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História As Origens de Sebastian - Capítulo XIV - A Chegada dos Obreiros


Escrita por: andreiakennen

Capítulo 14 - Capítulo XIV - A Chegada dos Obreiros


As Origens de Sebastian

Capítulo XIV

A Chegada dos Obreiros

 

Por mais que golpeasse as costelas do cavalo e batesse com as rédeas em seu lombo, a velocidade não aumentava. Os flocos de neve em meio ao vento atingiam a face da mulher como se fossem minúsculas farpas de gelo. Os cabelos loiros esvoaçavam e moviam-se conforme a cavalgada. Seria alcançada, mesmo assim não conseguia deixar de sorrir. O sorriso que crescia em seu rosto na mesma proporção que a adrenalina em seu sangue. Nunca se sentira tão viva quanto naqueles últimos dias. Havia de confessar que a chegada do neto não viera apenas para trazer meras alegrias de avó, mas sim, virar sua vida monótona às avessas.

Estavam em fuga da estalagem devido a um descuido, depois que encontrara um meio eficaz de conseguir alimento para o neto graças ao velho repugnante que a atacara. Descobrira que os homens eram presas extremamente fáceis de atrair, bastava um olhar indiscreto, um mover sugestivo de ombro, um sorriso ou um piscar de olhos e eles viam para cima dela feito cachorrinhos obedientes abanando a cauda. Traziam-lhe agrados, comida, moedas e ainda proporcionavam-lhe noites de amor ardente, para no fim, pagarem com suas próprias vidas e servirem de alimento.

Todavia, fora imprudente com sua última vítima, o sangue escoara para o chão e gotejara no aposento debaixo, atraindo curiosos que vieram bater na sua porta querendo vistoriar seu quarto.

 Não teria como esconder tantas machas e restos mortais, apenas pegou o que pode em uma trouxa, amarrou Sebastian junto ao peito, agasalhou-se bem e fugiu pela janela.

Conseguiu roubar um cavalo na estrebaria e estava em fuga desde então.

Sebastian parecia confortável junto ao seu peito e como ele vinha se alimentando bem naqueles últimos dias, imaginava que conseguiriam se manter por um tempo.   

— Só não posso permitir que esses vermes nos alcancem.

— Falou comigo, milady? — a voz doce e abafada do menino preso em seu peito se fez audível em meio a tanta turbulência.  

— Não, querido — o confortou. — A vovó está falando com ela mesma. Sei que esse trepidar horrível deve ser muito incômodo e você não deve estar conseguindo dormir, mas, por favor, tente.

— Hm. Eu não me importo, milady — ele respondeu sonolento. — Eu até gosto dessa sensação.

Ela sorriu.

— Que bom. Logo vamos encontrar um...

Uma flecha passou a centímetros do rosto de Francine, fazendo-a puxar as rédeas de súbito. O cavalo parou bruscamente e uma sequência de flechas fora disparada, uma delas atingiu o traseiro do animal que relinchou, trotou desordenado, arqueou-se nas patas de trás e derrubou a mulher e o neto do seu lombo, direto para uma ribanceira.    

O grupo de perseguidores parou à beira do barranco.

— Eles caíram!

— Será que morreram?

— Larga de ser idiota! Ela é uma bruxa! Com certeza não vai morrer tão facilmente como uma queda dessas.

— Vamos dar a volta e tentar encontrá-los. Mesmo que ela esteja morta, precisamos arrancar a cabeça e queimar o corpo, só assim ela não vai voltar. Vamos, homens, antes que escureça! — ditou o mais robusto, o mesmo que segurava o arpão que disparara as flechas, o que parecia liderar o grupo.  

Ao comando deste, todos os outros concordaram em um grito uníssono e o seguiram.  

...

Crispian estava em uma poltrona, sentado com o corpo curvado para frente, envergonhado suficiente para não encarar o homem no leito. Percebera que o sogro era mesmo um indivíduo de garra, pois apesar de ter tido a mão arrancada por uma mordida, e mesmo após o ferimento ter sido tratado pelos empregados e o curandeiro do castelo, ele ainda não tinha se deitado. Continuava sentado à beira da cama, observando as bandagens que agora envolvia o que fora sua mão.

Estavam em silêncio há mais de uma hora. Não sabia o que falar, ou como se desculpar. Sabia que não tinha perdão. Entretanto, sentia que precisava dizer algo. Respirou fundo, invocando coragem.

— Senhor...

