1. Spirit Fanfics >
  2. A Última Gota >
  3. Capítulo vinte e três

História A Última Gota - Capítulo vinte e três


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Sim, este é o último capítulo da fic e sim, eu estou chateada porque o penúltimo capítulo não teve ao menos UM comentário, o que me deixou bem desanimada. Espero que gostem e por favor leiam as notas finais.

Capítulo 24 - Capítulo vinte e três


Temos tempo somente de uma breve despedida com Caesar Flickerman, que insiste em dizer que somos seus tributos favoritos, então somos levados para fora do Centro de Treinamento. Dentro do elevador Violet recosta a cabeça no meu ombro e eu a sinto suspirar. É um alivio pra mim também saber que finalmente voltarei pra casa, mas essa tranqüilidade seria muito maior se não estivéssemos sendo regulados de perto por Snow. Nas ruas, mesmo debaixo de uma chuva considerável, uma multidão enlouquecida e carros de luxo nos esperam. Na estação, o trem já está pronto.

Já na plataforma nossos estilistas vêm se despedir, Victor segurando um casaco de couro, na mesma cor do vestido de Violet.

- É meio simbólico. – ele diz a Violet. – Uma maneira de dizer que sempre vamos estar aqui quando precisarem.

Violet se vira e ele a veste.

- Quero vestidos esplendidos para a Turnê, da maneira que só você sabe fazer... – ela diz.

- E vão ser, vão ser. Vou preparar cada um deles com a cabeça em você, criança. – ele ri.

Violet sobe o zíper e se vira novamente para abraçá-lo.

- Tudo bem, podem ser bonitos desde que não deixem a minha namorada com as carnes muito expostas. – digo sentindo um pequeno ciúme.

Após se separar de Violet, Victor ergue as mãos em sinal de rendição.

- É claro, não quero levar uma surra... – ele estende a mão e eu a aperto

Nós rimos e Mars se adianta até mim.

- Não vão fazer besteiras. – ela avisa a nós dois. – Entenderam?

Eu e Violet assentimos e então ela nos abraça. Victor e Mars são estilistas fora de série, tenho de admitir, tanto pelo ótimo trabalho que fazem quanto pelas pessoas que são. Os dois se vão e é hora de entrarmos no trem. Enquanto o trem só acelera, só temos tempo de ir até a janela mais próxima e olhar a imagem da Capital se afastando, pois logo o jantar é servido. Consigo engolir pouca coisa e Violet ao menos toca na comida, mais tarde nos sentamos para ver a reprise da entrevista e é só. Nossos mentores e Megara apenas dizem até logo e vão dormir já que em poucas horas chegaremos no distrito dois. Tem que ser agora, eu não aguento mais esperar, eu e Violet precisamos falar sobre tudo o que aconteceu.

- Acha que há câmeras aqui? – pergunto.

- Meio improvável. – ela responde desmanchando o penteado lateral feito em seu cabelo.

Passo a mão pelo rosto, agoniado, não sabendo como começar a falar.

- Eu tenho tido pesadelos à noite. – começa Violet descrente. – Nunca me senti tão suja em toda a minha vida.

- Te entendo, mas, além de sujo, me sinto um idiota por passar dezoito anos idolatrando os Jogos Vorazes. E pensar que eu me voluntariei... Nem quando Clove morreu eu fui capaz de raciocinar.

- Sabe, eu nunca idolatrei eles assim, mas ir para arena nunca me pareceu uma má idéia. Meu pai é outro que nunca foi daqueles que fica animado para os Jogos começarem.

- Mas não foi seu pai quem te colocou pra treinar? Pensei que ele fosse um desses que sonha que os filhos sejam campeões dos Jogos.

Violet balança a cabeça.

- Não, meu pai não é assim. Ele me colocou para treinar bem pequena sim, mas, agora eu entendo que foi uma maneira de me defender. Agora eu finalmente entendo meu pai e as coisas que ele dizia. Ele é realista, no fundo não gosta da idéia dos Jogos, mas sabe que é algo iminente. A única maneira que encontrou para proteger as filhas foi essa, nos preparando para o pior. Eu via a maneira com a qual meu pai falava sobre isso e ficava confusa, mas só entendo agora, depois de ir para a arena. Meu pai só vê os Jogos como eles são.

- Eu queria que meus pais fossem assim, mas não. O sonho do meu pai quando tinha minha idade era ir para a Arena. Sempre percebi que minha mãe nunca gostou muito, mas não falava nada.

- Minha mãe é mais complicada. Ela é indiferente aos Jogos, mas tem idolatria pela Capital.

- Todos lá no nosso distrito são assim.

