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História A Última Gota - Capítulo quatorze


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Peço mil desculpas pela demora, mas eu estava viajando (: Espero que gostem!

Capítulo 15 - Capítulo quatorze


- Fugir? – Violet repete confusa.

- É, nós dois, agora, rompemos a aliança e fugimos juntos.

- Eu topo...- ela sussurra.

Miro Violet e vejo um mosquito amarelo berrante sentado em seu antebraço, próximo a seu pulso. “Bestante” penso e então dou um tapa que esmaga o bicho. Violet me olha confusa e então entende.

- Te picou? – pergunto, preocupado.

- Não. – ela responde analisando o local.

Sanguessuga é o nome que foi dado a essa espécie de mosquito. Mais um bestante criado pela capital, o inseto é uma verdadeira arma natural e quase foi usado contra os rebeldes durante a antiga rebelião. Quando pica uma pessoa para se alimentar de seu sangue o mosquito também injeta uma espécie de toxina que “contamina” seu sangue. Mata a pessoa em questão de dias. Primeiro vem a febre, depois o cansaço extremo, quando se vê a pessoa já não dá conta de se manter em pé e então vem o coma e depois a morte. Existem outros sintomas também, meio que varia de pessoa pra pessoa. O sanguessuga só não foi usado na rebelião pois o risco seria muito alto já que uma vez livre a espécie poderia se multiplicar muito rápido e situação sairia do controle. A população de Panem poderia se extinguir.

- Eles não podem saber que nós estamos juntos. – ela me diz se referindo a Ryan e Revlon.

- Não mesmo. Chegamos lá, rompemos a aliança, dividimos tudo e saímos.

- Separados?

- É.

- Então a gente se encontra aqui e foge?

- Pode ser, ótima idéia, acho que lembro o caminho.

- Tudo bem, eu posso demorar um pouco pra chegar, vou sair pra um lado mais afastado.

- Você sabe chegar, Violet?

- É óbvio que sei.

- E se você se perder?

- Eu não vou. – sempre durona.

Olho-a novamente. “Você me pegou, baixinha.” Penso.

- Vamo’? – chamo-a.

Violet me olha e em seguida desvia o olhar para a água.

- Vamo’.

Guardo o tubo de remédio no bolso e nós dois seguimos na mesma direção de onde viemos. Decoro o caminho, os arbustos, todos os pontos de referencia possíveis para encontrar novamente a clareira. Nenhum de nós dois fala nada no caminho.

Na Arena não há espaço para sentimento algum, amizade, piedade... Amor. Amando Violet eu estou decretando minha morte, entendo o que Ryan quis me dizer, eu realmente estou com problemas seriíssimos. Eu sei disso, mas o que eu posso fazer? Olho-a rapidamente. Todo esse tempo eu a amei e não percebi. Quem diria, romance entre carreiristas na Arena. Me lembro de algo que Violet me disse, quando ainda estávamos na Capital, algo que o pai dela havia dito: “Carreirista com carreirista se entende, seja na conversa, ou no soco”. Eu e ela nos entendemos foi no beijo mesmo. A Capital deve estar indo a loucura. A Capital! Havia me esquecido completamente de que estamos sendo assistidos por um país inteiro nesse exato momento. O pensamento de que câmeras filmaram cada detalhe do beijo entre mim e Violet me faz ficar extremamente constrangido.

- Briga comigo. – solta Violet de repente.

- O que?

- Briga comigo, nós temos de fingir que brigamos, pra romper a aliança.

Ela me olha tensa, chegamos ao descampado.

- Agora. – digo.

Nós saímos da floresta separados a meio metro um do outro. Avisto Revlon e Ryan sentados do lado de fora da Cornucópia

- EU SEMPRE SOUBE QUE ISSO NUNCA DARIA CERTO!– grita Violet para mim, ela encena muito bem. Não sei do que ela está falando, mas continuo.

- SE NÃO DEU CERTO FOI SUA CULPA!

- MINHA CULPA?! QUEM É O CONTROLADOR? VOCÊ SÓ QUER QUE TODO MUNDO TE OBEDEÇA!