— Catherine era minha filha — a voz do sogro o interrompeu. — Não de criação como muitos pensavam, ela era minha legítima. Eu tive um caso com a mãe dela, Samanta, empregada da nossa casa havia anos. Um dia nos demos conta que estávamos apaixonados. Uma paixão dessas avassaladoras, a qual eu não medi esforços para viver em totalidade. Pois nunca houve amor de verdade entre Carmélia e eu. A minha mulher sempre foi uma esposa dedicada, mas meu coração não a escolheu... — ele fez uma pausa para suspirar. — Eu tinha um carinho especial por Cath, por ela ser fruto do meu amor verdadeiro. Eu queria para ela o melhor, mas acabei cometendo o mesmo erro que os meus pais cometeram comigo: casei minha singela flor do campo por conveniência. Dos meus braços para os da morte. Eu só consigo pensar que isso foi castigo divino por meu egoísmo. Então, Crispian, eu não o culpo. O que aconteceu com Cath foi uma fatalidade. Eu culpo a mim mesmo. Por isso que sinto uma necessidade imensa de me redimir com a alma de Samanta e da minha filha. Eu preciso resgatar meu neto. Algo em meu coração diz que ele está vivo e que corre perigo.   

— Sebastian...

— Como?

— O seu neto... Digo, meu filho. Ele se chama Sebastian.

Os olhos de Bardo e Crispian se encontraram.

— Cath me mandou várias cartas contando sobre a gestação, e em uma das últimas ela me disse que havia escolhido um nome para a criança.

— Sebastian? — ele pareceu repetir para testar a sonoridade. — Meu neto tem um nome. É que nome, não? Imponente. Sebastian. Gostei — ele sorriu.

— Milorde...

— Chame-me de Bardo, meu filho.

— Senhor Bardo. Eu vou convencer Benjamin a encontrar minha mãe e o meu filho. Mas, ele...

— É um sádico — Bardo completou, e ganhou um assentir de Crispian.

— Nosso rei não poupa esforços para sê-lo, senhor. Eu não quero que mais ninguém se machuque por minha culpa. Por isso, eu peço, encarecidamente, que assim que a diligência for liberada, que o senhor parta junto com eles. Quando encontrá-los fujam para o mais longe que puderem. Refugiem-se em um lugar seguro. Por tudo que é mais sagrado eu peço que não retornem para o reino. Porque, enquanto Valais estiver sobre o poder de Benjamin, esse será o pior lugar para se viver.

— E quanto a você, meu filho?

— Eu tenho uma meta a cumprir aqui, senhor. Irei vingar a morte do meu pai e tudo que Benjamin vem me fazendo passar. Se eu sair com vida dessa empreitada, irei ao encontro de vocês.  

— Mas como saberá onde estamos?

— Tenho meus meios. Antes de partir, darei ao senhor a direção em que deve procurá-los.

A firmeza no olhar de Crispian transmitiu confiança a Bardo que fez um meneio com a cabeça. Ele não queria saber como o rapaz tinha tanta convicção sobre o paradeiro de Francine e o seu neto, seu desejo era apenas encontrá-los.

...

O silêncio à mesa de jantar era tão profundo que se ouvia o som da ventania do lado de fora.

Anabel mexia o garfo de prata sobre a comida sem interesse algum, um dos cotovelos sobre a mesa e a ama detida atrás dela, suando frio, aflita com a pose descomportada da sua senhorita. Do outro lado, Crispian tinha os talheres empunhados, mas estavam detidos sobre o pedaço avantajado de filé disposto em seu prato, com um punhado grande de purê. Não sentia fome, seu estômago revirava.

Benjamin era o único despreocupado à mesa, ele fatiava pedaços de carne com as mãos e os dividia com Earthen ao seu lado. Dorcas estava detido em suas costas, a mão direita no punho da espada e o habitual olhar desconfiado. Reiji também se encontrava na sala, atrás do lorde de Valdávia, mas com um olhar fascinado para o rei e sua fera.

— Alguém morreu? — Anabel quebrou o gelo, após largar o garfo de forma barulhenta dentro do prato.

O que fez sua ama retesar-se.

— Senhorita, por favor, os modos...

— Ah, Nora! Isso está um saco.

— Essas não são palavras que deveriam sair da boca de uma dama, senhorita — a ama continuou alertando-a.

— Quem sabe o ambiente estivesse mais animado se tivesse morrido, não é, Cris? — respondeu Benjamin irônico, direcionando um olhar acusador para o lorde.

Crispian não respondeu ao comentário do rei, continuou da mesma forma estática, detido em seu conflito interno entre cortar o pedaço de carne que estava um tanto sangrento ou não.

Anabel empertigou-se, arqueando o nariz, deixando o formato do seu rosto ainda mais enlanguescido.

