Valentina narrando
Infelizmente é segunda-feira, levantei cambaleando, meu Iphone despertou com Brick By Brick do Artic Mokeys, a sorte mesmo foi a trilha sonora que me fez até acordar com menos mau humor como de costume. Tomei um banho quente, porque nem fodendo eu ia tomar banho gelado em plena segunda-feira, às 07h00 da manhã, num puta dum frio carioca. Eu ia voltar pro fundão da sala, quebrar a cabeça com aquele bando de matéria desnecessária, ver aquele bando de gente chata do caralho fingindo simpatia como pede o inicio do ano, sorte que é o meu ultimo ano. Vesti a calça jeans preta e a farda nova, apanhei a mochila e calcei o tênis rápido, pelo menos vai dá tempo de tomar café.
Liguei pra Luíza enquanto comia uma torrada com queijo que minha mãe tinha acabado de fazer, meu pai estava sentado no sofá assistindo sei lá o que. Lá fora o barulho dos carros irritantes que fazia uma pessoa sã enlouquecer, e o sol que parecia perto da terra cada dia mais.
Eu: Lu?
Luíza: Oi amiga, bom dia. – disse devagar quase parando.
Eu: Espero que o dia seja bom. – arfei.
Luíza: Espero um professor, gato.
Eu: Espero que esse desejo concretize.
Luíza: Vou terminar o café e nos encontramos lá em baixo.
Eu: Já é.
A Bel tinha mandado mensagem no Whats, respondi de imediato. “Vadia, pera aí em baixo, já to descendo.”
Eu: Tchau mãããe, tchau paaaai.
Eles responderam em coro: ”Tchau Valentina”.
Como sempre, desci de escada porque odeio elevadores, o que me fez ser a ultima a chegar. Elas já estavam lá em baixo encostadas na parede da cabine do porteiro.
Eu: Bom dia, vagabundas.
Betina: Fala, vaca.
A Luíza bocejou falando algo que eu não entendi.
Eu: Ai, que sono do caralho, mano.
Betina: Eu to tipo um zumbi aqui.
Luíza: Puta sono, muito sono, muito sono mesmo.
O porteiro abriu o portão numa disposição enorme, mas como? Que tipo de pessoa age feliz assim em plena segunda-feira? Que cuzão.
O tempo até passou rápido quando chegamos ao colégio, por sorte nosso condomínio é perto, só alguns passos e quanto mais conversamos, mais o caminho encurta. O processo foi o mesmo de sempre: entramos e demos de cara com sorrisos de ponta a ponta, patricinhas exibindo seus materiais escolares, suas bolsas de grife e toda a babaquice que são impressas naqueles cérebros minúsculos, e como minúsculos rima com músculos, os jogadores do time de futebol exibiam também a evolução dos seus bíceps durante as férias. Os nerds como sempre sentados no banco do corredor lendo algum best-seller chato pra caralho. Ou seja, estamos nós aqui nesse eternal ciclo infernal, one more time.
Betina narrando
Não interessa quantas coisas você faça num domingo, ele vai continuar sendo o dia mais chato da semana. Não interessa quantas vodcas você consuma numa festa, tua cabeça pese, teu corpo amanheça dolorido pra caralho e teu estômago revire, sempre terá alguma festa pra te foder mais um pouco. Para mim, Betina Emboaba Cruise, não interessa quantas vezes meu pai reclame dos meus amigos, das festas que eu vou, da minha vida, eu sempre arrumo um jeito de colocar as coisas ao meu favor.
Mas ali estava eu, na sala de aula, enquanto o professor careca, gordo e bigodudo, chato pra caralho, copiava um mundo de coisas na porra do quadro. Quando você é criança, eles costumam te perguntar como foram suas férias, quando você cresce, mal dão bom dia e já vão passando trabalho pra ser entregue no dia seguinte. Bando de filho da puta do caralho, que chamamos meigamente de “professores”.
Valentina: É, pelo visto seu desejo não se realizou. – murmurou.
Eu: Quê? – franzi a testa.
Luíza: É que eu tava pedindo aos céus por um professor gato. – riu.
Eu: Ata. – ri. – Porque a buldogue e suas seguidoras tão olhando pra cá?
Luíza: Boa pergunta.
Valentina: Perdeu alguma coisa aqui, caralho? – disse um pouco alto pra que as vadias escutassem e o professor não.
As três cochicharam alguma coisa, mas como não entendo idioma de vaca, não fiz a mínima questão de saber do que falavam.
A aula de química seguiu chata pra caralho. Tinha um monte de formulas, números e aquelas paradas da tabela periódica pelo quadro. Esse velho só pode ser mesmo louco pra ter passado anos numa faculdade estudando química. Química, caralho.
