História A Little Crush - Isso Não Pode Estar Acontecendo.

Capítulo 24 – Isso Não Pode Estar Acontecendo.

Sai do quarto com os olhos brotando lagrimas. Desci até a sala onde mamãe ainda estava sentada. Ela levantou o olhar e depois pegou o controle para ligar a tevê.

- Diz que isso não é verdade.  –Joguei o passaporte em seu colo junto com envelope.

- Eu tentei avisar que teria problemas se continuasse com aquele garoto, mas, você não me escutou.  –Ela começou.  – Essas são as consequências por não dar ouvidos a sua mãe.

- Não pode fazer isso. Eu não quero ir pra Alemanha.  –Bradei nervosa.

- Isso não importa agora. Você vai pra lá querendo ou não.

- Porque está fazendo isso? Porque não me deixa ser feliz?

Eu chorava feito uma louca, como uma criança que tinha acabado de ralar o joelho e achava que iria morrer.

- Não pode fazer algo contra a minha vontade, isso não é justo.

- Não é justo eu ter aguentar você com Zayn.  –Ela se levantou ficando a minha frente.

- O que? Não se faça de vitima, a única pessoa que está sofrendo nessa história toda, sou eu. Enquanto você fica ai apontando defeito nas pessoas e querendo que elas sejam da forma que você quer.

Eu só quero você por perto
Onde você possa ficar para sempre
Você pode ter certeza, Assim será muito melhor

- Não sente nenhum pingo de compaixão ai dentro? Não sente nada? Eu aposto que não. Se tivesse não me mandaria para longe só para não me ver com a pessoa que eu amo e que você não gosta.

- Você é um hipócrita, mal agradecida e arrogante.

- Talvez eu seja mesmo tudo isso, mas, quer saber de uma coisa que eu tenho e você não?  -Limpei as lagrimas e voltei a falar.  – Amor.

Ela me olhou chocada, mas, eu não iria parar por ali.

- Eu sempre achei que papai fosse o errado por ter te trocado por outro, mas, hoje eu vejo que ele tinha plena razão.  –Comecei.  – Eu, assim como ele, não aguenta mais agir do jeito que você quer. Isso cansa.

- Emma...

- Se quiser que eu vá para a Alemanha, tudo bem, eu vou. Mas, grave as minhas palavras: Esqueça que tenha uma filha, porque pra mim... Você já era.

Peguei o envelope e sai da sala. Voltei para o quarto, onde me joguei na cama e me pus a chorar agarrada a um travesseiro. Eu não queria deixar Zayn, não queria sair daqui e deixar tudo pra trás. Ter fazer novas amizades, se acostumar com outro clima, pessoas e a família de papai. Só de pensar nisso meu estomago revirava. Pensei em ir falar com Zayn, mas, naquele momento eu queria ficar sozinha e se possível não ouvir a fala de alguém ate a manhã seguinte.

Você e eu, juntos
Além dos dias e das noites
Eu não me preocupo, por que... Tudo vai ficar bem

Porque quando eu achava que tudo iria ficar bem, sempre aparecia algo e roubava minha alegria? Logo agora que eu estou melhor do que nunca com Zayn, porque essas coisas tinham que acontecer comigo? Será que nunca eu poderia ser feliz? Eu sentia falta de papai e às vezes queria ter ele por perto pra fazer bolo de chocolate comigo, mas, não quero ir morar com ele. Minha vontade é de sumir para bem longe, onde exista apenas eu, eu mesma e eu.  

Apertei o macio travesseiro com mais força, desejando acordar logo daquele pesadelo sem fim. Em menos de dois meses, minha vida tinha perdido completamente o rumo. Eu conheci uma pessoa totalmente diferente das que eu estava acostumada a ter algum tipo de amizade. E essa mesma pessoa tinha me transformado em alguém diferente. Alguém que até mesmo eu desconhecia. Eu estava chorando por Zayn, chorando com medo de talvez não poder vê-lo mais. E o pior de tudo isso é, não ter a certeza se Zayn faria ou sente o mesmo por mim.

Meus olhos provavelmente deveriam estar vermelhos, minhas pálpebras estavam pesando e eu me vi caindo em um profundo buraco negro. Adormeci e tive um sonho com Zayn.