- SE EU MANDO NISSO AQUI É PORQUE EU SEI O QUE É MELHOR PRA NÓS!

- VOCÊ É UM IDIOTA! POR ISSO NÃO GANHOU NO ANO PASSADO! AQUELES BESTANTES DEVIAM TER TE ESTRAÇALHADO!

Nós chegamos a Cornucópia esbaforidos, pela caminhada rápida e pelos gritos. Revlon e Ryan nos olham de olhos arregalados.

- Eu to rompendo a aliança... – sibila Violet.

- Eu também to rompendo essa coisa. – digo.

Revlon e Ryan se olham, um tantinho sobressaltados.

- Nós também decidimos que seria melhor romper a aliança. – diz Revlon.

Ryan me olha raivoso, com o olho o qual acertei inchado, mas não avança sobre mim.

- Beleza, vamo’ dividir tudo. – diz Violet irritada.

Nós pegamos tudo o que temos, tudo mesmo, e colocamos no chão do lado de fora da Cornucópia,

- Que arma você escolhe? – Violet me pergunta friamente.

- Espada. – Vou até o centro do “circulo” que formamos e pego a espada que venho usando desde o inicio dos Jogos.

- Machado. – Violet recupera seu machado.

- Foice. – resmunga Ryan.

- Adaga. – Revlon pega somente uma lamina.

- Temos três lanças... – Violet conduz a divisão com seu tom frio, mas ela conduz muito bem.

Ryan fica com uma lança, Revlon com outra e eu com a terceira, desse modo, Violet pega a foice.  É a mesma coisa com três facões curvos e com as três adagas restantes, ela abre mão do seu facão para ficar com a clava que antes era de Kaya e de sua adaga para ficar com a segunda espada. A dúzia de facas é divida entre nós quatro de modo que cada um fica com três. 

- Temos só um arco. – observa Revlon.

- Violet pode ficar com ele. – diz Ryan para nosso espanto. – Ela o pegou no inicio e trouxe comida utilizando-o, acho que é justo.

Violet pega o arco e põe a aljava nas costas.

Assim que começamos a arrumar as armas percebo que a divisão de Violet foi puramente estratégica. Revlon e Ryan têm apenas lanças, facões, adagas, facas, e uma foice, enquanto eu e ela temos tudo isso e mais espadas, uma clava e um arco. Nós dois temos vantagem sobre os outros.

- Agora o restante das coisas. – diz Violet.

A comida é igual pra todo mundo, tem pão, tiras de carne, biscoitos e maçãs. Os remédios também não dão muito trabalho, há muita pouca coisa, pílulas para vomito, dor e febre apenas. Cada um fica com em média três pílulas de cada.

- Acho melhor que tudo que tiver em numero insuficiente, ou sobrar, deve ficar com elas. – diz Ryan a mim, rancoroso.

- Por mim tudo bem. – concordo.

Desse modo, Violet e Revlon ganham cada, uma caixa de fósforos, duas garrafas de água, dois óculos de visão noturna, dois sacos de dormir e uma rede. Eu e Ryan ficamos com, uma garrafa de água, um óculos, um saco de dormir e uma corda.

- Temos um problema. – aviso. – São três garrafas de iodo, e isso tem que ser dividido igualmente.

- Acho que tem uma vazia em algum lugar, dá pra gente dividir. – diz Revlon.

Ela sai para procurar a tal garrafa e volta momentos depois. Nós vamos dosando o iodo de modo que cada um leva uma garrafa cheia até um pouco mais da metade.

Cada um pega uma mochila e arruma tudo o que tem dentro. Eu e Violet tentamos fazer nosso papel direito para que os outros dois não desconfiem, mas a raiva com que ela coloca tudo em sua mochila parece bem real. Quando nós dois terminamos nossas coisas, Revlon e Ryan ainda estão na metade das deles.

- Eu já vou. – Violet diz, amargurada. – O Tratado dos Carreiristas entre em vigor agora e vence nesse mesmo período do dia de amanhã.

