-E o pé? – sussurrei fazendo carinho no cabelo de Ronnie que assistia o seu seriado de vampiros.
-Está bem – me olhou e sorriu – e o seu?
-Bem – sorri – eu daria um doutor bom?
-Claro, além dos esparadrapos estarem super tortos e que ainda deve ter alguns cacos que eu sinto quando eu piso no chão, você daria um ótimo doutor. Tipo aquele lá do seriado... aquele lá, sabe? Como chama mesmo a porcaria do seriado? Merda, eu esqueci o nome!
-House?
-Exatamente! – ela riu.
-Não ficou torto e eu disse que a gente devia ir para o hospital, eu não sou seguro quando se trata das minhas mãos.
-Ah, não? – Ronnie se sentou em meu colo, de modo que ficou de frente para mim com as pernas em torno da minha cintura – eu acho que você é muito bom com as suas mãozinhas.
-Você acha? – minhas mãos pousaram em sua cintura fina, apertando a mesma.
-É, eu acho, só não tenho certeza, sabe?
Antes mesmo de dar tempo para responder, Ronnie me beijou. Não aqueles beijos melosos e apaixonados, aqueles beijos com desespero, aqueles beijos de desejos.
-Ronnie... – sussurrei assim que ela começou a beijar meu pescoço.
-Hm? – e ela não parou então eu disse:
-A campainha está tocando – e realmente estava.
-Que? – Ronnie me olhou com as mãos em meus ombros.
-A campainha está tocando... – repeti apontando para a porta.
-Áh – lentamente ela saiu do meu colo e arrumou o cabelo – quem é? – disse em um tom mais alto para quem quer que seja ouvisse.
-Hm... – foi isso que a pessoa desconhecida disse.
-Quem é? – Ronnie perguntou novamente.
-Eu, ué... – uma voz masculina disse – eu disse que eu vinha.
Ronnie abriu a porta lentamente e pulou no colo do menino que eu ainda não sabia quem era. Então eles entraram e ele a prensou contra a parede, abraçando-a.
-Ei, pequena – ele sussurrou em seu ouvido, mas eu ouvi, colocando a mão na cintura dela.
Me arrumei no sofá, pegando uma almofada e pondo sobre a minha ereção, limpei a garganta, ao modo que ele me olhou assustado e soltou Ronnie de seu colo.
-E aí Lou?
-E aí Liam? – ele colocou a mão para frente e demos comprimento de homem, o que só ele acha isso legal.
Ele se sentou ao meu lado e Ronnie ao lado dele, cocei a cabeça e olhei para a TV que passava a série de vampiros que eu odiava.
Liam era meu amigo, uns dos meus melhores, mas ele chegou numa hora inconveniente e sempre que tem a chance fala coisas babacas e idiotas.
-Você está mais... gostosa – Liam disse passando a mão na coxa dela que sorriu e colocou a mão sobre a dele – estou falando sério, dois meses te deixou com mais curvas.
Tipo isso.
-Cara... – o olhei – respeito, por favor, eu estou aqui.
-E? Na verdade, eu nem sei o que você está fazendo aqui... – ele deu de ombros me olhando e passando a mão na cabeça.
-Na verdade, eu não sei o que VOCÊ está fazendo aqui – enfatizei o “você” o que fez Ronnie se assustar.
-Eu estou na casa da minha amiga, e você?
-Eu estou na casa da minha namorada, acho que ganhei – com isso, Ronnie se engasgou com provavelmente sua própria saliva – está tudo bem? – a olhei.
-Sim, é só que... – suspirou com seu rosto levemente corado – depois a gente... hãm... conversa – coçou seu cabelo – então Liam, me conta sobre...
Bufei e joguei minha cabeça para trás e então tirei a almofada do meu colo, indo para cozinha. Peguei um copo de coca e um pacote de doritos. Com passos lentos fui para o jardim, onde sentei no gramado e encarei o céu.
