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História A Última Gota - Capítulo doze


Escrita por: NinaF

Notas do Autor


Tudo bem, tudo bem, por favor, não quero ser assassinada. Me desculpem porque eu deveria ter postado ontem, mas o dia foi corrido - eu sai de casa 6:20 da manhã e cheguei 02:00 da madrugada. To postando correndo, pra não deixar vocês na mão porque a minha sorte é que minha banda preferida é da minha cidade e vai ter show agora, daqui a dez minutos kkk Eu to correndo pra lá - fica só a cinco minutos daqui. Espero que gostem!!

Capítulo 13 - Capítulo doze


A pergunta me pega de surpresa. Eu e Violet não estávamos nos falando até agora pouco e de repente ela aparece no meio da noite e pede para dormir comigo. Não comigo realmente, mas... Ta, dá pra entender. Por conta da pergunta e do sono eu não respondo de imediato, demoro algum tempo pra assimilar.

- Pode, baixinha. – digo sorrindo à ela.

A cena é absolutamente hilária. Violet engatinha, com um saco de dormir numa mão e o machado em outra, e se deita do meu lado. Ela entra no saco térmico e se agarra ao machadado.

- Que te deu pra vir dormir aqui? – pergunto me arrumando novamente.

- Ryan... – ela diz, dura. – Ele ta insuportável.

- O que ele fez? – eu me viro para ela, com certeza devo estar com uma carranca terrível então tento amenizar minha expressão.

Violet revira os olhos.

- Ele fica misturando as coisas. Achando que nós temos algo a mais, quando só vou com a cara dele e nada mais. Quer dizer... Ia.

Eu devo ter ouvido errado. Violet não gosta de Ryan do jeito que eu estava pensando. No dia em que ela me disse que gostava dele ela queria dizer que apenas não o achava um saco e não que queria algo a mais com ele como eu achei. Acho que tem alguma coisa viva no meu estomago, ela nunca foi embora, tudo bem, naquele dia ela foi contra mim e em favor dele, mas... A antiga Violet ainda está aqui e o melhor, ela está irritada com ele. Violet nunca caiu no jogo de Ryan. Eu realmente quero sorrir, dizer a ela o quanto estou feliz por ela não querer nada com aquele idiota, mas me contento em olhá-la.

- Vocês brigaram agora pouco não foi? – pergunto.

Ela me olha. Os olhos dela, parecem brilhar na escuridão. O olhar de Violet, até mesmo quando ela está relaxada, é intenso, te deixa desconcertado.

- É. Falando em brigas... Te devo desculpas.

Seu tom de voz é manso e baixo, para não acordar ninguém, ou talvez para não deixar que ninguém nos ouça.

- Porque? Fui eu quem te disse coisas horríveis. – digo, realmente me sentindo culpado.

- Mas fui em quem ameacei. – Violet discorda.

Ela realmente parece arrependida, o jeito que desvia os olhos vez ou outra, torce o nariz.

- Me arrependi de ter dito aquilo na mesma hora. – completa.

Eu sorrio.

- Não tem problema, baixinha.

Ela ri, mas em seguida abafa a boca com as mãos, alarmada. Eu não posso evitar de rir também.

- Que é? – pergunto.

- Você... – ela diz se acalmando. – Me chama de baixinha.

- Mas você é baixinha, Violet.

- Não sou não.

- É sim, é a menor de todo mundo aqui.

- Você é que é grande, Cato.

- Que mentira!

- Que verdade...

Nós dois rimos durante um tempo.

- Eu to com medo. – ela diz, ficando séria novamente.

- De que?

- Do que pode vir, eles vão mandar alguma coisa... Eu fico lembrando daqueles bestantes, você...

Sua voz se torna tremula e amedrontada,Violet ainda é uma menina assustada.

- Eles não vão fazer nada que nos mate. – digo sem ter certeza, tentando acalmá-la.

- Eu não sei...

- É por isso que tem ficado vigiando todos os dias? – pergunto curioso.

- É. – ela me responde sincera.

Nós nos olhamos por um tempo até que noto que Violet está com a cabeça no chão, sem nada para servir de apoio.

- Deita aqui. – é automático, eu estendo meu braço direito.

Ela se deita, virada pra mim, daquele jeito engraçado que a vi dormir na Capital, agarrada a mim como se fosse seu travesseiro e ao machado como se fosse sua vida.

