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História Dont Let Me Go - Seus Olhos


Escrita por: Mrscurly

Notas do Autor


Olá, lindezas!
Como estão as férias?
Bem estou tirando algum tempo para escrever e acho que vou ter algumas surpresas para vocês!
Irei postar duas novas shots depois do fim de DLMG! Uma com Harry (History Class) e uma com Liam (Behind the Window) ESTÃO FIQUEM LIGADAS!
Agradeço mais uma vez a todas que comentaram e favoritaram, pois estamos chegando a mais uma reta final de fanfic.
Aqui é o penúltimo capítulo, espero que gostem e não me matem!
Boa Leitura.

Capítulo 38 - Seus Olhos


Fanfic / Fanfiction Dont Let Me Go - Seus Olhos

Meus olhos pousaram na faixada do aeroporto de Dublin, e meu rosto tornou-se uma careta enquanto eu me arrastava com as malas, ao lado de Harry, que me puxava para o balcão do check-out como se aquilo fosse salvar nossas vidas.

Talvez salvasse, já que devido minha resistência para ir embora do hotel e de Dublin, chegamos no aeroporto com poucos minutos antes do horário do voo, e esses minutos ainda se reduziram enquanto o homem da locadora de automóveis não deixava Harry partir, mostrando as fotos de suas seis filhas.

Uma semana havia se passado como poucas horas em um dia bom e eu mal me lembrava de ter me despedido de vovó Molly e Eileen, com um embrulho de pão caseiro que acabara de sair do forno.

Enquanto a mulher sorridente da companhia aérea pegava nossas passagens e nossas bagagens, me recordei com dor no peito de Ryan, Lilly e Geoge, até mesmo o pequeno Tyler com seus cabelos ruivos pareciam uma memória muito boa do dia em que passamos no parque de Dublin.

− Tem certeza de que não podemos ficar aqui mais alguns dias? – murmurei contra o ombro de Harry, enquanto a mulher verificava nossos passaportes

− Nós vamos voltar – ele sussurrou de volta, beijando a ponta de meu nariz enquanto corríamos até nosso salão de embarque.

Minha mala de mão estava com o dobro de peso de como viera, e eu tinha medo de que todos os presentinhos que eu havia comprado ficassem retidos no aeroporto.

− Eles vão achar muito estranho se milha mala começar a expelir vários pequenos duendes? – perguntei enquanto Harry ria da careta que a mulher do raio-X fazia ao ver o conteúdo de minha mala.

− Talvez eles te prendam por estar traficando o que eles têm de mais valioso no país. – Harry colocava o celular e a carteira na cestinha, junto com seus colares, enquanto passava pelo detector de metais.

− Eu só coloquei umas poucas cervejas na mala – disse baixinho, como uma meliante, enquanto pegávamos nossas coisas das esteiras e eu acenava para a policial que me olhava assustada.

− Poucas? – Harry olhou-me com um cara provocadora e eu gargalhei, batendo com meu ombro no dele, enquanto entrávamos na fila para o embarque.

− Deixe de ser chato. – Virei-me de frente para ele, envolvendo seu pescoço com meus braços e lhe roubando um selinho.

− Estamos treinando para quando o avião decolar? – Ele sorriu com covinhas, beijando as maçãs de meu rosto, enquanto eu dava alguns passos para frente quando a fila andou.

− Talvez eu não precise mais de você para acabar com meu medo. – Gargalhei quando vi o enorme bico dramático que Harry fazia, mordendo sua bochecha e voltando-me para frente, entregando nossos cartões de embarque para o homem careca que nos olhava com um sorriso.

− Aproveitaram a viagem? – Corei violentamente, notando a pequena malícia em sua voz.

− Com certeza – Harry respondeu, abraçando minha cintura enquanto nos direcionávamos para a enorme passarela, a qual levava direto para o avião.

Mal pisei dentro do avião, e um gritinho histérico fez com que eu olhasse para trás, assustada. Enquanto a aeromoça conferia nossos assentos, um grupo de meninas olhavam para Harry com bocas abertas e olhos escancarados.