— Eu quem estou falando com você, Ben! — ela reclamou. — Por que está direcionando a pergunta para ele? Por que fala só com ele? Eu estou aqui também, não está me vendo? Sou sua noiva! Ouvi falar que iria dar um baile para comemorar a posse desse daí como seu Conselheiro-Alfa e que só não fará mais devido a chegada do sogro do próprio. Ben, você estava prestes a dar um baile para um homem e sequer dá indícios de quando fará o baile do nosso noivado?

Benjamin entregou um último pedaço de carne do seu prato direto na boca de Earthen. O animal, cuidadoso, apanhou o alimento tendo o bom senso de não tocar os dedos do rei com seus caninos afiados. O soberano de Valais sorriu, compreendia perfeitamente bem o porquê de todos se fascinarem com a educação daquele lobo, ele parecia bem mais nobre e refinado que a reclamona da mulher ao seu lado, que insistia em dizer que era sua noiva.

Lambeu os dedos sujos de gordura, os quais estavam pesados devidos aos anéis incrustrados de pedras preciosas, sem se preocupar em apanhar o guardanapo e manter a etiqueta.

— Responda-me, Ben! — exigiu Anabel.

— Ana, Ana. Você é tão inconvenientemente irritante. Tão ruidosa, mesmo à mesa. Como pensa em ser rainha se sequer tem modos? Você sabe as respostas para todas essas perguntas inúteis e me obriga a dá-las? Estou enfadado no momento, procure você mesmo por elas — disse e virou-se para Crispian, apanhando das mãos dele o garfo e a faca, passando ele mesmo a cortar a carne no prato, espetando o pedaço menor com o garfo e direcionando-o para boca do lorde. — Coma — ordenou.

Anabel abriu a boca, incrédula naquela afronta.

— Eu sei que não está com fome — o rei prosseguiu. — Esse pedaço ensanguentado de carne talvez recorde-o do braço que decepamos agora pouco, não é? Se pensar nisso não vai mesmo sentir fome. Não é bom que se empanturre de comida antes de me servir na cama, todavia não quero que desmaie por não ter nada no estômago.

Lady Anabel bateu os punhos fechado na mesa e depois apontou para os dois homens.

— Está vendo isso, Nora? Está ouvindo o que ele está dizendo?

— Senhorita, vamos nos retirar, por favor.

— Não! — ela bateu com os punhos fechados na mesa novamente. — Benjamin, eu exijo que pare com isso agora mesmo. Saia de perto desse homem! Eu exijo respeito, eu sou sua noiva! Pare de me humilhar diante de tudo e de todos.    

A jovem continuou sendo ignorada e a boca de Crispian continuou fechada, o que aumentou a irritação de Benjamin, que foi obrigado a usar de força. Ele apanhou o rosto de Crispian com uma das mãos, apertou a região do maxilar e fez com que ele abrisse a boca involuntariamente.

— Quantas vezes eu preciso dizer que não gosto de ser contrariado, milorde? Coma! — gritou a exigência e jogou o garfo longe, fazendo-o bater na parede e cair no chão tilintando, depois apanhou o pedaço de filé maior com a mão e direcionou-o todo para a boca de Crispian, empurrando e não permitindo que o lorde respirasse direito.

Reiji ficou reação, seu rei parecia ensandecido, estava sufocando o lorde de Valdávia tentando fazê-lo engolir um pedaço de carne que sequer cabia em sua boca. Dorcas e Earthen apenas observavam em silêncio. A ama e Anabel ficaram em polvorosa.

— Deus do céu!

— O que está fazendo, Ben? — Anabel levantou-se.

— Coma, estou mandando comer! — gritava ele.

Crispian estava se engasgando, sua mão segurava firme a do soberano de Valais tentando impedi-lo de continuar enfiando aquele pedaço de carne desproporcional na sua boca. Os dois guardas continuaram sem saber como agirem. Benjamin se levantou e a força que impôs ao empurrar a carne fez a cadeira de Cris balançar e não demorou a tombar. O lorde caiu, o pedaço de carne voou para longe, da mesma forma que a coroa, e o rei caiu sobre ele. O rapaz então tossiu aliviado por poder respirar novamente.   

Anabel arregalou os olhos com o silêncio que se fizera de repente. Deu a entender que daria a volta na mesa para descobrir o que estava acontecendo, mas Dorcas entrou em seu caminho.

 — Ouça sua ama, milady. É melhor que se retire por hoje.

— Saia da minha frente, inútil!

— Senhorita, é melhor nos retirarmos — a ama insistiu.  