Eu a vejo assim, perto de mim e tenho uma sensação de tranqüilidade. Nós dois tivemos uma conversa normal, como as que costumávamos ter antes de vir para a Arena, onde tudo se complicou. Ficar esses últimos dias longe de Violet me fez mal, eu vivia de mal-humor e preocupado, de olho em todos os passos dela e de Ryan. Agora parece que ele está a quilômetros de distancia, que ela está finalmente segura aqui, comigo. Pelas palavras dela, pelo que está acontecendo agora, mesmo Ryan estando na barraca ao lado e mesmo sabendo que amanhã de manhã nós voltaremos a nos ver eu sinto que finalmente eu e Violet voltamos ao que éramos antes. Nós dois, aliados, amigos. Sei que pode parece loucura eu ter cismado tanto com o idiota, mas... Eu o via como uma ameaça à ela, algo perigoso. Já não importa mais. Ela agora está comigo e eu vou cuidar dela.

Quando dou por mim, Violet já dormiu e eu estou apenas fitando-a. Fecho os olhos e durmo até amanhecer quando sou acordado pelo movimento de Violet ao meu lado. Sinto um peso extra em cima do peito e constato que um de seus braços está largado sobre mim, na verdade, não é só o braço de Violet que está “largado”. Nós dois estamos esparramados pela barraca. Realmente o espaço é pequeno para dois dormirem, ainda mais duas pessoas que se mexem tanto como nós. Nessa bagunça em que nós estamos deitados só uma coisa se manteve no lugar: nossas armas, que ainda continuam apertadas em nossas mãos.

- Cato... – a voz sonolenta de Violet me chama, eu apenas emito um grunhido em resposta. – Só eu estou com uma dor filha da mãe nas costas?

Eu solto uma risada e ao me mexer solto um gemido, confirmo que ela não é a única. Nós dois nos sentamos, ambos zonzos de sono. Eu não acordo sonolento assim desde que vim para a Arena. Quando se acorda sim é porque você realmente dormiu bem, e o motivo pra isso está bem do meu lado, com a mesma cara de sono que eu.

- Será que a gente atrasou muito? – indago.

- Sei lá.

Resolvemos sair, esperando que não haja ninguém do lado de fora ainda, apenas seja lá quem estiver vigiando.

E pela segunda vez Violet e eu erramos ao achar que somos os primeiros a acordar. Já estão todos sentados em volta de uma fogueira, onde três peixes estão sendo assados.

- Bom dia... – diz Revlon, ela tenta parecer animada, mas um tom de ironia transpassa sua voz. – Alguém trocou de barraca não foi?

- É. – confirma Violet, como se não ligasse. – Talvez seja melhor assim, pra evitar coisas piores.

Ela lança um olhar mortífero em direção a Ryan e aquilo me diverte. Eu apenas me espreguiço e me sento.

- Ficou a noite inteira na vigia, Kaya? – pergunto.

- Não, lá pelas três eu sai. Fui te chamar, mas... – ela lança um rápido olhar a Violet. – Fiquei com dó, tava dormindo tão bem. – ela solta uma risadinha e eu sorrio. - Chamei a Revlon e ela ficou até de manhã.

O peixe fica pronto e nós dividimos, uma metade pra cada um e a que sobra – que deveria ser a de Owen, isso acaba me dando uma sensação ruim – Kaya guarda.

- Sabe eu estive pensando... E se nós sairmos pra caçar, tipo... Agora. – diz Revlon normalmente.

Todos paramos de comer e a olhamos.

- Agora? – pergunto.

- É, eles realmente não esperam isso não é mesmo.

- Boa idéia. – murmuramos todos ao mesmo tempo.

De imediato nos levantamos e começamos a arrumar tudo o que for necessário para caçar.

- Quando chegarmos, pode deixar que vou tirar minhas coisas da barraca. – escuto Violet dizer a Ryan enquanto pega meia dúzia de facas.

- Você vai mesmo sair? – ele pergunta pegando-a pelo braço. Eu me levanto, pronto para avançar nele, mas Violet se desvencilha.

- Você foi longe demais, eu fico com o Cato a partir de agora.

A cara de Ryan me satisfaz de tal maneira que continuo a me arrumar com um sorriso na cara, esquecendo o mau-humor pela falta de tributos para matar.

