História More Than This - Biscoito da sorte.

Comercial desgraçado! Volta, volta, volta programa, volta entrevista! Rápido!

 - Acabou o milho, Kath. Só deu pra fazer isso – Els sentou-se ao meu lado com uma bacia de pipoca.

Minhas mãos estavam geladas, mesmo esfregando-as em meus jeans elas não esquentavam. Estava nervosa.

  - Calma, você não vai conseguir fazer fogo desse jeito – Eleanor riu.

Hã?

 - Estamos de volta ao vivo com o One Direction – a apresentadora falou.

Eles gritaram empolgados.

  - Agora vamos retomar a pergunta que fizemos para Zayn Malik, antes dos comerciais. Vamos lá – ela se virou para o telão para ler – Zayn, Qual é a sua relação com a Katherine?

É agora!

  - Ah, é uma relação agradável. Ela é uma garota incrível, companheira, parceira, amiga. Tenho uma relação muito agradável com ela – ele respondeu.

  - Tanto suspense pra isso? – Eleanor revirou os olhos e se levantou do sofá, voltando para a cozinha.

  - Só isso? – a mulher perguntou.

  - Só isso – ele afirmou.

  - Ok.

Ok...

*

Eu e Zayn estávamos no sofá, eu sentada e ele deitado no meu colo.

  - Sabe, eu gosto de ficar com você – ele confessou enquanto eu fazia carinho em sua cabeça com a ponta dos dedos.

  - Hm...

  - Você também não gosta? – perguntou.

 - Gosto.

Ele sorriu e se ajeitou debaixo da coberta.

 - Acho que você é a garota mais legal que eu já conheci.

  - Acho que isso é bom, né?

  - Sim, é bom – sorriu.

 Talvez soe realmente muito ridículo se eu disser que fiquei um pouco chateada pelo fato de Zayn não ter dito que temos algo a mais. Mas por outro lado fico realmente muito feliz ao saber que amanhã não estarei na capa de uma revista apenas por ser aquela que ele pega, não sou uma chupa fama, não sou. Mas seria legal vê-lo assumindo ter algo a mais comigo. Ou talvez não seria. Não entendo muito bem o porquê dele se recusar a ser visto comigo. Ele não deixa isso tão transparente assim, acho que na verdade ele nem quer que eu saiba que ele faz isso, mas eu percebo. Percebo que ele evita a todo custo ser visto comigo, percebo que ele quer arrastar Harry para os cantos conosco, percebo que ele não quer estar sempre sozinho comigo. Isso é estranho.

  - Zayn? 

  - Sim? – respondeu sonolento.

  - O que você sente por mim? – perguntei ridiculamente.

Ele engoliu em seco. Hesitou um pouco e por fim respondeu:

  - Sinto um carinho muito grande por você. Você é a minha melhor amiga – concluiu por fim.

Melhor amiga.

Isso é bom. Acho que qualquer outra garota não acharia isso bom e ficaria triste mas, eu não estou preparada para ouvir um “Eu te amo” ou um “Sou apaixonado por você” não estou. Não superei o meu último amor e seria doloroso ouvir Zayn dizer que me ama sem que esse amor fosse recíproco, porque eu não o amo. Se ele me perguntasse, acho que minha resposta seria muito semelhante, porque não consigo ver Zayn de outra maneira, ele é um amigo que vai pra cama comigo. Pronto, é assim que eu o vejo: Um bom amigo que vai pra cama comigo.

  - Você ficou calada... – ele observou – O que houve?

  - Não houve nada.

  - O que você sente por mim? – perguntou preocupado.

Acho que ele se preocupou porque acha que me magoou, deve estar achando que eu o amo e fiquei chateada com a resposta que ele me deu.

 - Sinto exatamente a mesma coisa, sem mais nem menos. Gosto de você como um melhor amigo, quase um irmão. Só não digo irmão porque soaria estranho já que dormimos juntos... – respondi sinceramente.

Juro ter ouvido um suspiro de alivio.

  - Acho que isso é bom.

  - Sim, isso é bom – respondi.
 
  - Está afim?

  - Afim de que? – perguntei confusa.

  - Deixa eu te mostrar – respondeu se levantando de um jeito sexy.

*
Deveriam ser 21h da noite quando bateram na porta do meu apartamento.

  - Quem é? – perguntei com preguiça de ir até olho mágico olhar.

  - É o entregador de pizza – a voz respondeu.

Entregador de pizza? Eu pedi pizza?

Zayn pôs a mão na boca e tentou reprimir o riso, ao meu lado.

  - Mas eu não pedi pizza – respondi à voz.

  - Pediu sim – respondeu.

Pedi?

  - Vamos lá Louis, essa já é velha – Zayn gargalhou ao me lado.

Louis, claro.

  - Está aberta – falei para Louis.

  - Ah, se eu soubesse que estava aberta eu nem teria gasto saliva e voz imitando voz de entregador de pizza – Louis se queixou adentrando a sala de estar. – Vocês não têm medo de serem assaltados não? Ou pegos no flagra?

  - Assaltados não, e pegos no flagra? Não devemos nada a ninguém – respondi.

Zayn engoliu em seco.

  - Então ta... – Louis deu de ombros.

  - E então? – perguntei.

 - E então o que? – Louis questionou.