Ela virou-se com intenção de dar a volta pelo outro lado da mesa, mas fora vez de Reiji se mover rápido e impedir seu caminho.

— Malditos... — ela sorriu nervosa. — Mas vocês não vão me impedir, tem outra forma!

Em um último ato desesperado, Anabel ergueu a toalha da mesa com a intenção de atravessar por debaixo dela. Porém, assim que se abaixou, ela sobressaltou, ao deparar-se com o olhar intenso da fera monstruosa que vinha caminhando em sua direção, obrigando-a recuar.

Ergueu-se depressa, enquanto sentia os olhos arderem.

— Eu odeio todos vocês! — gritou. — Odeio principalmente você, Crispian de Valdávia! — Anabel apanhou o prato de porcelana vazio de Benjamin e o jogou contra a parede do outro lado, o impacto fez um estouro e a louça se estilhaçou em pedaços minúsculos.

Mas, mesmo assim, não teve a atenção do rei. Não restava opção. Empinou o nariz, esturrou, chamou sua ama e saíram deixando a porta da sala de jantar aberta.

Para evitar novos inconvenientes, Dorcas trancou a porta com o ferrolho e se prostrou diante dela. Direcionou um menear de cabeça para Reiji, mostrando que havia outra porta do lado dele.

— Fique daquele lado — o comandante das tropas sussurrou a ordem, não queria incomodar seu rei.

O jovem ruivo sentiu seu coração disparar e engoliu em seco. Caminhou a passos comedidos na direção que o comandante apontara. Não queria continuar vendo aquilo, mas sabia que não tinha escolha.

Não permitiram que lady Anabel visse o resultado do confronto entre o rei e seu conselheiro, pois, certamente, seria humilhante demais para a futura rainha ver seu rei agarrado e beijando de forma exigente, quase asfixiante, um outro homem.

Reiji nunca imaginou que assistiria algo como testemunhou aquela noite. Nunca pensou que dois homens pudessem se envolver daquela forma. O rei despiu o corpo do lorde com uma exigência sobre-humana e passou a tomá-lo ali mesmo, no chão frio, de forma bruta e impaciente, abrindo suas pernas e penetrando-o pelo ânus.  A cada estocada nervosa do rei o guarda sentia doer em si.

Não tinha experiência com o sexo, quando moleque assistira escondido as vezes que os irmãos mais velhos trouxeram mulheres escondidas para o celeiro. Nessas poucas vezes em que vira a nudez feminina e ouvira os gemidos que emitiam, sentira seu corpo aquecer e o sexo endurecer ao ponto de doer e obrigá-lo a massageá-lo até seu corpo descarregar aquela onda de prazer e finalmente relaxar.

Então, tinha ideia como o ato sexual funcionava, mas jamais imaginou que fosse algo possível entre dois homens. Apesar de acreditar que aquilo que o rei estivesse fazendo não fosse algo correto. Usar seu poder para tomar um lorde a força, como se fosse uma mulher, era imprudente, imoral. Naquele instante tivera certeza sobre os rumores que diziam que Benjamin I era um homem sádico e cruel.

Desviou os olhos da cena lamentável e crispou os punhos, sentindo-se horrível por sua impotência. Desejava ter poder para impedir que o rei continuasse ferindo a honra e o corpo de lorde Crispian daquela forma tão degradante. Certamente, não imaginou que a situação pudesse ficar pior, mas ficou.

Estava com os olhos desviados, esperando que o tempo passasse logo e aquela humilhação terminasse, quando ouviu o chamado ruidoso do rei. Benjamin estava ofegante, como se estivesse corrido uma maratona, ficou na dúvida se era mesmo com ele que o rei estava falando e direcionou um olhar primeiro para seu superior, e notou Dorcas com o cenho franzido. O capitão fez um meneio com a cabeça onde sabia estar os dois homens no chão e, ainda em dúvidas, conduziu sua atenção na direção deles.

Seus olhos se arregalaram instantaneamente. O lorde havia sido colocado de quatro e Benjamin se impulsionava com força contra as ancas dele, como se tivesse fazendo sexo com um animal.  

— É surdo, rapaz? — bradou o rei. — Estou chamando, venha! Tire seu pau para fora e encha a boca dele.

— C- como, m- majestade?

— Você quer que eu desenhe, é? Estou dizendo para tirar seu pau para fora e enfiar na boca dele — repetiu, enquanto alisava as nádegas volumosas de Crispian. — Erga a cabeça, Cris — pediu.

Assim que Crispian o fez, Reiji sentiu algo pulsar em seu interior. O rosto do lorde estava completamente transformado, afogueado nas bochechas, os olhos mortiços e da boca semiaberta escorria um filete de saliva, ele parecia extremamente lascivo.  

