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História A Última Gota - Capítulo seis


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


To doente, mas to postando! Espero que gostem (:

Capítulo 7 - Capítulo seis


Eles nos chamam para a avaliação logo depois do almoço. A sala onde esperamos fica num silencio pesado, primeiro Revlon é chamada e ela fica alguns minutos lá dentro. Depois Ryan fica um pouco mais e chamam Violet.

Assim que seu nome é dito nos alto-falantes ela se levanta firme.

- Boa sorte. – digo.

Ela se vira e sorri pra mim.

- Boa sorte pra você também.

E então desaparece, engolida pelo metal das portas. Geralmente as avaliações duram uns dez minutos mas Violet fica lá por vinte minutos inteiros. Me pergunto o que ela fez que a deixou lá por tanto tempo.

- Cato Stoll. – diz a voz mecânica e então é a minha vez.

Minhas mãos começaram a suar, coisa que não aconteceu da ultima vez. Eles estão todos sentados e atentos a mim, como abutres escolhendo que carne comerão no almoço de hoje.

- Cato Stoll, distrito dois. – digo, minha voz ecoa nas paredes.

Na cadeira do centro costuma se sentar o Chefe dos Idealizadores, e este é – ou nesse caso, era- Seneca Crane. Agora a poltrona é ocupada por um cara grande e totalmente estranho à mim.

- Ótimo, Cato. Nos mostre do que capaz então. – diz ele.

Que beleza, não tenho idéia do que fazer. Meus olhos correm para os pesos. Vai ter que ser isso. Arremessamento de peso.

As bolas de chumbo estão enfileiradas da mais leve para a mais pesada. A metros de mim está um boneco usado para as facas. Cem quilos talvez? Eu não sei se posso arremessar isso tudo, cem quilos é um pouco menos que o meu peso. Ou eu vou acertar aquele boneco, ou eu vou passar a maior vergonha na frente dos Idealizadores e não vou conseguir um único patrocinador.

Meço a distancia e então pego o peso e quase afundo no chão. É agora ou nunca, arremesso-o. A bola de chumbo não atinge o boneco e sim meia dúzia de arcos que estavam bem mais atrás. Paro alguns momentos não acreditando no que acabei de fazer. Joguei cem quilos à uns vinte metros de distancia, coisa que eu nunca tinha feito na minha vida. Olho para os Idealizadores e muitos aprovam e comentam entre si. Estou salvo.

- Tudo bem, Cato. Pode ir. – diz o Chefe dos Idealizadores.

Eu aceno com a cabeça e saio da sala.

Não encontro ninguém no meu andar quando chego. Esta tudo silencioso e só alguns Avoxes estão parados em alguns cantos, caso precisemos de alguma coisa. Vou direto ao meu quarto e tomo banho.

Deixo a água cair nas minhas costas, relaxando os músculos que se tencionaram pelo esforço. Não sei quanto tempo se passa, mas acho que é o banho mais longo da minha vida, só saio quando Mark bate na porta me chamando para o jantar.

As luzes da Capital vista da minha janela formam uma áurea acima da cidade, nem sequer acendo as do quarto para vestir minha roupa. Assim que saio escuto as vozes vindas da sala, pelo jeito Mars e Victor vieram para o jantar. Estão todos sentados nos sofás enquanto em um outro, Violet está sentada com uma das pernas esticada e Alicia cuida de um corte em seu joelho. Não é fundo nem muito grande. Rapidamente todos notam que estou presente.

- Como foi na avaliação? – Violet me pergunta, o cabelo está novamente molhado nas costas.

- Bem. O que aconteceu? Você demorou lá dentro. – digo.

Ela dá de ombros.

- Eu te disse que ia tentar o circuito e foi o que eu mostrei pra eles.

Não posso deixar de franzir as sobrancelhas. Violet é doida ou o que? Aquele circuito reúne a maioria das estações de treinamento, tem uma parte em que você tem de escalar uma rede que tem partes falsas, se você erra cai de uma altura de uns sete metros. Ninguém se atreveu a mexer com ele nos treinamentos e Violet Beauregard inventa de mostrar isso aos Idealizadores.

- E você conseguiu?

- É claro que eu consegui, eles me aplaudiram de pé.

Eu me aborreço, ela conseguiu uma coisa extraordinária e os Idealizadores a aplaudiram de pé. Eles nem sequer aplaudem alguém. A nota dela com certeza vai ser a maior. Vai ser maior que a minha.

- E isso ai? – aponto para o corte agora sendo coberto por um curativo.

- Escalei um paredão com uma faca na mão, quando desci ajoelhei em cima dela sem querer. Acho que eles não viram. O que você fez?

Hesito em dizer, não por não querer que ela saiba, mas por medo de parecer medíocre.

- Peguei cem quilos e arremessei nos arcos.

Há barulhos de aprovação na sala.

- Nada mal. Cem quilos? – diz Mark impressionado.

Concordo.

- Mais ou menos uns quinze metros pelo o que eu me lembro... – comenta Alicia levantando-se do joelho de Violet.

- Acho que uns vinte. – corrige Megara.

- Do jeito que vocês vão indo não precisaremos fazer muito amanhã para a entrevista. – diz Mars.

A entrevista! Tinha me esquecido disso. Amanhã temos a entrevista ao vivo no programa de Caesar Flickerman, é a hora de encantarmos o publico para que as apostas em nós cresçam e patrocinadores briguem por nós. Os tributos vão sendo chamados um por um ao palco para serem entrevistados por Caesar, cada um tem três minutos.  A entrevista é o nosso ultimo compromisso na Capital antes de irmos para a Arena, geralmente treinamos durante todo o dia para ela.

