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História A Última Gota - Capítulo dois


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Mais um capítulo (: espero que gostem!

Capítulo 3 - Capítulo dois


No primeiro momento me mantenho imóvel. Não sei o que pensar, parece que meu cérebro congelou assim que meu nome foi lido. Sem que eu perceba dou um sorriso vitorioso e me encaminho até o palco, como um verdadeiro herói. Eu treinei minha vida inteira para vencer os Jogos Vorazes, falhei uma vez, mas é como se eu tivesse ganhado uma segunda chance. Meu nome foi escolhido, eu era um entre milhares. Acho que isso é um aviso.

Subo os degraus que levam ao palco lentamente, o sorriso de lado não sai do meu rosto por nada. Meu olhar encontra o de Megara, ela sorri confiante.

- Cato Stoll! – ela anuncia.

Eu paro ao seu lado e olho para a multidão a minha frente, todos estão vibrando como loucos. Se ela perguntou se alguém queria se voluntariar, eu não ouvi e ninguém tampouco quis. Fico feliz por isso.

- Eu apresento a vocês – começa Megara excitadíssima. – Violet Beauregard e Cato Stoll! Tributos do distrito dois!

E a multidão explode quando ela levanta nossas mãos para o alto. Solto um riso ao ver isso, parece que eu estou mesmo fadado a ser um campeão do distrito dois. Duas vezes tributo, posso ter falhado uma vez, não vou falhar uma segunda.

O prefeito começa a ler o Tratado de Traição mas eu nem sequer dou ouvidos. Estou abobalhado demais com a idéia de estar nos Jogos Vorazes novamente, de voltar para a arena. Eu fico pensando como será agora, o que vou encontrar, quem são os tributos dos outros onze distritos... E então o pensamento vem à minha cabeça: Preciso ganhar por Clove.

A leitura do Tratado é encerrada e então Megara range:

- Agora apertem as mãos.

Megara dá um passo para trás e eu focalizo Violet Beauregard de perto pela primeira vez, seus olhos são de um âmbar vivo e brilhante. Sou o primeiro a estender a mão, que ela aperta firme. Nós nos viramos para que o hino de Panem seja tocado. Assim que esse acaba a multidão ruge excitada, isso é extasiante.

- Agora vamos, temos que ir ao edifício da Justiça, se despedirão de seus parentes e convidados lá. – diz Megara nos conduzindo para fora do palco.

É o momento em que entramos em custódia, não somos presos nem nada mas somos escoltados por Pacificadores até o Edifício da Justiça. Chegando lá eu e Violet somos conduzidos a salas separadas. Fico sozinho por um tempo enquanto trazem meus pais e meu irmão, aproveito o tempo em silencio para observar o lugar. É tudo de luxo, tapetes grossos, sofá de veludo, tudo muito clássico. Na verdade, estou a ponto de me beliscar para saber se o que estou vendo é verdade ou não, se fui mesmo escolhido para ser novamente um tributo.

A porta se abre e minha mãe e meu irmão entram primeiro. Gabe tem uma expressão impressionada.

- Cato! – minha mãe exclama e me abraça como costumava a fazer quando eu era criança, mas ela só consegue passar seus braços envolta dos meus. – Não entendo, como...

- Não há o que entender, - não posso evitar de sorrir levemente. – Eu fui uma vez não ganhei, mas não morri, me escolheram de novo... Ta bem claro que eu tenho que ganhar isso.

Minha mãe olha para mim, por mais que no nosso distrito ser um tributo é uma grande honra minha mãe não gosta da idéia de ver seus filhos aprisionados, lutando para não morrer. Ela parece até mesmo reter algumas lagrimas quando me dá seu sorriso mais encorajador.

- Cara, eu queria ser você. – a voz impressionada de Gabe se faz ouvir. – Tributo duas vezes, seguidas!

Eu olho para meu irmão caçula com uma expressão de riso.

- Sua hora vai chegar, pestinha. – bagunço seu cabelo com uma mão. – E então, alguma dica à me dar, para favorecer minha sobrevivência?

Gabe se encaminha pomposo até o sofá de veludo e se senta, se achando imponente. Eu rio com a cena

- Alianças, Cato, alianças. – ele diz sério, porém sua aparência é hilária. – Procure por água e comida primeiro, é o que posso te dizer meu irmão, não posso lhe dar a vida de mão beijada.