Depois de química veio mais dois horários de matemática. A mesma merda de sempre e antes que batesse a porra do horário a Valen já estava jogada sobre a carteira, dormindo. A Lu prestava atenção e até participar da aula, participou. E eu, bem... Eu tava evitando olhar pro lado, somente pra não ter que me deparar com o viado do Bernardo, sentado logo ao meu lado direito.
A aula não continuou chata porque o Frederico ficou zoando e falando um monte de merda. Agora eu sei o porquê dele ter nascido, simples, pra fazer a gente rir com as piadas idiotas que ele insiste em contar.
Ao fim da aula, enquanto a Lu cutucava a Valen, eu percebi que a vadia com cara de buldogue da Ana Julia não parava de me encarar. Sabe, eu tava quase indo perguntar se meu brilho tava ofuscando, mas deixei quieto. No ano passado eu fiz coleção de tanta advertência, não ia me prejudicar logo no primeiro dia por causa de uma vadia qualquer.
Valentina: Que fome, que sono, que porra.
Luíza: Calma vadia.
Eu: Calma o caralho, eu quero é ir pra casa.
Valentina narrando
O intervalo tocou, e geral sussurrou: “amém”, “graças a Deus”, “até que fim”, “ufa”, e eu simplesmente: “VAI CARALHO”. Eu odeio matemática, bicho, odeio. Saí da sala pra tomar uma água e comer alguma coisa, também na esperança de encontrar algum calouro gostoso. Cumprimentei umas gurias chatas, mas que são gente boa, sempre rola dessas. Vi o Prego acendendo um baseado atrás dos armários, esse não muda nunca, mas são por esses que o colegial no fundo faz falta.
Eu: TÁ MALUCO, CARALHO. – gritei atrás dele que virou com tudo, que dó.
Prego: TÁ MALUCA, MALUCA, CACETE VALENTINA.
Fiquei uns 2 minutos rindo com a mão no joelho, ele também riu me abraçando e me tirando do chão.
Eu: Preguin, tu não muda não, hein porra?
Prego: Que susto do satanás, cara. Achei que fosse a tia Cecília, mano, pensei logo: ME FODI.
Eu: Então vê se tu se liga logo, que daqui a pouco vai ser ela mesmo e tu vai tá fodido, real.
Ele piscou pra mim e deu um sorriso mostrando seus dentes pretos do caralho, isso é resultado de tanto pó, maconha, cocaína, toda porra que o Prego usa.
Poderíamos escolher quem encontrar todos os dias no colégio, real. Até me deu uma náusea do caralho quando encontrei as lixosas da Letícia, Ana Júlia e Carol, tomar no cu.
Enquanto elas pararam do meu lado pra falar com alguém que eu não faço questão de virar e ver quem era, dei um passo à frente tentando ficar mais afastada possível.
Letícia: Então ok, aparece lá no estúdio depois das aulas.
X: Ok.
Até a voz da mina me irrita. Terminei de ler o cartaz no painel que fala da festa de boas vindas e quando me virei, a vagabunda da Letícia acelerou os passos trombando em mim.
Eu: Tá cega, filha da puta?
Letícia: Não, mas você é tão invisível que eu não te enxerguei.
Eu: Aqui meu dedo totalmente invisível pra você, vadia.
Mostrei o dedo do meio, ela começou a sorrir com sarcasmo e passar desesperadamente a mão no cabelo de merda que ela tem, respirei fundo tentando ignorar a tentativa dela em chamar atenção, até o Fred aparecer, bem Fred...
Fred: TEEEEEETAAAAS, HEY. – passou as duas mãos na minha cintura e beijou meu pescoço. Beijo no pescoço não, mano, OMG.
Ele olhou fixamente nos olhos dela, como se dissesse: “SAI DAQUI VAGABUNDA.”
Sorriu lentamente e me puxou dali. Que bom que o Fred existe. De repente os corredores lotaram. Vozes por todo lado, alguns falavam de como a nova pintura do colégio ta escrota, outros das festas que foram nas férias, e alguns falavam de sexo, é, sexo. Fomos ao refeitório e a Bel e Lu já estavam sentadas na mesa encostada na janela, é de lei desde nosso primeiro ano ali. Sentamos e o Fred já foi fazendo gracinha.
Fred: Caralho, imagina aquela mina fodendo. – fez sinal com a cabeça mostrando a guria na mesa atrás da nossa.
Eu: Porra, Fred.
Luíza: Larga mão de ser escroto, cara.