Uma mulher de idade, que cheguei à conclusão de ser a mãe de alguma delas, tentava conter a histeria de todas elas sem grandes avanços. Elas olhavam para mim, meio atônitas e eu sorri, deixando-as surpresas.

Harry parecia muito entretido com a conversa entre as aeromoças, sem perceber a agitação atrás de si. Puxei a manga da camisa listrada que ela usava, recebendo a atenção daqueles olhos verdes com um sorriso.

− Por que você não dá um olá para elas? – Apontei discretamente para o grupo de meninas, mas elas já estavam ainda mais histéricas por verem o ídolo olhando para elas. – Vou esperar por você nos nossos lugares.

Percebi que algumas meninas acenaram para mim, depois que Harry beijou-me na testa e eu segui a aeromoça até nossos assentos na janela.

Afundei minha cabeça no delicioso travesseiro que me esperava junto com uma pequena manta, procurando dentre as muitas coisas na minha bolsa pelo meu celular, pronta para desliga-lo, entretanto uma mensagem de voz chamou minha atenção.

“Nora, sei que deve estar dentro do avião, mas preciso que venha para casa assim que chegar em Londres”

A voz de meu pai fez com que eu sentisse uma saudade enorme, ao mesmo tempo em que um pequeno nervosismo me abatia. Sua voz estava calma, mas eu sabia que papai nunca se alterava com facilidade.

Pena que essa qualidade não havia sido passada para mim.

− Está tudo bem, querida? – Harry perguntou, sentando-se ao meu lado. Até aquele momento eu não havia percebido sua presença ao meu lado.

− Sim, foi só... – Balancei o celular, jogando-o de volta para a bolsa, já desligado. – Papai deixou uma mensagem pedindo para eu ir para a nossa casa quando chegarmos.

− Ele deve estar com saudades, só isso. – Ele sorriu, passando um dos braços em volta do meu corpo, enquanto subia o apoio para braço que nos separava, puxando-me para perto de si.

− Tem razão – ponderei, deitando a cabeça em seu peito e ouvindo as instruções que as aeromoças passavam. – Como foi com o grupo de meninas?

− Elas foram simpáticas, algumas fotos e alguns “eu te amo”. – Harry sorriu, e eu soube que ele já estava mais que acostumado com aquilo. – É muito bom conversar com elas.

Abri a boca para responder, mas a voz do comandante me calou, informando o tempo de voo e o destino, pedindo para que colocássemos os cintos para a decolagem.

− Vai ficar tudo bem? – Harry perguntou, quando o avião já começava a se movimentar na pista.

− Qualquer coisa eu beijo você. – Pisquei para ele, recebendo sua risada rouca contagiante.

A viagem fora tranquila, com Harry e eu assistindo Pompeia, mesmo que ele sempre ficasse bravo quando eu babava pelo ator principal. Ainda deitada em seu peito, eu brincava com os dedos longos de Harry entrelaçados com os meus, enquanto ele prestava completa atenção no filme que passava na pequena televisão.

− Eu já lhe agradeci por essa viagem? – sussurrei, fazendo com que ele olhasse para mim.

− Já, eu já disse que não precisa agradecer. – Harry entrelaçou nossos dedinhos, e eu abri um sorriso carinhoso.

− Foram os melhores dias− disse, vendo concordar com a cabeça.

− E eu pretendo levar você para muitas mais viagens como esta. – Harry beijou os nós dos meus dedos, enquanto a aeromoça passava com o carrinho de bebidas.

− Mas prometa nunca ficar bêbado daquela forma, você não é nada leve – resmunguei, lembrando-me da noite em que Harry me deixara apenas de lingerie, enquanto caíra no sono.

− Só se você disser que tem mais daquelas roupas íntimas... – Não deixei com que Harry terminasse de falar, pois bati de leve em seu ombro, sentindo meu rosto corar violentamente.

Pouco mais de uma hora, estávamos aterrissando no aeroporto de Londres, com o típico clima cinzento com uma garoa fraca caindo sobre a cidade.

− Quer que eu vá com você até a casa de seu pai? – Harry perguntou, enquanto pegava nossas malas nas esteiras.