— Está vendo como ele gosta? — Benjamin o expôs, enquanto suas mãos continuavam passeando pelo traseiro, pelas costa e pernas do loiro. — Está louco para ter a boca fodida enquanto eu enrabo ele aqui atrás. Dê o que ele quer, garoto. Venha você também, Dorcas.

— Eu passo, majestade.

— É uma ordem, inferno! Querem obedecer ao rei de vocês? Estou oferecendo carne de primeira de graça, vocês não têm o direito de recusar. Anda. Já que ele não está com fome de comida, vamos... Ah! Nossa, que delícia! Está começando a me apertar. — comentou e retomou a linha de raciocínio anterior. — Vamos alimentá-lo do que ele mais gosta.

Dorcas pensou por um segundo, mas suspirou, dando a volta na mesa e olhando o jovem ruivo esguelha. Era óbvio que ele não queria fazer aquilo, no entanto, era uma ordem de Benjamin e esperava que o novo guarda entendesse que não tinham o livre arbítrio para recusar uma ordem daquele porte. Caso não obedecessem, não estariam vivos para presenciarem o raiar dia seguinte.

Reiji não estava acreditando que seria mesmo obrigado a participar de tal ato, mas entendeu que deveria, quando lorde Crispian direcionou um olhar preocupado para ele; que parecia implorar que obedecesse.

O capitão foi o primeiro a se posicionar. Ele retirou as partes mais pesadas da armadura, ajoelhou-se diante do rosto do lorde, retirou para fora da calça o falo amolecido e tentou direcioná-lo para boca dele.

O guarda mais novo aproximou-se devagar. Incerto, fez como seu comandante, retirou as partes mais pesadas da armadura, ajoelhou-se ao lado dele, abaixou a calça, retirou o sexo para fora e o expôs diante do rosto do lorde. Crispian estava vermelho, seus olhos de um tom azul-céu estavam marejados, todavia não reclamara, mantinha-se sério, sem emitir um ruído sequer, enquanto recebia as investidas do rei.

— Vai, Cris. Abra mais essa boca para que eles possam enchê-la também — ordenou o rei.

Quando o lorde obedeceu, expondo a língua para fora, pronto para receber aquilo que o rei exigia que dessem à ele, de alguma forma, Reiji sentiu sua virilha formigar. E, diferente do seu capitão, que não parecia animado de forma alguma, seu sexo enrijeceu rapidamente. O rosto de Crispian era lindo e aquela boca parecia convidativa.

— Isso, coloquem os dois de uma vez — demandou Benjamin.

Dorcas fechou os olhos ao responder o comando, mas Reiiji não o fez, não conseguia desviar a atenção da face e nem da pele descoberta de Crispian.

A sensação que teve fora completamente insana. Sentir seu sexo ser sugado pela boca de alguém tão belo como o lorde de Valdávia era tão alucinante e estranho que causava arrepios desmedidos. Seus sentidos se entregaram rapidamente e seu bom senso esvaiu-se, passou a movimentar-se instintivamente. Parou apenas quando ouviu que o rei dizia algo como mudar de posição. Os dois guerreiros recolheram seus sexos e Crispian foi deitado. Quando o guarda mais novo visualizou o corpo virado para cima estremeceu ainda mais, o sexo do lorde estava ereto, seus mamilos acesos, e sua pele clara reluzia. De alguma forma, ele também começara a aproveitar do ato e isso o aliviou de culpa momentaneamente fazendo com seu pênis pulsasse dolorido e ansioso.

Ficou contente quando Dorcas decidiu ficar na lateral do corpo do lorde e preferir a massagem da mão dele, permitindo que ficasse com a boca só para ele. Passou a língua nos lábios e não soube exatamente como se posicionar quando o próprio lorde pareceu tomar consciência de sua ansiedade e se posicionou, arqueando a cabeça para trás, fechando os olhos e abrindo a boca de onde escapava alguns gemidos discretos.

Tentando agir o mais cuidadoso que pode, Reiji segurou o rosto de Crispian entre suas mãos e direcionou seu falo inteiro para dentro da boca dele, até seus pelos ruivos roçarem os lábios rosados.

O rei pareceu divertir-se ao ver seu objeto de desejo quase se engasgar ao engolir o sexo inteiro do rapazote, filho de um dos seus guardas, o qual tinha um mastro um tanto avantajado. Observou quando o pescoço de Crispian arqueou e o pomo da garganta moveu-se com dificuldade para respirar e alojar aquele sexo imenso no mesmo espaço. Aquilo o atiçou. Sorriu.  

