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História A Última Gota - Capítulo treze


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Capítulo importante agora hein kkk

Capítulo 14 - Capítulo treze


- Acho melhor irmos ver o estrago no acampamento. – diz Revlon certa hora.

Nós concordamos e descemos da Cornucópia, ainda que hesitantes, mas não há sinal algum de bestantes ali. Nossa descrença vem assim que nos viramos. O acampamento está destruído, absolutamente destruído. Os monstros pisotearam tudo, não sobrou nada das barracas, comida está espalhada pra todo lado. Corremos na esperança de ter algo inteiro. De armas apenas duas lanças que eram de Owen foram quebradas, a comida que estava nas mochilas que guardávamos dentro das barracas praticamente não existe mais, tudo esmagado.

- Ainda têm coisas dentro da Cornucópia. – consola Violet arrumando as facas que havia deixado para trás.

Nós entramos no chifre de metal.

- Espertinhos... – resmunga Ryan.

Realmente. Durante o tempo que nós estávamos na floresta, nos primeiros dias, os outros vieram aqui e pegaram boa parte do que havíamos deixado pra trás. Ainda há alguma coisa aqui, mas dá para se perceber que o numero era maior. Nós começamos a pegar tudo, a comida que ainda há, remédios, procuramos até novas barracas, mas não há nenhuma outra. Digo que nós podemos dormir dentro da Cornucópia, é a única solução, todos aceitam.

- Olha... – sussurra Violet perto de mim.

Ela está olhando para algo caído na grama do lado de fora da Cornucópia. Ela anda até lá e pega o objeto, quando volta percebo o que é.

- A clava da Kaya. – digo.

Violet confirma com a cabeça baixa, tenho certeza que lagrimas voltaram aos seus olhos. Ela e Kaya eram até bastante ligadas, geralmente tudo que Violet saia pra fazer levava a outra junto e vice-versa. Elas se sentavam na fogueira e ficavam conversando.

- Posso ficar com ela? – pergunta Violet alto.

- Pode. – respondem Revlon e Ryan mais no fundo.

Depois de um tempo guardando tudo de novo dentro das mochilas nosso saldo é de duas caixas de fósforos, nenhuma barraca, comida suficiente para alimentar nós quatro por uma semana inteira, alguns remédios básicos, três garrafas de iodo, seis de água que cabem dois litros. Seis óculos de visão noturna. Seis sacos términos de dormir. Quatro cordas compridas, duas redes.

De armas temos, tirando as que nós quatro pegamos no inicio: Duas lanças, dois facões curvos e uma foice. A faca que Kaya carregava também se perdeu.

- Acho que dá pro gasto. – digo.

- Vai ter que dar. – completa Revlon.

- Alguém vai ter de pegar madeira, precisamos fazer uma fogueira, daqui a pouco começa a escurecer. – diz Ryan.

- Eu vou. – diz Violet.

Eu olho receoso para ela.

- Fica, vai que aquelas coisas ainda estão por ai. Eu vou.

- Por isso mesmo... – ela começa, mas eu a corto.

- Não, Violet, fica.

Ela suspira, derrotada.

Eu pego a espada e saio para a floresta, está tudo silencioso, só se ouve o canto dos pássaros. Encontro alguns galhos maiores no chão e pego um numero bom para uma fogueira média. Quando volto observo uma cena mais que estranha. Paro atrás de alguns arbustos, na borda do descampado que é a Cornucópia e observo. Revlon e Ryan estão do lado de fora da Cornucópia e parecem estar brigando. Revlon empurra Ryan com força contra o metal e vocifera contra ele. Não, a expressão dela é de fúria, mas ela só pode estar cochichando, ou Violet, que está dentro da Cornucópia, estaria ouvindo. A cara de Ryan é de quem está se controlando. Revlon não para de “berrar” e então aponta Violet e em seguida o lado da floresta no qual entrei. Não entendo nada. Ryan assente e sai para continuar a arrumar suas coisas. Revlon se recompõe e sai atrás dele. Espero alguns momentos e então recomeço a andar.

Porque Revlon estaria vociferando com Ryan daquele jeito? Eles nunca sequer discutiram. E porque ela apontou Violet? Será alguma coisa que ela tenha feito?

