudou algumas receitas, né? – Disse ele com um tal mais calmo.

- Claro, e eu até comprei o que pediram para compor, não sei porque você nunca tem o dinheiro para me ajudar ou então sempre tem pouco.

- Não interessa isso agora, Rita!

   Quando chegamos no curso procuramos correr para a sala antes que a Vera chegasse, mas não sei o que deu naquela velha que ela resolveu chegar 10 minutos mais cedo, acho que algum gato dela cagou no lugar errado. Que merda!

- Rita e Rúben, atrasados de novo. Eu poderia muito bem manda-los voltar, mas eu não estou afim de aturar vocês mais um período.

-Ah Dona Vera obrigado, eu que não gos... – Fui interrompida com o Rúben tapando a minha boca e me empurrando para dentro da sala.

- Tá louca né, a velha já deu a exceção e você querendo foder tudo. Vai para o teu lugar!

  - Então queridos, hoje na prova prática vocês vão manter as duplas que foram selecionadas na semana passada e as duas melhores vão ser encaminhadas para dois restaurantes da cidade o famoso “Belle Ville” – Ela dizia o nome desse restaurante com um brilho nos olhos, mas aposto que nunca comeu lá. Eca! – E o Sabores da Cidade, mas é importante dizer que um membro de cada dupla vai para um estabelecimento diferente. Aqueçam os fornos porque a receita de hoje é uma simples Torta de limão.

   Enquanto boa parte da turma comemorava eu entrei em desespero.

- O que foi dessa vez Rita?

- A gente não tem mais a gelatina incolor para a receita, nós acabamos usando tudo na semana passada.

- Puta merda – Bateu na própria testa. – É verdade, mas relaxa porque eu tenho um plano que vai surpreender essa mulher.

 - Queridos, vocês têm UMA HORA para preparar tudo começando... agora!

  Toda classe parecia que já imaginava qual seria a receita e começaram a todo vapor e tudo que tive que fazer era seguir os passos do Rúben.

   Um som estridente anuncia o fim da atividade. Após uma hora de nervosismo percebo a bagunça que ficou por toda a sala, algumas duplas se saíram bem e outras conseguiram perceber a derrota... Entre todas essas duplas Roberta e Joana estavam com um sorriso tão grande que era possível fazer um laço em seus cabelos.

   Chegada a hora Vera apareceu com um talher e um prato de vidro nas mãos, a primeira dupla a ser avaliada é a de Roberta.

 - Uau! Como sempre vocês me surpreendem, no ponto certo e super consistente. Nota 9,9. Parabéns meninas!

  Conforme Vera avançava parecia que cada membro do meu corpo despencava, nós não tivemos tempo de experimentar então tivemos que contar com a sorte.

 - Rúben E Rita, espero que o atraso de vocês não tenha atrapalhado a receita.

  Dona Vera tinha uma cisma com a gente, às vezes me controlava pra não dar na cara dessa mulher.

  Vera levou a colher até a boca e a única coisa que conseguia fazer era apertar a mão de Rúben.

 - Aiiii! Calma Rita! – Sussurrou apertando de volta.

 -Então meus queridos...