História More Than This - Surpresa!

  Quando a porta se abriu, me permiti tirar os olhos do desenho e ver quem era.
Houve certa demora para que o visitante se manifestasse. Ajeitei meu cabelo e passei a mão sobre a camisola do hospital, uma tentativa fútil de desamassa-la, ajeitei o lençol para que cobrisse minhas pernas e esperei, curiosa.

  - Pode entrar – repeti agora um pouco mais alto.

  - Oi – disse alguém colocando um imenso cacho de balões para dentro da sala.

  - Oi – respondi desconfiada pondo o corpo um pouco para frente, ansiosa para ver quem era.

    - Surpresa – gritaram várias vozes em uníssono entrando no quarto todos rapidamente.

Logo cinco pessoas estavam ali dentro e a última que passou fechou a porta.

  - Oh céus! – meu olhos lacrimejaram um pouco.

Eu estava completamente louca de saudades deles e parece que só agora me dei conta disso.

  - Nós viemos te visitar – Louis sorriu entendendo os braços para mim.

  - E trazer algumas coisas – Zayn acrescentou.

  - E trazer comida – Eleanor bateu palmas.

  - Você pode comer aqui? – Niall perguntou.

  - Podemos ficar aqui com você por um tempo? Estávamos loucos de saudade – Liam fez beicinho.

  - Na verdade, podemos ficar por bastante tempo? Estamos realmente com muitas saudades. – Louis reforçou.

As perguntas vieram como disparo, uma atrás da outra, tão rápido que eu não sabia qual responder e até me sentia perdida.

  - Primeiro os abraços e depois as perguntas – estendi os braços o máximo que pude, pronta para recebê-los.

Eles viram todos juntos, uns de um lado da cama e os outros do outro lado.

  - Devagar, por favor – eu pedi um pouco receosa por ainda me sentir recém-espancada.

  Mas eles foram cuidadosos, vieram todos juntos me abraçar de uma vez, e depois concluíram que para matar melhor a saudade, seria melhor vir um de cada vez.

  - Agora, às perguntas – sorri ao terminar de abraçar Zayn fortemente. – Sim, posso comer aqui dentro. Sim, vocês podem ficar aqui comigo. – Sorri abertamente.

  - Não é hora de visitas... – Niall olhou para a porta – Estamos aqui escondidos, não recebemos permissão pra entrar todos juntos, eles alegaram que somente os familiares poderiam entrar em grande quantidade... Mas acho que nós estamos bem próximos de ser uma família, não acha?

  - Acho – algumas lágrimas escaparam. – Eu amo vocês.

  - E nós amamos você – Zayn respondeu apertando de leve a ponta do meu nariz. Ele ainda não saiu do meu lado, ficou ali brincando com o meu cabelo e eu apreciei o gesto.

  - Posso colocar isso ali em cima da bancada? – Eleanor perguntou se referindo as flores e aos balões.

  - Sim. – respondi e ela amarrou o barbante dos balões no puxador de uma das gavetas.

Eles se sentaram no sofá e logo Niall estava comendo chocolate, uma pena que isso estava restrito da minha dieta de amamentadora. Tive que me contentar com balas de gelatina.

  - Quando vamos conhecer a Sophie? – Liam perguntou.

  - Eu não sei, a qualquer momento a enfermeira pode trazê-la para ser amamentada – respondi.

Eles continuaram fazendo perguntas sobre como ela era, como ela ser mãe, o que eu estava sentindo e eu respondia tudo na medida do possível.

  Depois de um bom tempo de conversa, resolvemos ver um filme na TV e confesso que a essas alturas já havíamos esquecido que estávamos em um hospital e gargalhávamos cada vez mais alto a cada cena engraçada. Eu realmente precisava daquilo. Me fez esquecer todas as dores e todos os meus medos de como seria a vida fora do hospital. Eu me sentia mais feliz ainda, mais do que imaginava ser possível. Os meninos estavam divididos no sofá, no menor a minha esquerda estavam Eleanor e Louis, e no maior da direita, Zayn, Liam e Niall. Eles já estavam esparramados no sofá, com os pés em cima do acento ou esparramados no chão, da maneira que achassem mais confortável. A luz estava apagada, o que era permitido, para que fossemos apenas iluminado pelas luzes da TV, enquanto nos divertíamos juntos e devoramos juntos os saquinhos de bala de gelatina.