- Não, uma minoria se salva.

Nós damos longos suspiros.

- E agora? – Violet pergunta.

- Agora... Eu não sei. – digo com sinceridade.

- Talvez ele nos deixe em paz depois da Turnê.

- Essa possibilidade não existe Violet, ele vai nos perseguir. Nós afrontamos Snow, eu duas vezes. Meu erro foi apenas ficar vivo!

- Acha mesmo que esses Jogos foram apenas pra exterminar você? Digo, terminar o que eles haviam começado? Pelo menos foi isso que Alicia me disse...

Eu rio irônico.

- Com certeza foi. Se dois sobreviventes são inaceitáveis, imagine três. Eu fui um erro, Violet.

- Por isso eles mataram Seneca Crane...

Eu quase caio do sofá.

- Mataram Seneca Crane?

- Mataram. Haymitch me disse que Snow ficou tão furioso que matou o cara e... Sinceramente? Acho que ele também já deu um jeito no Idealizador dos nossos Jogos.

Eu me sinto extremamente estranho e gelado. Estou lidando com algo maior do que imaginava.

- Nós concretizamos uma rebelião, Cato. Katniss e Peeta começaram a idéia e quando nós fizemos a mesma coisa foi como se aceitássemos a proposta em nome de todas as outras pessoas dos outros distritos. Os rebeldes viram que se até um distrito carreirista desafia a Capital eles podem fazer o mesmo. É claro que quem alavancou a coisa toda foram eles, mas nós tornamos a idéia concreta. Somos tão culpados quanto.

Violet dá um longo suspiro.

- Mas, uma rebelião não seria uma má idéia...

Ela me olha séria.

- Acho a mesma coisa, eu apoiaria tudo se não fossem as vidas dos nossos pais e dos nossos irmãos em jogo. A vida deles e a nossa também. Vamos ter de tomar muito, mas muito cuidado mesmo. Qualquer coisa que dissermos pode parecer mais uma afronta e então vamos estar perdidos de vez.

- Temos de tomar cuidado, - concordo. – mas para proteger os outros e não nós. Ele não iria nos matar assim tão fácil. Tenho certeza de que primeiro ele nos faria concertar tudo.

- Provar pra todo mundo que amamos a Capital e todo o resto...?

- É.

Ficamos num silencio o qual quase dá para se ouvir as engrenagens funcionando em nossas cabeças.

- Você se arrependeu? – Violet me pergunta de repente.

- Do que?

- De mim. De tudo. Você poderia simplesmente ter me matado e saído vencedor. Sua família e você estariam a salvo. Você voltaria tranquilamente, sem essa confusão toda nos ombros.

Olho sério para Violet, mas posso realmente ver o medo em seus olhos.

- Quer saber mesmo? – eu me aproximo. – Eu faria tudo de novo se fosse preciso, se fosse por você.

Violet sorri e me beija.

   - Será que demoramos a chegar?

- Acho que não, algumas horas talvez.

No silencio Violet despe o casaco, chuta os saltos altos para longe e se enrosca em mim. Passamos o resto da viagem deitados.

 

Eu observo Violet em seu sétimo sono, enroscada no meio das minhas pernas. Eu mantenho os braços a sua volta, mesmo sabendo que não é preciso. Já não estamos na arena. Vejo-a subir e descer em meu peito por conta da minha própria respiração e sinto como se meu coração estivesse rachando. De que adianta termos conseguido sair dos Jogos juntos, se nunca mais teremos a tranqüilidade de sermos pessoas normais? Afasto alguns fios dos seus olhos, ela se mexe, torcendo o nariz, e se agarra ao meu braço. Eu faria de tudo pra cuidar dela, Violet vale a pena.

Acordo quando tudo já está escuro. As luzes passam pela janela e eu arfo quando finalmente consigo ver a montanha que abriga as forças da Capital. Estamos em casa.

- Violet. – eu a chamo com os olhos vidrados na janela. – Violet, olha isso. Chegamos!

Ela abre os olhos, ligeiramente tonta, mas fica tão espantada quanto eu quando avista o nosso distrito. Nós nos levantamos correndo e nos penduramos na janela, como duas crianças.

- Eu não acredito... – ela sussurra.

- Acabou. Acabou. – eu digo e passo meu braço por seus ombros.

Não demora muito e Alicia, Mark e Megara aparecem para nos posicionar.

- Estão em casa agora. – diz Alicia, mas nós nos recusamos em tirar os olhos do distrito dois.

Somos forçados a nos virar e nos recompor para a ultima aparição para as câmeras, logo que chegarmos na estação.