− Por favor – respondi, seguindo Harry para a área dos táxis.

Durante toda a corrida, Harry conversou animadamente com o motorista, sem soltar nossas mãos entrelaçadas. Eu observava a paisagem chuvosa, tentando retornar a ligação para papai, sem obter grande sucesso.

Com minha euforia, pulei para fora do carro e fui em direção à campainha da porta, deixando com que Harry e o pobre motorista lidassem com as malas pesadas. Alguns barulhos vieram de dentro da casa, e meu coração palpitou mais forte quando o ferrolho era destrancado, até que a forma de papai apareceu em meu campo de visão.

− Nora! Estava com saudades da minha filha. – Meu pai sussurrava contra meus cabelos, enquanto eu me perdia em seu abraço tão familiar. Ele vestia uma de suas camisas xadrez junto com os suspensórios, e seu cheiro era de torta de maçã.

− Fiquei tão preocupada com sua mensagem, papai – disse, soltando-me de seu abraço e sentindo seus olhos cinzentos sobre mim.

− Desculpe-me, querida. – Ele acariciou o topo de meus cabelos, como fazia desde que eu era pequena, indo cumprimentar Harry que pousava a última mala perto da porta. – Harry, vejo que a Nora está cansando você.

− Bom ver você, Frank – Harry sorriu para eu pai, apertando sua mão estendida. – Sabe como é, nada mais que o comum.

Olhei para Harry com uma falsa indignação, enquanto levávamos todas as malas para a sala de papai. Joguei-me no sofá e puxei Harry que caiu ao meu lado com uma risada, enquanto papai voltava da cozinha com dois copos de suco.

− Devem estar cansados da viagem – ele disse, nos entregando os copos com um sorriso bondoso.

− Ah, papai! Eu tenho tanto para contar e tanto para mostrar! – Joguei os braços para o ar, com empolgação. – Aquele lugar é fantástico!

Tagarelei por longos minutos sobre todos os lugares aos quais Harry havia me levado, as pessoas que havíamos conhecido e todas as comidas maravilhosas. Compara para papai alguns presentes, e ele parecia muito feliz com sua camisa “I’m not irish, but u should kiss me”.

− Você parece muito feliz, querida. – Papai sorriu para mim. – Espero que o que vou contar a deixe mais feliz.

Meu coração palpitou, e eu me xinguei mentalmente por ter esquecido sobre a mensagem de papai, fazendo om que a euforia voltasse como um turbilhão.

− Eu me esqueci. – Confessei, sorrindo para Harry que ria da minha empolgação.

− Martha contou-me que o pedido de adoção de casal feito por aquele casal foi cancelado – papai disse, dando palmadinhas em minha perna, com um enorme sorriso no rosto.

As palavras de meu pai se embaralharam nos pensamentos, e demorei alguns segundos para realmente entender o que ele me falava. Minha boca deve ter se escancarado e eu sentia que poderia ter um ataque cardíaco naquele momento, tamanha adrenalina que correu em minhas veias.

Olhei para Harry, mas ele possuía uma expressão indecifrável no rosto, segurando o celular em uma das mãos com uma força desnecessária. Assim que viu meu rosto, sorriu de forma forçada, mas apenas ignorei aquilo, voltando-me para papai e abraçando-o forte.

− Eu não acredito! Diga que isto é um sonho – murmurei, vendo o rir da minha atitude, acariciando minhas costas.

− Não sei dos detalhes, mas Martha disse que John e Frances foram no orfanato avisar que não conseguiram fazer o pedido de adoção – papai explicou, olhando em meus olhos. – Cassie está muito chateada com tudo, principalmente porque você estava longe.

Naquele momento, eu soube que aquela era a minha última chance.

Achara que aquele casal seria o melhor para Cassie, mas eu sabia que poderia dar tudo o que aquela menina precisava; poderia dar a ela todo o amor que sentiu por Cassie no momento em que nos conhecemos.

Ia ser uma escolha que traria dificuldades, afinal eu ainda vivia como uma verdadeira universitária, com um emprego que só sustentava a mim, e tinha consciência disso, mas ao olhar para os olhos encorajadores de papai, soube que teria o apoio de todos os que eu amava.