 Algum tempo depois a enfermeira entrou com Sophie, fez vista grossa, abriu a boca várias vezes como se fosse dizer algo, e eu tenho certeza que ia nos dar broncas pela falta de postura em um hospital, nosso comportamento era inadequado, mas por fim, ela deixou seus ombros caírem e trouxe Sophie até mim.

  - Pode nos deixar a sós? – Pedi a ela.

Mais uma vez sua boca foi aberta diversas vezes, mas ela apenas assentiu e se retirou.

  - Ser famoso as vezes é bem vantajoso – Niall sussurrou.

  - Eu achava que ela expulsaria vocês daqui – comentei aninhando Sophie.

Louis bufou.

  - Iam precisar de muito mais do que uma enfermeira para me tirar daqui – ele brincou dando tapinhas no braço do sofá.

  - Talvez dois seguranças com dois metros de altura cada? – Liam perguntou risonho.

  - Provavelmente – Louis respondeu dando de ombros, nos fazendo rir.

Eles queriam conhecer Sophie, pegá-la no colo, tirar fotos, aninhá-la, mas eu temia por seu corpo ainda frágil. Por fim eles deram um jeito de mimá-la, porém, ela permaneceu em meus braços


 
*

  Sentei-me na sala de espera, com Sophie em meu colo. Conversava com as enfermeiras que acabaram virando minhas amigas graças a minha estadia de quatro dias na maternidade. Elas eram divertidas e completamente apaixonadas pela rechonchuda Sophie. Harry estava na recepção fechando a conta.

  - Você promete voltar com ela? – uma das meninas perguntou.

  - Eu posso tentar – respondi e ela ficaram eufóricas.

Uma das supervisoras passou e fez cara feia.

  - Vocês deveriam estar trabalhando – ela disse severa e olhou para o relógio em seu pulso – ainda é horário de expediente! Tem pacientes precisando de cuidados.

  - Relaxa, Marlene, as meninas só estão verificando se a minha mulher e minha filha estão bens, elas eram pacientes e receberam alta hoje, deixem-nas se despedirem, prometo que não demorará  – Harry chegou colocando o braço ao redor do pescoço da mulher e falou com sua voz sedutora. Funcionou como o canto de uma sereia à um pescador.

  - Ah Harry, me desculpe, querido. Eu não sabia que já estavam de saída, pensei que as meninas estavam enrolando aqui para não trabalharem – ela deu um sorriso amarelo. – Se é assim, eu permito que fiquem mais um pouquinho. – ela disse totalmente hipnotizada pelo meu homem.

  - Você é a melhor, Marlene – ele disse dando um beijo estalado na bochecha da senhorinha que cambaleou atordoada.

  - Vou ver se os outros pacientes precisam de algo – ela parecia envergonhada, vermelha como um pimentão.

  - Bem, podemos ir? – Harry se dirigiu a mim, guardando a carteira e o celular no bolso e pegando as chaves do carro.

 Me despedi das meninas e elas tiraram fotos com Harry e até mesmo comigo, mas eu e o pai preferimos deixar Sophie de fora. Pelo menos por enquanto, não queríamos que as fotos de Sophie fossem divulgadas em algum site qualquer.

  Harry tomou Sophie de meus braços, eu tinha recomendações explicitas de não carregar peso até completar duas semanas de alta.

  - Ah Harry! Você e esse seu poder de sedução, você não perdoa nem uma senhora de cinquenta e tantos anos. O que fazer com você? – sussurrei para que somente ele ouvisse enquanto caminhávamos para os elevadores.

  - Bom, eu não posso fazer nada se sou totalmente irresistível. Mas adoraria fazer algo com você agora mesmo – sorriu com malicia.

  - Tenho que te lembrar que estou incapacitada de realizar as suas fantasias?

  - Você esta livre por algum tempo, Katherine, mas espero que isso te dê tempo o suficiente para se preparar pro que te aguarda – ele sussurrou ao meu ouvido, fazendo todos os pelos do meu corpo se eriçarem.

  - Vamos. – Harry disse alto até demais e eu me assustei quando apareceram uns dez seguranças que a segundos atrás estavam invisíveis aos meus olhos.