Gabe está apenas repetindo o que lhe foi dito por seus treinados, ele está em seu segundo ano de treinamento. Aqui no distrito dois temos centros especializados em treinar crianças, não é exatamente obrigatório que os pais coloquem seus filhos para treinar neles, mas digamos que há até mesmo uma fila de espera. Como eu já disse, aqui ser tributo é uma honra e todos querem ganhar sua casa na Aldeia dos Vitoriosos então foram criados os Centros de Treinamento. Uma criança pode começar a ser treinada a partir de qualquer idade, é bastante comum ver criançinhas de apenas cinco anos aprendendo a matar para sobrevivem aos Jogos Vorazes mais tarde. Os treinadores são antigos ganhadores dos Jogos ou lutadores habilidosos que não tiveram chance de serem tributos, as vezes algum treinador de pacificadores aparece por lá para acrescentar algo à nossas pequenas maquinas de matar.

Meus pais me colocaram para treinar assim que certa vez, eu devia ter por volta dos sete anos, me envolvi em uma briga na escola. Eu peguei uma pequena ripa de madeira e a fiz de espada, não contente em acertar o garoto eu pulei em cima dele e o mordi até sangrar. Decidiram que eu tinha potencial. Gabe foi posto para treinar assim que fez algo bastante parecido. Acho que é de família.

 

Um pacificador aparece à porta e sinaliza que nosso tempo acabou. Minha mãe me dá um ultimo abraço e Gabe me deseja boa sorte.  A porta se fecha e eu fico sozinho por alguns momentos até que meu pai entra, sua expressão severa.

Assim que a porta se fecha ele me olha.

- Então, lá vamos nós de novo... – diz.

Eu aceno com a cabeça.

- Não vou estragar tudo dessa vez. – digo. – Vou trazer a vitória para casa.

Meu pai me olha.

- Você pode fazer isso, Cato. Eu sei que pode.

Eu não pude deixar de me assustar, não era do feitio do meu pai me elogiar, ou me dar confiança.

Meu pai sempre foi muito duro, o que contribuiu para minha formação e a de Gabe. É claro, sei que ele nos ama, mas não é de demonstrar. Meu pai quase foi um tributo, sei que desde criancinha ele já lutava com espadas – coisa que eu herdei -, sei também que foi treinado intensamente mas nunca foi escolhido e sempre que tentava se voluntariar no dia da colheita seu instrutor gritava para ele que não o fizesse pois ainda não estava pronto – foi o que aconteceu ainda pouco com aquela garota na colheita e no ano passado, quando um garoto tentou ir no meu lugar, seu instrutor quase voou no pescoço dele -, assim meu pai nunca foi um tributo e então passou a treinar nos Centros. Ele treinou vários tributos, alguns até foram para os Jogos mas ele nunca chegou a me treinar.

- Você teria conseguido ano passado, se Clove não tivesse morrido diante dos seus olhos. – ele me pega pelos ombros, sou ligeiramente mais baixo. – Não se deixe abalar, Cato! Você tem de ser uma rocha insensível, como aquela garota que foi escolhida hoje!

Me confundi com a menção da garota que era minha parceira de distrito.

- Ela não parece... – começo a dizer.

- Ela... – começa meu pai antes de os pacificadores nos interromperem e ele ter de ir, não antes de me desejar sorte.

A porta se fecha novamente, acho que agora vou partir para a Capital mas ela se abre uma terceira vez. É meu treinador, Seamus, ele me treinou desde quando entrei no Centro.

- A que devo a honra? – pergunto aturdido.

Seamus ri levemente.

- Sou seu antigo treinador, garoto. Vim te parabenizar. – ele diz se aproximando e me dando tapinhas nas costas. – Uma proeza! Duas vezes tributo!

Eu sorrio e ele sorri de volta.

- Você foi meu melhor aluno, Cato. O único que eu treinei e vi um real potencial. Me falaram que eu teria menos tempo que os outros aqui, então serei rápido. – Seamus se torna sério. – Não pense que porque não foi vencedor na ultima edição dos Jogos não poderá o fazer agora. Eu te treinei como uma maquina destruidora e dentro da Arena você precisará se transformar nela. Se lembra de minhas instruções do ano passado?

- Lembro.

- Pois bem, então não preciso repetir. Apenas vá e ganhe.

Os pacificadores novamente sinalizam à porta e Seamus tem de sair.

- Eu confio em você, Cato.

E novamente fico sozinho com os zunidos da minha cabeça. Em questão de momentos os Pacificadores vêm para me escoltar até os carros que nos levaram à estação do trem. Assim que atravesso a porta para o longo corredor, avisto Violet saindo da sala em que estava também com uma forte escolta. Nós dois somos encaminhados até o carro e nos sentamos no banco de trás, calados.