‘’Nele, eu corria com Zayn por um jardim repleto de rosas, girassol e tulipas, enquanto nossas dedos permaneciam entrelaçados e nossos sorrisos enormes estampados no rosto. Uma brisa fresca batia gostosamente contra nós, meu cabelo voava assim como meu vestido florido.

Em um momento, eu senti meu corpo bater contra o de Zayn, ele passou a se afastar. O sorriso de felicidade foi dando lugar a uma feição triste.

- Zayn, Zayn, Zayn.  –Eu o chamava gritando, mas, a minha voz não saia. Um bolo se formou na minha garganta, eu estava me sentindo sufocada. Sua mão deslizou pela minha e em questão de segundos eu não sentia mais o seu toque.  – Zayn ‘tá me ouvindo? Zayn? Zayn não me deixe aqui.

Ele foi se afastando cada vez mais, coloquei as duas mãos na minha garganta. Minhas pernas bambeavam, eu ordenava a mim mesma que se mexesse e corresse até ele, mas, era algo inútil. Dos meus olhos brotavam grossas lagrimas, cai de joelhos no meio das folhas. Levantei a cabeça e encontrei Zayn distante, seu olhar cruzou com o meu e de repente seus olhos negros se fecharam. Eu não o via mais, tudo tinha se transformada em um enorme borrão.’’

Acordei totalmente atordoada, me sentei de uma só vez na cama. E me senti zonza, tudo a minha volta parecia estar girando. Fechei os olhos, e os abri depois de segundos. Felizmente a tontura havia passado. Passei as mãos pelo meu cabelo e olhei para o relógio marcando quatro e vinte e cinco da manhã. Como eu havia dormido tanto tempo assim?

As pessoas continuam falando
Elas podem falar o que quiserem
Mas o que eu sei é que, Tudo vai ficar bem

Me levantei tirando a sandália e a calça jeans. Procurei um shortinho no guarda roupas e vesti. Caminhei até o banheiro e tateei a parede até achar o interruptor. O clarão da luz fez meus olhos lacrimejarem. Abri um dos olhos, até acostumar com o brilho. Abri a torneira e joguei um pouco de água no meu rosto. Enxuguei o excesso com uma toalha e nem parei para olhar no espelho. Fiz um coque em meus cabelos e minhas tripas roncaram.

Eu estava com fome e mesmo morrendo de preguiça fui até a cozinha preparar algo. Esquentei um pedaço de torta de frango e peguei um refrigerante na geladeira, me sentei à mesa e comi quieta. A casa estava em tamanho silencio que eu podia ouvir o tic tac do relógio na parede. Um ardor tomou conta dos meus olhos e eu mordi o lábio tentando segurar o choro.

Tentei ser forte, mas, estava fraca demais para isso.

. . .

Dizer que dormi na noite interior, fazia de mim uma mentirosa. Depois que acordei de madrugada, não consegui mais pregar os olhos. Tive que ficar deitada olhando para os números vermelhos mostrados no meu radio relógio. Quase sete horas eu tomei um banho quente e demorado. Logo após me arrumei colocando uma roupa simples (1) fazia sol naquele dia – incrível – então não quis usar blusa de frio.

Eu estava com uma decisão em mente e tinha que a por em pratica. Sai de casa sem trancar a porta. Peguei um ônibus no ponto mais próximo e parei uma quadra da casa de Zayn. Tive que caminhar até lá.

Ninguém, ninguém, ninguém
Pode mudar o que estou sentindo
Ninguém, ninguém, ninguém
Pode mudar o que eu sinto
Por você, você, você
Pode mudar o que eu sinto por você

Zayn atendeu a porta e me encarou espantado.

- Emma? Que diabos aconteceu com você? Estava chorando?  -Ele foi logo me puxando para dentro de casa.

- Zayn eu preciso que me diga uma coisa.

- Tudo o que quiser.  –Respirei fundo e fiquei brincando com meus próprios dedos.

- O-o que sente p-por mim?  -Falei gaguejando. Ele sorriu de canto e eu fiquei esperando a resposta.

- O que eu sinto por você? Emma... Eu sou completamente louco por você, eu te amo como um perdido.  –Ele segurou meu rosto com suas mãos.  – Mas, porque essa pergunta agora?

- Zayn... Eu estou indo pra Alemanha em dois dias.

Continua...