- O jantar está pronto, vamos comer. – avisa Mark.

O prato de hoje é sopa de frutos do mar com um pão muito engraçado de cor azul – eu estranho a comida durante meia hora antes de colocar o primeiro pedaço na boca. Não bebemos essa noite, para nosso bem maior.

- Tudo bem, agora vamos falar de vocês dois. – começa Alicia. – Amanhã a noite é a entrevista. Vocês disseram que não se importam de serem treinados juntos, mas é impossível treinar os dois ao mesmo tempo, perderíamos tempo.

Eu e Violet nos entreolhamos.

- Cada um terá três horas comigo para a apresentação, como deverão andar e outras coisinhas de aparência. – começa Megara com seu sorriso aberto e seu sotaque afetado. – Mais três horas com Alicia para conteúdo da entrevista e as outras duas horas restantes com Mark para conversarem sobre a Arena.

- Após o café Megara pega Violet, - diz Mark. – e Alicia vai com o Cato, depois vocês trocam. Devem terminar tudo mais ou menos na mesma hora então nós podemos conversar sobre tudo o que quiserem saber sobre a Arena. Tudo bem?

Eu e Violet assentimos silenciosos. Depois de meia hora nós vamos para a sala de estar assistir ao anuncio das notas, a tensão pairando entre nós. Caesar é quem narra a apresentação, primeiro aparece uma foto do tributo e depois a sua pontuação abaixo. A animação de Caesar é grande mais não se espalha pela sala quieta, Violet está sentada a alguns centímetros ao meu lado e posso até sentir o quanto suas mãos estão geladas – como se as minhas não estivessem.

Primeiro vem Revlon com nota nove, depois mostram Ryan com dez. É agora, meu distrito é o segundo então não somos torturados por muito tempo. Caesar faz suspense, isso está me incomodando.

“E então, do distrito dois” Ele hesita. “ Violet e Cato, com nota...”

É a primeira vez que anunciam dois tributos juntos, ao mesmo tempo, todos nós estranhamos. As ultimas palavras de Caesar ficam no ar enquanto ele olha repetidas vezes para as notas em suas mãos e para a câmera.

“Nota doze.”

Meu cérebro congelou. Doze. Eu ganhei um doze, a nota mais alta que um tributo pode ganhar. Ano passado ganhei dez mas agora foi um doze. Eu fico paralisado no sofá por não sei quanto tempo, até que um tapa de Mark no meu ombro me acorda. Nota doze. Meu olhar corre para minha esquerda e vejo Violet também paralisada, os olhos arregalados de surpresa.

- Ganhamos a nota máxima. – ela diz.

- É nós ganhamos.

E nós dois explodimos numa comemoração tardia. É realmente muito raro um tributo receber nota doze, em todos os jogos que me lembro o numero de tributos com uma nota dessas pode ser contado nos dedos de uma mão. A comemoração é tanta que não paramos pra ouvir a nota dos outros tributos. Victor pede uma champanhe para um Avox e ele trás a garrafa rapidamente.

- E, novamente, aos nossos tributos brilhantes que sempre, eu digo sempre, têm a sorte ao favor deles.

Todos tilintamos as taças e bebemos até tarde da noite. Já se passam das duas quando Megara diz que eu e Violet temos que dormir ou não daremos conta de treinar.

É impressionante a forma como Violet ganhou minha confiança tão rápido, ou talvez sejam só as bebidas, ou a nossa animação por termos conseguido notas doze dos Idealizadores, mas nós vamos até nossos quartos conversando e rindo.

- Eu não vou conseguir dormir. – ela diz sorrindo.

- Nem eu. Já passou pela sua cabeça o quão raro é o um tributo ganhar um doze? – pergunto.

Ela hesita com cara de riso.

- Já.

Nós dois rimos e ela se recosta no portal do seu quarto.

- Até amanhã, Violet?

- Até amanhã, Cato.

Eu me viro e saio em direção ao meu quarto, depois de alguns momentos ouço a porta dela se fechar. Chego no quarto e deito na cama com as roupas do corpo. Eu também não consigo dormir, de excitação pela nota que ganhei, pelo nervosismo da entrevista amanhã e pelo fato de que só tenho um dia antes de voltar para a arena.

De repente toda a animação some e meu estomago afunda. Falta um dia. Um dia pros Jogos Vorazes começarem. Preciso perguntar tudo o que for possível para Mark amanhã, buscar as correções para as minhas falhas do ano passado.

Esse ano o grupo de carreiristas vai ser grande, nós somos sete: Eu, Violet, Revlon, Ryan, Owen, Jay e Kaya. Vai ser difícil controlar um grupo desse tamanho, ou nos mover com rapidez, especialmente com Jay, ela não parece ser muito esperta. Me repreendo por não ter prestado atenção nas notas dos outros tributos, eu devia ter visto a nota deles para saber se eles realmente valem a pena ou se posso matá-los no banho de sangue mesmo.

Durmo pensando a respeito da aliança e acordo com a voz animada de Megara à porta.

- ...Não precisa nem trocar de roupa, hoje vou deixar vocês ficarem de pijamas mesmo... – só ouço essa parte.

Percebo que nem sequer tirei as cobertas da cama na noite passada. Tomo um banho rápido e visto o que realmente parece ser um pijama – porque não aproveitar o bom humor de Megara? – camiseta e uma calça de moletom cinza e vou tomar café.

