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História A Última Gota - Capítulo cinco


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Agora pouco recebi um comentário no capítulo passado e sério... To boba com ele kkkk Espero que gostem!

Capítulo 6 - Capítulo cinco


Acordo de manhã com o sol batendo na minha cara – que consequentemente parece febril. Rolo da cama pro chão e praticamente me arrasto até o chuveiro.  Depois do banho vejo meu uniforme de treinamento encima da cama – que já está arrumada -, é igual ao do ano passado. Calça preta, camiseta com o numero do distrito e botas de cadarços. Me visto e vou para a sala de jantar para encontrar Alicia, Mark e Megara já comendo.

- Bom dia. – eles falam.

- Bom dia. – digo enchendo meu prato na mesa lateral repleta de comida.

Não pego muita coisa ou vou ficar pesado no treinamento.

- Cato, você prefere ser treinado separadamente da Violet? – pergunta Mark.

Dou de ombros.

- Tanto faz, todo mundo já viu o que fiz ano passado e além disso, nós fizemos uma aliança. Mas caso ela queira não tem problema...

- Não, ela não quis ser treinada separadamente. – diz Alicia. – Vocês fizeram uma aliança então?

Assinto e a mesa se enche de múrmuros em aprovação.

- E vai ser só vocês dois ou vão pegar mais alguém? – pergunta Megara.

- Os do um parecem ser muito bons. – diz Mark.

- Tenho eles em mente, Violet quer o menino do três e a menina do quatro.

Alicia e Mark assentem.

- Confia nela, pega eles. Violet sabe o que ta fazendo. – diz Alicia. – Aliás, vocês dois sabem muito bem o que fazer, vão chegar ao final juntos com certeza.

Perco a fome por alguns momentos, a idéia de ter que matar Violet me assusta.

- Onde ela ta? – pergunto, me referindo a Violet.

Megara beberica o chá e me olha.

- Já tomou café, não sei se já desceu. E por falar nisso, o senhor tem dez minutos para descer também. Eu não vou com vocês, são carreiristas e não pega bem chegarem com a “babá” não é?

Afasto a cadeira e me levanto.

- To indo então. Vejo vocês mais tarde...

Quando já me aproximo da porta para o corredor, Mark me chama.

- Cato, não arrume confusão com os outros.

Noto que não foi um conselho, foi uma ordem. No ano passado discuti – quase arrebentei – o garoto do distrito seis e aquilo me tirou pontos na minha nota final.

Tenho tempo só para escovar os dentes e então saio. De elevador o trajeto até o subterrâneo dura só meio minuto e então as portas se abrem para o imenso ginásio de treinamento com todo o tipo de armas, caminhos com obstáculos, redes e barras de escaladas, mas parece que esse ano preparam um novo brinquedo: há um espaço gigante mais ao fundo que parece ser uma espécie de circuito, que inclui quase todos os exercícios juntos.

Os tributos quando chegam ficam em um circulo silencioso, mas nem todos estão presentes, somente os do distrito um, distrito cinco, seis e as duas crianças do sete. Um pouco mais longe dos outros estava Violet esta parada, parada não, ela anda de um lado pro outro.

- Nervosa? – pergunto assim que me aproximo.

- Não. – ela nega mas consigo ver a mentira.

O cabelo está molhado nas costas de novo – provavelmente no nervosismo se esqueceu da “caixa-secadora” – e os braços estão cruzados, ela olha uma vez ou outra pro outro lado do circulo.

- Eles estão encarando de novo. – ela diz incomodada.

Olho na direção em que seus olhos estão e vejo os tributos do um nos olhando de novo, como ontem no desfile. Encaro-os sem disfarçar. Ambos me lembram muito Marvel e Glimmer, fisicamente. Marvel era um cara legal, posso dizer que foi um bom amigo, e ele merecia ganhar, tenho que dizer. A garota sussurra para seu parceiro sem tirar os olhos de nós dois, ele assente e os dois caminham até onde eu e Violet estamos.

- Distrito dois? – diz a garota, sua voz é rastejante.

- Distrito um... – diz Violet.

Ela pode ser mais baixa que nós três, mas seu olhar intimida muito.