Esquecendo a cena estranha entre Revlon e Ryan eu começo a reparar no tempo. Os Idealizadores começaram a escurecer o céu cedo hoje, mas, em compensação o crepúsculo demora a “terminar”. Mais a noite o hino de Panem toca e então o rosto de Kaya aparece no céu escuro, seguido pelo garoto do distrito 5. “Eles devem estar comemorando” penso a respeito dos outros tributos. Faço uma contagem mental dos que ainda estão vivos, Eu, Violet, Revlon, Ryan... A garota do 10... O garoto do 8... E os dois pequenos do 7! Então eles conseguiram sobreviver não é? Nada mal. Oito! Nós somos oito ainda vivos! Somos os finalistas dos Jogos... “Ta acabando, Cato.” Digo a mim mesmo, meio que recuperando o animo. Agora é quando eles mandam repórteres aos nossos distritos e entrevistam nossas famílias a respeito de nós. Fazem uma espécie de especial sobre os tributos sobreviventes.

 

Quando começa a esfriar nós vamos dormir. Me ofereço para vigiar, não estou pondo muita confiança em Revlon ou Ryan desde que vi a conversinha particular deles. Amanhece e eu não troquei a vigia com ninguém, na verdade, nem sequer senti sono. Passei a noite em claro, pensando no meu distrito, nos meus pais, meu irmão... Em como eles devem estar.

- Porque não chamou ninguém? – pergunta Ryan a mim rabugento.

- Porque eu não quis. – respondo cortante.

Ele se levanta e sai da Cornucópia. “Idiota”, penso. A segunda a acordar é Revlon, mas ela se levanta sem dizer nada e também sai. Violet é a ultima, ela me dá bom dia e fica sentada e quieta. Nós dois saímos juntos, mas não é nada combinado. Assim que colocamos a cara pra fora da Cornucópia Revlon me chama e me pede para ir com ela até o lago, pescar alguma coisa pra comermos. Eu aceito e nós vamos em silencio.

- Sabe, Cato... – ela começa assim que chegamos ao lago. – Eu queria te pedir desculpas.

- Desculpas porque? – digo sério. – Você não me fez nada.

- Eu tenho discutido muito com você. – ela diz num tom manso.

- Não é sua culpa, fica fria. – eu digo.

Ela sorri pra mim e eu retribuo fracamente. Ponho a lança que está em minha mão no chão e então tiro a camisa. É óbvio que eu não entro na água de camisa. Sinto o olhar malicioso de Revlon mas não ligo, pego a lança novamente e então entro na água.

É uma coisinha realmente chata, pescar. Você tem de atirar a lança nos peixes e eles são rápidos de mais. Para se pegar três peixes são necessários no mínimo vinte minutos.

- Eu vou pegando e você limpa, pode ser? – pergunto a Revlon.

- Pode, pega só dois.

Dez minutos. Demoro dez minutos para pegar o primeiro. Entrego-o a Revlon e ela começa a descamá-lo com sua adaga, sobre uma pedra lisa. Depois de mais dez minutos pesco o segundo, jogo para Revlon e então saio da água.

- Vamo’ voltar. Lá a gente termina de limpar isso. – digo a ela enquanto visto a camisa.

- Não, pode deixar, já to terminando. Se quiser ir na frente...

- Não, eu espero.

Revlon descama o segundo peixe rapidamente para podermos voltar. Chegando a Cornucópia vejo a cena que mais me assombra e me enfurece.

Ryan está pressionando Violet contra a parede da Cornucópia e contra a vontade dela. Ela tenta chutá-lo, mas ele a segura firme demais.

- ME SOLTA RYAN! – ela grita a plenos pulmões.

- VOCÊ TEM QUE ME ESCUTAR! – ele berra junto.

- EU NÃO VOU ESCUTAR AS SUAS ASNEIRAS! JÁ DISSE PRA ME SOLTAR, TA ME MACHUCANDO!

Largo os peixes no chão, mas mantenho a lança esmagada na mão.

- Solta ela agora Ryan! – berro, furioso.

Ele se vira pra mim, mas sem tirar um dedo de Violet.

- Eu te disse pra soltar ela...

Ele abre um sorriso desdenhoso.

- Ah é? E você vai fazer o que, distrito dois?

Jogo a lança e ela se finca no chão, a centímetros do pé de Ryan. Ele pula longe e se vira para mim enfurecido.

- FICOU LOUCO? TA QUERENDO MORRER?

- O que ele te fez, Violet? – pergunto a ela, controlando a voz.

Violet ainda está encolhida contra a Cornucópia, ela esfrega os pulsos e seus olhos estão cheios de terror.

- Ele... – ela balbucia. – Ele é maluco. Louco... Ele... Queria me forçar...