Quando chego já estão todos na mesa, comendo e conversando sobre Violet.

- Eu nunca fui de ter amigos, realmente. – a própria diz passando geléia em uma torrada.

- Como não? – indaga Alicia.

- Não sei, nunca me esforcei para me aproximar de ninguém, tive só uma amiga de verdade. – seu rosto se contrai.

- E onde está essa amiga? – pergunta Megara.

- Morta. – diz Violet simplesmente.

Silencio na mesa e ela continua comendo. Eu pego algumas coisas sem ver e me sento do lado dela.

- Morta?

- É, - ela me responde. – Ela não deu conta dos Jogos Vorazes, quis vir antes da hora.

- Ela veio para os Jogos? – Violet assente para Mark. – Qual o nome dela?

- Amy, septuagésima terceira edição.

Há um gemido de lamento coletivo na mesa, os mentores se olham.

- Me lembro dela, - começa Alicia. – quatorze anos, se voluntariou na frente de uma menina de dezoito não foi?

Violet concorda.

- Sabe... eu nunca te vi na escola. – digo me virando pra ela.

Seus olhos cintilam pra mim.

- Como você me notaria estando sempre rodeado de gente, garoto? Quando você veio pros Jogos ano passado me dei conta de que já havia te visto, e você sempre estava com alguém por perto.

Meu cenho de franze. É fato que eu sempre ficava com a minha turma na escola – e isso incluía algumas garotas – mas seria impossível que eu não tivesse notado Violet alguma vez na minha vida, ela... É bonita demais para não ser notada. Especialmente por mim

- Depois que Breeze nasceu eu fiquei cada vez menos exposta a vista das outras pessoas, ia pra escola, ficava na minha, ia embora na mesma hora em que o sinal tocava. Eu vivia pra treinar e pra cuidar dela e de Rose.

- Mas e a sua mãe? Você é filha de pacificador, ela ainda trabalha?

Por lei, os pacificadores não podem ter filhos ou se casarem, mas eles são pegos em sua maioria no meu distrito e é meio difícil encontrar alguém que esteja disposto a isso para se tornar um pacificador então é feito uma espécie de trato. Os que tiverem esposa e filhos recebem uma quantia bem considerável em dinheiro e podem visitá-los uma vez no ano, durante alguns dias, o resto do ano trabalham sem parar. Já que todos os ‘custos’ de um pacificador no distrito o qual eles trabalham são pagos pela Capital, a maioria deles pede para enviarem o dinheiro todo que recebem para sua família. Muitos no meu distrito viram pacificadores só para terem dinheiro para treinarem seus filhos para os Jogos Vorazes, porque, bem... O preço dos Centros de Treinamento é meio salgado. É claro, meu distrito é rico, portanto a grande maioria da população tem condições de pagar para seus filhos treinarem, mas boa parte desse pessoal não teria dinheiro paro o luxo da família se pagasse o treinamento. No meu distrito todo mundo gosta de viver num certo “luxo”, portanto, o salário de pacificador garante o treinamento das crianças e a boa vida da família.

- Ela ainda trabalha, nas fabricas de armas. Ela faz testes. Minha mãe é meio desligada, ela ama a gente e eu sei disso, mas gosta muito de si própria e por isso acaba não cuidando muito bem das minhas irmãs então eu faço esse trabalho. Era mais difícil quando Breeze nasceu e Rose era menor, hoje ela já me ajuda...

Violet me pareceu durante esse tempo levar uma vida tão boa e fácil, tendo um pai pacificador e com isso fazendo parte de uma das classes mais altas do meu distrito, sendo treinada pelos melhores vitoriosos de Panem, mas agora ela me parece ainda mais forte. O pai nunca esteve do lado para ajudar na criação dela e das irmãs mais novas, irmãs que ela cuidou porque a mãe é relapsa. E agora ela está nos Jogos, e se por acaso ela não voltar pra casa? Como ficarão as duas? Uma ainda é uma criança, a outra um bebê. Talvez Violet não esteja tentando vencer por ela, mas sim por Rose e Breeze. Assim como eu estou tentando vencer por Clove.

Ótimo, cada vez mais minha coragem para matar Violet vai descendo pelo ralo.

Depois do café eu e Alicia vamos para a sala de televisão treinar para a minha entrevista.

- Que tipo você acha que podemos tentar em você esse ano? – ela pergunta.

- O mesmo. – respondo.

Quando se diz “tipo” quer dizer como você vai se comportar, um coitado amedrontado, o engraçado, o gênio, o garanhão... Eu fui o bonitão assassino porque nenhum outro ficou legal comigo – tudo bem que a fatia do bonitão é natural, modéstia parte. Na verdade, eu tentei fazer o cara engraçado e... foi um desastre, mas me lembro que Marvel ficou muito bem com esse tipo. Me lembro que ele arrancava risos de Caesar e da platéia e outro que também se deu bem com esse tipo foi o Conquistador. Glimmer tentou a sexy e Finch – uma menina ruiva do distrito 5 – tentou a inteligente, ela se segurou até o final dos Jogos, mas acabou morrendo por comer amoras-cadeado por engano. Muito inteligente, não?