Minha felicidade vazou para cada cantinho de meu ser, e eu olhei para Harry, esperando receber de seus olhos verdes, o apoio e o amor que eu sempre encontrava, mas ele olhava nervosamente para o celular, trocando mensagens com alguém.

− Eu preciso ir ao Saint Peter – declarei, fazendo com que Harry pulasse do sofá e me assustasse.

− Não! – Harry balançou as mãos, guardando o celular no bolso.

− Eu acho que vou na cozinha... – Papai deixou-nos sozinhos, e eu agradeci por aquilo, virando-me para Harry com as mãos na cintura.

− Como assim não? – perguntei, vendo que ele olhava para o chão e fazia careta.

− Eu não posso... – Ele olhou para mim, parecendo querer com que eu compreendesse o que dizia.

− Harry, se você tem algo a me contar, conte! – disse, chegando mais perto dele e tomando seu rosto com minhas mãos, fazendo-o olhar para mim.

− Você confia em mim? – Confirmei com a cabeça. – Então acredite quando digo para não ir no orfanato agora, eu tenho que ir pegar uns papéis importante e assim que eu voltar, iremos juntos e você vai descobrir o porquê dessas ligações.

Harry abriu um sorriso de covinhas, balançando o pequeno celular preto perto do rosto. O pequeno aparelhinho que havia feito eu me corroer de curiosidade por toda a viagem. Lembrei-me de todas as coisas que ele vinha fazendo por mim e suspirei pesadamente, deixando meus ombros cair em relutância.

− Tudo bem, Harry, eu esperarei por você – murmurei, pensando na minha pequena menina no Saint Peter. – Mas jure que vamos hoje mesmo ver ela.

− Assim que eu pegar esses papéis. – Ele beijou minha testa, pegando o celular e ligando para um número conhecido.

Em poucos minutos, Louis estava parado na porta da casa de papai, enquanto Harry se despedia com um beijo intenso em meus lábios. Naquele momento, esqueci-me de que papai estava ao meu lado ou que pessoas passavam constantemente na rua, apenas segurei os braços de Harry e deixei que ele aprofundasse o beijo.

− Não se esqueça, eu sempre irei fazer tudo para fazer você feliz.

E com aquelas palavras, ele correu em direção ao carro, batendo a porta enquanto Lou arrancava com um aceno breve para mim.

− Ele estava apaixonado por você, querida – papai disse, enquanto eu me sentava em um dos banquinhos da cozinha, vendo-o tirar um pedaço de torta da geladeira.

− É tão visível assim? – perguntei, pegando um garfo e atacando a deliciosa torta de maçã de Frank.

− Em cada movimento que ele faz. – Papai riu, sentando-se ao meu lado com outro prato de torta.

− Você amou a mamãe assim? – Nunca havia questionado papai sobre Elise, para mim, no momento em que havia nos abandonado sem nem mesmo uma explicação, ela havia se tornado uma pessoa sem importância para mim.

Papai comeu uma garfada da torta, ponderando sobre minha pergunta em silêncio. Sabia que ela havia machucado ele, por muitos meses simplesmente entrava no escritório de papai, encontrando-o olhando para um dos porta-retratos com uma foto de família.

Naqueles dias, eu simplesmente o abraçava em silêncio, e sabia que aquilo bastava.

− Não. – Sua resposta foi categórica, e olhei-o de soslaio. – Desde o começo, nós sempre brigávamos muito, raramente nos entendíamos. Antes de você nascer, eu havia percebido que insistíamos em algo que nunca existiu, mas no dia em que Elise contou que estava grávida, eu esqueci todos os planos de divórcio. Você foi a única pessoa que me fez ver como era o amor de verdade, Nora.

Segurei a vontade de chorar e apenas levei uma de minhas mãos até a de papai, que estava apoiada no balcão de mármore. Acariciei sua pele enrugada pela idade com carinho.

