História More Than This - Haylor - Parte II

  Eu estava um pouco desnorteada, não sabia para onde, ir nem o que fazer. Três coisas passaram na minha cabeça, a primeira era ligar para ele, a segunda era ir para Nova York e procurá-lo e a terceira era a mais tentadora de todas: correr pro aeroporto e voltar para o Brasil e fugir disso tudo. Dei meia volta depois de escolher a última opção e com largos passos desnorteados fui em direção ao aeroporto.  

Mas no meio do caminho meus pés paralisaram: não obedeciam ao meu comando de seguir em frente, e eu sabia que ou isso era uma intervenção divina dos céus me ajudando a não fazer algo que vá me causar arrependimentos depois, ou alguma parte de mim que ainda esteja consciente fez com que eu não conseguisse seguir porque sabia que isso iria acabar me magoando mais ainda fazendo a coisa errada e essa parte consciente realmente sabe que fugir não é a melhor opção.

Pronto, e estava ali eu parada no meio da rua podendo ser comparada a um poste. O que eu faço agora? Para onde eu vou?
Depois de concluir que fugir não era a melhor opção, peguei meu celular e disquei para Harry, uma, duas, três vezes, todas as ligações foram ignoradas, na quarta tentativa deu que o aparelho estava desligado ou fora de área. Desligado é claro, ele quer realmente me evitar.

*
Eu nunca recebi tantas ligações assim na minha vida, milhares de mensagens de pessoas querendo saber como eu estava, mas não dei muita importância para nenhuma delas.
 Enquanto seguia meu caminho para casa percebi que as pessoas estavam me olhando de forma estranha, talvez fosse porque eu estava em deleite, ou então elas sabiam o que estava acontecendo comigo, de alguma forma eu me senti exposta.
Mas eu não queria chamar tanta atenção assim, até porque depois de algum tempo eu percebi que havia alguns paparazzi circulando por ali, e eu já estava prevendo fotos minhas chorando como estou agora estampando sites e revistas.

Quando cheguei em casa já era fim de tarde, talvez fossem seis horas. Avistei minha tia aflita sentada no sofá, falando ao telefone.

  - Ela já apareceu – ela disse desligando a ligação assim que me viu. – Eu estava tão preocupada – ela murmurou carinhosamente vindo até mim.

Disfarçadamente enxuguei as lagrimas do rosto com as costas da mão, foi um movimento tão sutil que ela nem chegou a notar.
 Fiquei parada ali em pé perto da porta e tudo o que pude fazer foi retribuir o abraçado dela.

  - Eu fiquei tão preocupada, você não voltou em casa e nem foi ao show, não sabia onde você estava – e aí ela começou a chorar em meu ombro.

Eu me segurei porque não queria chorar na frente dela, nem na frente de ninguém então tentei pensar em coisas boas, mas minha mente estava oca e eu não era capaz de concluir nenhum raciocínio.

  - Tem algo que eu possa fazer por você? – ela perguntou e eu sabia ao que se referia.

  - Eu só preciso ficar sozinha – respondi.

  - Não quer comer nada?

  - Não – respondi e fui para o meu quarto.

*
Tomei um banho e me joguei na cama.

Não havia nada a fazer, eu não queria ligar a televisão pois sabia que em algum canal estaria falando sobre o acontecido. Eu não queria ligar o computador, não queria mexer no meu celular, não queria nada exceto conversar. Só havia uma pessoa com que eu queria conversar porque eu sabia que diria as coisas certas, essa pessoa sempre sabia o que dizer independente da situação, essa pessoa sempre me fazia sorrir, essa pessoa sabia a maneira certa de me deixar feliz, e essa pessoa era o próprio Harry Styles.
Eu estava desamparada e não conseguia deixar de culpar a mim mesma. Em momento algum pensei que a culpa fosse dele, afinal quem acreditou fui eu e não ele. Ele pode ter me iludido e eu sou esperta o suficiente para não ter caído no papo dele, o problema é que eu me deixei ser iludida por ele, eu me enganei com palavras bonitas e deixei que um “eu te amo” tirasse a sanidade de mim. Essa é a segunda vez que eu fui traída, mas a diferença era que eu não amava o primeiro homem que me traiu, mas com Harry era algo que ultrapassava o amor, era algo mais intenso, mas como não existe nenhuma outra palavra para descrever esse sentimento, eu sou obrigada a utilizar a minha única opção que é falar que o que eu sinto por ele é "amor".

Fiquei algum tempo tentando dormir, mas não estava dando certo, e ficar tanto tempo sem fazer nada me fazia pensar e relembrar, e isso é a ultima coisa que eu quero fazer.
  Então me lembrei da revista que comprei hoje mais cedo. Eu hesitei ao abrir a revista porque sabia que não queria ver aquilo, muito menos ler a respeito, mas depois de muito hesitar, acabei por fim abrindo a revista. Folheei até achar a página que falava sobre tudo o que eu não queria ler. Uma grande foto estampava uma página inteira: Harry e Taylor saiam de mãos dadas de algum estabelecimento. E a página seguinte contava o fato:

“ Na noite passada (03/12/12) a boyband One Direction fez seu primeiro show no Madson Square Garden (confira as fotos do show e mais detalhes na página 36 desta edição) logo após o show, os integrantes da boyband participaram de uma pequena comemoração em uma casa de shows local, Zayn Malik e Louis Tomlinson estavam com suas perspectivas namoradas: Perrie Edwards integrante da girlband Little Mix, e Eleanor Calder. Porém um fato surpreendeu a todos: a namorada de Harry Styles estava ausente, sim Katherine Jowett não foi vista nem mesmo no show, fontes revelam tê-la vista embarcando de volta para Londres no domingo à noite. O fato é que na saída da boate Harry Styles foi visto então com a cantora Taylor Swift, eles saíram da boate de mãos dadas. Alguns afirmam que Harry e Katherine romperam o namoro de quase quatro meses. E aí, será que o Harry já conseguiu superar a Katherine e partiu para um novo amor?”