Observo Violet Beauregard disfarçadamente. Não sei o que meu pai iria me dizer sobre ela, mas ela me parece um tanto misteriosa. Tem a estatura de uma garota de dezesseis anos normal, é até  ligeiramente mais alta, mas, chega apenas a altura dos meus ombros e digamos, o padrão do pessoal da arena é mais condizente com o meu tipo físico.

- Cato. – digo estendendo a mão para ela.

Ela se vira para mim, os olhos âmbar me fitando.

- Violet. – ela aperta minha mão com a mesma firmeza do palco, e sorri levemente.

No momento em que focalizei seus olhos pela segunda vez percebi algo a mais neles, não são olhos inocentes. De jeito nenhum.

Eu a analisei pelo resto do caminho, até que chegamos a estação. Assim que saímos do carro havia um enxame de fotógrafos e repórteres famintos de uma imagem ou declaração minha ou de Violet. Megara saiu de dentro do trem com os abraços abertos.

- Ora, e ai estão eles, nossos valiosos tributos! – exclama antes de nos apertar, cada um do seu lado. – Dêem um belo sorriso para as câmeras. – e sai de vista nos deixando sozinhos.

Patrocinadores ficam de olho nos tributos assim que seus nomes são escolhidos, a partir daí é importante que você mantenha a pose. Patrocinadores podem salvar sua vida dentro da Arena, eles são ricos e se gostarem de você... Tenha a certeza de que não vai passar apuros. Eles mandam as Dádivas que podem te tirar de algum aperto, isso pode ser desde comida, à um remédio caro do qual você precise. Tributos acuados e tímidos não são nada atraentes aos olhos dos patrocinadores, aqueles que parecem exuberantes, confiantes e extrovertidos sempre se dão bem então, sem pensar duas vezes lanço um sorriso conquistador para as câmeras. Me viro para o lado esperando para encontrar a garota, Violet, atordoada e frágil, toda a firmeza que havia demonstrado até agora sumindo. Me assusto ao ver: Ela esta sorrindo e acenando para as câmeras como se isso fosse cotidiano para ela, seu sorriso radiante deixaria bobo até mesmo o mais duro dos brutamontes. Parece fadada ao sucesso. Os fotógrafos gritam para ela pedindo uma pose especial para sua revista até que um deles mais a frente exclama:

- Uma foto dos tributos do distrito dois juntos? Que tal?

Os outros concordam animados e olho para ela.

-Tudo bem pra você, Cato? – ela me pergunta.

Sem hesitar pego Violet pela cintura e nós dois sorrimos, irresistíveis. As câmeras estão quase nos engolindo, os repórteres vão a loucura, muitos estão ditando o que parece ser uma narração do momento para alguma radio. Ficamos ali por alguns momentos e então temos de entrar no trem que estava parado a nossa espera.

Mark e Alicia estão lá dentro a nossa espera.

- Aí estão vocês! – exclama Mark animado. – O que foi aquilo lá fora? Vocês ficam ótimos juntos! Os fotógrafos foram a loucura e com certeza o pessoal da Capital também.

As portas se fecham e o trem começa a se mover, muito rápido. É um dos trens de luxo da Capital. Chegaremos lá em menos de um dia inteiro.

- Vocês devem estar famintos! – diz Alicia amigável. – Vamos, sentem-se à mesa. Temos muito o que conversar.

Eu assisti aos Jogos em que nossos tutores foram vencedores. Mark é um cara alto e ligeiramente forte de cabelo e olhos escuros e uma barba rala. Ele não era exatamente uma maquina dissimulada de matar, ele era extremamente estrategista e astuto, matou várias pessoas é claro mas não muitas. Ele era um Carreirista assim como todos os outros tributos do nosso distrito, porém não precisou matar quase nenhum de seus aliados, eles se matavam sozinhos enquanto ele apenas ficava na dele. Quase não passou por apertos na Arena e no final ganhou com muito louvor.

Alicia era alta com cabelos castanhos no ombro e olhar protetor. Com ela foi diferente. Ela tem esse tom amigável e doce porém na Arena era uma assassina cruel. Ela também se juntou a um grupo de Carreiristas muito seleto e eles agiam como qualquer outro. Seus aliados tramaram para eliminar seu parceiro de distrito, um cara muito esperto chamado Joseph que liderava o grupo e tinha altas chances de vencer, e assim eles o fizeram. Ela ficou na dela como se aquilo pouco a tivesse atingido, mas numa noite, como vingança pela morte armada de Joseph e para dar logo um fim em tudo ela se ofereceu para ficar de vigia e – essa foi uma das melhores edições dos Jogos Vorazes- ela matou um por um, Carreirista por Carreirista. Todos eles foram mortos fria e silenciosamente na madrugada com um corte certeiro no pescoço.