Alicia começa a me fazer algumas perguntas e eu vou respondendo como se fosse a real entrevista enquanto ela me corrige aqui e ali. Eu não preciso de muito treinamento então acabamos até que rápido, o que mais atrasou foram as perguntas sobre minha sobrevivência nos Jogos passados. Com certeza vão tocar nesse assunto, e eu tenho que ter muito cuidado com o que vou dizer. Qualquer coisa que eu disser pode ridicularizar a Capital, mais precisamente os Idealizadores. Eu já dei entrevistas depois da Arena, mas não fui autorizado à falar o motivo pelo qual sai vivo, desse modo Alicia inventa algo para que eu diga quando me perguntarem o que aconteceu: eles já haviam recolhido meu corpo e quando já haviam me dado como morto, quando eu estava quase sendo “embalado” para ser levado de volta ao meu distrito meus sinais vitais voltaram, isso depois que Peeta e Katniss foram considerados como vencedores, então não havia como recomeçar os jogos.

Quando acabamos tenho meia hora antes de ir para a apresentação com Megara, fico apoiado no balcão da sala de jantar, olhando a barulhenta Capital. Imagino se é legal viver aqui onde pra cada ponto que você olha seus olhos doem por conta das cores das roupas das pessoas. Talvez seja, por causa da fartura, do luxo... Mas pra uma pessoa que já viveu num dos doze distritos talvez não por conta da futilidade. O pessoal daqui é meio aéreo, as conversas deles geralmente são sobre a peruca e os sapatos novos ou o atraso na entrega do ganso ao molho para sua festa, é extremamente idiota, pelo menos pra mim.

A meia hora que eu tinha de esperar passa como se fossem apenas dez minutos e então Megara aparece e me chama. Nós vamos até o meu quarto, já que Alicia e Violet vão usar a sala de estar. É a mesma coisa, como andar, se sentar, sorrir, fazer contato visual...

Megara me faz dizer algumas frases e já se dá por satisfeita. No ano passado nós demoramos mais já que eu nunca tinha dado uma entrevista na minha vida, mas já sei bem como funciona então saio quando ainda faltam duas horas para meu horário de apresentação acabar. Vou até a sala de jantar para ver se algo para comer, nada ainda, então resolvo pedir no meu quarto, no caminho passo em frente à sala de estar. A porta está aberta e dá para se ver Alicia, Mark e Violet lá dentro. Violet sentada num sofá, Alicia em outro e Mark observando em pé.

- Então, Violet, como foi conseguir aquela nota doze? – pergunta Alicia.

Violet sorri... o sorriso fatal.

- Foi incrível, eu fiquei um pouco boba na hora, nunca esperei uma nota dessas... No máximo um nove.

Sua voz é mansa, aveludada, sua postura é perfeita, seu sorriso é bonito... Ela é linda. Violet vai ganhar a Capital inteira hoje à noite.

- Perfeito... – elogia Alicia e então ela nota que estou observando. – Seu treinamento já acabou?

Me sinto um tanto envergonhado por estar espiando.

- Já. Eu vou pro meu quarto...

- Espera, - diz Violet. – se você quiser ficar, não tem problema. Não me importo que você veja.

- Vai ser até melhor pra ela, ter alguém vendo... Senta aqui, Cato. – diz Mark. Eu me sento no sofá de frente à Violet, ao lado de Alicia e observo o resto de seu ensaio. Ela se sai bem em todas, sempre sorri e é educada, faz até algumas brincadeiras às vezes. A platéia cheia de pessoas esquisitas da Capital vai ovacioná-la, não há como não gostar de Violet Beauregard. Você a adora... até o momento em que ela resolve te matar, ai já era.

- E a sua família?

Violet hesita, mas depois sorri fracamente.

- Moro com a minha mãe e minhas irmãs mais novas, Rose tem sete anos e Breeze tem um.

- E o seu pai? – torna a perguntar Alicia, pressionando.

- Ele... não passa muito tempo em casa, trabalha em construções por toda Panem, só nos vê uma vez no ano.

É mentira, mas ela precisa mentir já que essa coisa dos Pacificadores do nosso distrito é meio que um jeitinho que a Capital dá por debaixo dos panos.

- Muito bom, essa explicação é ótima. – diz Mark. – Você não pode falar do seu pai ao publico.

Violet assente.

- Terminamos aqui, Violet. – diz Alicia sorrindo. – Você foi ótima, vai conquistar a todos hoje.

- Vai se dar bem, os patrocinadores vão cair matando em você. – digo à ela.

- Em nós dois, Cato, em nós dois. – ela encoraja.

Alicia sai da sala e nos deixa sozinhos com Mark, me mudo para o lugar ao lado de Violet e ele se senta no que antes era ocupado por mim. Sua expressão é fechada e severa.

- Só tem vocês dois na aliança? – ele pergunta.

- Não, distrito um, três e a menina do quatro. – digo.

Mark franze as sobrancelhas.

- Um grupo grande esse ano não é?

- É... Mas eles parecem ser muito bons. – explica Violet.

- E são, - confirma Mark. – as notas deles foram boas. Vocês estavam comemorando, mas eu prestei atenção. Cato, você se lembra do que eu te disse da ultima vez?

Assinto.

- Tudo bem, Violet pode perguntar o que quiser.

- Como conseguir comida? Eu não quero ficar dependente dos suprimentos da Cornucópia.

- E está certa em não querer isso, uma hora acaba, ou você os perde...

