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História A Última Gota - Capítulo quatro


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Espero que gostem! (:

Capítulo 5 - Capítulo quatro


Meu quarto no Centro de Treinamento da Capital é muito maior que o do trem e possui mil vezes mais coisas engraçadas e tecnológicas. A única coisa que quero fazer agora é tomar um banho e comer a comida pesada daqui. Quando vejo o chuveiro apenas ligo e escolho um temperatura confortável, da ultima vez mexi tanto nas centenas de opções da geringonça que sai com a pele esverdeada. Não precisamos nos secar, ou nos preocupar em pentear o cabelo e procurar uma roupa decente, as coisas da Capital fazem isso por você. Quando sai do banho, um tapete tem aquecedores que te secam e basta colocar sua mão sobre uma caixa e ondas são enviadas para seu couro cabeludo, desembaraçando e secando seu cabelo na mesma hora – isso deve ser um sonho para as mulheres. Existe um closet no qual apenas se escolhe a roupa e ela aparece, você apenas sussurra a comida que deseja em um bucal e ela vem pronta para você em menos de um minuto, tudo simples assim. A Capital é bem interessante mas acho que não deixaria o distrito dois por ela.

As janelas também são eletrônicas, elas focalizam e te mostram qualquer coisa, qualquer paisagem. Peço algumas batatas fritas e pego o controle, são várias imagens como opções, a visão alta da Capital, das ruas e das pessoas agitadas, de uma campina, de uma floresta... até que acho a imagem do alto de algumas fabricas à luz da lua amarela e cheia. Se parece bastante com o visual do meu distrito, decido por essa. Assim que acabo as batatas Megara bate a porta e me chama para o jantar. É, as batatas não tinham nem mesmo feito efeito.

Estão todos na sala de jantar e rindo. Alicia, Violet e seu estilista, Victor, apoiados no balcão, de costas para a vista da Capital, Mark, Megara e Mars a volta deles.

- Ei, campeão! – diz Mark com ao me ver. – Estamos só esperando a comida ser servida. Se junte a nós.

- Victor estava contando umas piadas. – diz Megara em meio a uma risada e outra. – Ele é hilário.

- Ah que é isso, apenas o bom humor.

- E então o que vocês dois acharam dos quartos? – pergunta Alicia.

- São incríveis! Meu quarto no distrito dois é não chega aos pés desse.  – diz Violet assombrada.

- Não experimentei mexer muito nos botões. – digo, também me encostando no balcão, ao lado de Alicia. – Da outra vez sai verde do banheiro.

Todos ali riem divertidamente e eu dou uma risada fraca.

- Será que nós dois fomos mesmo um sucesso hoje? Na Cerimônia... – diz Violet.

- Se foram? – ri Alicia. – Vocês foram o auge hoje, depois que entraram ninguém mais prestou atenção nos outros tributos.

- Gostei daquilo, de quando vocês dois ergueram as mãos. De quem foi a idéia?

- Cato... – acusa Violet me olhando com as sobrancelhas erguidas.

- Me disseram que nós dois ficamos bem juntos, então... dei a Capital o que ela gosta.

A conversa é interrompida por um Avox que vem nos servir taças de vinho, mas é interrompido por Mars.

- Não, não. Vinho hoje não! Poderia nos trazer champanhe por favor?

O homem assente e sai novamente.

Um Avox é um prisioneiro da Capital, mais ou menos isso. A pessoa pode ser tanto daqui quando de um dos distritos, mas se ele fizer algo de errado sua língua é cortada e ele se torna um Avox na capital, um servo.

Momentos depois o homem volta novamente com taças de champanhe, cada um pega uma e ele sai novamente.

- Mas, perai, perai, temos uma criança aqui! – exclama Alicia. – Violet ainda só tem dezesseis.

- Ninguém precisa saber. – Violet diz com uma piscadela.

- Um brinde. – começa Mark se adiantando mais a frente. – Aos nossos valiosos tributos, Cato e Violet.

Todos nós tilintamos as taças e bebemos o liquido espumante e quente para depois irmos no sentar a mesa para jantar. Macarrão com uma pasta rosada, carne vermelha com uma cobertura de queijo cortada em fatias finas, salada de folhas e tomate e molho de framboesas, tudo regado à champanhe. Os Avox ficam ao redor da mesa, mantendo nossos pratos e taças cheios. A conversa se mantém em nossa entrevista daqui a quatro dias, em como o público adora a mim e a Violet, até que Mark toca no assunto das estratégias na Arena.