A Betina continuou encarando a guria, eu não entendi o porquê dela ainda encarar a guria, até que percebi que ela não tava encarando a guria, mas o Bernardo entrando de mãos dadas com a Ana Júlia. Vadia escrota do caralho, outra insuportável.
Eu: BETINA. – gritei.
Ela virou num impulso.
Eu: Para disso, cara.
Betina: De que, cara?
Eu: Olhar o Bernardo com aquela ‘ECA’. – enfatizei o “eca”.
Betina: Não to fazendo isso, fumou?
Eles são ex-namorados, querendo ou não as pessoas próximas a Betina sacam que ainda rola algo, talvez não tão grande quanto o que os levaram a namorar e nem tão forte quanto o que os manteve juntos, até certo tempo, mas ainda rola uma parada, e ela sabe.
Fred: Relaxa aí, Bebel. Caralho, Bebel é nome de prostituta.
Betina: Não me chama assim, viado.
Eu: Para, Frederico.
Fred: Tetas, não me chama de Frederico, parece que tu tá falando sério comigo.
Apenas ri.
Alguns minutos passaram e as vozes no refeitório foram aumentando, o Fred zoando a Luíza e passando a mão na minha coxa, sorria toda vez que eu o repreendia.
Fred: Sério, a Blue é uma das melhores que eu já fui. E por falar em festa, quem vai à festa de boas vindas?
Eu: Sei lá. – olhei as meninas.
Luíza: To super por fora, só li o aviso no mural.
Betina: Se for uma merda? Porque as organizadoras são.
Todos rimos.
Fred: Tudo bem que a Letícia, a Júlia e a Carol devem foder gostoso, mas não vejo motivo nenhum pra namorar, tá ligado? O Hugo mesmo, não sei que porra tem com a Letícia ainda, que nóia.
Eu: Boatos que dois doentes se entendem.
Fred: Somos o casal doente mais foda da face da terra. – disse me agarrando, as meninas riram e cochicharam uma parada que eu não consegui entender por conta do Fred ter me dado um abraço de urso.
Continuamos conversando sobre festas, vodcas, boates, sexo. O Fred me faz rir tanto que eu fico com a barriga dolorida. De repente uma figura alta se posicionou atrás do Fred, as mãos dele apertaram os seus ombros o fazendo virar num salto.
Hugo: Olá, irmãozinho.
Fred: Que susto, porra.
O Hugo me encarou com uma expressão séria e sorriu para as meninas, depois disso deu um tapa leve na cabeça do Fred e foi sentar na mesa do outro lado do refeitório. Às vezes eu acho que tudo o que ele faz é pra aparecer. Sempre falei com todos, menos com o Hugo, sei lá, nunca troquei meia palavra com ele. Apesar de ficar com o irmão dele.
Fred: Eu acho que vou dirigir um filme.
Tomar no cu, sempre o Fred com essas babaquice.
Betina: Que filme, Frederico?
Fred: American Pie – O livro das minhas bolas.
Todo mundo gargalhou e algumas pessoas nas mesas próximas pararam de comer seus hambúrgueres gordurosos para nos olhar. É meio difícil não olhar quando o Fred abria a boca.
Eu: Que babaca. Fred tu é doente ou o que, mano?
Ele deu aquela risada escandalosa.
A mesa em nossa frente esvaziou por alguns minutos, até as desagradáveis sentarem nela. Olhei a Betina que revirou os olhos e a Luíza que sussurrou um “eca”. Eu estava comendo pães de queijo com suco de laranja, e acho que entre amigos rola certo tipo de telepatia. O Fred me encarou e me viu encarando a Bel que encarava a mesa atrás de nós, o que o fez virar e ver as “ecas” sentadas. Apanhei um pãozinho de queijo, que me deu até pena de desperdiçar, mas eu iria fazer. Primeiro dia de aula sem emoções, literalmente não é primeiro dia de aula. A Bel olhava pra ver o momento certo e me avisar, quando todas estivessem olhando pra frente, até que, JÁ. A Bel sussurrou e eu me virei rapidamente atirando um pãozinho de queijo na cabeça da Letícia que ficou coberta de farelo. Tapei a boca do Fred com um beijo, eu sabia que ele iria dar aquela puta risada escandalosa e ela iria pensar que foi ele. A Luíza começou encarar o nada tentando desesperadamente conter o riso, e a Betina bebeu o suco todo do copo, o suco acabou e ela continuou com o copo na boca com um sorriso escapando de lado.
Letícia: QUEM FOI O IMBECIL? – disse levantando e levando as mãos no cabelo, olhando para todos no refeitório, enfurecida.
