História A Joaninha da Felicidade - De Paris para Shangai!

Adrien não estava conseguindo dormir naquela noite, seus olhos não queriam fechar e sua mente estava a mil por hora. 

Agora que sabe quem é sua tão amada joaninha, ela vai embora? Simplesmente assim?... Nenhuma justificativa decente, nada que realmente possa ser alterado de momento. Estava tudo tão confuso! Ele não queria que Marinette voltasse pra China, seria tão ruim não tê-la ao seu lado... E pior, sem a Ladybug, como Chat Noir poderá salvar Paris? 

Para toda Destruição há uma Criação, sem os poderes de Tikki, os poderes de Plagg acabam se tornando ineficientes, e vice-versa. 

Sem perceber, o jovem loiro sentia seu rosto molhado, molhado de tristeza, muita tristeza... Como vai suportar viver sem o amor dela por perto? 

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"Os pesadelos voltaram com muita força, eu mal consigo dormir e todas as vezes que tento me acalmar, a única coisa que me vem à mente é que fui covarde o suficiente para te deixar ir embora sem ter feito nada. Me sinto um lixo! Por favor, Lady, tire essa sensação de mim, meu coração está sendo apertado cada vez mais e eu sei que logo, ele explodirá de agonia."

Nathalie estava preocupada, nos últimos três dias, Adrien tem se mostrado muito desanimado e triste, e isso tem afetado suas notas, coisa que também não passara despercebido por Gabriel. 

Ele estava sentado à mesa, nem sequer tocara na comida, a tutora suspirou mais uma vez. 

- Você precisa comer. 

- Não tô afim... 

- O que foi? Brigou com a namorada? 

- Não... muito pelo contrário... eu a amo tanto que chegar a doer. 

- Como assim? -a mulher tombou a cabeça pro lado em confusão- 

- A Marinette vai se mudar pra China... 

- Ah... -Nathalie suspirou mais ainda, o primeiro amor de alguém é sempre o mais complicado, e Adrien é o tipo de pessoa que quando se apaixona, é com extrema intensidade, algo que puxara de sua mãe. - Olha, eu sei que está chateado, mas as suas notas estão caindo e você não está estudando quando chega em casa, seu pai vai acabar te tirando da escola se continuar desse jeito, aí mesmo é que não vai vê-la. 

- Nathalie, se essa dor é de amor, então, se a Marinette não puder ficar comigo, eu não quero me apaixonar por mais ninguém! 

Era de fato muito agoniante, pela primeira vez, ela não sabia o que fazer para acalma-lo, a única pessoa que sabia deixa-lo melhor, era a esposa de Gabriel; sem ela ali, não havia muita coisa que Nathalie pudesse fazer para tentar ajuda-lo, visto que suas experiências amorosas não foram lá das melhores. 

Só conhecia uma pessoa viva que poderia amenizar isto. 

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"As coisas ficaram tão diferentes, eu não sei o que está sendo pior: tentar me acostumar a nova rotina ou ter que suportar tanta tristeza. Está doendo... Está doendo muito mesmo, mas eu não sei por quanto tempo vou aguentar ficar assim... Gatinho, se puder me fazer um favor, eu gostaria que se mantivesse forte, será importante para nós dois."

- Olha só, tá comendo mais que eu! -Marinette deu risada ao ver sua mãe contorcer o nariz para o prato que até então, estava cheio de um maravilhoso risoto de frango - Ainda bem que está comendo. 

- Já disse que vou ficar bem, tem que parar de ficar ansiosa desse jeito, filha. -Sabine sorriu- 

- Mas você me deixou preocupada, só existe você para ser minha mãe, então, tem que melhorar logo! Sua pressão não pode cair de novo!

- Querida, nós ainda precisamos conversar sobre a mudança... 

- Agora não é uma boa hora, mãe, você precisa dormir e eu preciso estudar, além do mais, papai precisa de ajuda lá embaixo. 

- Marinette, por que está fugindo do assunto? -sendo mais direta, Sabine encarou-a meio triste, sabia que era uma decisão repentina e mal havia falado com a filha depois de voltar de Marseille. 

- Olha... -a jovem suspirou- é que... 

- É por causa do Adrien? 

O rosto da moreninha corou ao máximo. Pensando bem, ela nunca conversara sobre o namorado com a mãe; na verdade, achava que não deveria incomoda-la com isto - não que Adrien fosse um estorvo, mas simplesmente, achava que ela própria poderia dar conta de todas as situações de sua relação sem ter que ouvir aqueles velhos "conselhos" de adulto. 

Fora que, ela jamais citou o que fizera com ele na ausência dos pais. Isso só lhe deu mais motivos para explodir de vergonha. Sabine dera um sorriso compreensivo e meigo. - Querida, pode me contar o que está acontecendo, afinal, vocês estão juntos... Não é? 