− Talvez você devesse contar isso à Martha, sei que ela gosta muito de você, e vejo como o senhor olha para ela – disse, vendo meu pai corar, mas mesmo assim, abrindo um sorriso entre a vermelhidão.

Puxei papai para o sofá, mudando de canal até encontrar um filme muito velho, mas que nós dois adorávamos assistir nos sábados de noite, quando papai já voltara do trabalho.

− Lembra como vovó ficava orgulhosa de você quando vencia as competições de torta na festa de Yorkshire? – perguntei, ao olhar par um porta-retratos de papai segurando uma torta, com a famosa fita azul de primeiro lugar colado em seu peito.

− Sua avó me ensinou a cozinhar tudo o que sei. – Papai apontou-me o garfo, fazendo com eu gargalhasse.

− Queria ter nascido com esse dom para cozinha – murmurei, olhando para meu prato já vazio.

− Quando se é o irmão mais velho com mais quatro irmãos para cuidar... – papai começou sua típica frase, mas eu o interrompi.

− Você aprende a se virar – completei a frase, por ter ouvido aquilo desde muito pequena.

Os minutos se passaram, e eu olhava com ansiedade para o celular, esperando por uma ligação de Harry, ou até mesmo uma simples mensagem, mas a noite já começava a cair e a chuva se tornava mais intensa, e nem mesmo uma mensagem de fumaça eu havia recebido.

Simon havia ligado para mim, enquanto papai e eu víamos nossos velhos álbuns de fotografia, avisava com pesar que o avô havia ido visita-los naquele dia, não conseguindo sair para me ver. Sabia que o avô de Simon era um confederado da Segunda Guerra Mundial, sendo um homem muito rígido, sempre tinha um sermão pronto para ser dito à Simon.

“Esses vídeo games pelos quais você não sai de casa são ridículos, acham que conseguem reproduzir o que eu vive nos campos de batalha...”

Eu mesma já havia presenciado milhares deles, sempre vindo Simon corar dos pés à cabeça, arrumando os óculos nervosamente.

Já passava a reprise de Friends na televisão quando recebi uma ligação. Meu celular vibrava do outro lado do sofá e saltei para pegá-lo, vendo papai sair da cozinha com o pano de prato jogado em um dos ombros.

Eu palpitava de alegria, esperando ver o número de Harry na tela, mas uma enorme foto de Hazel fazendo careta fez com que eu suspirasse, abrindo um sorriso.

Sentia falta de minha amiga mais que tudo.

− Pensei que havia esquecido de mim. – Essa foi meu cumprimento para Hazel, que gargalhou no telefone.

− Eu estava ocupada com o serviço, e depois tive que conhecer o avô biruta de Simon...− Soube que Simon não estava perto para ouvir aquilo, e apenas abri um sorriso. – Mas que preciso lhe contar algo sério, Nora.

Senti um mal estar, e por alguma razão soube que ela não riria contra algo bom. Olhei para papai e fiz uma careta, vendo-o se sentar ao meu lado.

− O que aconteceu? – Minha voz saiu com um sussurro, fechando os olhos com força.

− Eu vim para o orfanato assim que sai da casa dos Fray, venho aqui com frequência ver a Cassie, ela sente muito sua falta. – A menção de Cassie me fez sorrir minimamente. – Eu vi um homem de terno chegando junto comigo, ele foi conversar com a Martha e percebi que ele era um advogado. Ela estava levando ele para dentro quando ouvi-o citando o nome de Cassie.

Congelei no lugar, ouvindo a respiração pesada de Hazel do outro lado da linha, sem querer dizer as palavras que se formavam em minha boca.

− A Cassie vai ser adotada? – perguntei baixinho, esperando a resposta negativa de Haz.

− É o que parece – sua voz saiu como um murmúrio, enquanto eu ouvia os gritos animados das crianças ao fundo.

Olhei para todos os lados, buscando por um relógio que me informaria a hora, e percebi que se passaram uma hora e meia desde que Harry havia saído, e eu não podia mais continuar com a minha promessa, precisava ir até o Saint Peter naquele instante.

Precisava ir até Cassie.

− Estou indo ai. – Foi a última coisa que disse antes de desligar o celular, já me levantando e pegando minha bolsa, vendo papai me olhar assustado.