Dei um sorriso escroto pra Bel e pra Lu e um selinho no Fred, levantei com as mãos na cintura e me virei pra encarar a eca da Letícia.
Eu: FUI EU – gritei. – Mas não sou imbecil, pelo contrário, tenho uma ótima pontaria.
Ela andou rapidamente em minha direção com os punhos fechados, e eu apenas ri. A Luíza e a Betina levantaram imediatamente e o Fred entrou na minha frente segurando os punhos magrelos da Letícia. Vem vadia.
Fred: Abaixa a bola, Letícia.
Letícia: Me solta seu estúpido ridículo.
Eu: Deixa essa nóiada do caralho, Fred. – continuei rindo.
Betina: Tá querendo o que agora, Let? O resto do suco pra acompanhar o pão de queijo? – gargalhou.
A Luíza estava rindo pra caralho, o que me fez rir mais ainda. Umas gurias do outro lado também rindo pra caralho, todo mundo no refeitório parou pra tomar parte da treta, de repente tinha uma roda de gente ao nosso redor, até as tias da cantina.
Meu riso logo desapareceu quando o Hugo apareceu atrás da Letícia, passando os braços ao seu redor e sussurrando algo em seu ouvido e virou-se pro Frederico com uma olhar bastante indiferente.
Hugo: Esquece, Fred. Não vou brigar contigo aqui.
Fred: Não to brigando contigo, Hugo, qual é?
Hugo: A partir do momento que tu tocar o dedo na Letícia à porra da briga é entre nós. – disse olhando pra mim, que olhar irritante ele tem, pensei.
O Fred havia soltado os punhos da Letícia assim que o Hugo apareceu, eu fui para o lado do Fred tentando também fazer com que o Hugo e a sua cadelinha não se sentisse os donos da situação. Ele é grande, mas não é dois.
Fred: Que medinho, irmão. Mas vai tomar no cu, tu e essa guria ridícula.
Eu ri encostando a cabeça no peito do Fred.
Eu: Vamo sair daqui, a palhaçada já tá completa, o teu irmãozinho e as cadelinhas dele chegaram.
A Betina e a Luíza estavam no fundo, quando me virei elas me olharam e rimos em conjunto.
Betina: Vamos pra arquibancada, gente.
Betina narrando
O-d-e-i-o aula de educação física. Qual o sentido de ficar correndo naquela porra de quadra, parecendo um retardado, atrás de uma porra de bola, ou se esquivando dela? O cabelo fica fedendo a suor, as pernas ficam doendo e convenhamos: a única parte boa dessa porra de aula são os meninos sem camisa. Eu e a Valen estávamos deitadas na arquibancada, nossas mochilas serviam de travesseiro, e apesar de não ser confortável, estávamos felizes pelo professor não ter nos enxergado ainda. A Lu estava num canto conversando com o Guilherme, bom, depois ela teria de nos contar tudinho.
Valentina: Esse é o melhor milk-shake de morango do estado, do mundo, dessa galáxia inteira!
Eu: É só um milk-shake de morango. – rolei os olhos.
Valentina: Amiga, não menospreze o gosto dos outros. Tu gosta de vodca de abacaxi, e deixa eu te falar, é a coisa mais horrível que existe!
Eu: Umbu é a fruta mais nojenta que existe!
Valentina: Me atualize... Desde quando meu comentário sobre meu milk-shake de morango foi resultar em umbu?
Rimos.
Eu: Olha só que porra de garota escrota. – apontei com a cabeça pra uma guria que passou em nossa frente, patética. – Que roupa ridícula, que corpo fodido, que puta.
Valentina: HAHAHAHAHAHAHA!
Chamaram o Gui pra jogar futebol e quando a Luíza preparou-se pra se juntar a nós, a vadia da Carol se materializou na frente dela. Eu levantei, já com os punhos fechados. Se mechem com minhas amigas, mechem comigo. E mano, essa vagabunda tinha que ser mulher demais pra tocar o dedo em mim, na Lu e na Valen.
Carol: Ou você fica longe do Guilherme ou eu quebro tua cara, entendeu?
Eu: Tu vai quebrar o quê, querida?
Ela virou-se num pulo e me encarou com cara de merda. Cruzou os braços.
Carol: Fica na tua, que isso nem te interessa.
Eu: A parte do momento em que uma vadia vem incomodar minha amiga, me interessa sim.
Carol: HAHAHAHAHA! Acho que tu deveria deixar pra se intrometer quando o assunto envolvesse o Bernardo, já que tu corre tanto atrás dele!
Assuntos que envolvem o Bernardo sempre fodem comigo.