- Alianças? – pergunta o garoto, voz grossa.

Olho para Violet e ela me focaliza com os olhos âmbar.

- Alianças. – digo.

- Revlon. – diz a loira estendendo sua mão para Violet.

- Violet.

E em seguida aperta a minha.

- Ryan. – diz o cara, me estendendo a mão e em seguida à Violet. – Não precisa dizer, você é o Cato.

- Demais o que você fez no ano passado. – diz Revlon.

Cruzo os braços, não é possível que esses dois estejam sendo tão tranquilos. Normalmente tributos do distrito um são arrogantes e difíceis de lhe dar – tirando o Marvel. – mas na verdade, não gostei do garoto, pode estar quieto agora mas não gostei. Não mesmo, ele não me dá uma sensação boa.

Ryan é tão grande quanto eu e aparentamos ter a mesma idade, Revlon é mais alta que Violet e tem o mesmo jeito de Glimmer. Será que isso é coisa de distrito, ou elas eram parentes? A semelhança é assustadora.

- Vimos vocês no desfile ontem. Você tava linda, Violet. – diz Ryan numa voz macia. – Não que não seja naturalmente.

Violet ri de lado e eu me sinto incomodado. O que ele pretende olhando Violet daquele jeito e a elogiando assim? Ser o novo queridinho da Capital talvez, o novo conquistador, o que automaticamente iria garantir sua sobrevivência na Arena.

A treinadora, Atala, chega para dar os avisos e nos liberar para o treinamento e só ai percebo que todos os outros tributos haviam chegado. E todos estavam nos olhando como se fossemos a morte em carne e osso – e bem que nós somos mesmo.

Atala chega ao centro do circulo e começa a nos explicar tudo. Ela diz que especialistas ficarão em estações de treinamento e podemos circular entre elas do jeito que bem entendermos. Algumas estações ensinam coisas de sobrevivência, enquanto outras ensinam técnicas de luta. Assistentes estarão por perto se precisarmos de um parceiro para praticar, isso é para evitar brigas. Atala avisa sobre o “novo brinquedo”, a estação gigante que fica ao fundo do ginásio e confirma que é um grande circuito. Me interesso nele, mas a coisa é tão grande que acho que vou precisar de meia hora de descanso depois. Depois de terminada a leitura da lista de habilidades cada um segue para uma estação, a maioria vai em direção as armas.

- Vou pros machados. – avisa Violet.

- Eu vou com você. – digo.

Ela concorda sem hesitar e nós vamos sem sermos seguidos por nossos novos aliados. O instrutor entrega a nós dois machados, penso que o de Violet é pesado demais para ela, mas ela o manuseia sem dificuldade alguma, executando golpes enquanto conversa comigo.

- E então, o que achou deles?

Encolho os ombros.

- Normais, não gostei do Ryan.

- Não gostei da Revlon. – ela rebate.

- Ele é muito arrogante, Violet.

- E ela me parece ser muito falsa, Cato.

Nos encaramos por alguns momentos e recomeçamos o exercício com os machados.

Eu pensava que Violet era muito boa... Ela é incrível. Seus golpes com o machado são certeiros e arrancariam a cabeça de alguém fácil, fácil.

Ela pede para praticar alguns golpes com alvo e o instrutor a rodeia de bonecos de espuma. Violet respira um par de vezes, com os olhos fechados e então os abre, sua expressão é intensa. Em segundos ela decepa os membros superiores e as cabeças dos bonecos-alvo. Agora está provado que Violet é uma assassina, se ela não nasceu com vontade de matar, seus treinadores psicopatas colocaram isso dentro dela. Seus movimentos são precisos, ela parece saber o que faz, ela sabe que está matando gente –ali, apenas bonecos, na arena, outras pessoas. Quando acaba com a carnificina ela sorri satisfeita ao ver membros, cabeças e metades inteiras de corpos de espuma no chão.

- Dá pra me garantir na arena né? – ela me pergunta.

- Acho que dá pro gasto. – brinco, impressionado.

Ela me entrega o machado.

- Vai lá, já dei meu show, me mostra o seu.

Empurro de volta a ela.

- Machado não é a minha, prometo te dar um bom show nas espadas.

