De acordo com os termos científicos corretos, ele tirou o pênis logo que o fluído de Cowper começou a sair, ou seja, o preparo para a aquela coisa nojenta que fede à água sanitária. Não lembro direito o nome do cara. Max? Oliver? Julio? Não importa. Consigo lembrar até hoje a cara assustada dele quando contei que ele teria um filho meu.
- Mas não usamos camisinha? - perguntou exaltado.
- Não, você estava bêbado - menti.
O sorriso de alívio que ele manteve na boca quando contei que era brincadeira foi tão longo que parece que ele tinha tido o melhor gozo da vida. Eu tinha certeza que ele fugiria se fosse verdade. O pai dele tinha dinheiro, todos tinham (eu não dava para qualquer um), era só ele pedir emprestado e escapava para um lugar bem longe, viver sem a responsabilidade de um pai. Todos querem descarregar aquele jato dentro de nós, mas ninguém quer ouvir falar das consequências disso depois. Tudo isso é aquela mesma história de sempre, que pessoas como você já estão cansadas de ouvir. A históriazinha que tenho a te contar não é nada inovadora, com certeza já aconteceram milhares de vezes apenas no ano passado.
Esse cara com quem eu dormi (esse é o eufemismo mais ridículo para foda, mas deixe) era um dos grandões musculosos com quem eu me divertia nas noites de sexta. Ele era especial, entretanto. Além da barba esquisita (parecia a daquele personagem dos jogos vorazes) ele tinha um respeito estranho pelas mulheres. Aquele respeito quase que medieval de colocar as vestimentas em uma poça para a moça não molhar os pés. Cavalheiro? Até você conhecer ele na cama. Ele era a total antítese do que ele era na "vida real", rugindo, escorregando o pau com uma ferocidade tão grande que chegava a doer, e olha que eu já era bem elástica naquela época. Eu adorava isso, aquele jeito de animal indomável, só voltando ao normal depois de me encher com a essência branca. Era uma rapidinha, porque durava uns três minutos no máximo, mas mesmo em tão pouco tempo eu conseguia sentir o paraíso em meu corpo, tudo era apenas dor e prazer, os dois se misturando em uma harmônia perfeita. Ah, quase me esqueci de falar que além de ter uma barba esquisita e um jeito peculiar com as mulheres, ele também era meu professor de farmacodinâmica. Eu estava no segundo ano do curso de farmácia e estava indo bem, a não ser por essa porra de matéria. Eu queria ser boa em tudo e para amarrar essas pontas soltas, poderia usar a minha surpresa infalível para o professor. Eu gostava dele, apesar de todos o acharem estranho, e aparentemente ele gostava de mim, o que me deu mais liberdade para partir para a ação, no final eu estava certa na minha intuição e tudo seguiu como o planejado. Não mais DPs em farmacodinâmica.
Foi nesse ritmo de festa que eu passei intacta por essa matéria por quase dois anos, já era metade do quarto ano quando algo inesperado e devastador aconteceu. Você já sabe o que é. Camisinha furada, esqueceu da pílula... Nenhuma desculpa justifica o fracasso. Eu tinha fracassado pela primeira vez na vida, e seria a minha derrota definitiva, eu sabia. Quando contei, ele achou que eu estava brincando.
- Haha eu não caio mais nessa Alana - Disse ele. Não gostava de dar apelidos.
- Mas é a verdade, veja - E mostrei para ele o teste. A expressão facial dele indicou incredulidade. Mas ele iria acreditar com o tempo, pensei.
- O que... - Disse atônito. Não havia mais nada para fazer a não ser esperar ele cair na realidade.
Quando ele finalmente caiu, não foi agradável. Toda a gentileza dele desapareceu, e eu senti uma coisa a muito não sentida: medo.
- SAIA DAQUI SUA PUTA! - esbravejou, jogando o teste na parede.
Eu, obedientemente, saí. A partir daí foi tudo por água abaixo, as minhas notas voltaram a cair, o professor raramente olhava para mim, minha barriga cresceu e o pior: eu fiquei frágil. Todos me achavam linda e legal, e isso era como uma boceta aberta na minha testa para todos os homens, mas eu era resistente, sempre que alguém passava a mão procurando por algo ou uma sombra de grandalhões se formava perto de mim, eu já me apressava para um lugar com mais pessoas, além do fato de que eu conhecia lugares "secretos" na faculdade para casos assim. Qaundo fiquei grávida, os garotos devem ter ficado mais excitados ainda quando me viam por algum motivo da mente doente dos homens. Em todo caso, isso começou a me afetar, toda esquina que eu virava eu encontrava um grupo assobiando ou elogiando minha carne. As mãos bobas aumentaram em número, e até os mais recatados começaram a ficar mais atrevidos. Isso era alarmante. Eu precisava agir rápido antes que algo pior acontecesse, e na noite de uma segunda-feira, enquanto pensava em uma forma de parar com tudo aquilo, me deparei com um grupo grande de pessoas que bloqueavam a saída da faculdade. Procurei pelo segurança e encontrei, no meio do grupo. Comecei a me desesperar, olhei para trás e um outro grupo estava lá. Encurralada, a única opção que me restou foi a mais cliché dessas situações: gritar.