Revlon tenta me impedir, mas eu avanço em Ryan. Eu agüentei por muito tempo, mas já não dá, a fúria que sinto é maior que a sanidade. Podemos estar numa aliança, mas ele machucou Violet, o que ele teria feito se eu não tivesse chegado a tempo? Atinjo-o com um soco no queixo e ele cambaleia. Outro em seu estomago e ele se dobra. Revlon grita para que eu pare, mas meu desejo de matar Ryan é maior. Ele se recupera e avança em minha direção. Tenta um soco em meu olho e eu me desvio para, por vez, acertar o dele. O segundo soco de Ryan atinge minha boca e eu sinto o sangue escorrer. Uma gravata é tudo que eu preciso para matá-lo. Vou para cima dele, mas sinto algo me segurar por trás. Violet grita para que eu pare e se enrosca em mim, Revlon nem precisa segurar Ryan já que ele ainda está dobrado pelo soco, incapaz de se erguer totalmente.

- Já chega... – Violet sussurra pra mim. – Você vai matar ele...

- É o que eu quero. É o que eu tenho vontade fazer! – vocifero contra Ryan que agora se apóia em Revlon.

Ele ri débil e debochadamente, o olho que acertei começando a inchar.

- Eu toquei no seu calo, não foi? Ela – ele aponta Violet. -, ela é o seu calo não é? Ciúmes, Cato?

- Você tem problemas...

- Não! – ele ri mais ainda. – Você tem meu amigo... Ah, você está com problemas seriíssimos!

Revlon sussurra freneticamente a Ryan que ele se cale. mas ele só ri, cada vez mais insano.

Violet me solta lentamente.” Ela é o seu calo.” A voz debochada de Ryan ecoa repetidas vezes na minha cabeça. Eu me viro para ela e a vejo com os olhos arregalados de terror, as bochechas afogueadas pelo esforço em me segurar. “Ciúmes, Cato?” Ciúmes do que? Violet me olha e suspira com pesar.

- Você ta sangrando... – ela sussurra. – A gente precisa lavar isso. Vem.

Ela me puxa em direção a floresta e nós saímos sem olhar pra trás.

- Mas o lago fica pra lá. – digo.

- Eu sei, mas pode ser que a água de lá não seja pura e além disso preciso de água fria pra cuidar disso ai.

- E onde a gente vai achar isso?

- Eu sei onde tem uma nascente de fonte subterrânea, achei durante nossas caçadas a noite.

Seguro firme sua mão enquanto ela me guia floresta adentro. Não demora muito e nós chegamos a uma pequena clareira.

O lugar é bem bonito, a luz do sol chega, mas ligeiramente enfraquecida devido às folhas. Há de fato uma nascente, que forma um pequeno lago e depois flui para dentro da floresta. A água é totalmente cristalina, dá para se ver as pedras no fundo. Aproximo-me e toco a superfície. Quase que gelada.

- Senta ai. – pede Violet.

Há uma grande pedra na beira de fonte na qual eu me sento, Violet se senta de frente para mim e observa o ferimento em minha boca com pesar.

- Espere ai, que que...

Tarde demais, ela rasga um pequeno pedaço da barra de sua própria camiseta e o mergulha na água. Ela chacoalha por alguns momentos e então o retira e torce levemente.

- Fica quieto agora.

Ela toca meu ferimento e eu estremeço com a dor. Devagar e levemente ela limpa o sangue e o corte em meu lábio, enquanto morde o dela próprio. Sua expressão é pensativa e indecisa.

- Obrigada. – ela diz certa hora, ainda limpando meu machucado. - Por ter... Pode soar ridículo, - ela ri levemente e eu sorrio. – Por ter me salvado. Ele era maior que eu...

Eu me lembro do pesadelo que tive com Violet quando ainda estávamos na Capital, Ryan matando-a enquanto ela era incapaz de se mover e eu também não podia salvá-la. Eu a salvei dessa vez.

- Eu já deixei ele te tocar demais... Queria ter dado essa surra nele à séculos.

Nós nos sobressaltamos quando ouvimos um barulhinho baixo, uma espécie de alarme. Levantamos as cabeças e vemos um pequeno pára-quedas prateado descendo em nossa direção.

- É pra você. – Violet diz.

Eu me levanto pego o pequeno pára-quedas e então me sento novamente.  Preso nele estão um pedaço de papel e um tubo também prateado.

- “Boa surra, ele estava merecendo.” – leio em voz alta e rindo. – É do Mark. Agora, que diabos é isso?

Violet toma o tubo prateado das minhas mãos.