Quando já estamos todos prontos fica decidido que vamos para o norte, para perto do lago. Entramos na floresta e logo o calor infernal começa, dessa vez notamos uma população ligeiramente alta de mosquitos, coisa que não havia antes. Meia, uma, duas horas andando até que avistamos fumaça.

- Talvez dois quilômetros? – pergunta Violet, cruelmente.

- Nem isso. Hora de matar. – digo.

Nós saímos correndo. Assim que chegamos mais perto diminuímos e silenciamos o passo.

- Ah, olha lá... – ronrona Ryan.

Doze. É a garota do doze. Ela está sentada, de costas para nós, comendo feliz um peixe assado. Nem sequer nos notou ali, idiota. Ela não faz idéia de que sua linha acaba aqui.

- Hum, me dá um pedaço, doze? – diz Revlon.

- Talvez o peixe inteiro... – complementa Kaya.

A garota não pula ou se sobressalta, ela se vira lentamente para nós, como se antes de nos ver ainda tivesse esperanças de que não fossem os Carreristas ali.

- Ta bom isso ai? Tão bom que vale a pena como ultima refeição? – zombo.

- É, por que... Acender uma fogueira com os Carreiristas por ai é pedir pra morrer. – ri Violet já sacando as facas.

A garota nos olha aterrorizada, nem mesmo respira, o peixe já caído em meio a terra e as folhas secas.

- Não... Por favor... Não me matem.

Nós rimos da garota patética. Ryan anda lentamente até ela, a foice girando nas mãos.

- Não é assim que funciona, garota. Aqui ou você mata... – ele nos indica. – Ou você morre, e a sua opção é a segunda.

E de uma vez Ryan desce a foice contra a cabeça da garota. Um, dois, três golpes de foice e o corpo cai inerte no chão, a cabeça aberta e jorrando sangue, o rosto quase que completamente coberto pela substância viscosa.

Nós olhamos o cadáver durante alguns momentos. O canhão explode nos avisando.

- Voltamos. – sussurra Revlon.

Nós rimos de leve, mas paramos assim que ouvimos barulhos. Não barulhos comuns, rosnados, bufadas.

Nós nos olhamos, agora o terror está estampado é em nossos rostos. Erguemos os olhos e vemos: seis deles, seis lobos. Não lobos comuns. Bestantes. Dá para se perceber que são modificados pelos olhos amarelos, quase que neons, brilhando em meio ao pelo extremamente preto e o tamanho exagerado, cada um deve ter a metade do meu tamanho. Eles estão parados bem à nossa frente, rosnando.

- Corre. – sussurra Violet.

Nós saímos correndo e automaticamente as criaturas nos perseguem, agora eles são os predadores e nós somos a caça. Corremos o mais rápido que conseguimos, tentando fugir dos bestantes que estão sedentos por nós. A única coisa na qual penso agora é em correr para salvar minha vida. Ao mesmo tempo que desvio das arvores no caminho tenho a sensação de que vou morrer. A cada latido, a cada passada pesada dos bestantes eu sinto a morte do meu lado. É exatamente como naquela noite, quando fui pego pelos cães modificados da Capital, eu não consegui uma vez e não vou conseguir de novo.

Como um flash a imagem de Clove vem a minha cabeça, “eu tenho de conseguir por ela” penso.

“Você pode fazer isso, Cato. Eu sei que pode”

A voz do meu pai ressoa na minha cabeça com força, eu prometi a ele que traria a vitória para casa.

E é isso que eu vou fazer.

Eu acelero ainda mais e constato com um leve alivio que já estamos saindo da floresta. Ouço um grunhido e sei que um dos lobos caiu ou sei lá o que, mas os outros continuam ferozes atrás de nós.

Faltam alguns metros para a Cornucópia e só.

Nós passamos voando pelo acampamento e pelo barulho sei que as patas dos bestantes destruíram muita coisa, mas não há tempo para contar o prejuízo, nem mesmo para olhar pra trás. Ao chegar na Cornucópia me lanço para cima e a escalo, me segurando nos desníveis do metal. Alcanço o ultimo com dificuldade e então uma sensação de alivio percorre meu corpo para logo depois me desesperar. Encima da Cornucópia estão eu, Violet, Ryan e Revlon.

Ryan e Revlon estupefatos longe das bordas do chifre, com os olhos arregalados.