Eu vou até um pequeno banheiro para lavar o rosto enquanto escuto Megara reclamar para Violet do penteado desfeito. Quando volto estão todos alertas e já é possível ver a estação mais a frente.

- Venham aqui vocês dois. – chama Megara. – Chegaremos em alguns instantes e tenho a certeza de que o que virá a seguir é o que vocês mais anseiam. As portas se abrirão e vocês devem sorrir, pois os fotógrafos e repórteres estarão lá. Suas famílias já estão esperando por vocês, eu os deixarei lá e então carros levarão vocês até a Aldeia dos Vitoriosos.

Megara faz uma pausa e nos olha sorrindo tristemente.

- São meus tributos preferidos, de verdade. – ela nos puxa para um abraço. – Agora dêem um descanso para Mark e Alicia, ok? Quero vê-los nos próximos Jogos como mentores, os dois!

- Nós vamos estar lá, Meg. – responde Violet quando nos afastamos. – Não vai se livrar de nós tão cedo.

Megara ri.

- Agora vamos, vamos! Sorriam!

Eu e Violet nos viramos para as portas de metal. Nos olhamos nervosos e nossas mãos se entrelaçam automaticamente, eu sinto receio de ter de soltá-la em alguns instantes e dessa vez de um modo mais definitivo. Agora não somos apenas nós, ela vai para sua família, e eu finalmente para a minha. Não nos veremos a todo o momento como antes, mas por outro lado, alguns segundos nunca foram tão longos. Eu sinto o trem desacelerar e meu coração dispara por saber que finalmente estou em casa, que meus pais e meu irmão mais novo estão apenas a alguns metros de mim agora.

As portas se abrem e os flashes imediatamente me cegam, demoro um pouco para me acostumar e então finalmente os vejo. Eu e Violet saímos juntos do trem, mas ouço-a gritar o nome de uma das irmãs e logo nos soltamos. Minha mãe corre chorando até mim e me abraça.

- Cato! Eu fiquei com tanto medo... Ah meu Deus, finalmente você está em casa! – ela chora.

- Eu disse que ia voltar! – é o que consigo dizer.

- Caraca! Você ganhou! Cato, você ganhou! Você é um vitorioso! Meu irmão é um vitorioso dos Jogos! – ouço a voz de Gabe e ele logo pula em mim.

- Eu sabia que você ia ganhar! – ele diz alucinado.

- Eu senti sua falta, pestinha. – digo rindo.

Meu riso logo cessa quando meu pai aparece. Sério como sempre, uma rocha.

- Oi. – digo.

- Cato, - ele começa. – estou orgulhoso de você.

Acredito que seja uma das raras vezes que isso irá acontecer em toda a minha vida, mas eu abraço meu pai. Mesmo os Jogos sendo tudo o que são, mesmo sabendo de tudo o que agora sei me sinto aliviado por ter ganhado, por ter deixado meu pai orgulhoso, por não ter falhado com ele uma segunda vez.

- E estou ainda mais orgulhoso ainda pela garota. – ele diz para que somente eu escute.

Quando me afasto posso ver meu pai sorrindo. Eu me viro para o lado e vejo Violet mais adiante ajoelhada no chão e agarrada a uma garotinha que acredito ser Rose. As duas choram e ainda mais longe vejo uma mulher parecida com Violet segurando as mãos de uma menininha que deve ter seus dois anos de idade. Violet se separa de Rose e estende os braços para ela. Breeze se solta da mão da mãe e anda com dificuldade até Violet.

- Ai meu Deus, você ta andando! Minha Breeze ta andando! – ela chora pegando a mais nova no colo.

A mãe de Violet é uma mulher jovem, deve ter seus trinta e poucos anos, seus traços apenas lembram os de Violet e a diferença mais gritante – pelo menos para mim – está na cor dos olhos. A mais parecida com a mãe é Rose, que é a copia absoluta, enquanto Breeze tem traços que devem ser do pai de Violet, que parece não estar presente. Violet também nota a ausência do pai e lança um olhar triste à mãe.

- Meu pai não veio? – ela pergunta.

- Não, meu amor, ele não conseguiu. O trabalho está pesado. – ela diz, tem uma voz elegante.

Violet se levanta com a irmã mais nova nos braços ainda agarrada à mão de Rose. Ela vai até a mãe e a abraça, em seguida se vira, me vê e sorri. Seus lábios dizem silenciosamente “acabou”. Até eu me permito chorar quando o peso de ter saído da arena finalmente me atinge. Violet deixa Breeze no colo da mãe e corre pra mim. Eu ergo a do chão enquanto nos beijamos e escutamos uma multidão rugir. O distrito dois inteiro está nos observando e nós nem sequer havíamos percebido. Todos gritam e fazem um estardalhaço, os repórteres da Capital narram tudo em tempo real e os fotógrafos nos engolem. Nos separamos apenas quando pacificadores se aproximam para nos escoltar. Quando nos viramos para a saída da estação tudo o que vemos é gente gritando e comemorando. Violet pega suas irmãs novamente e nós entramos em carros separados.