- S-sim... -assentiu- ele... me pediu em namoro já faz um tempo, mas eu não sabia exatamente o que responder. No final acabei aceitando. 

- Continua... 

- Ahn... Aí... que nós... -suas bochechas ardiam intensamente, ela não sabia como falar disso- ah, não sei! 

- Algo me diz que vocês realmente se gostam! -a chinesa riu- bom, filha, nós vamos voltar pra China, mas é por pouco tempo, o tio Cheng ligou pra mim alguns dias atrás e disse que a vovó não anda nada bem... Talvez, seja o último ano dela. 

- Ela... 

- Olha só, nós não vamos nos mudar agora, apenas em outubro, acha que até lá, consegue conversar com o Adrien sobre isso? 

- Daqui três meses... -suspirou- tudo bem. Eu prometo que vou tentar. 

- Não fiquem sofrendo antecipadamente, não é algo permanente.

- Então por que não apenas passamos as férias lá? Por que temos que nos mudar? 

- Se tudo der certo durante a mudança, talvez a primeira filial da padaria do papai seja aberta em Shangai, não quero negar isso à ele. 

Marinette finalmente entendera que não era apenas por querer; ela também ficaria triste se seu pai tivesse que desistir desse sonho tão bonito. Sentiria culpa, afinal, seus pais sempre levavam em consideração sua opinião e estavam com medo de que ela não aprovasse essa mudança. Fato que não estava feliz, porém, se sentiria pior ainda se não pudesse fazer um pequeno sacrifício como esse por seu pai. 

Pelo menos, só iria embora no final do ano, então, ainda tinha muito o que fazer com seus amigos e com Adrien. 

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Depois de receber uma ligação de Nathalie, Marinette correu até a casa do jovem Agreste, que neste mesmo instante, estava amoado em seu quarto. Plagg tentou, e como tentou, anima-lo, deu até sermões, dizendo que ele não deveria ficar sofrendo por algo que não acontecera ainda (e nem tinha certeza se iria acontecer). 

Mas tudo pareceu se transformar assim que sentira aquele toque quente e delicado das mãos dela em seus cabelos. 

- Marin... 

- Por que está triste? 

- Porque você vai embora. 

- Não se preocupe, eu ainda não vou embora, então, tem mais três meses para me mimar o quanto quiser. 

- Eu quero fazer isso pra vida toda... 

- Eu sei... -o sorriso abafado da morena lhe instigou a mira-la atentamente, era ruim saber que logo, não veria mais aquele rosto, porém, ficava feliz ao lembrar que sempre que quisesse, poderia senti-la e toca-la, como estava sendo agora. 

O loiro sorriu junto, ergueu-se para fitar aqueles diamantes azuis, beijou-lhe uma, duas, três, cinco, nove, dez, infinitas vezes; só precisavam se abraçar e manterem-se deitados naquela cama por um bom tempo. 

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"Os sentimentos são coisas muito complicadas, mas o pior deles, é o amor. Sempre causando sensações que não deveriam existir, como alegria demais, tristeza demais, ciúme, raiva, egoísmo e até, dor. Princesa, não me deixe sentir mais dor, não me deixe ficar triste, não me deixe sozinho, por favor, eu te imploro!"

No decorrer dos três meses, as provas finais já estavam acontecendo, todos estavam nervosos para saberem se passariam ou não, Chloe obviamente deve ter usado da posição do pai para ser aprovada. Nino passou por pouco, mas passou, Lila era inteligente e passou sem nenhum problema. 

Alya conseguiu boas notas, assim como Adrien e Marinette. Os dois estiveram muito mais próximos que imaginavam, até mesmo Ladybug e Chat Noir tem se visto muito mais vezes que o normal. Ainda estavam preocupados com a história de Volpina ter encontrado o esconderijo de Hawk Moth, vilão este que, ultimamente quase não tem agido por Paris. 

Faltando uma semana para a mudança da heroína, Adrien fez questão que ambos tivessem mais encontros prazerosos (não que uma velha mesa de sinuca enfornada numa galeria abandonada seja lugar para transar, mas...), só queria fazer algo muito diferente, algo que realmente, a fizesse lembrar que mesmo distantes, Marinette lhe pertence e vice-versa. 

Quando a noite caíra, Adrien resolveu que Chat Noir deveria vigiar a cidade sozinho por hoje, estava mesmo empenhado em se concentrar apenas naquela lua majestosa e cheia no céu. Porém, algo lhe chamara a atenção: uma certa joaninha perambulava pelas vielas de Saint Elois [n/a: se pronuncia Eloá], subindo de varanda em varanda até chegar ao topo do prédio mais antigo... 

Seguiu rapidamente e sentou-se ao lado dela. 

- O que faz acordada a esta hora, My Lady? 