 - O que você veio fazer aqui? – perguntei.

 - Ah... eu esqueci.

 - Esqueceu? – Zayn perguntou desconfiado.

Louis girou sobre os calcanhares e pensou por um instante.

 - Harry está fazendo uma noite especial das quais gostamos de fazer. Você sabe, pizza, vídeo game, essas coisas. E eu vim aqui chamar vocês, todos já estão lá.

Não vou.

  - Não estou muito afim de ir... – lamentei.

  - Ah, vamos? – Zayn suplicou.

  - Não Zayn! – Me joguei no sofá e comecei a ignorar suas suplicas, até que ele começou a me puxar.

  - Zayn! Eu não vou! Não vou aguentar você me enfiando em todo lugar que o Harry está, já não basta ele fazer tudo em nossa companhia!? Eu não vou!

 - Kath! Você se supera, velho! Quanto mal humor! Eu só quero te tirar de casa!

  - Sai você de casa! –  cacete, não tem porque ser grossa, mas eu estava tão irada com a ideia de ter que encarar um antigo amor em uma situação que fora tão comum quando nós nos permitíamos ser mais que vizinhos.

 - Eleanor está em casa, liga pra ela, não fica aqui sozinha – Louis falou me abraçando, enquanto Zayn, com raiva, já estava na casa ao lado.

  - Obrigada Lou – agradeci e ele também saiu.

*

 - Kath, você brigaria comigo por querer seu bem? – Há tempos estávamos escolhendo o que comer e agora Eleanor me vem com essa estranha história.

  - Pra me querer bem? Se for pro meu bem de maneira alguma, mas se for só para não me ver triste eu ficaria desolada! Minha melhor amiga? – disse as últimas sentenças fingindo indignação.

  - Ah Kath, deixa pra lá, só não me entenda mal! Não precisa ficar com isso na cabeça! – Culpada, era algo que insistia nas feições da minha amiga.

 Estávamos no restaurante de comida japonesa, já havíamos feito os pedidos e ela falava algo banal até chegarem os biscoitos da sorte. Ela abriu saltitante um e leu em voz alta:

" Você descobriu o que é amor da forma mais pura.  Amando."

Ela suspirou apaixonada e logo me interrogou:

  - Você acredita em amor?

Pensei muito, imagens e flashes do que eu jurava ser amor se misturavam com a triunfante traição que levei.

  - Acredito, além de tudo eu sei que existe, eu amo! Mas eu não sei o que é amor, não entendo a lógica da possibilidade de duas pessoas se amarem e não ser suficiente só esse amor, não que isso aconteça comigo, porque verdadeiramente não acontece, não compreendo o verdadeiro sentido de amar uma pessoa e mesmo assim conseguir traí-la. Lá no fundo eu sei que Harry me amou, mas eu não entendo o porquê de fazer isso acabar. Existem tipos de amores, os passageiros e os constantes, eu sofro do constante e Harry viverá sempre os passageiros, o amor existe, a base é o amor! 

  - Kath, – Eleanor disse pegando minhas mãos – não sofra com isso, não tente desvendar o amor, porque ele não se explica, se sente, se faz. Amar é verbo, meu anjo, e por isso provoca alguma sensação, não existe sensação que venha apenas de um provador, amor entre um ser só não existe, se permita viver um pouquinho sem precisa decifrar o que não se é necessário. Aprenda a deixar ir, não precisa esquecer, mas, deixe acabar, deixe coisas novas chegarem, saiba esperar por elas e saiba não esperar também. Se você enxergar as coisas da maneira exata, elas nunca serão totalmente erradas. Foi assim que eu aprendi a sobreviver nesse pouco tempo de vida que tive, me desapegando. De tanto se perder uma hora a gente acerta o caminho. Meu caminho tem sido o Louis e o seu tem que ser você mesma, ter outra pessoa é excelente mas se sentir auto suficiente é a melhor sensação. 

  - Obrigada, você tá certa, não vou mais me confortar por isso, obrigada por me ouvir, você é a melhor.

  - Sempre que precisar! – lembrou me.

*

Terminamos de comer apenas rindo de piadas alheias. A deixei em casa e quando subi me deparei com Harry na entrada:

   - Aonde você vai?  –  ele perguntou como se desse bom dia.

  - Para minha casa. Tenho montes de coisas a fazer e tal.  –  Não queria ser grossa, estava me sentindo tão leve.

  - Como o quê?

  - Ficar longe de você é minha tarefa mais imediata.  – Apenas uma resposta na ponta língua não faz mal, muito pelo contrário só me deixa bem.

  -  Deixa de ser infantil!

   - Ok. Te ligo quando eu amadurecer.  – Fechei a porta e apenas ouvi seu bufado alto.

*
  Dormi sozinha na minha cama, passei os vinte minutos antes de cair no sono pensando que eu passei da fase da saudade, agora é só indiferença. Pensei como sentia falta da minha família brasileira, e também pensei em mim, na infinidade de sentimento que eu carrego, mas  na verdade, o que eu levo aqui dentro é maior que tudo. É maior porque é do bem e vem fresquinho. Eu vivo mesmo é de claridades e não vai ser qualquer gentinha à toa que vai enfraquecer minha fé na vida e minha vontade de sorrir pro mundo.