 Eram todos do tamanho de imensos armários de várias portas, vestidos com seus impecáveis terninhos pretos. Precisamos de dois elevadores para descer, um só não conseguiria alojar tantas pessoas.

 Harry segurava Sophie e andava lentamente para acompanhar meus ritmo, eu ainda me sentia dolorida.

  - Odeio andar com escolta – Harry sussurrou, assim que chegamos a garagem, baixo o suficiente para que somente eu pudesse ouvir

Escolta?

  - Não vai dirigir? – perguntei quando o vi entregar a chave a um dos armários ambulantes.

  - Não.

Nós seguimos até um dos carros pretos. Não era o de Harry. Quando cheguei perto o suficiente, percebi que era uma mini van com vidros fumê.
 
  - Sentem-se na terceira fileira – instruiu um dos seguranças.

Três seguranças se sentaram na nossa frente e mais três atrás, eu e Harry ficamos sozinhos na fileira do meio, fora os seguranças que estavam na parte da frente, um no carona e o outro no volante.

  - Estamos saindo, contenham a multidão, estamos saindo – alguém disse de dentro do veiculo. Vi que falava ao telefone.

Percebi, através dos vidros escuros, várias sombras pretas passando correndo ao lado de novo carro.

Quando nosso carro passou pela cancela, eu pude ouvir a gritaria que, do lado de fora  do veiculo, deveria ser ensurdecedora. Estava chovendo e muito, mas aquilo não parecia incomodar aquelas pessoas.

  Era cedo, nem devia ser 11 horas da manha ainda e as nuvens negras no céu davam a impressão de que era meia-noite e sem a luz da lua, mas ainda assim eu fui cegada por uma serie de clarões que surgiam um atrás do outro, sem nenhum espaço de tempo, meus olhos ardiam e eu pude entender porque os dois seguranças da frente haviam colocado óculos escuros.

  - O que é isso? – perguntei assustada, juro que nunca presenciei nada igual.

  - Todos querem um clique de nossa filha... e de nós, é claro. – Harry riu de forma melancólica, pegou uma manta e escondeu Sophie debaixo dela.

  Me encolhi no banco, estava com medo, cercada por uma multidão de pessoas que gritavam tão alto quanto podiam.

  - Como eu não ouvi nada disso? – perguntei amedrontada como um hamster perante a um imenso gato faminto.

  - Proteção acústica nos quartos. Isso aqui está assim desde que demos entrada, mas hoje parece estar inúmeras vezes pior! Alguém deve ter vazado que hoje era o dia que íamos embora, essa é a única explicação plausível.

Os seguranças do lado de foram faziam uma corrente humana ao redor do carro, as pessoas já haviam começado a ultrapassar as barreiras de proteção. Eu podia ouvir fãs desesperadas gritando e batendo no vidro do veículo que andava lentamente.

Harry parecia infeliz, suspirava e segurava um pedaço da manta no ar, possibilitando a passagem de ar de nossa bebê.

Eu parecia ser a única preocupada ali dentro, os outros só se demonstravam incomodados com a situação.

Demoramos no mínimo vinte minutos pra conseguir escapar da multidão e entrar na pista, alguns persistentes correram atrás de nós e batia, no vidro, mas quando conseguimos ganhar velocidade, todos ficaram para trás.

  O meu alivio passou quando chegamos perto de nosso prédio, mas tudo foi por agua abaixo quando vi que a situação se repetia.



  Eu estava definitivamente exausta quando cheguei na porta do meu apartamento. Tudo o que eu mais queria era tomar um bom banho de banheira na agua quente, vestir o meu moletom mais confortável e deitar na minha cama com direito a vários edredons e travesseiros.

  Quando entrei no apartamento, quase me atirei ao chão em adoração ao meu amado lar.

  - Bem vinda! – exclamaram várias vozes que fizeram minha cabeça pulsar.

Naquele exato momento, minha vontade foi, novamente, me atirar ao chão, mas dessa vez para chorar como uma criancinha de cinco anos.

NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!!!

  - Resolvemos te dar as boas vindas – Eleanor veio saltitante ao meu encontro.

  - Irmãzinha! – ouvi a inconfundível voz de Matheus. – Eu vim te ver.

Eleanor deu espaço para que eu fosse agarrada pelo meu irmão e rodopiada.