- Estou apreciando a minha última Lua Cheia em Paris... -sorriu amena, fazendo-o ficar desconfortável com o assunto- não deveria ficar chateado, Chat Noir, apesar de tudo, eu sinto que vou voltar logo. 

- Queria não tivesse de ir. -beijara-lhe a mão- poxa Buggy Boo, por que isso agora? 

- Mudanças acontecem, mas elas sempre são boas... -sorriu mais ainda- não se preocupe, pensa que, ano que vem, só teremos mais meio ano de escola e depois, teremos a escola técnica pra fazer, minha mãe disse que é bem possível que nós voltemos até abril. Já será primavera e você terá muitas sessões de fotos pra fazer também. 

- Vai me ver na revista? 

- Vou sim, prometo! -deu sua palavra- ah não... -seus brincos apitaram, eu tenho que sair daqui! 

- Vai pra casa? 

- Não, ainda quero ver um lugar antes de dormir. 

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"Não importa quantas vezes eu tenha que repetir, sempre irei dizer que você é minha e de mais ninguém, não me importa que esteja do outro lado do mundo, você me pertence e para mim, voltará. Sei disso! 

Só não demore, Princesa, eu posso ser frio, mas meu coração não é de gelo; sempre irei precisar de você para me esquentar."

Marinette e Chat Noir estavam num lugar um tanto que escuro demais, porém, ela reconhecia de letra. O primeiro prédio onde Ladybug e Chat Noir derrotaram seu centésimo akuma. Era especial para ela porque foi ali que recebera seu primeiro presente do gato preto. 

Tikki estava cansada, muito bem guardada dentro da bolsa, dormia tranquilamente enquanto os dois heróis se entreolhavam pelo feixe estreito de luz que a Lua emanava pelas janelas da sala imersa de sofás velhos. Ambos encostados na parede. 

- Não entendo porque quis vir aqui... -ele indagara meio confuso- 

- Não se lembra?... Você deu seu primeiro presente para Ladybug. Estavam sentados naquele sofá vermelho -apontou para um canto mais claro- lembro como ela ficou feliz por ter ganhado aquele livro. 

- É que eu a amo muito, e também a Marinette... -Chat Noir se aproximara perigosamente, fazendo a sanidade da jovem Cheng não bater muito bem os ponteiros- amo tanto a ponto de não conseguir me conter... -sibilou entre sussurros, estava tentado a torna-la sua mais uma vez, ainda que fosse naquele lugar, sabia bem que poderia ama-la tanto com gestos quanto com palavras... E ele também sabia que não era transar por transar... Sabia que havia amor naquilo... Amor de milênios atrás... 

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Bônus 11

Adrien havia acabado de voltar do aeroporto, acompanhara Marinette até lá, estava triste porque ela finalmente está indo pra China, Plagg também estava triste porque não teria mais Tikki por perto. 

Os dois estavam jogados no sofá do quarto do jovem modelo, olhando o teto e se entupindo com sorvete de flocos transbordando calda de chocolate, chantilly e inúmeras cerejas chinesas. 

- Cereja me faz lembrar dela... -Adrien resmungou- isso já tá doendo muito. 

- Ela só foi embora faz 40 minutos, cara, aguenta um pouco mais a sua choradeira. -o kwami dizia irritado- ah... eu nunca mais vou ver a Tikki. 

- Tsc... sai dessa, gato!... 

- Adrien? -alguém batera na porta, pela voz, com certeza absoluta, era seu pai. Levantou-se para recebê-lo de "forma adequada" e logo, sua feição fria e nervosa estava presente- Nathalie me disse que não está muito bem hoje. 

- Não é nada. Pode ir trabalhar, como sempre faz... -cruzou os braços- 

- Bem, na verdade, tenho algo importante para dizer. -Gabriel lhe encarou sem emoção- nós temos que pegar um avião. 

- Para onde, que mal me pergunte? 

- Tenho negócios para fazer em Hong Kong, e sendo sincero, eu não quero meu filho sozinho em Paris no meio caos de outono. 

- M-mas... você nunca me leva nas suas viagens, pai! 

- Nathalie vai tirar férias e não há outra pessoa para cuidar de você. 

- Me vigiar, você quer dizer? -ironizou irritado- olha, posso ficar com os seguranças, eles pelo menos tentam conversar comigo. 

- Se está bravo porque sua namoradinha foi embora, isso não é problema meu, mas quero que arrume suas coisas e amanhã cedo, esteja no carro! 

Por um momento Adrien bufou, apenas virou as costas e ouviu a porta ser fechada. Era sempre irritante conversar com ele! 

- Você ouviu isso? -Plagg saíra de dentro de seu bolso- 

- Sim, ouvi, nós vamos ter que atura-lo. 

- Não, seu idiota! Nós vamos pra China! Você vai poder ver a Marinette! 

Pela primeira vez, o loiro ficou feliz por ouvir o que o kwami tinha a dizer.