Ela ri.

- Promessa é divida. Vai para as outras armas agora?

- Vou. – respondo. – Vai também?

- Não, vou pra sobrevivência, to em falta com isso.

Observo ela andar até a estação de reconhecimento plantas comestíveis e eu vou até a estação das lanças.

Passo o resto da manhã treinando com armas, exceto com espadas – acho melhor deixar pro final. Só paro vez ou outra para espiar o que os outros tributos estão fazendo, Revlon e Ryan andam para todo lado juntos, sempre cochichando, o menino do três está tendo sérios problemas com armadilhas e a menina do quatro está atirando flechas meio metro longe dos alvos. Violet se concentra em fazer um nó, dá pra se ver porque ela franze as sobrancelhas. Eu reparo mais nela no que nos outros, ela me intriga mais. Quando se levanta e começa a atirar facas me assusto com a semelhança entre ela e Clove. Os ombros tensos, o giro do corpo para atirar de costas, a estatura que não é lá essas coisas mas que é recompensada porque Violet intimida tanto quando Clove também intimidava. Sem perceber olho ela por um tempo, quando ela atira a ultima faca com uma perfeição impressionante ela se vira, me vê e sorri. Automaticamente sorrio de volta e continuo a levantar pesos e arremessá-los

O café da manhã e o jantar são servidos lá encima, no nosso andar mesmo, no almoço comemos com os outros tributos numa sala de jantar fora do ginásio. A comida fica em carrinhos nos cantos da sala e você pode comer o que quiser. Quando chego a sala Violet, Ryan e Revlon estão conversando enquanto põem seus pratos. Na verdade, Revlon parece alheia e a conversa esta animada mesmo entre Ryan e Violet.

Pego um prato e me aproximo deles.

- Cato! Cara, não te vi mexendo com as espadas hoje.

O tom de camaradagem de Ryan me irrita.

- O melhor fica pro final. – respondo sério.

Encho meu prato de cozido de carneiro e batatas e no ultimo carrinho pego dois potes de pudim. Ryan e Revlon juntaram duas mesas, eles se sentam de um modo que eu fico ao lado de Revlon e de frente a Violet, com Ryan ao lado dela.

A maioria dos outros tributos estão sozinhos, apenas as duas crianças do sete dividem uma mesa. Eles comem encolhidos olhando para os outros bem maiores que eles. A menininha olha pra mim na hora que estou observando-os e vejo o terror estampado nela. Eu devo ser pelo menos duas vezes maior que ela. Eu não acho os Jogos Vorazes realmente ruins, mas olhando desse jeito é injusto: Aquelas crianças são pequenas demais, elas não têm chance nem mesmo contra os do 12, que aparentam ser os mais fracos. Eles também estão sentados juntos, mas nem sequer se olham, parecem estar sendo obrigados. Me pergunto se não estão fazendo isso por ordens de seus possíveis mentores, Katniss e Peeta.

- Porque pegou pudim? – a voz de Violet me acorda.

Olho para os dois potes na minha frente.

- Pra comer?

- Você sabe que nós estamos proibidos de comer essas coisas. – ela ri.

Empurro um pote em sua direção dizendo que nós podemos dividir e se um contar o outro também não o vai fazer. Ela apenas balança a cabeça negativamente ainda rindo, e volta a comer.

- Eles nos odeiam – diz Revlon de repente.

Ergo os olhos e vejo vários tributos novamente nos olhando com medo e desprezo, muitos desviaram assim que me viram.

- Eles vêem sua morte iminente em nós – explica Ryan.

Os dois acabam primeiro e voltam ao treinamento, deixando Violet e eu na mesa. Nós dois comemos em silencio enquanto a sala vai se esvaziando.

- Cato – ela me chama. - o que vamos fazer com os outros dois? Três e quatro...

- Quero falar com eles ainda hoje, mais no final do dia. Quer ir comigo?

Ela assente, olhando fixamente pra outro ponto da sala. Sigo seus olhos e vejo as crianças do 7, eles estão terminando de rapar seus potes de pudins enquanto olham com pesar para a mesa de comida, que não tem mais nenhum pote pra contar história.