Conheci ambos ano passado e gostei deles, são ótimos mentores. Mark tem estratégias ótimas que nos garantem na Arena, Alicia sempre procura nos ajudar, e nos deixar confortáveis. É como se ela cuidasse de nós na ausência de nossas mães.

 

Nós nos encaminhamos para a mesa que está repleta de comida, eu e Violet nos sentamos lado a lado enquanto Mark e Alicia se sentam defronte a nós. Ficamos parados por alguns momentos até que Megara surge cantarolando.

- Ora, mas não começaram a comer ainda? Vamos, sirvam-se! – ela diz ocupando a ponta da mesa.

Eu e Violet nos servimos, os outros três nos seguem e todos comemos em silencio. Violet é a que primeiro termina, havia comido menos que o restante de nós.

- Não quer repetir, querida? – pergunta Alicia.

Violet nega com a cabeça.

- Não, obrigada. Já estou satisfeita. – ela fala baixo.

Megara solta um gritinho esganiçado.

- Ah, mas ela é um amor! Tão educada!

O olhar de Mark está sobre Violet, e sua expressão está fechada em desconfiança.

Depois de mais um longo período de silencio todos acabamos de comer. É Alicia quem começa a falar.

- Não posso negar, Cato, que estou feliz em te ver nos Jogos de novo. E estou assombrada também...

- Acho que é um fato inédito, - começa Mark. - alguém que não ganhou os Jogos sair da Arena com vida e ainda retornar acidentalmente na edição seguinte.

Megara limpa a garganta.

- Acho que essa 74ª edição teve muitas coisas assombrosas, o caso de Cato, dois ganhadores...

Eu finalmente me pronuncio, querendo perguntar algo que me deixou levemente curioso desde que voltei ao meu distrito:

- Acha que o que aconteceu atiçou os distritos para uma nova rebelião?

Ela fita a mesa.

- Bom, Snow ficou furioso com aqueles dois do distrito doze...

- Katniss e Peeta... – murmuro.

- Sim, ele achou uma afronta, uma provocação o que eles fizeram ano passado. Ele está com medo de que alarme os distritos. E com certeza, acho que sim, do um ao doze, todos parecem ter acordado novamente, vão fazer um levante a qualquer hora.

Há um momento de silencio na mesa e então Mark começa:

-Mas agora vamos deixar esses assuntos pra lá, vamos cuidar de vocês dois, tributos.

Ele sorri e Alicia se vira para nós.

- Nós somos a corda que vocês têm para o mundo fora da Arena, e nós estamos dispostos a tirar vocês com vida de lá, - ela vacila. – pelo menos um de vocês. Tudo o que pudermos fazer para ajudá-los nós iremos fazer. Agora, nós não iremos fazer milagres, é como se vocês já viessem quase prontos e nós só damos o toque final. Então, vamos lá, o que vocês sabem fazer.

Eu já havia demonstrado minhas habilidades às eles no ano passado mas tenho impressão de que Alicia perguntou à mim e Violet para que ela não se sinta excluída, pressionada ou algo do tipo já que ela é a única estranha.

- Eu sou ótimo com a espada e no braço também. – digo cruzando os braços e me recostando na cadeira.

- Eu... não tenho uma habilidade especifica. – diz Violet com a voz estável.

Os mentores e Megara se olham.

- Como não tem uma habilidade especifica? – pergunta Mark com as sobrancelhas erguidas. Violet encolhe os ombros. – Como foi treinada?

Ela se recosta assim como eu.

- Meu pai é pacificador, ele nunca teve tempo para me treinar então me colocou no Centro de Treinamento quando eu ainda tinha quatro anos.

- Estranho, nunca te vi por lá. – digo.

- Eu treinava junto com outros poucas vezes, - ela me olha de volta. – a maior parte do meu treinamento era particular.

Alicia olha para Mark de relance, tentando disfarçar.

- Bem, - diz ela. – vocês dois devem estar quebrados. Vou levá-los até seus quartos. Cuidaremos disso mais detalhadamente depois.

Tenho a impressão de que ela quer apenas nos tirar de lá para que ela, Mark e Megara discutam sobre nós. Realmente quando alguém recebe treinamento particular se tem um motivo: Ou a pessoa é ruim demais, ou boa demais. E, Violet Beauregard, no seu vestido rodado e florido, seu cabelo cuidadosamente penteado e enrolado não parecia exatamente uma assassina calculista.