— Isso, meu querido. Está bom, não está? Estou sentindo seu cuzinho me apertando deliciosamente. Está gostando de ser fodido por três paus de uma única vez, não é mesmo? Olha como está me engolindo gostoso. Vamos gozar todos juntos em você.

Crispian sentiu o coração bombeando mais rápido, não conseguia respirar direito, o sexo de Reiji adentrava fundo em sua garganta. Sentia como se fosse enlouquecer. Tudo nublou quando os jatos mornos começaram atingi-lo a sensação de quase ser engasgado com o sêmen de Reiji em sua garganta causou-lhe arrepios e as contrações vieram, enlouquecendo Benjamin que passou a gritar enquanto impunha força nas últimas investidas e inundava seu interior com o orgasmo dele. Suas mãos e braços foram molhados com o orgasmo de Dorcas que espirrou sêmen até mesmo em seu rosto. Logo ele, que havia dito hipocritamente que não se importava com os deleites da carne.

Mas havia de confessar que nem mesmo ele, que vinha apenas se deixando violentar, não se dando ao luxo de sentir prazer, se entregara aquela loucura. Não graças a Benjamin e seu fiel cão-de-guarda, mas fora algo relacionado a Reiji. Senti-lo, de alguma forma, o excitou como nunca pensou que se sentiria com outro que não fosse seu Earthen.    

Earthen.

Pensar no amante fez a realidade pesar e imaginar onde ele estava.

Deixou o rosto pender para o lado, ainda respirava com dificuldade, sentia o corpo aquecido, mas começava a sentir o frio do chão, abriu os olhos instintivamente e deparou-se com os azuis brilhantes do seu lobo. Earthen estava deitado debaixo da mesa, de onde parecia ter assistido tudo. As grandes patas estendidas para frente, a pose relaxada. Esticou a mão na direção dele, mas deteve-se ao notá-la suja com o gozo de outro. A vergonha aumentou, decidiu recolhê-la. Porém, seus dedos foram lambidos. Sorriu. Lágrimas vieram. Sentiu-se estranhamente vazio. Desejava apenas ter certeza que quando tudo aquilo acabasse conseguiria escapar das garras de Benjamin e viver feliz. Mas, por hora, estava feliz por Earthen preencher aquele vazio pós-orgasmo com sua presença, mesmo tendo se entregado vergonhosamente ao prazer.

O rei havia se erguido e estava se recompondo, seus guardas já haviam se recomposto. Olhou Crispian exposto no chão gelado, completamente nu, lambuzado. As pernas que haviam sido largadas abertas se encontravam na mesma posição. Conseguia até ver o próprio sêmen escorrendo daquele buraquinho o qual havia deflorado com tanto ímpeto. Sorriu novamente, satisfeito.  

— Então, diga-me, meu caro e orgulhoso Conselheiro-Alfa — falou, enquanto abotoava suas vestes. — Será que te demos de comer o suficiente?

Não houve tempo para resposta, de repente, os três homens em pé pararam para prestar atenção no barulho que vinha do lado de fora: passos pesados, várias vozes, conversas aleatórias e na sequência batidas estrondosas na porta ecoaram por toda sala de jantar.

— Benjin?! — A maçaneta moveu-se. — Ué, porque a sala de jantar está trancada? — houve novas batidas. — Benjin, você está aí?!

— Merda! — o rei esturrou. — Esconda-se — pediu para Crispian, que rapidamente rolou para debaixo da mesa.

As roupas do lorde foram empurradas pelos pés de Reiji para debaixo da mesa.

Dorcas acompanhou seu rei após desembainhar a espada, os olhos pareciam saltar para fora das órbitas.

— Guarde isso, idiota — resmungou, tirando ele mesmo o ferrolho da porta e a abrindo.

Um homem moreno, alto, robusto, de barba grossa e de cabelos acinzentados, vestido com uma batida, entrou e foi logo abraçando o rei.

— Benjin! — exclamou ele, animado.

— Irmão... — respondeu o reio, sem o mesmo entusiasmo.  

— Que merda estava fazendo trancado dentro da sala de jantar com dois marmanjos? E... — o homem largou o rei e entrou na sala farejando o ambiente. — Que merda de cheiro esquisito é esse?

— Comida, certamente.

— Vamos aceitar! — Sorriu ele, fazendo gesto de mãos para os demais visitantes às suas costas. Era um grupo de oito pessoas mais ou menos. — Vamos, não se façam de rogados, entrem, rapazes. Estamos famintos, Benjin. Fizemos uma viagem de sete dias! Sete! Dormimos mal e comemos sopa de grãos no caminho todo. Imagina comer essa droga nesse frio do inferno que está fazendo? Pode imaginar o quanto estamos desnutridos, não?