Louis, Liam, Niall, Zayn, Gemma, Eleanor e Matheus. Sete cabeças que eu poderia decapitar se não fossem os meus melhores amigos, meus irmãos de coração, meus maiores amores, depois do Harry, é claro. Anne também estava presente, só não a inclui na conta pois não seria capaz de arrancar a cabeça da melhor e mais amável sogra de todo o universo.

  Abracei à todos, distribui beijos na bochecha e agradecimentos, busquei lá no fundo toda a simpatia que precisava e a utilizei da melhor maneira possível. Eles não tinham culpa do meu estresse e nem precisavam ser vitimas dele.

  Sophie conheceu seu quartinho, junto à todos e eu acabei chorando de emoção.

  Mas acabou que foi bom eles terem vindo, nos divertimos à beça. Foi uma das nossas típicas noites de sexta feira, embora não fosse sexta feira e muito menos de noite, agora com mais três integrantes vulgo Gemma e Matheus e Anne, mas ainda assim foi incrível.
  Como sempre havia cerveja, refrigerante, mais pizzas do que éramos capazes de comer e vários tipos de guloseimas. Mesmo com a minha dieta para perder os quilos adquiridos durante a gestação e as restrições de certos alimentos por conta da amamentação, consegui devorar algumas coisas. Vimos filmes, jogamos vídeo game e fizemos nossas habituais apostas no jogo de corrida da Fórmula 1 e, graças à Deus, Sophie ficou quietinha, evitamos fazer muito ruído para não acordá-la, dormindo em seu carrinho próximo à nós, Anne ficava ali pertinho dela, estava mais que disposta a nos ajudar e disse que eu não precisava me preocupar com nada que não fosse amamentar a pequena, minha sogra concluiu que eu precisava me divertir e descansar, aceitei de bom grado.

  Todos queriam pegá-la no colo, e quando ela acordou, eu permiti que o fizessem.

  - Eu preciso ver esses olhinhos abertos, quero saber a quem puxou – Louis brincou.

  - Eu vou levá-la para as melhores boates! ESPEREM, ELA PODE NAMORAR O MEU SOBRINHO! – Niall exclamou, totalmente entusiasmado achando a ideia brilhante.

Harry que antes sorria, encarou-o com um olhar cortante. Poderia jurar que a qualquer momento ele voaria em cima do loiro e arrancaria sua cabeça fora usando os próprios dentes.

  - Ah, por favor! Meu sobrinho é um ótimo partido – Niall se defendeu nem um pouco intimidado.

  - Cale a boca – Harry revirou os olhos.

Eu caí na gargalhada com os ciúmes de Harry.


  Todos acabaram dormindo por ali mesmo, Harry emprestou a chave de seu apartamento e eles se dividiram entre o meu e o de Harry na hora de ir descansar. Era cedo, não passava das nove e eu tinha certeza que eles iam continuar a farra no apartamento ao lado, mas compreenderam que eu e ele estávamos exaustos e sem ter uma boa noite de sono há muito tempo.

  Deitei na cama totalmente satisfeita depois de ficar de molho na banheira até a agua esfriar e deixar minha pele idêntica a uva passa. Vesti um dos moletons de Harry e me esparramei na cama.

  - O dia hoje foi ótimo – sussurrei virando minha cabeça na direção de Harry.

Ele pôs o meu cabelo de lado e me abraçou por trás.

  - Pra mim essa está sendo a melhor parte – ele respondeu beijando a pele, agora exposta, da minha nuca, clavícula e pescoço.

  - Eu senti falta disso – um gemido escapou-me quase sua língua tocou a base do meu pescoço, fazendo uma trilha até minha clavícula.

  - Você não imagina o quanto eu senti – respondeu roçando sua intimidade no meu quadril. Ele estava tão duro, tão inchado, aquilo era tão excitante.

  - Eu sinto falta disso, mas lamento ter que te lembrar que eu estou em restrição de sexo por um mês e meio – respondi e pude senti-lo desabar na cama.

  - Um mês e meio – ele suspirou pesadamente. – Ok, eu espero.

  - Prometo que não vai se arrepender por isso.

Ele gemeu de forma excitada.

Trocamos mais alguns beijinhos e caricias, então minhas pálpebras pesaram tanto que eu não pude fazer nada que não fosse fechá-las.