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História A Última Gota - Parte III - Capítulo dezenove


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Espero que gostem (:

Capítulo 20 - Parte III - Capítulo dezenove


- Parece que não ficou muito contente em me rever. – Ryan torna a dizer.

Eu me torno incapaz de falar, minha raiva e meu medo não deixam. Ele tem Violet presa numa gravata, ela me olha assustada.

- Solta ela... – consigo dizer.

- Não... – ele ri. – Porque eu faria isso? Vim pegar o que é meu, Cato.

- O que, a vitória? – rio com ironia. – A vitória é minha e de Violet, nós dois vamos voltar pra casa.

A expressão de Ryan se enfurece, seu rosto está sujo e arranhado, assim como suas roupas, seu cabelo está desgrenhado.

- Quem falou em vitória? – sua voz é amargurada. – To falando dela.

O ar dos meus pulmões vai embora e se esquece de voltar. Meu pesadelo... O pesadelo que tive com Violet há alguns dias. Eu me aterrorizo ao constatar, está acontecendo exatamente o mesmo. Cá estamos nós, numa clareira, Ryan mantém Violet de refém. No meu pesadelo Ryan... A matava.

- Eu não sou sua, Ryan. – Violet chora.

- É, minha linda, - ele alisa seu rosto e começa a chorar e rir ao mesmo tempo, maluco, como no dia em que praticamente a atacou. – você é minha, Violet.

- Se ela pertence a alguém aqui, é a mim, seu filho da mãe. – a raiva me sobe à cabeça. Eu preciso salvar Violet, isso não pode acabar como em meu pesadelo.

Ryan solta uma gargalhada.

- Eu sabia... – ele ri em meio a um choro amargo. – Você, me tirou ela. Estava tudo indo bem, Cato, e então... Você a fez se apaixonar por você. E me esquecer. ESTAVA TUDO INDO BEM! –vocifera, louco.

- Estava... Ah sim, estava tudo indo bem... Até que VOCÊ se apaixonou por ela.

Uma voz calma e assustadora diz e então Revlon surge das sombras das árvores. Eu olho pasmo de um para o outro, Ryan e Revlon.

- Estaria tudo certo, se você não tivesse se apaixonado por ela, Ryan. VOCÊ ESTRAGOU TUDO!

Estragou tudo? Então... Tudo se liga rapidamente em minha cabeça. Os cochichos deles sobre nós antes da Arena, os olhares estranhos de Revlon sobre Violet, a “discussão” de Ryan e Revlon na Cornucópia, os pedidos de desculpas para tentar manter a aliança a salvo.

- Entendeu, não foi, Cato? – Revlon lê minha expressão. – Finalmente.

- Vocês dois... Todo o tempo...

- É. – ela sorri maldosamente. – Todo o tempo. Essa é a parte em que eu conto o plano todo? Ok. Vamos começar. Desde o momento em que vi a colheita de vocês soube que teria problemas, fortes demais, os dois, e eu não aceitaria perder os Jogos Vorazes. Fiz uma aliança com Ryan e nós traçamos um plano. Faríamos uma aliança com vocês e na hora “h”...

Ela faz um movimento rápido, simulando um corte em sua garganta.

- Mas vocês estragaram a brincadeira... Esse idiota, - ela aponta Ryan. – estragou a brincadeira. Primeiramente vocês chamaram outras pessoas para a aliança. Tsc, tsc, tsc, não, era para ser uma coisinha só nossa, Cato. Kaya e Owen só estragaram e retardaram tudo... Portanto, tive que dar um jeitinho neles.

Revlon ri, maldosamente. Violet se debate e grita exasperada:

- VOCÊ, SUA DISCIMULADA! FOI VOCÊ!

A morte misteriosa de Owen.

- Não é bonito ofender as pessoas, Violet. – Revlon imita um tom amigável e então continua de um jeito sinistro. – Fui, fui eu sim. Me levantei de madrugada e matei Owen na calada da noite. Ele cochilou, o que facilitou tudo pra mim. No dia em que os bestantes nos seguiram eu... Dei um jeitinho para Kaya tropeçar e ficar para trás, foi o que bastou e lá se foi ela... E então o caminho estava livre novamente, mas... Surgiram imprevistos.

A expressão de Revlon se torna terrível.              

- Amor. O maior imprevisto que tive. Ryan se apaixonou por Violet quando seu trabalho era na verdade somente seduzi-la.