- Deve ser raro eles terem isso – diz Violet com pena.

- É.

Ela olha repetidas vezes para eles e nossos potes ainda intocados, os agarra então se levanta.

- A gente tem que treinar. – ela diz.

Eu também me levanto e nós dois nos dirigimos a saída da sala. Assim que passamos pela mesa dos dois ela escorrega os doces em sua mão para eles. A menininha se parece com Violet na questão do rosto, mas também tem muita semelhança com uma menininha do distrito onze do ano passado – acho que se chamava Rue, Marvel a matou - , o menino tem cabelos castanhos e sardas pelo nariz – ele se parece com Gabe -, ambos olham assustados para nós dois.

Violet apenas sorri para eles e indica os pudins com a cabeça. A menininha sorri tímida e pega um pote e o garotinho faz o mesmo. Eu e Violet saímos juntos para o ginásio.

- Porque fez aquilo? Foi legal com eles?

- Aquela menina me lembrou a minha irmã. – a voz dela sai triste.

Olho pra trás a tempo de ver as duas crianças devorando os pudins. Eu vejo Gabe no lugar do garoto, como eu me sentiria se ele viesse para os Jogos? Não, primeiramente ele não viria, eu viria no lugar dele, eu não o deixaria vir. Agora entendo o que Katniss sentiu.

Passo o resto do dia me ocupando com armas pesadas. Não tenho tempo para sobrevivência, pode ser que eu passe lá mais no final desses três dias. Continuo observando os outros algumas vezes, Ryan e Revlon estão treinando separados agora, mas nenhum dos dois se aproximou de outros tributos para tentar aumentar a aliança. Violet está nas armas também, e ela está deixando seus instrutores e todos os outros tributos impressionados, quando ela começa a treinar muitos param e observam. Seus movimentos são perfeitos e rápidos, ela é mais que mortal. Assim que termina na espada ela vem até a estação de luta, onde estou.

- Você é ótima. – o elogio sai sem freio.

Ela sorri tímida.

- Só fui treinada pra isso.

A fila é ligeiramente grande para a luta, um menino do distrito oito é praticamente nocauteado pelo assistente e então é a minha vez. Conheci o instrutor no ano passado, ele me deu dicas de golpes que eu realmente nunca havia tentado antes e que me serviram muito no banho de sangue. Apertamos as mãos e ele diz que é bom me ver de novo. Não é querendo me gabar, mas eu sou muito bom em luta, em pouco tempo o assistente está totalmente preso, se fosse um tributo estaria a segundos da morte nas minhas mãos.

O instrutor da a luta por finalizada e diz que eu estou ótimo. Chega a vez de Violet e eu não posso evitar de ter vontade de rir, mesmo sabendo o quão boa ela é. O instrutor dá algumas dicas e ela ouve enquanto olha cada um dos assistentes. São quatro caras, com tamanhos diferentes. Ela aponta para o maior, que tem o meu tamanho e eu solto uma risada – Violet pode ser boa nas armas mas... É baixinha e pequena comparada ao cara. Ela me olha incrédula.

- Que é?

- Nada... – tento disfarçar. – Nada.

Ela estreita os olhos pra mim e se posiciona de frente com o assistente.

E mais um ponto para Violet Beauregard. Ela pula encima de seu adversário e o imobiliza com os joelhos, seu braço pressiona a traquéia dele, cortando sua respiração e sua voz. Ela parece ser leve, mas para todos os lados que o cara se mexe ele não consegue se levantar. Já pensei que caso tivesse que matar Violet – por mais que eu não goste da idéia – teria que ser no braço, não estou mais tão certo disso, ela parece não ter um ponto fraco. Quando se levanta o instrutor a parabeniza e ela sai do ringue sendo seguida por vários olhares amedrontados.

- Do que estava rindo mesmo? – ela pergunta cruzando os braços e eu balanço a cabeça. – Que tal irmos falar com aqueles dois agora?

Busco os tributos três e quatro e os vejo cada um de um lado, o três está com a irmã nas fogueiras e a quatro está nos nós.

- Qual primeiro? – pergunto.

- Três. Você fala com ele.

- Porque eu?

Violet meio que bufa, meio que ri.