-Se apaixonar de novo não estava nos meus planos – sussurrei para mim mesmo passando a mão em meus cabelos e tomando um gole do refrigerante que fez meu olhos lacrimejaram com o gás.
Me peguei pensando quando vi Ronnie pela a primeira vez, fazia um tempinho, mas eu lembro de cada palavra, da roupa que ela estava e até da cor da borracha do seu aparelho que usava na época.
Comecei a rir. Meu Deus, como eu sou idiota! Não acredito que estou pensando nisso.
Me deitei sobre o gramado cheio de neve e fiquei pensando no que Ronnie me disse mais cedo. Sobre o seu sonho. Sobre mim e sobre Vanessa. Eu não vou mentir, essa menina ainda me causava um sentimento... bom? Eu confesso que sinto sua falta.
Na minha vida inteira eu amei apenas duas garotas. Ronnie e Vanessa. Eu era fissurado pela a Vanessa e ela era fissurada por mim. Depois de quase um ano na zona de amizade ela finalmente deixou que eu a beijasse e, pedi ela em namoro um tempo depois porque sabia que eu queria ela ao meu lado pelo o resto da minha vida. Então Ronnie apareceu na minha vida e virou tudo de cabeças para baixo. Contei para a minha namorada sobre meus possíveis sentimentos em relação a Ronnie e ela jogou um vidrinho de esmalte cor de vinho, a acetona em minha cara já que pintava as unhas dos seus pés e disse as seguintes palavras “eu não quero mais você na minha vida, nunca mais, me faz um favor? Nunca mais olhe para a minha cara, seu filho da puta, babaca.” E eu fiz isso, nunca mais olhei para sua cara.
Um pouco mais de meia hora depois eu ouvi a porta se batendo, e levantei e fui até a sala onde vi Ronnie com a mão na maçaneta e olhos pelo o olho mágico.
-Gostoso – ela sussurrou sorrindo e se virando, dando de cara comigo – ai meu Deus! – ela gritou – que susto, cara! Nunca mais faça isso comigo, NUNCA! – virei os olhos e bufei, colocando a mão na cintura – o que foi?
-Rolou alguma coisa aqui? – perguntei arqueando uma das minha sobrancelhas.
-N-não... – ela gaguejou – o que? Rolou alguma coisa tipo o que?
-Não sei... Sobre o que falaram, o que fizeram? – sentei no sofá, sem tirar meus dos delas que estavam encartando o chão.
-Nada, assuntos banais – deu de ombros se sentando ao meu lado – que coisa era aquela de “namorada” – fez aspas – você está maluco? A gente não namora... – murmurou cruzando os braços em seu peito.
-Áh, não tente mudar de assunto e eu achei que a gente estava... juntos... Por que ficou toda nervosa? Não queria que o Liam imaginasse que estamos namorando? – perguntei passando a mão pelo o meu cabelo.
-Não é isso Lou... É só que você me pegou de surpresa – deu de ombros.
-Ainda bem que não saiu correndo, né? – sussurrei e a olhei, sua expressão era de surpresa, raiva e... tristeza. Ótimo.
-Por que você é tão babaca e só diz coisas babacas tipo isso? – perguntou empurrando meu ombro, o que para mim não foi nada – você é tão idiota, eu te odeio tanto!
Não respondi, apenas bufei. Não tem um dia que eu e Ronnie não vivemos em paz e isso me fez rir, pensando no começo do verão e em todas as brigas bobas que tínhamos.
-O que foi? – ela sorriu de lado sem mostrar os dentes.
-Nada é só que... – não sei porque mas comecei a gargalhar, feito um bêbado e depois deu m tempo ela começou a rir também.
-Por que está rindo tanto? – Ronnie perguntou entre gargalhadas.
-Por que? Porque a gente é tão idiota! Meu Deus!
-Lou – ela me chamou parando de rir e me puxando pela a camisa para que eu a olhasse.
-Hm? – a olhei, ainda ria um pouco.
-Eu te amo – sorriu, pondo uma mecha de seu cabelo para trás da orelha.
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