Aconteceu comigo da ultima vez. Eu sei achar comida fácil, mas a Cornucópia tinha comida que nos garantiria ali por meses então não me preocupei. Katniss explodiu tudo e eu e Clove ficamos sem nada. Na verdade estávamos eu, ela, Marvel e um garoto do distrito três que ajudou a reativar as minas já existentes na arena para proteger tudo, como um campo minado envolta da pilha de coisas. Ela e a garotinha do onze, Rue, descobriram tudo e Katniss fez tudo o que tínhamos ir pelos ares, Marvel conseguiu pegar Rue, mas foi morto por Katniss e eu tive um ataque de raiva quando vi tudo destruído e quebrei o pescoço do garoto do distrito três.

- Você pode comer algumas frutas... Treinou reconhecimento de plantas? – Violet assente. – Ótimo, você também pode pescar com uma lança, eles deixam várias na Cornucópia.

- Eu acho que sei caçar também. – ela diz.

- Caçar? Bom... Um animal pequeno já te dá comida para dias. Arco?

- É, minha mira é boa, a flecha deve penetrar o corpo, mas pelo menos eu consigo. E quanto à água?

Mark estala os dedos.

- Ta ai uma pergunta boa, você não vai poder ir bebendo a água assim que achá-la. Ouve uma edição, você devia ser muito pequena ainda, todos os lagos continham uma espécie de toxina que matava quem bebia em algumas horas, só era possível beber a água depois de purificá-la. O que purifica a água é o iodo, isso você só consegue na Cornucópia ou por um patrocinador, você pinga umas gotas disso na água e espera mais ou menos meia hora.

- E onde a gente dorme? – Violet pergunta.

- Katniss dormia amarrada em arvores, talvez a gente possa fazer o mesmo. – sugiro.

Violet me olha divertida.

- Você com esse peso todo? Eu, tudo bem, agora você, Cato?

Eu rio.

- O que você quer dizer com isso?

- Que você é um gordo! – ela brinca. – Você é muito grande, os galhos não te agüentam.

Me lembro que dormíamos no chão batido, eu e os outros. Era horrível.

- Vocês podem conseguir barracas na Cornucópia. – diz Mark. – Geralmente têm algumas.

- Ou a gente dorme no chão mesmo. – aceita Violet. – Mas... o que acontece se eu quiser romper a Aliança e seguir sozinha?

A pergunta parece ser uma facada em mim, é um sentimento estranho, como... Medo. Medo de romper a aliança com Violet, talvez seja o medo de ter que matá-la, medo de morrer tentando já que ela é praticamente impossível de se matar.

- Na verdade, Violet, existe um acordo que nós chamamos de Tratado de Carreiristas. Geralmente o grupo chega à arena, pega a maioria dos suprimentos e segue no jogo. Quando o grupo se rompe, isso se todos não forem morrendo antes, são divididas as armas e o restante das coisas e então tem o que chamamos de cessar-fogo. Durante um dia ninguém ali pode atacar ninguém dos que estavam na aliança. É como se fosse um período que todos usam para se esconder e seguir seu caminho. No outro, quem passar pela frente... É lucro, independendo se essa pessoa estava ou não na antiga aliança.

Violet assente pensativa.

- Alguma outra pergunta, mocinha? – Violet nega. – Cato?

Eu também não preciso saber mais nada.

- Tudo bem, então já posso entregá-los a suas equipes de preparação. – diz Mark consultando o relógio na parede.

Pelo resto da tarde ficamos por conta de nossas equipes. Lucy, Lucille e Hugo me arrumam e quase no final de tudo Mars entra com o meu terno para essa noite. Preto e a camisa é vermelho-sangue. Quando termino de me vestir, minha estilista arruma minha gravata e pronto. As garotas da Capital vão me querer na cama delas hoje.

- Pronto? – Mars me pergunta.

- Mais que nunca. – dou um ultimo puxão no nó da gravata.

Ela gira a maçaneta e nós saímos em direção à sala. Vazia.

- Ela deve vir a qualquer momento.

E ela realmente vem e me deixa bobo. Meus olhos se fixam em Violet de tal forma que ela chega a estranhar, mas, é impossível não olhar.

Seu vestido acaba antes dos joelhos, o busto todo em glitter prateado, uma fita com um pequeno laço rosa na cintura e então a saia rodada também rosa. Os saltos parcialmente fechados combinam com a parte de cima do vestido e não a deixam tão alta quanto os que ela usou no desfile. O cabelo negro e ondulado solto e mais glitter do canto de seus olhos até suas têmporas deixando a cor de seus olhos ainda mais bonita, a boca pintada de rosa. Ela estranhamente me lembra a primavera. É covardia, até mesmo comigo, ela vai roubar todas as atenções. Parece novamente uma garotinha, mas tem uma pitada de provocação, talvez seja só à minha vista já que conheço seu lado mortífero.

- Incrível. – é a única palavra que consigo dizer.

- Incrível. – ela também diz me fitando.

- Lindos, os dois. – elogia Megara aparecendo com Mark e Alicia por trás de Violet e sua equipe. – A princesinha fatal e o bonitão assassino, perfeito.

- Acho que vocês dois serão os favoritos esse ano. – diz Alicia.

Nós descemos até o térreo, a entrevista acontece num palco montado em frente ao Centro de Treinamento. As portas do elevador se abrem e todos os outros tributos já estão lá, sendo alinhados para irem ao palco. Nós ficamos por trás de toda a armação, num corredor e somos chamados um por um para irmos até o palco. Olhos se fixam em nós dois e nos acompanham até a onde somos conduzidos pela equipe que está organizando tudo. Somos postos logo atrás de Ryan e Revlon. Ryan veste um smoking branco e Revlon um vestido longo e vermelho. O canalha tem a audácia de se virar para trás e piscar para Violet. Sua boca se move sem som: “você está linda”. Ela sorri.