- Que a sorte esteja sempre ao seu favor. – diz Ryan a olhando profundamente, mesmo com seu olho extremamente inchado.

- Que a sorte esteja sempre ao seu favor. – ela diz e então sai.

Eu saio sem falar nada, vou em direção ao mesmo lugar no qual entramos na floresta ainda pouco, Violet entra a mais ou menos dez metros a minha esquerda.

Eu sigo em linha reta, lembrando de um ponto de referencia aqui e outro acolá e em poucos minutos estou na clareira. Sento-me na pedra, coloco a mochila entre minhas pernas e fico ali em silencio, escutando o barulho da água que jorra da nascente. A Aliança está rompida. Agora estou correndo mais perigo que nunca aqui, Revlon e Ryan são fortes e qualquer um que vier atrás de mim e Violet vai nos dar trabalho.

- Chegou à muito tempo? – a voz de Violet me acorda.

- Não, na verdade não sei. – digo confuso, eu me desliguei completamente pensando a respeito da aliança.

Ela dá uma pequena risada.

- Vamo’, a gente tem que sair daqui. Temos que ficar o mais longe o possível deles. – Violet me avisa. – Pelo menos por enquanto.

Me levanto, mas antes de começar a andar lembro-me de tirar o casaco, já que a floresta é quente, e guardá-lo na mochila. Violet nem se dá o trabalho, não a vejo usá-lo desde nossos primeiros dias na arena.

Violet enche nossas três garrafas de água, mas nem nos preocupamos com o iodo já que a nascente é pura. Jogo a mochila sobre o ombro e nós dois saímos em silencio. Depois do que aconteceu parece que nós dois não precisamos de palavras, nos entendemos perfeitamente sem elas.  Me pego inúmeras vezes olhando-a enquanto ando as cegas Me dou conta de que Violet ainda é uma criança, como aquela que vi pulando as linhas nos ladrilhos, uma criança que foi forçada a crescer para cuidar de suas irmãs na ausência do pai, para aprender a matar e vir para os Jogos Vorazes. Ela agora se equilibra encima de cada galho, tronco que encontra pelo chão enquanto está agarrada a minha mão. Quando não há mais nada com que ela possa “brincar” anda de cabeça baixa, talvez pensando em suas irmãs.

Como um soco, a realidade me atinge. Nós estamos nos Jogos Vorazes, eu e ela, num jogo onde ou você vive e ganha, ou você morre. Há seis tributos querendo nos matar nesse exato momento, há Idealizadores que farão com que isso ocorra casa ninguém nos encontre. Violet e eu cometemos o maior erro de nossas vidas nos apaixonando.

- E agora? – solto baixo.

Violet me olha.

- E agora, o que?

- Como vai ser...

- Nós vamos nos manter vivos. – ela me responde, como se fosse algo simples.

- Mas, são os Jogos Vorazes, baixinha.

Ela suspira, derrotada. Não quero assumir a mim mesmo, não quero falar desta maneira, mas, me refiro ao final. E se sobrarmos somente nós dois? Não consigo pensar na possibilidade, mas só um sai vivo.

- Violet, se eu disser para você me matar, obedeça e ganhe essa coisa. – digo.

Eu nunca conseguiria matar Violet, não tenho capacidade pra isso e... Se ela morrer, eu morro junto.

- É claro que não! Você ficou maluco? – ela se indigna. – Você acha que eu conseguiria seguir em frente, com você morto. Com você longe...

A voz dela é pura dor.

- Eu nunca cogitei a idéia de te matar, nem no inicio de tudo, quando você se apresentou dentro daquele carro...

O dia da colheita, quando eu ainda a via como uma pessoa fraca.

- Você sabe muito bem que aqui só um vence... – digo.

- E precisa ser eu? – ela se irrita. – Para de falar nisso...

Noto seu desespero e então não toco mais no assunto, mas uma coisa é certa... Irá chegar a hora em que apenas um terá de sair daqui e agora minha maior meta não é mais voltar pra casa, é manter Violet à salvo.


Notas Finais


Cadê meus comentários? Cadê? ;*


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