Luíza: Cala tua boca, vagabunda!
Carol: Vagabunda é tu, que fica se oferecendo pros caras que tem namorada.
Eu: Se tu se confiasse, não estaria fazendo essa ceninha patética.
Carol: Olha só quem fala, a que foi traída.
Essa foi demais. Sem pensar duas vezes, empurrei a vadia, que me encarou assustada, mas logo seu olhar tornou-se em raiva.
Carol: Vou te matar!
Valentina: CARALHOOOOOO. – chegou correndo, tropeçou, mas continuou de pé.
Eu: Você tem que ser muito mulher pra isso, querida.
Carol: Acho que tu precisa aceitar que tu perdeu o Bernardo, vadia.
Engoli em seco, mas antes que eu pudesse responder, a Valen se colocou em minha frente.
Valentina: E eu acho que tu precisa disso. – derramou o milk-shake de morango no cabelo da Carolina.
Luíza ajudou a amassar o copo e a espalhar o milk-shake pela roupa da vadia.
Eu: Isso é pra tu aprender a deixar de ser recalcada.
Valentina: Vadia, mal comida.
Luíza: Pensa bem antes de vim fazer ceninha, caralho.
Quando eu já ia xingar ela de tudo que era palavrão que eu conhecia, e não eram poucos, o Rick apareceu me puxando e com o outro braço puxou a Valentina que ainda estava tentando esfregar o copo do milk-shake na cabeça da Carol, enquanto a Luíza já tinha dado as costas.
Henrick: Que porra vocês tem na cabeça?
Eu: Cala a boca que você não viu o começo da situação.
Valentina: Ela veio tretar com a Luíza, mano.
Henrick: Caralho, que loucura da porra, a mina tá toda suja. – disse olhando enojado a Carol tentando limpar o milk-shake dos olhos.
Eu: Problema dela. – ri.
O professor me chamou com a Valen pra jogar baleado. A Valen, obvio, inventou uma desculpa qualquer. Lu já estava no meio da quadra e eu me posicionei ao lado dela. Meu time só tinha guria retardada, no outro só tinha guria patricinha. O jogo começou. Bola vai, bola vem. E quando finalmente peguei a bola, não pensei duas vezes e baleei a Ana Julia. Claro, ela começou a dar showzinho.
Julia: MINHA UNHA! Quebrou minha unha, caralho. – disse como se aquilo fosse a pior coisa do mundo.
Eu e Lu rimos. Julia me fuzilou com o olhar e num segundo estava em minha frente.
Julia: Culpa tua!
Eu: Minha? Mas eu nem toquei em ti, flor.
Julia: Tu jogou a bola, Betina!
Eu: Isso aqui é um jogo. Se não aguenta, entrou por quê?
Julia: Eu te odeio, garota! Tu ainda vai me pagar por isso!
Eu: To com medo pra caralho.
Luíza: É só uma porra de unha, Julia, fala sério.
Julia: Cala tua boca, ninguém aqui falou contigo!
Eu: Tu é imbecil, guria!
Antes que se tornasse num ringue, o Bernardo e o Hugo se aproximaram de nós três. Mano, eles estavam sem camisa, suados, lindos, gostosos, armaria.
Bernardo: Calma aí, caralho.
Hugo: Bel, tu não acha que já brigou demais hoje não?
Eu: Mas quem tá brigando aqui? – sorri, cruzei os braços.
Luíza: Só acho que se essa daí não sabe brincar, nem devia ter levantado a bunda da porra da cadeira.
Julia: Vocês são ridículas.
Eu: E você uma recalcada, mal amada.
Bernardo: Chega porra! – me olhou. – Betina, por favor.
Dei um sorriso sarcástico e grudei na Luíza.
Eu: Dá próxima vez avisa a tua cacatua que isso aqui é jogo pra quem sabe jogar. – saí.
A Valen tava tentando fazer pontinhos com a bola, eu e Lu paramos ao lado dela, observando a porra desastrada que ela tava fazendo. O Hugo tava indo pro vestiário e sério, porque tinha que ser tão gostoso? Mano, eu só tenho amigo delicia. Valen tava tão distraída, que acabou trombando no Hugo que passava mais atrás. Os dois caíram, claro, a Valen por cima.
Hugo: Vê se toma mais cuidado. – disse, depois de quase um minuto fitando a Valen e a boca dela.
Valentina: Porra, foi mal. – levantou. – Só to me fodendo hoje!
Ele deu de ombros, acenou pra mim e pra Lu e saiu. Nós olhamos a Valen que fez uma careta.
Valentina: Qual é?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.