 Alicia nos leva até outra parte do trem, cada um de nós tem um compartimento inteiro, ela se despede de nós e diz que vai nos deixar dormir por algumas horas e que tudo e todos estão a nosso dispor.

Eu já tinha experimentado essas coisas da Capital antes, mas a tecnologia avançada ainda está me parecendo nova e curiosa. Por mais que eu queira mexer em tudo me contento em deitar na cama e observar o céu se escurecendo aos poucos. É o único momento em que paro pra pensar em tudo o que aconteceu nos últimos tempos: Fui um tributo, Clove morreu diante de mim, eu estava prestes a morrer, sai da arena com vida e fui escolhido para ser um tributo de novo. 

 

Depois de algumas horas pensando em assuntos soltos, todos relacionados aos Jogos, ouço batidas na porta e escuto a voz de Megara me chamando para ver a reprise das colheitas em todos os doze distritos.

Me levanto e troco minha roupa sem nem ao menos ver o que estou vestindo, há tanta coisa na gaveta que nem me preocupo em escolher.

A sala onde assistimos à reprise fica em um dos últimos compartimentos do trem. Quando chego só Alicia, Mark e Megara estão sentados nos confortáveis sofás conversando entre si. Assim que piso o pé lá eles param imediatamente.

- Ah, olá. – diz Megara sorrindo. – Descansou?

- Não muito. – respondo indo me sentar num dos sofás que ainda está vazio.

A porta do compartimento se abre novamente e eu me viro automaticamente para ver Violet. Trocou o vestido e o cabelo preso com o maior dos cuidados por uma camiseta branca, calça preta e está descalça. O cabelo ainda com aparência úmida.

- Oi. – ela diz indo se sentar no sofá de frente ao meu, sozinha.

Observo-a se sentar e puxar as pernas para cima.

- Dormiu um pouco? – pergunta Alicia à ela.

Violet assente.

 

Assim que o programa começa todos ficamos em silencio e só há espaço para alguns comentários de nosso mentores e Megara. Assistimos todas as doze colheitas. Um menino de cabelo castanho e uma menina loira do distrito um e então a colheita do meu distrito. Observo o nome de Violet ser chamado e ela se encaminhar para o palco e logo depois meu nome é chamado e eu sigo o mesmo caminho que ela. Alguns apresentadores da capital - incluindo o famoso Caesar Flickerman - ficam comentando alguma coisa aqui e outra ali durante a reprise e assim que Violet é focalizada um deles solta:

- Ah, vejamos bem, como essa amável garotinha vai sobreviver à esse rapaz forte que é seu companheiro de distrito?

Ele e seus companheiros riem debochadamente.

Na mesma hora olho para Violet e vejo que ela está sorrindo desdenhosa. Seus olhos sobem e me encontram para logo depois se virarem para a televisão novamente.

 Logo depois dois irmãos de pele oliva e cabelos castanhos são escolhidos no distrito três. Uma menina de cabelos castanhos e olhos azuis do quatro. Na colheita do distrito sete tiram o nome de uma garotinha e de um garotinho, ambos devem ter doze anos, mas aparentam dez. A apresentadora pergunta se há alguém que deseja se voluntariar, mas ninguém aparece.

- Eles são tão pequenos... – a voz de Violet sai esmagada.

- Esses são os Jogos Vorazes. – diz Mark lamentoso.

Dá até para se sentir a pena pairando entre nós. Será que aqueles dois não têm irmãos mais velhos ou algo assim? Eu sou um Carreirista mas não posso deixar de me sentir incomodado de ver crianças de aparência tão frágil e assustada entrando na Arena para morrer – é mais que evidente que eles não têm chance.

Depois de algum tempo reparo em uma menina esquisita do nove. E um menino e uma menina bem magros do doze. Houveram apenas dois voluntários, os tributos do distrito um.  Eles parecem ser bastante espertos e fortes, parecem perfeitos para uma aliança. Já decido que os quero, quero também a garota do quatro e gostei do cara do três, todos fortes e com aparência mortal. Mas também quero outra pessoa: a “amável garotinha” que está sentada um metro à minha frente, abraçada aos joelhos. Violet tem a aparência inocente mas algo no olhar dela me fez pensar que ela não é simplesmente o que parece.

 Está decidido, quero Violet Beauregard comigo nos Jogos Vorazes.


Notas Finais


Mereço comentários? Até a próxima!


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