- Então... No trem mal conversamos sobre vocês dois. Na verdade, sobre Cato nós já sabemos, mas sobre você não, Violet. – ele a olha de um jeito severo. – Você disse que recebeu treinamento particular não foi?

Ela bebe dois goles de champanhe e limpa a boca em um guardanapo.

- Foi.

- Pode nos contar tudo, com detalhes?

Ela olha todos à mesa.

- Como eu tinha dito, meu pai é pacificador, nunca teve tempo de me treinar, e minha mãe não sabe nada dessas coisas de luta. Então ele me colocou para treinar.

Mark se aproxima mais à mesa, como se estivesse interrogando alguém que lhe daria informações valiosas.

- Quem te treinou?

- Evra Noland e Peter Scamander.

Megara tosse compulsivamente, Alicia recosta na cadeira com a mão sobre o peito, Mark deixa a taça que segurava cair e os estilistas se entreolham sobressaltados. Eu olho para Violet completamente atordoado, parecia que toda a fragilidade que eu via nela esta sumindo. Evra Noland e Peter Scamander foram simplesmente os vencedores mais brilhantes de TODAS as edições dos Jogos, de todos os ganhadores de todos os distritos, Evra e Peter são os melhores. Evra matava tributos bem maiores que ela apenas no braço, Peter matava lentamente e era muito esperto. Eles raramente apareciam nos Centros de Treinamento no distrito dois e todos pensam que é simplesmente porque são melhores tributos de toda Panem e por isso têm mais o que fazer mas não, acabo de descobrir que eles passaram doze anos treinando a garota que está sentada ao meu lado, bebendo champanhe tranquilamente.

- Evra e Peter te treinaram? – repito para ela, ainda não acreditando.

- É. – ela responde simplesmente.

- Santo Deus! Quem é você garota?! – exclama Megara fascinada.

Violet sorri.

- Uma menina que foi treinada pra matar durante doze anos da sua vida..

Parecia que alguém havia batido na cabeça de todos nós. Como pode essa menina que parece tão indefesa, que parece nem sequer saber segurar uma espada direito ser, possivelmente, uma maquina de matar? Violet foi treinada praticamente desde bebê e pelos vencedores mais brilhantes até hoje. Até ontem eu tinha medo de apertar sua mão com muita força e quebrá-la e agora estou me vendo lutando com ela frente a frente na Arena. Estou me forçando a não me ver morto pelas mãos dela.

Mark estende uma faca pontiaguda a Violet.

- Sabe atirar bem?

Em um segundo a faca está cravada na junção dos ponteiros do relógio na parede atrás dele e Violet volta a beber displicentemente.

- Com o que mais sabe lutar? – pergunta Alicia.

- Sei mexer com um machado, arco, lanças, sei lutar corpo a corpo também. Levanto um peso até considerável... Ah, não tenho uma coisa preferida.

A expressão de todos na mesa é de incredulidade. Depois de alguns momentos Alicia quebra o silencio, sua voz um pouco esganiçada pela “surpresa-Violet”.

- E então, ainda conserva suas habilidades, Cato?

- Treinei até mesmo depois de voltar da Arena.

- Bom, - diz Mark. – sua participação nos Jogos no ano passado foi ótima, você teria ganhado se... Aqueles namorados do doze não estivessem lá.

Levanto os olhos para Mark e vejo que ele não acha que esse foi o verdadeiro motivo do meu fracasso na Arena ano passado. Me lembro de Clove, e de como ela estaria feliz agora por me ver de volta na Arena. Pode parecer que eu e ela tínhamos algo romântico mas não, Clove e eu crescemos juntos, treinamos juntos desde pequenos, fomos para os Jogos Vorazes juntos. Ela era como a irmã que eu não tenho. E eu era como o irmão que ela tinha mas que não dava a mínima pra ela. Eu tenho que ganhar os Jogos, não é por mim, mas por ela. Ela morreu por minha culpa na arena.

 

Depois do jantar, Alicia nos avisa que não haverá sobremesa – ela não quer nos mimar antes de entrarmos na Arena e não termos nada o que comer. Nós vamos para a sala estar ver a reprise da Cerimônia de Abertura que está sendo transmitida. Podemos não ter tido tanto sucesso quanto o distrito doze da ultima edição mas... Fomos de longe os melhores nesse desfile. Os mentores, Megara e os estilistas comentam avidamente sempre nos elogiando e quase nunca ressaltando algum ponto positivo nos outros tributos, eu e Violet permanecemos calados durante todo o Replay. Olho para ela e a vejo com o rosto contraído, a danada está analisando tributo por tributo.