Os outros vestidos como o irmão do rei entraram na sala e se acomodaram à mesa.

— Pelo tamanho dessas panças, imagino que não passaram fome suficiente — retrucou o rei. — E esse cheiro insuportável me diz que precisam mais de um banho do que comida.

— Ha, ha, ha! Sempre tão bem humorado, Benjin! Vai, meu jovem — o irmão de Benjamin falou com o guarda mais novo, apontando para ele a porta. — Corra até a cozinha e peçam para que nos traga comida. Muita comida!

Reiji olhou para o rei e esse apenas fez um meneio positivo com a cabeça, autorizando-o a sair. Após bater continência, o ruivo foi em busca dos empregados.  

— Veja só, meu irmão, você é mesmo rei. O rapaz só obedece a sua ordem — concluiu em tom divertido, aproximando-se de Benjamin e ajeitando a coroa que, no calor do momento, ele havia reposto de qualquer jeito sobre sua cabeça. — Fica bem em você.   

— O que você e seus obreiros vieram fazer aqui, Albert? — desconversou, mal-humorado, afastando a mão do irmão da sua coroa.   

— Que tal conversarmos enquanto comemos?

— Eu já comi.  

— Acompanhe seu irmão, oras.

Benjamin revirou os olhos, mas acomodou-se de volta em sua poltrona, Dorcas havia erguido a cadeira derrubada de Cris.

— E esse prato cheio largado à mesa, hã?

— Meus hóspedes são um tanto frescurentos.

— Nós não nos importamos em continuar daqui — Albert afirmou, acomodando-se no lugar que antes estava ocupado por Anabel e passou a partir o filé do prato. Abocanhou metade dele em uma única garfada. — Hm. Bom. Divino! Comida digna de um rei.

Benjamin sorriu para o irmão, não para ele exatamente, mas dele, por saber que o mais novo, que era um devoto digno de Deus, sequer imaginava que havia um homem nu embaixo dos seus pés. Também ficou imaginando como Cris estaria se sentindo em meio a tantas pernas fedidas.

— Parece feliz, Benjin.

— Não posso ficar feliz em rever meu irmão?

— Não brinque, isso vindo de você me assusta!

— Ah, foda-se, Albert.

— Palavras sujas não tão dignas de um rei.

Todos riram.

Mas, diferente do que o rei poderia imaginar, Crispian estava bem confortável, acomodado ao lado do corpo peludo e quente de Earthen. O lobo o estava “banhando” com sua língua. Limpando toda a sujeira feita pelo rei e seus dois subordinados, causando nele novos e verdadeiros arrepios. De algum modo, estava feliz com a chegada de Albert. Havia muito que queria conhecê-lo. Saber se daria um bom rei. E, pelo pouco que ouvira, podia perceber que ele tinha muito do falecido Dalton, a personalidade alegre e extrovertida ao menos. Tinha quase certeza que o teria como aliado.

O jantar e a conversa animada de Albert, Benjamin e os obreiros se prolongaram por mais de uma hora. Crispian ouviu atentamente a maior parte da conversa e aquilo que mais o impressionou foi quando Albert mencionou sobre os rumores sobre ele, “O Senhor dos Lobos” e sobre Benjamin ter feito um pacto com o demônio.

— Você crê em fantasias agora? — desdenhou Benjamin, após a menção do irmão. — Demônios? Ah, Poupe-me, Albert. Não acredito que se deslocou de Fliores aqui por causa desse boato sem pé nem cabeça, inventado por essa gente medíocre? 

— Não, Benjin. Estou preocupado é com o que estão falando sobre você ser um tirano sádico. Sobre arrancar cabeças por diversão e por estar desfilando com um mostro sobrenatural ao seu lado.

— Não sou idiota como nosso pai, essa é a única verdade. Prefiro me impor de uma forma incisiva. Se eu não o fizer, não serei respeitado e nem reconhecido como um rei.

— Um rei que governa pelo medo tende a tombar mais cedo, meu irmão. Pense melhor em suas atitudes.

— Chega. — Benjamin afastou a cadeira e ergueu-se da mesa. — Estou cansado, tive um dia cheio, amanhã conversaremos mais. Você também deve estar cansado.

— E onde está a tal fera?

— Para você ver como são os rumores. É somente um lobo domesticado, meu irmão. Deve estar dormindo com o dono dele, amanhã você o verá.