− Está tudo bem, querida? – Ele me seguiu, enquanto eu pegava as chaves do pequeno Mini Cooper que papai guardava na garagem, raramente usava.

− Eu vou até o Sanit Peter, Hazel disse que um advogado apareceu par conversar com Martha sobre Cassie. – Levantei o chaveiro do carro com olhos pidões. – Posso pegar seu carro emprestado, papai?

− Mas e Harry? – ele perguntou, coçando os cabelos brancos.

− Avise para ele onde estou e conte o que aconteceu, não posso mais ficar aqui. – Beije-lhe a testa calva e sai em direção à garagem, onde o Mini Cooper 1990 me esperava.

Adentrei no carro antigo, ligando-o com um rangido, sai da garagem com cuidado, acenando para papai à medida que me distanciava da casa, pegando à rua em direção à avenida principal que passava pelo bairro.

A chuva havia parado, e as pessoas já começavam a fechar os guarda chuvas e pular, enquanto as crianças pulavam as poças de água. Era o horário em que as pessoas saíam do serviço, portanto, tanto as ruas como as calçavas estavam lotadas.

Com alguma dificuldade, cheguei à avenida que levava até o subúrbio do Saint Peter, enquanto um enorme congestionamento devido ao farol do cruzamento.

A fila andava lentamente, até o momento em que chegara minha vez, entretanto o sinal estava amarelo, fazendo com que eu desacelerasse o carro. Meus dedos batucavam no volante e meu coração palpitava, tinha medo de chegar no orfanato e não poder fazer mais nada por Cassie.

Mas o que eu poderia fazer agora?  Não tinha poder contra um advogado.

− Preciso tentar –murmurei para mim mesma, vendo meu celular tocando.

A foto de Hazel apareceu na tela, e eu olhei para o semáforo, que estava prestes a se tornar vermelho. Os minutos se passavam e eu sabia que o tempo não estava a meu favor, não conseguiria chegar a tempo.

Olhei para os dois lados da avenida que cruzava a que eu estava, sem nenhum sinal de algum carro que estava passando, apenas alguns pedestres. Sabia que estava correndo o risco de receber uma multa, e papai não ficaria nada feliz comigo.

− Última chance – disse confiante para mim mesma, apertando fundo o acelerador do carro, ouvindo reclamar enquanto entrava em movimento, passando no sinal vermelho.

As coisas seguintes foram muito rápidas, e eu mal consegui assimilar o que acontecera. Ouvi buzinas e algumas pessoas gritando e acenando desesperadas para mim, mas apenas olhei para meu lado da janela no último instante.

E as luzes do caminhão que vinha em minha direção me cegaram.

........

No outro lado da cidade, Harry saia do escritório de seu advogado, Robert Strike, empolgado para chegar na casa dos Hayes e finalmente revelar a surpresa que planejava desde antes da viagem para a Irlanda.

Ele já conseguia visualizar sua menina sorrindo de alegria, pulando em seu colo para um abraçado apertado, segurando os papéis da adoção de Cassie.

Desde aquele dia em que conhecera a menina, no Natal do orfanato, soube que a criança era importante para Nora, sem imaginar o quanto aquela menina jornalista e sorridente seria importante na dele.

Queria vê-la feliz, tê-la em seus braços e ser o motivo dos seus sorrisos, que iluminavam os olhos cinzentos que ela possuía. Aquele seria um passo para provar que Harry queria começar uma vida junto com Nora.

Queria formar uma família com ela e com Cassie.

Se apegara tanto na menina, que até se pegou imaginando saindo das aulas de balé, nas quais a pequena faria o pai leva-la.

Ele abriu um sorriso com covinhas, entrando em seu carro, o qual havia pego quando o amigo o deixara em sua casa.

Não tinha sido fácil conseguir com que o advogado preparasse o pedido judicial de adoção antes mesmo de Frances e Jhonny, mas finalmente ele conseguira tirar uma vantagem positiva de sua fama. Outro problema fora esconder por tanto tempo os planos da namorada, sempre muito curiosa, mas agora Harry voltava para a casa de Frank, pronto para leva-la até o orfanato, onde o advogado já os esperava com o pedido de adoção assinado por Harry.