- Olha pra mim, acho que eu intimido alguém? Você tem uns dois metros e é grande, intimida, ele vai pensar que não morrerá tão cedo se estiver com a gente, mas se não aceitar vai se ferrar no primeiro minuto. – ela acrescenta baixinho. – Até eu tenho medo de você, garoto.

Eu gargalho alto, e os tributos mais próximos nos olham. Olho para Violet e ela também está rindo.

- Eu sou uma formiga perto de você, se você quisesse me mataria agora mesmo.

- Não antes que você me derrube e me sufoque.

Nós dois saímos em direção ao tributo do distrito três que está sentado com a sua irmã, tentando acender uma fogueira. Eu e Violet paramos atrás deles sem fazer barulho algum e eles nem sequer nos notaram.

- Isso te mataria na arena, três. – diz Violet com a voz arrastada, fazendo com que os dois quase fossem parar no teto. Eu e Violet nos olhamos e rimos, é involuntário sermos arrogantes assim, somos carreiristas.

- O negocio é o seguinte, distrito três. Aliança, é pegar ou largar. – digo.

- Aliança? Com os carreiristas? – repete o garoto. Seus olhos escuros se arregalaram.

- É, ela é sua irmã? – ele assente pra mim.  – Queremos só você, mas ela pode vir. Sabe lutar menina?

- Sei. Arco. – a garota responde.

- Mira boa? – pergunta Violet, a menina concorda. – Bom, então, vão querer a aliança?

Os dois se olham, estão completamente aterrorizados.

- Vamos. – o garoto responde.

Estendo minha mão para ele.

- Cato.

- Owen.

- Violet.

- Jay.

Jay e Owen se parecem bastante. Olhos negros, pelo oliva e cabelos castanhos, aparentam ter a mesma idade, pode ser que sejam gêmeos não idênticos. Não parecem ser do tipo que dá trabalho, acho que vão preferir deixar seus pescoços inteiros a contestar nossas ordens na arena.

 

Quando chegamos ao nosso andar a noite Alicia, Mark e Megara nos enchem de perguntas até as tampas. Eu e Violet vamos dormir cedo e saímos da sala de jantar juntos.

- Vai falar com a quatro amanhã? – pergunto.

- Vou. Temos que falar com Revlon e Ryan, eles não sabem que estamos aumentando a aliança. Mas acredito que Ryan vá aceitar.

- É. – não posso evitar irritação. – O Ryan vai aceitar?

Ela concorda.

- Ele queria os dois também, ele sabe escolher bem os tributos. Ele treinou técnicas de inteligência assim durante anos.

- Ah, Ryan sabe escolher? – pergunto sarcástico.

Violet me olha com as sobrancelhas erguidas.

- Qual o problema?

- Nenhum, quando ficou sabendo tanto do Ryan?

Acho que estou a deixando assustada, mas isso não faz minha irritação diminuir. A menção de Ryan por Violet me dá raiva, ele me dá raiva. Muita. Sinto que vou ter problemas com ele, mas sinto que ao mesmo tempo, ele me causará problemas com Violet.

- Ele me ajudou a fazer fogueiras.

Chegamos à porta do quarto dela sem perceber, ela se adianta para entrar, mas eu bloqueio a porta.

- Te ajudou a fazer fogueiras? – repito.

- É, porque ta agindo assim? Ele é nosso aliado, não tem nada demais!

- Não, não tem mesmo. Ele ta do nosso lado. – digo e desobstruo a porta.

- Até amanhã. – ela me diz.

- Até. – respondo seco e saio.

Depois que tomo banho, deito na cama sem roupas mesmo. Durmo mas me reviro na cama a noite toda. Numa hora estou deitado na cama fofa da Capital, observando agora a vista normal da cidade. Na outra estou deitado na grama da arena e os bestantes me comem vivo. Não há Katniss nem ninguém por perto para me matar de uma vez e eu berro a cada mordida, depois estou observando Ryan mordendo Violet aos poucos, ele tem aparência humana, mas sua boca tem presas afiadas, como um tubarão. Ele sorri pra mim e se abaixa sobre o pescoço dela, deitada, imóvel e pálida. Violet se transforma em Clove e Thresh esmaga a cabeça dela com uma pedra lentamente e ela grita pra mim. Em nenhuma das situações eu parecia capaz de algo, eu não consegui fugir dos Bestantes, eu não consegui salvar Violet, nem Clove. Acordo na cama e ainda está escuro e fresco mas eu pingo de suor. Passo a mão pelo rosto várias vezes tentando me lembrar de que Clove não está sofrendo, eu não estou morto e nem Ryan vai matar Violet. Não, ele não vai.