Quando a reprise acaba, nós dois somos mandados para a cama como duas crianças e saímos andando juntos pelos corredores. Nos desejamos um fraco boa noite e cada um vai pro seu quarto.

Quem pensa que consigo dormir está muito enganado. Fico revirando na cama por horas, parece que tudo a respeito dos Jogos está “sendo pensado” agora. E como vão ficar minhas estratégias? E o grupo de carreiristas desse ano? O que vou mostrar pros Idealizadores daqui a quatro dias? O que vou dizer na entrevista? Como vai ser a arena?

Não satisfeito em ficar deitado eu me levanto e começo a andar as cegas pelo quarto, a lua da paisagem que escolhi agora esta alta e pequena. Eu tenho muita coisa o que resolver, e tenho que começar por algum lugar e eu sei por onde vai ser. Violet Beauregard que está a alguns metros de mim, ela pode até estar dormindo, mas isso é mais importante. Saio do quarto e sigo por alguns corredores tentando lembrar o caminho que fizemos algumas horas atrás.

Se antes, horas depois da colheita, eu já queria uma aliança com ela agora eu preciso desesperadamente. A garota foi treinada sua vida inteira pelos melhores tributos que Panem já viu, ela atira facas com uma perfeição levemente superior à Clove, não quero nem ao menos imaginar como ela luta com outras armas. Ao mesmo tempo que caminho pretendendo uma aliança com Violet penso que talvez daqui a alguns dias terei que matá-la. Ela pode ser boa com armas mas se for uma luta corpo-a-corpo entre nós dois... Ela é menor que eu.

Sem perceber passo direto pela sua porta para só segundos depois perceber o erro. Bato não muito forte para não acordar mais ninguém exceto ela. Espero ter que bater algumas vezes até que ela acorde mas de primeira ouço um “entra”. Giro a maçaneta. Violet está parada à janela, de costas para a porta. Ela escolheu o visual normal da janela e está olhando os prédios da Capital.

- Aqui é legal. – diz sem se virar. – A Capital...

Parece tão frágil de novo, num pijama curto de seda rosa. Ela se balança de um lado para o outro, com os braços cruzados. Quem a vê não imagina o que tem por trás disso.

- Também não conseguiu dormir?

- Não. – ela responde. – Tenho crises de insônia às vezes. Pensei que você já tivesse ferrado no sono...

Eu rio.

- Nem preguei o olho. Podemos conversar?

Ela se vira pra mim e arqueia as sobrancelhas. Chego a pensar que isso pra ela seja totalmente sem noção, dois tributos conversarem, pra só depois perceber. Eu apareci no quarto da garota, de madrugada, só de calças e sem nenhuma camisa.

- Foi mal, esqueci. – digo. – Se importa?

Violet nega com a cabeça.

- Nem um pouco. Na sala?

Assinto. Ela passa por mim em direção a porta e dá dois tapinhas em meu peito.

- Belo físico, hein?

Eu dou uma pequena risada.

Nós dois vamos até a sala de estar em silencio. Reparo que Violet pode andar em uma floresta sem problemas, seus passos descalços não fazem ruído algum. Isso é uma vantagem. Ela se larga num sofá para logo depois se sentar de pernas e braços cruzados.

- Aliança? – ela pergunta.

Mas não tem um tom sério, até sorri levemente.

- É. Eu quero você.

Me sento no sofá ao lado dela, apoiado nos joelhos.

- Eu e mais quem?

- Os do um.

Ela abandona a pose ereta e gira no sofá, ficando de frente para mim.

- Distrito um?

- É. – digo encolhendo os ombros.

- Eles nos olham como se fossemos o lanche deles.

- Mas eles são grandes, carreiristas como nós dois. – só então me lembro de que nem todos os tributos do nosso distrito são carreiristas. Pode ser que Violet seja uma dessas exceções. – Você é carreirista não é?

Ela me olha que se fosse algum idiota.

- Desde que respirei pela primeira vez. Gostei do garoto do três.

Considero a possibilidade, o garoto que veio com uma irmã.

- Pode ser...

Ficamos em silencio.

- Quem mais acha que pode ser útil? – ela pergunta.

- A garota do quatro.

- Uma de cabelo castanho, olho claro?

- É. – respondo.

Mais silencio, no qual observo Violet abraçada aos joelhos.