Não contara para ninguém, queria que fosse surpresa para Nora e para todas as pessoas que ela amava, e conheciam seu apego por Cassie.

Já tinha na ponta da língua o pedido para que ela fosse morar com ele, junta com a filha. Sorriu orgulhoso, imaginando Cassie o chamando de “papai”.

E depois de tantos anos se apresentando para milhares de pessoas, aquela era a primeira vez em que Harry ficava nervoso, torcendo as mãos contra o volante do carro, enquanto entrava nas ruas estreitas que levavam até o bairro de Frank.

Fora naquele momento, no qual parava em um sinal vermelho, que recebeu uma ligação. Olhou para o visor do celular e sorriu ao ver que era Nora, em uma foto que tiraram na Irlanda, onde os dois se beijavam.

Já conseguia imaginar a namorada subindo pelas paredes de ansiedade, mas no momento em que atendeu o celular, ficou surpreso ao ver que a voz que falava era masculina e branda.

 − O senhor é conhecido de Nora Hayes? – O homem era educado e tranquilo, mas Harry nunca ouvira sua voz antes.

− Sou namorado – ele respondeu com a voz rouca baixa, franzindo o cenho com nervosismo.

− Eu sinto muito, senhor Harry, mas...

Harry não conseguira mais ouvir nada em sua volta, apenas aquela palavra que o homem havia dito no final da frase.

Sentiu um aperto no peito e a única coisa que conseguiu pensar antes de acelerar o carro foi no sorriso satisfeito que Nora carregava naquele dia, os olhos cinzas encarando ele como um leitor interpretando um livro.

− Não, minha Nora, não... – Era tudo o que ele balbuciava, enquanto as lágrimas quentes desciam pelo rosto, as mãos tremiam e ele mal conseguia saber como conseguia dirigir, cortando carros e ouvindo buzinas nervosas.

Só queria chegar até onde sua pequena menina de olhos cinzas estava.

........

Nora abriu os olhos com dificuldade, não sentia nenhuma parte de seu corpo, mas ao mesmo tempo parecia que o teto havia caído em cima de seu corpo. A mente não conseguia segurar nenhum pensamento, e ela não sabia onde estava, muito menos para onde deveria estar indo.

Estava dirigindo o Mini Cooper do pai?

Tentou gemer de dor, mas nada parecia responder a suas ordens. Via sangue por todos os lados e sentia-se espremida entre coisas que não conseguiu detectar. Olhou para o vidro do carro, sem entender porque estava todo estilhaçado e viu a silhueta de pessoas muito próximas do carro.

Ouvia vozes e gritos e luzes vermelhas para todos os lados, e tentou chamar alguém, mas parecia que ninguém lhe ouvia, ou sua voz não saia.

Não conseguia respirar, seu peito queimava e tudo o que ela queria era fechar os olhos. Talvez, se descansasse por alguns minutos, conseguiria entender o que estava acontecendo.

Seu corpo parava lentamente e seus olhos voltavam a se fechar, quando ouviu uma voz muito conhecida ao longe, que fez seu coração bater com força uma única vez.

− Onde ela está? – O grito rouco parecia desesperado, mas Nora não entendia o porquê. Queria lhe tomar a face entre as mãos e lhe beijar os lábios até que ele se acalmasse.

− Harry...− Foi a última coisa que conseguiu balbuciar, sentindo todo seu corpo relaxar e seus olhos finalmente fecharam pela última vez.

E a imagem de seus olhos verdes e alegres foi a última coisa que Nora conseguiu pensar, antes de tudo ficar em silêncio.

Continua...


Notas Finais


Esse foi o penúltimo capítulo de DLMG! O próximo será postado logo mais, então logo mais poderão saber como a história vai acabar ;)
Espero que tenham gostado, e não se esqueçam de deixar aqui suas opiniões sobre o capítulo.
Não me matem por favor, sei que estão com vontade de fazer isso.
Xoxo, Gabi G.


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