  - Mas que merda é essa? – gritei para a revista.

E aquilo foi tudo antes de eu atirar a revista no chão e me encolher na cama. Fiquei me balançando por um tempo até ficar impaciente.

Então decidi ver televisão, estava passando um filme qualquer e ele conseguiu me distrair até o momento em que apareceu um cara e a garota se encantou por ele, o resto eu não sei por que logo em seguida desliguei a tevê. Peguei o notebook em cima da cômoda e fui até minha caixa de e-mails. Respondi os e-mails antigos de minha mãe e de meu irmão. Fazia tanto tempo que eu não o via a tanto tempo que quase me esqueci como era seu rosto. No e-mail ele perguntava o que eu estava achando de Londres e disse que já estava de férias na faculdade e que pretende vir passar o Natal comigo.
 Eu respondi dizendo que é uma ótima idéia e perguntei sobre minhas outras duas irmãs: Megan e Karen.

Depois continuei verificando minha caixa de e-mail e vi um de Gabriela. Gabriela! Era um e-mail de um mês atrás, ela estava perguntando quando eu iria voltar ao Brasil e visitá-la. Eu respondi que não sabia quando, mas com certeza iria. E me lembrar de Gabriela fez com que eu me lembrasse de como as coisas eram antes, como as coisas eram quando eu achava que estava passando por uma fase ruim, como eu achava que as coisas estavam perdidas, e como eu me sentia vazia. Mas eu posso dizer com convicção que aquele vazio não pode ser comparado a esse, esse é devastador e aquele em certa parte era de um pequeno arrependimento. E foi aí que eu comecei a perceber que a minha vida estava sem sentido, eu me habituei tanto a conviver com Harry que agora o futuro me parecia um túnel escuro, um novo terreno a ser explorado, e por algum motivo eu sentia que de agora em diante meus dias seriam vazios.

Então eu peguei meus fones de ouvido e coloquei uma música qualquer para tocar bem alto de modo que eu fosse incapaz de pensar. Deitei-me e me senti ridícula ao ficar olhando para o celular esperando que Harry me ligasse. Fiquei ali ansiosa esperando por uma mensagem, uma ligação, qualquer coisa que viesse dele, mas tudo o que recebi foi o nada.
  Eu fiquei deitada tentando aprender as letras das músicas que tocavam na rádio. Quando deviam ser Duas horas da manhã minha tia entrou de fininho no meu quarto. Acho que ela queria se certificar de que eu não havia fugido.

  - Pode acender a luz – falei para que ela pudesse ver que não passou despercebida.

Ela corou ao ver que foi flagrada, mas de qualquer modo acendeu a luz.

  - Só queria ver se você está bem – ela disse sentando se em minha cama.

  - Eu estou – menti.

  - Não me parece – ela respondeu enxugando as lágrimas de meus olhos. – Eu quero conversar com você.

Assenti para incentivá-la a prosseguir.

  - Eu não quero que você fique assim – ela começou e logo em seguida balançou a cabeça. – Eu não quero que você fique assim por ele. Você é tão jovem e bonita – ela disse secando minhas lágrimas. – A única conclusão em que fui capaz de chegar é que ele não te merece e você não pode ficar assim por causa disso.

Eu engoli em seco incapaz de dizer algo.

  - Amanhã eu não estarei em casa, terei que ficar até tarde na gravadora. Não sei se te contei, mas as garotas estão gravando um cd – ela sorriu satisfeita.

  - Isso é bom.

  - Eu quero que amanhã você saia, você tem amigos, e eu não vou aguentar chegar em casa e ver que você passou o dia dentro dessa casa. Tem tanto homem no mundo, ele não é o único, e você pode arrumar outro cara, você é jovem. Então saia, se divirta e seja feliz – ela me encorajou. – Você vai fazer isso?

  - Sim – respondi sabendo que não era verdade.

  - ótimo, agora vou te deixar em paz para dormir. Boa noite – ela deu um beijo em minha testa, apagou a luz e saiu de meu quarto.

*
Eram quatro horas da manhã quando eu me sentei em minha eu relembrei de um momento com Harry aqui em meu quarto, eu ainda não havia dormido, e uma coisa que antes havia passado despercebida agora veio a tona. Os pôsters! Os posters dele, da banda. Aquilo me fez chorar ainda mais porque tudo o que eu não queria era me lembrar dele, e ali estava em na parede do meu quarto. Eu estava três vezes pior do que antes de olhar esses posters, então resolvi tomar uma atitude: Levantei-me e comecei a arrancar aquelas fotos da minha parede, rasgando-o o papel sem piedade. Eu aproveitei e usei a minha raiva enquanto executava o serviço.
  Quando terminei e todos os pôsteres estavam rasgados no chão, eu voltei a deitar em minha cama. O que era para ser um alivio acabou não sendo. Eu não sei por que, mas aquilo não melhorou em nada. Acho que fez com que eu me sentisse pior ainda o por quê eu não sei, mas fez com que eu me sentisse ainda mais vazia.

Em momento algum eu consegui cessar o choro, e tudo o que eu conseguia era sentir falta dele, cada vez mais. E lá estava eu novamente esperando por algum sinal dele, tentei ligar, mas o celular ainda estava desligado.

*
Eram quase seis horas da manhã quando eu finalmente consegui dormir.