- Kaya! Anda! – berra Violet com a mão estendida. Ela esta quase se lançado Cornucópia a baixo. Corro para ajudar e vejo Kaya dependurada. Ela não consegue escalar, seu pé escorrega numa ranhura pequena demais.

- Não vou conseguir! – ela chora.

- Vai! Você vai sim! Segura! – grita Violet desesperada de volta.

Eu me estendo também, tentando pegar Kaya, mas ela está baixo demais.

Kaya nos olha e sorri entre o choro desesperado.

- Ganhem essa coisa, tudo bem? – ela diz calma. – Vocês dois merecem isso. Mas tomem cuidado com...

O grito de Violet é cortante quando um dos lobos pula e puxa Kaya. A cena é terrível e traumatizante, os lobos se juntam em volta dela e não se vê mais Kaya em lugar algum, nem mesmo se ouve seus gritos. De repente eu me vejo ali, no lugar dela. Foi exatamente a mesma coisa, imagino Peeta e Katniss observando a cena e agora sei o porque de seu tiro de misericórdia que acabou, ironicamente, salvando minha vida ao invés de acabar com ela de uma vez.

O tiro do canhão vem nos avisando que Kaya nos deixou e então Violet explode num choro compulsivo e cheio de dor. Eu ainda, atordoado e traumatizado pela coisa toda caio sentado na Cornucópia.

Kaya se foi, de uma maneira horrível e ainda sem completar as ultimas palavras que queria dizer a mim e a Violet. Os lobos ainda estão encima dela, mas rapidamente vão embora para a floresta sem ao menos nos olhar novamente, como se a missão deles ali estivesse cumprida. Se alguém merecia ganhar os Jogos, essa pessoa era Kaya e agora tudo o que resta dela... Não tenho nem ao menos capacidade para olhar. Fico pensando no estado de seus pais agora, assistindo a morte da filha mais nova pela televisão. Eles perderam seus dois filhos para os Jogos Vorazes. Os Jogos Vorazes... matando cada vez mais crianças. O pensamento me causa repulsa e de repente não estou mais tão convicto se quero ou não vencer essa coisa, se isso aqui vai me trazer honra e glória. A morte de Kaya fez com que um sentimento estranho a respeito dos Jogos Vorazes surgisse em mim.

Acordo de meu transe e escuto o choro desolado de Violet. Me arrasto até ela e a aperto contra mim. Ela treme e soluça compulsivamente, o rosto ligeiramente sujo de poeira manchado pelas lagrimas pesadas.

- Ta tudo bem... – sussurro, mas minha voz sai oscilante.

- Ela se foi... Se eu a tivesse ajudado...

- Mas você tentou.

- Mas não consegui...

Violet volta a soluçar, sinto que suas lagrimas estão molhando minha camisa, mas não me importo. Ela de repente se levanta ainda chorando e olha fixamente para o corpo de Kaya. Violet leva os três dedos médios da mão direita boca e então os ergue na direção do corpo. Eu conheço esse gesto, foi o gesto que Katniss fez quando Rue morreu, eu vi no especial sobre os Jogos passados. Me forço a olhar o corpo de Kaya. É terrível, a imagem causa repulsa, Kaya é agora apenas um pedaço de carne ensangüentada. Levo meus três dedos médios da mão direita até a boca e em seguia os ergo na direção de Kaya.

- Eu vou realizar o ultimo pedido dela. – diz Violet.

Olho para ela e a vejo com uma expressão dura, os olhos vermelhos, alguns fios do seu cabelo grudam em seu rosto pelo suor de ter corrido até aqui.

- Nós vamos. – digo.

Nós nos afastamos da beirada e vemos Revlon e Ryan ligeiramente encolhidos. Ambos estão em choque, mas isso pouco importa a mim e pelo que parece pouco importa a Violet também. Ela se senta e eu me sento a sua frente. Meu corpo protesta devido a corrida, minhas pernas doem e meu peito arde. Violet recomeça a chorar, porém silenciosamente. O aerodeslizador vem e vai, levando o que sobrou de Kaya e nós continuamos ali, traumatizados, paralisados. Menos um dos carreiristas.


Notas Finais


Beijos beijos, leitoras e leitores lindos que não estão falando comigo u.u mas que to vendo que tão acompanhando a fic (:


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