Deito de novo e só acordo quando Megara me chama para o café, passei o resto da noite sem pesadelos.

Tomo café rápido até demais e em dez minutos estou indo para o elevador, encontro Violet parada tamborilando os dedos nas portas impaciente.

- Oi. – digo.

- Oi. – ela me responde mansa.

Com certeza ainda está assustada por ontem, eu fui grosso e ela deve estar tentando não me aborrecer. Violet já admitiu que tem medo de mim e eu só devo ter feito esse medo aumentar quando joguei minha raiva por Ryan encima dela.

- Quer me ver com as espadas hoje? – pergunto tentando quebrar o gelo.

Ela olha pra mim e sorri, eu sorrio de volta.

Quando o elevador chega já há uma pessoa lá dentro. A garota do distrito quatro, Violet me olha, entra e eu entro logo atrás.

- E ai, quatro? – pergunta Violet como se fosse natural.

A garota nos cumprimenta com a cabeça.

- É assim, garota, eu não sou muito de papo. Nós carreiristas te queremos pra uma aliança, topa?

Violet fala tudo de uma vez e sem aviso. Não é lugar nem hora para formar uma aliança e o afobamento dela me faz rir. Ela não está nervosa, tentando intimidar nem nada do tipo, ela está mais que natural, como se fizesse isso todos os dias.

- Vocês e mais quem? – a garota pergunta nos olhando.

- Distritos um e três. – respondo.

- Eu topo, Kaya. – ela nos estende a mão.

- Violet.

- Cato.

Kaya é pálida, de cabelos castanhos, mais alta que Violet, magra e seus olhos são azuis. Tem cara de ser ágil e um tantinho cruel.

Quando a porta do elevador se abre ela sai e vai em direção a escalada, eu e Violet saímos e vamos para a estação das espadas. Assim que me aproximo, todos os garotos que estavam lá me dão passagem. É, isso ai, eu passando e geral arredando, o que posso fazer se sou mesmo o melhor e todos viram com seus próprios olhos ano passado?

 Cumprimento o treinador e ele me dá uma espada sem ao menos dizer nada, eu não preciso de instruções. Sinto o peso da lamina nas mãos, do jeito que eu gosto. Me viro pra trás e vejo Violet parada na frente de todos os outros, sorrindo de lado pra mim. Fico no centro de um circulo com bonecos alvo. Mexer com a espada sempre me fez relaxar e eu estou precisando disso. Não vejo que golpes estou executando, só sei que não está sobrando nada dos bonecos. Braços, cabeças, metades inteiras, assim como Violet fez eu corto os alvos em pedaços, o ultimo a minha frente deixo para o final. Desço a espada no meio de sua cabeça sem piedade, partindo-o no meio. As duas metades caem no chão inertes e imagino uma pessoa ali, seria nojento de se ver mais seria um obstáculo a menos para minha vitória na septuagésima quinta edição dos Jogos Vorazes.

Viro o pescoço e vejo Violet sorrindo pra mim, entrego a espada ao treinador e nós dois saímos juntos.

- Fala sério, você é incrível. – ela diz sorrindo. – E aproveita, porque eu não sou de elogiar, Carreirista.

- É, Cato, Você é demais. – a voz de Revlon se faz ouvir.

Ela e Ryan estão parados atrás de nós, Revlon sorri docemente e põe suas mãos em volta do meu pescoço.

- Nós dentro da arena vamos ser incríveis. – ela diz.

Afasto-a e tomo um pouco de distancia. O tom dela é doce e meloso demais como o de Glimmer era. Me lembro de como odiava quando ela falava assim comigo, ou quando se esfregava em mim, ou ia tomar banho só porque eu estava na beira do lago. Era horrível.

