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História Alice no País das (Des)maravilhas - Único


Escrita por: TheParanoid

Notas do Autor


Bom, esse é o meu conto preferido e o primeiro que estou postando. Espero que você goste. Tenha uma ótima leitura.
Gostaria de agradecer a @breeanah pela capa linda!

Capítulo 1 - Único


Fanfic / Fanfiction Alice no País das (Des)maravilhas - Único

20h. Estou trancada no meu quarto, mas dá para ouvir os gritos da minha mãe. Meu pai parece estar mais calmo. Melissa acabou de ir embora. Deve estar se perguntando, preocupada, o que está acontecendo aqui. Mas esse não era um bom momento para ficar. Na verdade, estou desesperada, com medo, exausta. Parece que envelheci anos e já não tenho certeza do que acontecerá na minha vida a partir de hoje.

Apuro os ouvidos na tentativa de distinguir o que se fala na sala.

– Ela é uma criança. Talvez nem saiba o que isso significa. – dizia meu pai, tentando manter a calma. – Deve ter sido influência dessa menina. Fizeram a cabeça dela. Os jovens de hoje, você sabe como são...

– Carlos, elas estavam se... beijando! – gritava a mãe – O que fizemos de errado, hein?! Ela só pode estar querendo nos atingir. Maldita a hora em que fomos adotá-la!

Afastei-me da porta. Não aguentava mais ouvir. Era demais pra mim. Aquelas palavras me machucaram absurdamente. Eles nunca vão entender, nunca vão aceitar. Eu amo a Melissa! Ninguém pode mudar isso. Ninguém pode mudar quem sou, nem mesmo eu.

E juro que tentei! Foi quando a Melissa apareceu na minha vida e me fez tão bem. Ela fez eu me aceitar e me compreender. Aprendi com ela que não há nada de errado em mim. Eu estava ficando bem enfim, esperançosa até. Então minha mãe abriu a porta do quarto sem bater e viu tudo. Meu mundo desabou novamente.

“Maldita a hora em que fomos adotá-la!”. Não conseguia tirar isso da minha cabeça. Será que eles não percebem o quanto dói? No fundo, talvez eles me odeiem. Ou sintam pena, o que é pior. Sou um peso na vida de todos. Será que é tão difícil aceitar que sou assim ou entender que não tenho escolha? Que amor é esse, repleto de condições?

Cansei de tanta rejeição. O problema deve estar em mim. Meus pais devem ter percebido que eu não prestava e me abandonaram. Primeiro meu pai biológico, indo embora antes do meu nascimento. Depois minha mãe, largando um bebê de cinco meses de vida na lixeira. Na lixeira! Com cinco meses!

Então esse casal que agora discute na sala me encontrou e decidiu cuidar de mim. Deram-me o nome de Alice. Minha mãe adotiva cuspiu cada palavra dessa história na minha cara num lapso de ódio, sem nem se importar com a grande ferida que estava abrindo em mim. Tive tudo de que uma criança precisa, exceto amor. Este é exclusivo do Ricardo, o verdadeiro filho deles, atualmente com 18 anos (dois anos mais velho do que eu).

Mas sei que não posso reclamar ou exigir. Além do mais, já fizeram tanto por mim. Não os culpo pelo meu sofrimento. Pelo contrário, culpo-me pelo sofrimento deles. Por isso, decidi que chegou o momento de acabar com tudo isso.

Pego um pedaço de papel, escrevo um bilhete e guardo no bolso do moletom. Espio o corredor pela porta entreaberta. Não há ninguém. Meus pais ainda discutem na sala. Corro para o banheiro e me tranco. Encho a banheira, pego a gilete do pai e me dispo. “Dessa vez, eu consigo”, penso.

Minhas mãos tremem, indicando meu nervosismo. As lágrimas escorrem queimando as maçãs do meu rosto e salgando minha boca. Sei exatamente o que devo fazer, mas ainda não estou preparada. Penso em Melissa e, por um momento, quase desisto. Mas sei que ela me entenderá e até superará. Achará alguém melhor do que eu e será feliz. Encarregar-me-ei disso no lugar tranquilo e sem dor em que estarei.

Então, crio coragem e vou cortando meu braço esquerdo. Dói, mas nada comparado à dor do meu coração. Sinto a paz me invadindo. O sangue escorre, mistura-se com as lágrimas e vai tingindo a água da banheira de vermelho. O choro cessa, a dor passa, os olhos se fecham. Um último suspiro. Enfim, a paz.

Os pais nem perceberam, na mesma noite, que o quarto dela estava vazio e a porta do banheiro, trancada. Só a acharam no dia seguinte, pela manhã. A mãe batia na porta gritando e a xingando. “Você está atrasada! Vamos! Saia daí”. Tiveram que arrombar a porta. O pai chamou a ambulância. Um socorrista achou o bilhete e o entregou à mãe.

“Desculpem-me por tudo. Agora vocês estão livres. Sei que só trouxe coisas ruins a essa família, mas agora podem ser felizes. Um último pedido: digam à Melissa que eu a amo muito e que cuidarei dela. Alice.”


Notas Finais


Eu sei que a vida nem sempre é uma maravilha. Sim, como eu sei! Mas quero dizer que suicídio não é a melhor saída para os seus problemas. Não chega nem a ser uma saída. Porque, apesar de tudo, sempre há esperanças.
Obrigado por terem lido. Torcendo para que tenham gostado!!!


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