- Quem são os estilistas de vocês? – pergunta Revlon, dá para sentir um pouco de inveja em sua voz.

- Victor e Mars. Eles entraram agora pro nosso distrito. – respondo.

- Vocês estão incríveis.

- Nós sabemos... – respondemos eu e Violet ao mesmo tempo.

Nós nos olhamos e rimos.

Ficamos parados lá por algum tempo, até que o programa de fato comece. Acima de nossas cabeças há várias televisões que a qualquer momento nos mostrará as entrevistas dos outros tributos.

- Trinta segundos, pessoal! – grita alguém.

Começa uma leve correria de pessoas enquanto nós, tributos, ficamos lá parados e tremendo de ansiedade.

E a musica começa, tão alta quanto no dia do desfile, as televisões são ligadas e nos mostram Caesar sorrindo e se curvando para a enorme platéia lotada, suas roupas, seu cabelo e tudo nele na cor laranja esse ano.

“Obrigado! Obrigado! Bem vindos todos à septuagésima quinta edição dos... Jogos Vorazes!”

A platéia aplaude e grita e demoram algumas momentos até que Caesar consiga regularizar a situação. Caesar tem o mesmo tipo estranho do pessoal da Capital mas ele é um cara legal, aparentemente. Nas entrevistas dá o seu melhor para fazer os tributos brilharem. Ele nos deixa a vontade, encoraja e tenta promover cada coisa mínima que falamos. Para um bando de adolescentes que nunca saíram de seu distrito na vida e estão a dias da morte, é uma ajuda mais que bem vinda.

Logo chamam Revlon ao palco e nós a focalizamos pelas televisões.

 

“Você pretende ganhar, Revlon?”

“Não pretendo...” ela responde para a platéia. “Eu vou”

 

A platéia aplaude. Ela deve estar jogando pelo ângulo sexy, mas está sentada tão ereta e dura que parece estar usando uma cinta apertada demais – e deve estar mesmo.

O sinal indicando que o tempo de Revlon acabou toca e ela sai aplaudida enquanto chamam Ryan.

 

“Ryan... Você veio para conquistar as garotas não foi?” Brinca Caesar.

“Não, não, eu vim pra ganhar essa coisa.” Diz Ryan-Idiota ou Rydiota, como eu prefiro chamá-lo. “Mas as garotas da Capital não precisam se preocupar, eu vou voltar inteirinho pra elas”

 

Caesar ri e realmente as garotas gritam para ele.

Estou prestando atenção à entrevista de Ryan quando o inconfundível barulho de salto alto batendo contra o chão me acorda. Violet. Ela bate um dos pés contra o chão compulsivamente.

- Vai fazer um buraco nisso. – digo a ela.

Ela bufa e se recosta na parede.

- Eu vou estragar tudo. – diz me olhando, os olhos âmbar destacados pelo glitter.

- Não vai, eles já te adoram. Apenas vá e faça o que fez hoje no treinamento.

E nessa hora a chamam e ela sai em direção à porta. Meus olhos se viram rapidamente para as televisões para acompanhar a entrevista de Violet.

“Agora silencio, Capital.” começa Caesar sério. “Ela é do distrito dois, ela ganhou uma nota doze, ela é incrível. Eu quero musica para a entrada dessa garota, ok? Agora vocês vão pirar, vem ai...”

Ele pára sorrindo.

“VIOLET BEAUREGARD!”

E ela entra deslizando pelo palco. Violet tem poder sobre os outros, a imensa platéia vai a loucura assim que ela aparece, todos gritam e se levantam de suas cadeiras. Ela faz o caminho até Caesar acenando e sorrindo para o pessoal todo.

Caesar pega a mão de Violet e a beija. O nome dela é gritado a plenos pulmões e ecoa. Os dois se sentam nas poltronas enquanto todos se acalmam, Violet se senta relaxada, mas mantendo a postura, de um jeito gracioso com sua saia rosa espalhada ao seu redor: ela conseguiu a imagem que queria “A princesinha fatal”.

“Violet, Violet... O que foi isso?!” Ele brinca. “Você fez a Capital tremer. Como se sente sendo aclamada...” e então mostra o publico com as mãos. “Pelos seus, devo dizer súditos? Você ganhou este povo todo.”

Violet sorri.

“É... incrível! Sou só uma garota comum do distrito dois, nunca esperaria que o pessoal da Capital fosse gostar de mim.”

“Gostar de você? Eles te amam. Eu te amo. Devo dizer que, no momento em que você entrou naquele desfile, com aquela roupa militar e aquela metralhadora de faíscas eu me tornei seu fã numero um. Mas então, notas doze para um tributo são muito raras, mocinha, conta pra gente como foi.”

Ela suspira e olha para o publico.

“Eu nunca esperei uma nota maior que nove, eu já estava convicta de que receberia uma nota comum. Mas então... aquele doze veio e quase me fez desmaiar. Eu fiquei horrorizada, de um jeito positivo.”

“Claro... Eu lhe pressionaria para que nos contasse sobre sua avaliação, mas sei que, infelizmente, é proibido, portanto... Violet, o que podemos esperar de você na arena?”

A expressão de Violet se fecha e em seguida um sorriso desdenhoso aparece em seus lábios.

“Sangue, Caesar, sangue.”

Caesar se vira para a platéia com uma expressão sobressaltada e todos fazem um grande “ooh”.