- Caramba, Cato, sua namorada é uma gata. – diz Gabe com o nariz pregado no vidro das janelas para ter uma ultima visão de Violet.

- Tira o cavalo da chuva, moleque. – eu rio e dou um tapa em sua cabeça. – Violet é areia demais pra você.

Ele encolhe os ombros e se endireita no colo da minha mãe. O caminho até a Aldeia dos Vitoriosos – a terceira e mais nova etapa já que as outras se encheram - é difícil, há pessoas por todo canto e a passagem é complicada, mas depois de alguns minutos conseguimos chegar e a única coisa que penso é em como é incrível. Casas luxuosas e bem novas, que dão duas da minha antiga. A recepção lá é mais contida, apenas os vitoriosos anteriores nos esperam já que o restante da população ficou apenas na entrada, barrada por uma corrente de pacificadores.

Quando saímos do carro somos parabenizados pelos vitoriosos – e eu falo como se também não fosse um - e o prefeito já está a nossa espera, com duas chaves nas mãos. Ele nos indica duas casas lado a lado no final do grande circulo composto por mais outras oito construções, nós completaremos mais uma etapa da Aldeia e eles terão de começar uma nova. Se bem que já não estou tão certo se haverá mais vitoriosos com tudo que está acontecendo. Eu e Violet pegamos cada um uma chave e nos encaminhamos para os portões baixos, subimos a pequena escadaria de quatro degraus e paramos defronte a porta.

Quando ambas as chaves encostam nas fechaduras, nós paramos e nos olhamos. É até perto. Nós sorrimos um para o outro, e meu coração se aperta novamente por ter que me separar de Violet mesmo que por algumas horas. Eu visualizo seu sorriso feliz para mim e tenho que a certeza de que a amo. Espero que ela tenha essa certeza também. Olho novamente e fechadura e sei que de agora em diante nada será como antes. Nesse ultimo mês minha vida mudou completamente e agora eu sou um vitorioso e um alvo da Capital.

Eu sou Cato Stoll, eu fui para os Jogos Vorazes, perdi minha melhor amiga lá. Sobrevivi e me mandaram novamente para a arena a fim de me matar. Eu consegui novamente, trouxe a mulher da minha vida comigo e ainda alavanquei uma rebelião contra a Capital. Isso não é pra qualquer um, não mesmo. Com medo, mas sorrindo, eu giro a chave. A chave que indica minha nova vida.


Notas Finais


E... Esse é o final da nossa fic, gente. Gostaram do capítulo, da fic inteira? Quero comentários me contando o que acharam tanto do ultimo capítulo quanto da história por completo, me contem como acharam a fic aqui, como começaram a acompanhar e tudo o mais. Quero saber de tudo kk. Agora eu quero agradecer a todos, os que me mandaram comentários, às meninas do #TeamCalet kkkk - fiquei me sentindo muuito quando vocês criaram o ship kkk - os que vêm acompanhando a fic ainda que não comentem, Sério, muito obrigada por tudo e espero que vocês tenham realmente gostado do meu "trabalho", vamos por assim dizer. Agora, eu disse que teria uma surpresa pra vocês e, aí vai... A fic vai ter uma continuação! Além dessa aqui, ainda vão ter mais duas que estou escrevendo! Desde o inicio eu tinha na cabeça a ideia de fazer uma "trilogia" de fanfics e quando vi que A última Gota foi bem aceita resolvi colocar o projeto em prática de vez e, vocês gostaram? Por favor me digam o que acham dessa ideia. Mas, para todos os efeitos, eu irei postar o "volume dois" em breve - tanto aqui quanto no Nyah! - vou apenas esperar minhas aulas acabarem e eu colocar minha vida em ordem, o que não deve demorar muito. Daqui a alguns dias (no máximo uns três)vou postar uma espécie de aviso aqui, liberando o título na nova fanfic, a sinopse e também a data da postagem e pá, aviso este que irei excluir muuuito rapidamente pra fic não ser excluída ou sei lá o que. É isso, obrigada mais uma vez e podem se desculpar comigo neste capítulo pela falta de comentários no anterior! Eu aceito! Mas, sério, fiquei muito chateada. Muitos beijos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...