Foi pior do que imaginei. Apesar de estar acostumada com os mais variados tipos de pirocas, aquilo foi a coisa mais dolorosa e repugnante que já me aconteceu. Não contei, mas pelo menos nove pessoas me foderam incansável e repetidamente, até o canto de um galo avisar a eles que já era de manhã. O fato de eu estar esperando um filho parecia aumentar a dor das penetrações, as quais eram tão fortes e forçadas, que no final minha vagina parecia ter um milkshake de sangue e porra escorrendo. Miraculosamente meu cú só foi assediado uma vez, talvez porque não estava muito limpo (a gravidez atacava meu intestino). Acabei deitada no chão, com as vestes rasgadas e ensanguentadas cobrindo apenas minha barriga um pouco elevada. Fiquei olhando para o teto, esperando alguém chegar, toda dolorida, sem vontade alguma de levantar, iria só piorar a dor. Depois que as pessoas começaram a chegar eu fui levada na enfermaria, encontrei algo mais interessante que o professor de farmacodinâmica chorando aos meus pés e pedindo inúmeras desculpas e prometendo que ia mudar e chorando ainda mais e me dando dinheiro, um frasco que tinha uma fórmula estranha. Estava dentro do armårio de urgências da enfermaria, pude ver quando a enfermeira estava procurando ataduras, band-aids e remédios. O professor lógicamente ajudou a escolher, sendo ele um farmacêutico com doutorado e tudo mais. Mas ele não pegou o frasco com a fórmula estranha, e por isso eu apontei para ele aquilo questionando. Surpreso, ele percebeu que aquele remédio era o que ele estava procurando e me agradeceu.
- Esse remédio nada mais é que amônia com algumas drogas especiais - e com um sorrisinho completou - barbitúricos.
Pensei que ele estivesse brincando, mas não estava. Quando ele injetou aquilo em mim eu simplesmente desliguei da realidade. Viajei para um mundo completamente diferente, animais novos, plantas novas, céu novo, e o mais fantástico, sem nenhum ser humano. Era tudo que eu queria, afinal de contas. Depois de tanto tempo vivendo na esfera do prazer, da luxúria e da fama, eu queria apenas ficar sozinha, com o mundo girando, tudo acontecendo e eu apenas assistindo em paz. Eu ainda hoje consigo sentir aquele aroma das flores especiais, o som do ar e da atmosfera se movendo, a minha visão oscilando lentamente como se estivesse no espaço. O tempo não era contado, e sim vivido, aquilo foi tão longo que se o efeito foi apenas 2 minutos, eu senti por 2 meses, apenas vivendo naquele oásis mental, me falta palavras para descrever a sensação, maior que o sentimento, de simplesmente estar lá. Foi o melhor dia da minha vida.
- Alana? - Reconheci uma voz. Sabia que estava de volta a realidade.
- Alana? - Agora era a da enfermeira. Tive dó daquelas duas almas, vivendo em um mundo tão insosso como esse, nunca iriam ir para o lugar que eu fui, sentir o que senti.
Quando recuperei totalmente a consciência, tudo pareceu passar tão rápido... Meu filho nascendo, o término da faculdade, o casamento, o outro filho, a morte das pessoas... E até chegar onde estou, com 68 anos de idade, apenas uma senhora que faz doces gostosos para seus netos, toma alguns remédios naturais, sorri quando o ouve o cantar do bem-te-vi que aparece aqui em casa. Quando olho para trás tudo parece tão fútil, tão insignificante, as passagens da vida, os momentos importantes, as grandes decisões, o futuro (que já é passado agora) e toda a esperança de ser feliz um dia... Os seres humanos não percebem a própria existência, apenas aguardando algo maior, impressionante, e deixando para trás memórias mortas de passados vazios.
Eu apenas queria voltar àquela terra do nunca, onde eu podia finalmente respirar um ar de verdade, e me banhar na luz de um paraíso distante e vivo.
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