“Eu tenho que voltar pra casa Caesar, então, eu vou garantir minha sobrevivência lá dentro. Eu não vim até a Capital para uma brincadeira. Eu sou um tributo dos Jogos Vorazes.”

Sua expressão é determinada e o pessoal vibra ao olhar de Violet.

“Com essa carinha de anjo... Você é um perigo!” exclama Caesar se voltando para ela. “Falando em carinha de anjo... Você é linda, dezesseis anos, sabe conquistar as pessoas... Você deixou alguém no distrito dois, Violet?”

A pergunta se remexe estranhamente no meu estomago. Violet fita o chão, o publico e depois Caesar.

“Não. Não deixei ninguém lá neste sentido.”

A ala masculina da platéia vibra como nunca.

“Conta outra!” exclama Caesar incrédulo. “Você vai nos dizer que não tem nenhum garoto? Um namorado, um pretendente talvez?”

“Não, não tenho. Nunca me apaixonei por ninguém na minha vida. Ainda não aconteceu.”

A platéia se enche de “ah”s de lamento.

“Que pena, uma verdadeira pena.” Diz Caesar pegando uma das mãos de Violet nas suas. “Agora... E a sua família?”

“Moro com a minha mãe e as minhas irmãs.”

“Quantos anos suas irmãs têm e qual o nome delas?”

“Rose tem sete anos e Breeze tem um. Elas devem ta me vendo aqui agora.”

“E você tem algo a dizer a elas?”

“Que eu as amo e que elas podem esperar, porque eu vou voltar junto com o titulo de vitoriosa da septuagésima quinta edição dos Jogos Vorazes.”

O sinal toca indicando o fim da entrevista de Violet e ela e Caesar se levantam. Caesar pega uma de suas mãos,

“Senhoras e senhores! Violet Beauregard! Tributo do distrito dois!”

E a ergue. O pessoal vai ao delírio e seu nome volta a ecoar enquanto ela abandona o palco.

Quando reaparece no corredor seu jeito é mais que confiante.

- Eu fui bem? – ela me pergunta sorrindo.

- Você foi demais. – sorrio. – Agora é minha vez.

E saio em direção a porta acompanhado por um assessor.

- Cato! – ouço sua voz exclamar e me viro. – Faz aquilo tremer, ta bem?

Gosto do jeito como ela fala a ultima parte e rio. Vou fazer exatamente o que ela disse.

“Vocês já o conhecem, ele também ganhou uma nota doze. Seu desempenho foi espetacular, ela é uma maquina de matar, ele leva as garotas da Capital à loucura.” Apresenta Caesar. “CATO STOLL!”

Entro no palco e para minha surpresa o publico tem a mesma reação que teve com Violet. Garotas da fila da frente, logo abaixo do palco, quase sobem nele. Eu achei que seria recebido como os outros tributos que já vi, com uma animação normal, mas isso aqui é muito mais que eu esperava. Eu aceno para a multidão enlouquecida.

- Ai está ele! – exclama Caesar.

Nós apertamos as mãos e nos sentamos. Caesar tenta começar a entrevista, mas o pessoal não para de gritar e meu nome ecoa alto.

- Calma ai pessoal! – ela diz rindo.

- É... – digo. – Tem Cato pra todo mundo.

A multidão ri e as garotas próximas ao palco continuam gritando.

- Vocês ouviram ele. – concorda Caesar. – Então, Cato, como está sendo pra você ser um tributo novamente, e por dois anos seguidos?

Eu hesito e lanço um olhar ao publico, como Violet fez.

- É uma honra pra mim, eu estou satisfeito. Eu falhei, mas agora tenho certeza que vou levar a vitória pro meu distrito.

- Cato, a pergunta que não se calou desde a ultima edição. Quando Thresh matou Clove, sua companheira de distrito, nós vimos que você ficou desolado. Ela era apenas sua aliada?

A pergunta borbulha em mim, falar de Clove é realmente complicado mas eu tenho que esclarecer as coisas e se eu não responder, vai ser pior pra mim.

- Não. – a platéia fica muda. – Ela era como uma irmã pra mim. – e então todos fazem um “oh” triste. – Nós crescemos juntos no distrito dois e decidimos nos voluntariar juntos. A perda dela me abalou mais que tudo. Acho que foi isso que me impediu de ganhar.

Caesar assente compreensivo pra mim.

- Foi uma pena, ela era ótima, nós sentimos muito. Agora nos explique, os bestantes te atacaram, Katniss Everdeen te atingiu com uma flecha, ouvimos o tiro de canhão e você foi levado. Como você ainda está aqui, Cato?

Eu sorrio.

- Eu sou de ferro. – a platéia ri. – Não, brincadeira. Eu morri mesmo, fui dado como morto e realmente estava, mas, quando já estavam iniciando a preparação do meu corpo para me levarem de volta pro dois... Meus sinais vitais voltaram. Me disseram que foi uma correria pra me manter vivo e graças aos excelentes médicos da Capital eu estou aqui inteiro pra vocês.

Todo mundo se anima de novo e os gritos são altos.

- Você renasceu das cinzas, garoto! – exclama Caesar animado. – E agora, sobre a nota doze. Você e sua parceira, Violet, conseguiram notas raras. Diz como foi pra você.

Encolho os ombros.

- Tive a mesma reação que ela, me lembro que nossos mentores, estilistas e nossa acompanhante, Megara, vibraram e nós dois ficamos grudados no sofá. Nós não nos mexíamos, eu senti como se tivesse sido congelado. Foi incrível, uma das melhores sensações que senti em toda minha vida.