- Eu sabia... – chio para Revlon. Ela sorri para mim. Porque será que não estou surpreso com tudo o que acabo de descobrir? Talvez, porque eu já esperava... Porque no fundo nenhum deles me enganou.

- É claro. Então... O imprevisto que me atrapalhou totalmente... Você e Violet se apaixonaram. Ah, como é lindo. – ela diz irônica. - Eu notei antes que vocês próprios notassem, mas então já era tarde demais. Minha única saída foi tentar manter a aliança intacta, mantê-los por perto para então dar a vocês uma morte silenciosa como a de Owen, mas... Maldita briga, maldito seja você, - ela se vira enfurecida para Ryan. – que não conteve sua vontade por ela. Se vocês não tivessem se estapeado, você e Violet não teriam saído e voltado aos berros um com o outro, quase se matando... Ou...

É a minha vez de rir na cara de Revlon.

- Então quer dizer que aquela encenação te enganou?

Revlon parece ter engolido algo muito amargo.

- Bem que eu imaginei...

- Nós não tínhamos brigado. Pelo contrário, - eu olho Violet. – naquele dia descobrimos o que você diz ter descoberto antes mesmo de nós.

- Eu e Cato fugimos. – Violet completa. – De baixo do seu nariz!

Nem Revlon nem Ryan falam.

- Mate-a. – ordena Revlon furiosa.

- NÃO – eu vocifero e avanço para Ryan.

Revlon é mais rápida e avança contra mim com um facão – não havia notado a arma -, mas consigo bloqueá-la. Eu e Revlon começamos a lutar, mas eu quero mais é matá-la de uma vez e então salvar Violet.

Não será preciso.

Vejo o que é inacreditável e então me lembro do que vi no Centro de Treinamento, Violet nocauteando um cara duas vezes maior que ela. Assim acontece. Vejo-a ainda presa por Ryan, mas em segundos ele está no chão, lutando por ar. Violet deu-lhe uma rasteira, o que o desequilibrou, e então se dobrou para frente, o que o fez cair. Violet praticamente o atirou no chão, ele com seus cem quilos. Eu rio com a cena para logo desviar de um golpe de Revlon. Violet acha seu machado no chão e então corre para Revlon. Ela percebe e se vira na mesma hora que Violet iria lhe acertar na cabeça.

De algum modo Violet consegue afastar Revlon de mim, de modo que quando Ryan se levanta nós quatro ficamos frente a frente. Todos enfurecidos e ofegantes. É agora, o final. Revlon contra Violet, Ryan contra mim. Facão contra machado, foice contra espada. Desfiro um golpe contra as pernas de Ryan, mas ele pula e tenta me atingir na cabeça. Eu desvio.

É árdua a luta, de modo que Revlon e Violet desaparecem de vista e nós dois ficamos lá, tentando nos matar.

- Vou te ensinar, a não roubar o que é dos outros, Cato.

- Ela nunca foi sua, Ryan.

Sua foice passa raspando a minha cabeça e então consigo chutar seus joelhos. Ryan tropeça um pouco, mas não cai.

Faço inúmeras tentativas de derrubá-lo, perfurá-lo e nada. Ryan é bom, tenho de admitir. Eu vou ficando cada vez mais agoniado, vez ou outra consigo escutar algum grunhido gutural ou grito. Violet e Revlon estão lutando em algum canto. Violet também está lutando arduamente.

Por uma distração de Ryan consigo fazer um talho em seu rosto, mas ele logo revida e abre um corte profundo na minha perna. Eu reprimo o grito de dor. Mancando e agonizando eu chego a pensar que não há jeito, irei morrer pela foice de Ryan, mas um sinal me da esperança. Ele está se cansando. Seu esforço está sendo maior que o meu, ou talvez eu tenha mais resistência, não sei, mas percebo que ele está definhando. Ouço um urro de Violet e me alarmo, tenho de apressar isso logo, preciso acabar com Ryan.

Invisto contra ele novamente, tenho de ser rápido. Não me preocupo em acertá-lo, pois tenho é de cansá-lo, uma vez esgotado um golpe irá bastar. Vejo que ele está perto de cair quando sua foice passa longe do meu abdômen, onde ele pretendia acertar. Acerto um novo chute em suas pernas, Ryan cambaleia e cai. Eu venci.