- Como é... tudo? – ela me pergunta sussurrando, sem me olhar.

- Tudo o que?

- Tudo o que vai vir daqui pra frente.

Seus olhos âmbar me encaram e eu vejo neles... Curiosidade. Como curiosidade de criança.

- Ah, depende, como assim?

Ela se desencolhe.

- Esses próximos dias, o que acontece?

Recosto no sofá com as mãos atrás da cabeça.

- Ah, amanhã começamos o treinamento, é ali embaixo, no andar subterrâneo. Um grande Ginásio, parece com os Centros lá de casa.

Os olhos de Violet se mantém em mim enquanto narro o que vai nos acontecer nesses próximos dias. Digo sobre o treinamento e a avaliação dos Idealizadores, o programa de Caesar.

- E no dia que vamos pra arena, o que acontece?

- Acordamos cedo, tomamos café. – digo. – E então um aerodeslizador vem pega a gente, todo mundo junto, nós e os outros vinte e dois. Uns caras passam injetando o nosso rastreador e então somos levados até o subterrâneo da arena, ficamos com nossos estilistas...

Vejo seus olhos se arregalarem levemente e ela se tornar levemente pálida.

- Que é? – pergunto rindo.

Ela olha para os lados repetidas vezes.

- Nada.

- Qual é, Violet! Você ficou branca como giz. – exagero.

Ela bufa e deixa os ombros caírem. Ela murmura algo inaudível e peço que ela repita.

- Tenho medo de voar e de injeções! – ela exclama inconformada.

Não posso evitar de rir, rir não, gargalhar. Como pode a minha aliada, uma carreirista, uma maquina de matar ter medo de voar em um aerodeslizador e levar uma agulhada? Rio por um tempo até que percebo que ela também esta rindo.

- É sério...

- Ta, é sério... – digo.

- Vai me dizer que não tem medo de nada, carreirista? – ela pergunta sarcástica.

- Tenho, - respondo ficando sério. – de deixar alguém que eu gosto morrer.

Sua expressão se torna séria e Violet começa a mexer no tecido do sofá.

- Ta falando da Clove não é?

Olho pra ela incrédulo, como ela sabia a respeito de Clove? Como ela sabia que eu me referia a ela?

- Como conhece a Clove?

- Eu vi os Jogos do ano passado não foi? – ela desvia o olhar. – Ela era incrível, de verdade. Mas eu também já tinha visto ela algumas vezes lá em casa. Vocês namoravam?

Escorrego mais no sofá.

- Não. Nós crescemos juntos, ela era como uma irmã mais nova pra mim.

Violet torce o nariz, pensando.

- Você não tem irmãos?

Assinto.

- Um pestinha de nove anos, Gabe. – digo sorrindo.

Ela sorri, o sorriso fatal de Violet Beauregard, é assim que vou chamá-lo.

- Já falei demais de mim. Quem é você, Violet?

- A irmã mais velha.

- Também? – pergunto. – Bem vinda ao clube.

Nós apertamos as mãos e novamente me vem o medo de quebrar Violet com a minha força.

- Tenho duas, - ela começa. – Rose tem sete anos e Breeze tem um.

- Seu pai é pacificador não é?

Ela assente.

- Foi pro distrito seis. Mal nos vemos.

- Ele tava lá?

Ela nega.

- Ele já deve saber que vim pros Jogos, mas ele não tava lá na Colheita.

Ficamos no silencio por algum tempo. É estranho, eu estou me acostumando tão rápido com Violet. Nos conhecemos a dois dias mas já parecemos até mesmo amigos. Sei que ela é perigosa mas pareço ter uma certa confiança nela.

- Acho que vamos ter uma bela Aliança... – comento.

Ela sorri.

- Meu pai costumava a dizer que “Carreirista com carreirista se entende, seja na conversa... – ela faz uma pausa. – ou no soco.”

Nós dois rimos, até que ela fala novamente.

- Acho que a gente tem que dormir agora. Temos Alianças a fazer amanhã.

Nós nos levantamos e seguimos o mesmo caminho que fizemos mais cedo, deixo-a em seu quarto mas dessa vez os “boa noite” não são tão contidos. Quando chego no meu quarto desabo na cama e finalmente consigo dormir uma noite inteira.


Notas Finais


É o seguinte... Não estou me sentindo muito bem pra postar, porque não estou recebendo comentários. Eu preciso deles pra saber se a fic realmente está indo bem gente, ok? Comentem! ;*


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