Sabem... Eu sou uma trabalhadora incansável. Desde que eu nasci, eu trabalho, e nem eu sei mais quando eu nasci. Sei que não pode ter sido a algumas décadas. Também não pode ter sido a alguns séculos. Nem milênios, nem bilhões de anos. Eu nasci a muito tempo atrás, e nem tenho certeza se foi na terra, apesar de agora, ela ser o meu principal trabalho.
Eu não gosto do que faço, e muito menos, odeio. Apenas faço. Faço o que tenho que fazer, e o faço, com esplendor. Tenho todo o tempo do mundo para fazer meu trabalho, mas mesmo assim, o cumpro pontualmente. Quando a hora chega, a hora chega. Sem mas.
Tenho todo o tempo do mundo. De outra forma, seria impossível cumprir meu trabalho. Entretanto, ainda posso afirmar que é o trabalho mais cansativo do mundo. Levar a alma de todos para seus devidos locais. Acho que ao ler, em alguma pesquisa sobre quantas pessoas morrem por ano, apenas no seu país, você consegue ter uma noção de quanto trabalho eu tenho. Oh, sim. Um dia, eu também vou te buscar. Mas não tenha pressa. Não tenha medo. Não vou te dizer quanto tempo falta pra eu ter que trabalhar em você. Isso seria bem amador de minha parte, mas prometo que lhe tratarei gentilmente. Irei lhe abraçar, lhe confortar, lhe fazer carinho, lhe pegar no colo, lhe acalmar: até estar pronto para partir.
Desculpem-me, acabei de me perdendo... Eu falava sobre meu trabalho, certo? Bem, eu tenho muito trabalho, porém, já falei que o faço com esplendor. E recentemente ele tem aumentado e muito. São mais de sete bilhões, apenas os humanos. Eles são... Vocês são meu trabalho principal. Não deveria mostrar favoritismo entre vocês e as outras especies, mas meu fascínio simplesmente me leva a ser amadora, pelo menos, nesse quesito.
Chego a sorrir, ao ver como vocês evoluíram. Sem dentes pra rosnar, sem garras para caçar. Fadados a ficar quase na base da cadeia alimentar, caso se separassem do bando... E hoje, no tempo em que redijo esse texto, ameaçam todas as outras especies, até mesmo, a humanidade. Até mesmo, o próprio planeta.
Não me levem a mal. Eu posso dizer que sinto um amor maternal por vocês. E quando falo sobre ameaçarem a existência, não falo em tom de repreendimento, e sim de, mais uma vez, fascínio.
E graças a esse fascínio, desde que homem é homem e mulher mulher, juntei várias histórias. Histórias, de gente boa. Histórias de gente má. Histórias de lugares perto de você. Histórias de lugares longe de você. Histórias do presente, passado e futuro. Histórias, com finais tristes. Histórias, com finais felizes. Histórias, com finais. Histórias, sem finais.
Eu quero lhes contas minhas histórias. Quero lhes contar suas histórias. Querem ouvi-las?
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