Os olhos de Ryan se arregalam em horror enquanto eu me aproximo de jeito arrogante.

- Nem parece o cara que me desafiou um dia, não é Ryan? – digo, minha voz sai assustadora.

- ‘Perai, Cato. – ele diz.

Abaixo a espada por um momento, realmente sentindo pena de Ryan, mas então em lembro de que ele pretendia me matar, pretendia matar Violet.

- Desculpe, mas eu quero voltar pra casa. E vou levar Violet comigo.

As últimas palavras de Ryan morrem em sua garganta porque atravesso seu coração de uma só vez. Ele me olha por alguns momentos e então seu olhar se torna desfocado e ele cai inerte no chão. O canhão vem e parece que meu braço se torna chumbo puro. A espada cai de lado e eu congelo. Eu me sinto mal, vejo o corpo ensangüentado de Ryan e me dá vontade de vomitar. O que me acorda é um grito enfurecido que julgo ser de Violet. Sussurro seu nome e então me encho de coragem novamente. Pego a espada e sigo para minha direta, de onde acho que vêm os gritos.

Estava mais perto do lago do que imaginava, logo as arvores se espaçam e eu vejo Violet e Revlon. Sem duvidas, a coisa entre elas está mil vezes pior do que estava entre mim e Ryan. Ambas estão sujas, digo, sujas mesmo. As roupas rasgadas, totalmente arranhadas, Revlon tem um corte que sangra sem parar em sua perna. Violet está um tanto melhor, mas há um corte profundo em sua bochecha esquerda. Elas devem ter rolado tanto que já estão descalças sobre as pedras da beirada do lago. Se olham enfurecidas, frente a frente. Das facas de Violet só resta uma presa a sua perna.

Sem aviso elas avançam uma contra a outra, como dois bichos se enfrentando, e rolam pelo chão. É terrível. Revlon consegue subir encima de Violet e então eu avanço contra ela. Em vão. Revlon me nota e rola de cima de Violet bem a tempo, tão encima da hora que é preciso que Violet bloqueie minha espada com seu machado para não acertá-la. Revlon se afasta de nós, ligeiramente acuada, sua expressão é de alguém transtornado mentalmente. Eu ajudo Violet a se levantar.

- Ryan... – chama Revlon. – RYAN!

- Ele já era. – digo girando a espada ainda suja. – Não ouviu o canhão?

Os olhos de Revlon se arregalam.

- Seu jogo não adiantou em nada, Revlon. – arfa Violet, em seguida ela me olha de uma maneira aliviada e intensa.

Revlon da um passo para trás então percebo que ela manca.

- Não ta acabado ainda, eu não estou morta.

Novamente sem aviso ela avança contra mim e Violet, brandindo o facão. Eu me preparo para atingir justamente seu braço que segura a arma mas, quando ela está praticamente encima de nós, tira uma adaga de não sei aonde. A única coisa que sinto é um empurrão. Caio esparramado no chão e quando levanto os olhos, o que vejo me deixa estático. Violet está parada, onde eu estava segundos antes, vejo a adaga cravada próxima a seu peito. Vejo-a respirar fundo e o ar foge de meus pulmões, meu coração parece parar por alguns instantes, mas o grito fica em minha garganta quando a vejo mexer o braço e então percebo que a adaga atingiu-lhe apenas lá.

Vôo encima de Revlon, no instinto de proteger Violet. Ela apara meu golpe facilmente, mas eu sou realmente um páreo duro para ela. Eu tento visualizar Violet, mas ela não me é visível, me desespero com isso, mas preciso acabar logo com Revlon e então nós dois estaremos bem. Consigo fazer um corte no braço de Revlon e ela vacila, mas logo tenta me atingir com o facão. Eu bloqueio.

Com ela não será tão fácil como foi com Ryan, Revlon tem um bom preparo e está sedenta por sua vitória, pelo meu sangue e pelo sangue de Violet, não conseguirei vencer isso apenas cansando-a. Não posso contar com Violet agora, já que ela está esfaqueada no braço. Não consigo nem ao menos ouvir seus gemidos de dor.