- Eu e Violet aumentamos a aliança.

- Aumentaram a aliança? – Ryan repete.

- É, pegamos os do três e a do quatro. – diz Violet.

A cara de Revlon e Ryan não é boa, nem um pouco. Está contorcida de raiva. Parece que estão tentando se controlar, não deixar isso transparecer, mas a tentativa deles é frustrada.

- Mas nós não tínhamos combinado nada. – rosna Revlon.

- Eu sei, mas nós queríamos. Eles vão ser úteis. – diz Violet.

Ela encolhe os ombros e sai em direção ao arco e flecha. Eu me viro e vou para as lanças e deixo os outros dois lá plantados. E de novo me esqueço no meio das armas até a hora do almoço.

Eu e Violet terminamos de encher nossos pratos e vamos para a mesa do final da sala, a maior. No caminho ela da um cutucão em nossos novos aliados e indica a mesa com a cabeça. Sentamos todos na mesa, escorrendo hostilidade. Ryan e Revlon se apresentam para Kaya, Owen e Jay e então comemos e saímos da mesa em silencio. Termino o dia praticando ainda mais com armas, levantando peso, mas uma coisa me chama atenção e não é só a minha, muitos tributos cobiçam o grande circuito no fundo do ginásio mas ninguém tem a audácia de chegar perto dele.

- Acho que vou tentar ele amanhã. – a voz de Violet me faz pular. Ela chega sem que você nem ao menos escute.

- Aquilo deve reunir todas a estações juntas.

- Eu sei. - O sorriso dela é desafiador. - Vem comigo nos nós?

Não digo que não e nós vamos até a estação quase vazia dos nós. Percebo que Violet tem mania de andar sem pisar nas linhas do chão, é engraçado. Ela pula todas, nem sequer chega perto de uma. Ela parece uma criança assim, uma menina andando nas ruas do distrito dois, pulando as linhas das calçadas. Uma menina como aquela que vi no dia da colheita e não como a que retalhou bonecos com um machado.

Quando chegamos na estação o instrutor nos dá algumas instruções e alguns nós para fazermos, nos ocupamos com isso enquanto conversamos sobre nossa casa.

- Eu quero voltar, Cato. – ela me diz certa hora.

Mas não soa como um “Eu vou ganhar, então você vai morrer naquela arena.” É mais como um “Eu não quero morrer lá, mas não sei se vou conseguir me manter viva.”.

- Você vai. – sai.

Seus olhos âmbar me olham.

- Acho que não. – seu sorriso é fraco e triste.

- Não com um nó desses. – diz Ryan aparecendo por trás de Violet.

Ele passa seus braços pela cintura dela e termina o nó em suas mãos. Seus corpos estão colados e sua boca perto demais do rosto dela. Perto demais pra mim.

- Então faz melhor. – ela desafia.

Perco a vontade de fazer mais alguma coisa, mas sou persuadido por Violet à permanecer nas estações de sobrevivência com ela. Foi até bom ela ter me convencido – quer dizer, obrigado - percebi que não sei quase nada de sobrevivência em um ambiente hostil. Fizemos nós, armadilhas, reconhecemos plantas, fizemos anzóis. Dá para vivermos um mês.

No jantar a noite eu e Violet respondemos a varias perguntas e escutamos Mark e Alicia nos darem dicas de como nos portar na apresentação/avaliação dos Idealizadores dos Jogos Vorazes. Vamos para a cama tensos e exaustos. Na avaliação você escolhe algo em que seja bom e mostra aos Idealizadores, eles te dão uma nota de um a doze pelo seu desempenho. Cada tributo é avaliado separadamente e as notas são exibidas uma por uma na televisão mais a noite. Nós nos desejamos boa noite e vamos cada um pro seu quarto.

Eu realmente não sei o que mostrar para os Idealizadores. Ano passado me mostrei com a espada então sem chance de mostrar isso de novo. Me desespero com a possibilidade de ganhar uma nota baixa deles. Sem essa nota, eu estou ferrado.


Notas Finais


E então, está bom? Está ruim? Poxa falem comigo!! Eu to vendo quem está lendo viu? u.u Beijos e quero comentários!!!


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