- É pra passar no corte, seu lento. – ela ri.

A mistura dentro do tubo é cremosa e transparente. Violet pega uma pequena quantidade e espalha pelos meus lábios. É estranho, mas com o toque de sua mão eu estremeço levemente, ela não nota.

Nós nos olhamos durante um longo tempo e reparo pela primeira vez que Violet tem sardas. Poucas, no nariz e nas bochechas. Mesmo ela tendo um olhar tão intimidador, me atrevo a olhar seus olhos. Realmente gosto dos olhos dela, são um âmbar diferente, nunca havia visto. Ela também olha meus olhos durante um longo tempo. Mas sua expressão tranquila vai se tornando angustiada e triste.

- Eu vou romper a aliança. – ela diz sem aviso.

Acho que Ryan se tornou invisível, veio aqui e me deu um soco no estomago, porque é exatamente assim que eu me sinto. Romper a aliança com Violet, o que eu mais temia.

- Romper? – balbucio.

- É... – ela confirma assentindo.

Violet não pode romper a aliança. Nós não podemos deixar de nos tornar aliados para sermos adversários, eu não a quero como adversária. Eu não conseguiria matá-la, eu me liguei demais a ela, me apeguei demais. Ela não pode...

- Você não pode...

- Cato... – a voz dela transborda dor. – A aliança já está totalmente corroída. Depois de ontem então... – sei que ela se refere a morte de Kaya. – Nós já começamos a nos... Bater! Não dá mais... E ainda tem o Ryan, eu não quero mais uma aliança com ele. E nem com a Revlon!

- E eu? – pergunto.

Ela me olha e suspira.

- Você... – ela sorri, o sorriso fatal, e depois seu rosto se fecha em tristeza. – Eu nunca desejei tanto não ter vindo para os Jogos com você, talvez ter te conhecido antes, ter tido mais tempo.

- Eu também nunca quis tanto isso...

- Ficar brigada com você, esses dias, me machucou. – ela diz. – Eu chorei a noite inteira, minha primeira discussão séria com Ryan foi ai, ele não entendia o porquê de eu chorar por sua causa...

- E qual é o porque, Violet?

- Porque eu gosto de você, Cato. – ela sussurra. Vejo seus olhos se encherem e ela desvia seu olhar do meu para esconder.

- Shhhh, - chio levantando o rosto dela novamente. – Quer saber de uma coisa?

Ela ergue as sobrancelhas.

- Eu também gosto de você...

O motivo não sei descrever, não sei explicar o sentimento. Eu toco meus lábios nos de Violet e me sinto a pessoa mais feliz do mundo. É simplesmente a minha vontade agora, beijá-la. Não importa se minha boca está machucada, não importa se podemos ser mortos a qualquer momento, não importa que estejamos nos Jogos Vorazes, minha única vontade de beijar Violet Beauregard, é tê-la. Tudo nunca esteve tão claro como agora. Eu me apaixonei por Violet no momento em que a vi, pequena e indefesa, caminhar para aquele palco da colheita. Eu me apaixonei por ela ali, mas não sabia. Todo o meu medo com relação a Ryan era medo de que ele a conquistasse e a tirasse de mim. A confiança que depositei tão instantaneamente nela, puro amor. Eu nunca me apaixonei, como ela também não, mas aconteceu. Na hora mais inesperada, no momento mais inesperado e com a pessoa mais improvável no mundo.

Não sei se é recíproco, mas ela corresponde ao meu beijo e talvez nós fiquemos lá por cinco minutos, dez... meia hora. Uma hora inteira talvez. Perco completamente a noção de tempo tendo os lábios dela, seu corpo, juntos aos meus. Poucos são os momentos em que nos separamos para tomar ar e a cada vez que isso acontece o beijo calmo, vai se transformando em algo voraz, assim como o ambiente em que estamos. Certo momento, ela dá uma pausa e parece travar uma lutar interna para se afastar de mim.

- Nós dois estamos correndo perigo aqui... – ela sussura.

- Não me importo.

- Cato...

- Eu te amo. – solto.

Ela hesita por um tempo e eu abro meus olhos. Os dela se abrem logo após, “Os olhos mais lindos que já vi.” Penso. Violet sorri para mim e diz:

- Eu também te amo.

De repente minha mente acorda e a solução vem.

- Foge comigo?


Notas Finais


Agora, sendo eeeesteee capítulo eu EXIJOOOO comentários, sério. Acredito que tenha sido a cena mais esperada, então... Beijos!


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