Dirijo o olhar para as costas de Revlon ao mesmo tempo que bloqueio um de seus golpes e vejo o lago. Estamos numa parte bem crítica dele, sua borda é comum, vai ficando fundo aos poucos mas aproximadamente a uns cinco metros distante da terra fica uma queda. É como se a borda fosse um banco de areia, nesse ponto afunda de uma vez, e é uma profundidade bem razoável. Dá para se enxergar o fundo, mas não dá pé – é onde o lago se transforma em rio e corre para dentro da floresta. Talvez eu consiga levar Revlon até lá e então... Ela tinha seu plano para nos matar, pois bem, acabo de que criar o meu.

Invisto contra ela com mais força e lentamente nós vamos nós aproximando da água. É difícil mas eu sou maior e mais forte. Me sinto aliviado quando escuto o barulho da água assim que nós a alcançamos. Só mais um pouco... Um metro... Dois metros, mas então Revlon pára. Seu sorriso para mim é debochado.

- O que ta querendo, Cato? – ela investe, mas eu a bloqueio. – Pensou que eu me esqueceria do detalhezinho da profundidade?

Merda. A raiva me sobe a cabeça e eu invisto contra Revlon descontroladamente.

Eu sempre tive problemas com o descontrole da raiva, mas desde os últimos Jogos vi como isso me atrapalha. Eu ajo sem pensar, o que acaba me ferrando. Desde então venho me segurando, mas agora, ficou realmente difícil.  Parece não haver modo de matar Revlon e isso me deixa frustrado e agoniado.  

Agonia essa que esvai assim que a vejo. É impressionante como ela sempre consegue. Violet. Ela vem por trás de Revlon, sorrateira, seus passos nem sequer fazem barulho na água e se fazem os grunhidos de Revlon estão abafando-os. Sua expressão é terrível, assassina, meteria medo até em mim se eu não soubesse o que está prestes a acontecer. Seu braço sangra descontroladamente, mas ela parece nem notar, sua fúria é maior. Seus olhos encontram com os meus uma única vez, o restante do tempo estão vidrados em Revlon. Eu aparo um golpe e então abaixo minha própria espada, Revlon me olha por poucos segundos e então prepara novamente seu facão, achando talvez que eu tenha me rendido.

- Tarde demais. – sussurro.

Violet agarra Revlon pelo pescoço, ela grita de dor por conta de seu braço mas continua apertando, cortando a voz e a respiração de Revlon. O facão está no chão e ela se debate desesperada em busca de ar, sua expressão a poucos minutos feroz e vitoriosa deu lugar a uma cara de medo que chegaria a ser cômica se a coisa não estivesse tão tensa. Revlon é maior que Violet, mas não é melhor.

- Pode me ensinar como se quebra um pescoço, Cato? – Violet arfa para mim, maldosa. – Você é especialista nisso.

Eu faço o movimento com os braços e os olhos de Revlon se arregalam em terror.

Violet me imita, rápida e cruel, e Revlon se vai sem direito a ultimas palavras. O corpo escorrega de Violet e cai com um barulho molhado, só ai percebo o quão perto estamos da queda já que o cadáver desaparece na água, acompanhado pelo canhão.

Olho estatizado para o lugar onde o corpo desapareceu, mas então o gemido de Violet me acorda.

Ela está dobrada, segura o braço com força, seu ferimento sangra mais que antes. Eu largo a espada na água e corro para ela. Quando a abraço pelos ombros ela grita de dor, mas consigo levá-la de volta a borda. Nós dois caímos no meio das pedras, sujos, machucados e arfando. Violet está quase chorando de dor.

- Vai passar... – sussurro, para depois sorrir. – Nós vencemos, já era, acabou. A gente venceu isso aqui.

Em meio à careta de dor Violet sorri e me faz rir. Rasgo um pedaço da barra da minha camisa ao mesmo tempo em que me lembro de quando ela fez o mesmo para cuidar de um corte em minha boca.

- Acha que consegue agüentar até chegarmos no aerodeslizador? – pergunto.

- Acho que sim...

Ela grita e morde a própria mão quando amarro o pano envolta de seu corte. Quando termino o nó olho-a e ela sorri para mim. Encosto meus lábios contra sua testa, o alivio finalmente me enchendo depois de tanto tempo de tensão, para logo depois me sobressaltar com a voz alta e clara de Claudius Templesmith que ressoa pela arena.

- Parabéns, finalistas da septuagésima quinta edição dos Jogos Vorazes! Que vença o melhor e mais forte! Que a sorte esteja sempre ao seu favor!

Não.


Notas Finais


Cadê, cadê meus comentários u.u? Beijos!


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