Debaixo da mesa, Crispian sorriu, aquela era uma ótima notícia: iria dormir com seu Earthen.

Logo a sala esvaziou-se, mas Crispian notou que um par de pernas ficaram.

— Meu senhor? — a voz de Reiji se fez audível. — Eu tranquei a porta, pode sair.  

Estava deitado sobre suas próprias roupas e fora aquecido graças aos pelos de Earthen. Quando saiu debaixo da mesa, sentiu a queda da temperatura. Reiji agiu rápido, abaixou-se e tratou de apanhar as roupas dele, jogando o casaco sobre os ombros descobertos.

— Obrigado, Reiji.

— Não por isso. Senhor, eu... Sinto... — o rapaz ficou vermelho, engasgou e não conseguiu falar.

O lorde passou a se vestir sem se preocupar. Não precisava que ele concluísse, entendia que Reiji sentia-se culpado e queria se desculpar por ter participado da orgia do rei.

— Está preocupado por ter gozado na minha boca, não é? — Crispian riu, enquanto terminava de abotoar as vestes. — Você não pode fazer nada, recebeu uma ordem. E sendo louco como é, Benjamin o teria condenado a morte se desobedecesse. Nada do que aconteceu aqui foi pior do que tudo que ele já fez comigo, acredite. Não se preocupe com isso, Reiji. Normalmente eu sinto repulsa em ser tomado por ele, mas a sua participação e a do Dorcas tornaram o ato menos repulsivo e um pouco mais... Interessante. — complementou com um sorriso de lado, terminando de colocar os calçados, e observando o rubor pigmentar até mesmo as orelhas do guarda. 

O lobo saiu debaixo da mesa e parou ao lado de Crispian, rosnando.

Reiji retesou-se ao ouvir aquele som ameaçador vindo do animal.

Crispian olhou com curiosidade para Earthen, nunca o vira rosnar para alguém que não o estivesse ameaçando antes.

— M- milorde, e- ele está bravo. V- vai m- me a- atacar...

— Não, ele não vai — Crispian garantiu, repousando a mão sobre a cabeça de Earthen, porém notou que o rosnado continuou, além do olhar fixo em Reiji. Algo que deixou o lorde confuso. — Earth? Ei? Pare com isso — pediu.

As pernas de Reiji começaram a tremer a medida que o rosnado ficava mais alto, os dentes dele estavam amostra, passou a dar passos temerosos para trás.

— V- você me perdoou, milorde. M- mas ele não.

— Earth? — Cris o chamou. — Pare. Ei, Earth? Saia, Reiji. Está dispensado por hoje. Vai!

O rapaz seguiu em direção a porta aos tropeços, enquanto Crispian segurava o lobo pela coleira em seu pescoço. Reiji tirou o ferrolho da porta do seu lado de modo exasperado. Era claro que o lorde nunca conseguiria segurar um animal daquele porte. Bastou um leve impulso de Earthen na direção da porta para ele se livrar do agarre de Cris em sua coleira, mas Reiji havia conseguido fugir correndo pelo corredor. O lobo decidiu não criar alarde, e assim que o rapaz desapareceu, parou de rosnar.

— Qual é seu problema, Earth? — o lorde o questionou, tentando entender aquela atitude, mas o animal ignorou a pergunta e seguiu andando calmamente pelo corredor. — Que atitude é essa, Earth? O que significa isso?

Mas ele não podia respondê-lo estando naquela forma, então Crispian apenas apressou os passos e o acompanhou, deduzindo algo que não achava possível.   

— Agora o demônio decidiu ter ciúmes, é? — Balançou a cabeça em negação, incrédulo. Aquela reação era tão humana que o fez sorrir. Sentiu-se feliz. — É isso, não é? Você está com ciúmes do Reiji? Confesse.  

O rosnado recomeçou e Crispian riu com vontade.

— Definitivamente, isso é um sim.

Continua...


Notas Finais


Vocês são o máximo, pois acreditem, tem shipadores shipando Reicris. Nunca desacreditem na força de shippar! ;) hashtag #reicris

Quem mais shippa casais diferentes? Falem dos seus casais preferidos, além do canon! /o\

Então, teve um pouco de fanservice para ajudá-los a amar mais Reicris. Espero que tenham se divertido.

No próximo, as coisas voltam a ficar tensas com a presença de Albert. Além de vovó Francine e baby-Sebby terem caído na ribanceira com os doidos inquisidores no encalço deles. T~T Será que eles ficaram bem?

Beijos com sabor de chocolate da Andréia Kennen! A páscoa tá chegando, minna-san.

Lembrem-se: se puder, comentem! o/

Até o próximo!


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