Caesar sorri encorajador.

- Estão vendo? Esse garoto sabe o que faz! – o publico aplaude. – Cato... Uma ultima coisa, uma ultima coisa que você queira falar.

Dou meu melhor sorriso para a multidão ansiosa pela minha ultima declaração.

- Estão me vendo hoje, neste palco? Daqui a algumas semanas eu vou voltar aqui e me sentar nessa cadeira, sendo entrevistado como o vitorioso da septuagésima quinta edição dos Jogos Vorazes.

E o sinal toca.

É como uma bomba explodindo. Todos se levantam, aplaudem e gritam meu nome.

- Cato! Do distrito dois! – grita Caesar erguendo minha mão. – Boa sorte, Cato.

Acrescenta se despedindo. Eu aceno enquanto saio do palco e assim que cruzo a porta recebo um abraço sufocante de Megara.

- Perfeito! Você foi perfeito! – ela diz com lagrimas nos olhos. – Você e Violet são o melhor par de tributos que já tive em toda a minha vida.

Por falar em Violet não há o menor sinal dela, nem dos meus mentores, nem dos estilistas. Megara parece perceber que estou os procurando e fala:

- Vamos para o nosso andar, a comemoração vai ser lá.

Nós saímos em direção ao Centro de Treinamento novamente. Os tributos que ainda estão na fila me olham com desprezo e medo, fico imaginando qual deles amanhã morrerá nas minhas mãos.

Durante o pouco tempo que levamos no elevador percebo que Megara está realmente feliz, ela está até cantarolando. Dou uma pequena risada, mas ela parece nem notar.

Todos os outros estão em nosso andar, calados, terminando de ver as entrevistas na televisão. Creio que pela tranqüilidade de todos e a falta de Avoxes o jantar vai ser servido logo. Mark diz para que eu e Megara nos sentemos e assim nós fazemos.

As entrevistas dos outros tributos são até boas, mas nenhuma tão boa quanto a minha e a de Violet. Reparo bem atentamente nos tributos do doze e fico aliviado por saber que eles não vão jogar na mesma estratégia de Peeta e Katniss. E por falar neles avisto-os na platéia, nos lugares reservados, são mentores esse ano, pena que seus tributos não têm a menor chance, sem dúvida morrerão no banho de sangue.

O jantar é normal e regado à elogios e um ganso assado que está pra lá de bom. Alicia proíbe qualquer um ali de pedir bebida alcoólica já que amanhã de manhã estaremos indo pra Arena e não é muito bom ir para os Jogos Vorazes de ressaca então ficamos no suco de laranja e nada além disso. Eu e Violet somos mandados pra cama assim que deixamos os pratos limpos.

 

No momento em que encosto a cabeça no travesseiro é como se o ar fugisse dos meus pulmões. Faltam algumas horas para a Arena. Daqui pra frente serão noites revezando a vigia com os outros e mesmo assim, sempre acontece de alguém dormir enquanto é seu turno então todos temos que dormir alertas. É horrível, eu irei dormir tranquilamente pela ultima vez hoje. Na verdade descubro que não vou dormir. Não consigo e tenho a certeza de que nenhum tributo nesse prédio está dormindo. Coloco uma roupa para dormir, mas fico deitado na cama horas a fio, mudo a paisagem da janela sei lá quantas vezes, peço um prato de cozido de carneiro – o qual eu deixo limpo - e nada de sono. Decido que melhor do que ficar naquele quarto é ir pra sala, assistir televisão, ficar na sacada, alguma coisa assim.

Alguém teve a mesma idéia que eu.

Violet está deitada no sofá, no escuro e tão distraída que não me vê chegando.

- Acordada a essa hora? – pergunto.

Não foi uma boa idéia pega-la de surpresa, ela se assusta e cai direto no chão. Rindo de seu tombo eu estendo a mão para ajudá-la a se levantar.

Ela me da um olhar mortal, mas depois sorri levemente e se apóia em mim.

- Não teve graça. – diz emburrada.

- Ah, teve sim. Não conseguiu dormir?

Ela nega com a cabeça e passa a mão pelo cabelo nervosa.

- A gente não devia estar acordado, vai ser pior na arena.

Concordo com ela.

- Você ta com medo? – ela me pergunta.

- Não, você ta?

Silencio.

- Você ta com medo. – afirmo.

- Não, não é medo, na verdade eu to com mais medo do trajeto até a arena com a coisa de voar e tal... Mas, sei lá, to nervosa.

Olho para ela no escuro e não consigo ver muito além do que as luzes da Capital iluminam

- Você tava mesmo falando sério aquele dia? Dos seus maiores medos?

Violet assente.

- É. Qual é? Não se pode mais ter medo idiota?

Eu rio, não, eu gargalho e ela ri junto.

- É um absurdo, eu não posso ter um medo anormal? Brincadeira...

É engraçado, mas noto que ela chega a empalidecer um pouco ao falar do assunto.

- Faz o seguinte. – falo. – No aerodeslizador, quando foram injetar seu rastreador, olha pra mim. Olha pra mim a viagem inteira, não liga pro resto.

Ela me olha durante um tempo, sua expressão é indecifrável, mas seus olhos se fixam nos meus de uma maneira que é difícil parar de olhá-la também. Por fim ela sorri.

- Ta bem.


Notas Finais


E então o que acharam? Me mandem comentários dando opinião hein? Olha que eu desanimo... ;*


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