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História Herança Veela - Cap 28 : A Dor


Escrita por: AmandaRoss

Notas do Autor


Ooooi gente!!! Como estão? Bem eu espero..

Eu nem acredito que finalmente vou postar esse capítulo, quer dizer, levou menos de uma semana mas ESSE É EXATAMENTE O PROBLEMA! Eu não tomava café antes dessa semana tudo bem? Agora estou movida a café @.@ eita coisa boa que tira o sono... Falando nisso... Vocês pegaram um pouco pesado demais nas macumbas do ultimo capitulo, ok? Eu fiquei doente um dia depois de postar! É difícil escrever doente, lembrem-se disse, pf e.e'''

Mas finalmente aqui está o cap tão aguardado... Nesse temos duas musicas! Isso mesmo, já que estão... Separados, achei que as musicas também deveriam ser... Enfim e.e' A de Harry é "Love The Way You Lie part 2" e a de Draco é "Hurt" da christina aguillera pf.

Espero sinceramente que gostem desse cap. Bjs!

Capítulo 28 - Cap 28 : A Dor



Cap 28 - A dor:


Draco viu Harry se afastando como se uma parte de seu coração que estivesse partindo, ou ele todo na verdade. Queria tanto ir lá, pega-lo em seus braços e dizer que fora tudo mentira, que sentia muito, mesmo que não fosse sua culpa. E então iria beija-lo, aqueles lábios tão doces que tanto gostava, acalmaria aquelas lagrimas... Oh, havia tantas delas.


 Percebeu que por seu rosto também escorriam lagrimas, agora que a maldição acabara ele podia se expressar livremente. Mas de que adiantava? Seu amor tinha ido embora.


      — Oh! Que belo show! — Pansy saiu de seu esconderijo, gargalhando e batendo palmas. — Realmente, acho que vou colocar isso em uma penseira, para me lembrar deste momento para sempre!


Draco rangeu os dentes.


      — Não está melhor assim Draquinho? — Pode ouvi-la se aproximar, mas não viu pois ainda olhava em direção as escadas. — Agora você está livre para ter alguém melhor. Alguém como... Eu.


Uma onda de fúria se apossou de si, não aguentava mais aquela voz, não aguentava mais aquele tom. Ela fora a responsável por toda aquela desgraça, ele ferira seu parceiro e a culpa era dela! Harry estava chorando e a culpa era dela! Ele... Oh Merlin, ele dissera tantas coisas... Antes que pudesse se controlar, socou o mais forte que conseguiu, na direção da voz. Por sorte, ou não. Acabou acertando a parede atrás da garota, que agora estava com os olhos muito arregalados, paralisada.


      — Me ousa e me ousa bem, pois não vou repetir. — Se impressionou com sua voz, ela nunca estivera tão fria naturalmente, assim como seu olhar. — Pode ter me feito dizer aquelas coisas á Harry, mas eu não desisti dele, ok? E principalmente... Eu NUNCA, está me ouvindo? NUNCA! Vou ficar com você Parkinson. Você é nojenta.


E abaixou sua mão, nem tinha percebido que a deixara ali. A parede estava rachada.


Deu meia volta e andou a passos pesados em direção ás escadas, precisava de um banho para se acalmar. Talvez dormir para esquecer que aquilo tinha acontecido e quando acordasse poderia ter seu pequeno parceiro de volta em seus braços, talvez aquela dor que vira nas joias verdes nunca fosse real...


Lá atrás, Pansy ainda permanecia chocada. Piscou algumas vezes encarando o lugar onde o loiro estivera alguns momentos atrás. De repente começa a rir descontroladamente.


      — Tão ingênuo... — Arfou entre risadas. — Você já é meu Draco... Mesmo que não saiba disso. Já é meu.
E o faria perceber isso, mais cedo ou mais tarde.


                                                                          oOo


Harry correu, correu até não poder aguentar mais. Correu até suas pernas começaram a falhar, pois era a única coisa que poderia fazer agora. Queria fugir, fugir de tudo. Acreditar que nunca acontecera. Quando finalmente não podia mais correr, caiu de joelhos, soluços sacudindo seu corpo. Estava na beira do lago negro, em algum lugar muito perto da floresta proibida a julgar pelas arvores próximas.


Colocou as mãos no rosto e chorou, deixando os sons saíram descontrolados. Era dolorido, por que doia tanto? Por que a dor não parava? Seu coração estava doendo, era tanta dor... Por que não morria de uma vez? Não queria pensar, não queria...


Mas... Era tão impossível. As cenas que não tinham acontecido nem a uma hora atrás, na verdade... Ele não sabia quanto tempo estivera correndo. Aquelas cenas se repetiam em sua mente como gritos, tapas, literalmente dor. Não podia definir aquilo como nada mais do que dor. Quer dizer...  Draco... Draco... Malfoy.


Mais soluços sacudiam seu corpo, ele já não podia mais aguentar.


Malfoy era... Foi seu parceiro. Seu parceiro veela. Ele foi. Merlin, então por que...? Por quê? Ele fora mesmo? Não... Tudo tinha sido uma mentira, como o loiro deixara bem claro. Ele nunca tivera um parceiro, ninguém nunca o amou de verdade. Por que amaria? Ele era só uma aberração, como seus tios sempre gostaram de dizer, por que iria mudar agora que ele era um veela? Era tão obvio... Por que acreditou? Por que se deu o trabalho? Era obvio que Draco não poderia realmente ama-lo da forma que dizia, era tão obvio... Por que alguém faria? Antes eles não tinha nada de bom, agora que tinha o corpo... Fora aproveitado. Mas nem isso tinha durado muito, nada de bom na sua vida poderia durar mesmo que fosse mentira.


On the first page of our story
(Na primeira página da nossa história)
The future seemed so bright
(O futuro parecia tão brilhante)
Then this thing turned out so evil
(Então essa coisa se tornou tão mal)
I don't know why I'm still surprised
(Eu não sei porque eu ainda estou surpreso)
Even angels have their wicked schemes
(Até os anjos têm seus planos perversos)
And you take that to new extremes
(E você leva isso para novos extremos)
But you'll always be my hero
(Mas você sempre será meu herói)
Even though you've lost your mind
(Mesmo embora tenha perdido a cabeça)


" — Potter. Eu não consigo parar de pensar em você. Não consigo parar de pensar em você, como seria bom ter você por perto, conversar com você sem me importar com nada, poder te abraçar e... Beijar." Claro que queria seu corpo...


Mais lagrimas.


"— Mas... Malfoy... Mesmo assim... A gente nem... Se conhece, eu não sei nada sobre você e... Acredito que não saiba muito sobre mim.


  — Então me deixe te conhecer. Não estou falando para nos casarmos agora, nem nada." Era óbvio...


Colocou as mãos na cabeça, agarrando com força os cabelos.


O sol que brilhava no céu lhe era tão familia, estava tão igual aquele dia... Se lembrava da sensação de acordar nos braços do loiro. Por que não conseguia sentir nojo disso?


" — Bom dia anjinho." Lembrou da voz rouca de sono, falando pela primeira vez aquele apelido tão vergonhoso... Queria tanto poder ouvi-lo novamente, tanto...


Soluçou involuntariamente.


" — Eu te amo Harry." Lembrava da sensação de sua pele se arrepiando ao ouvir isso.


      — MENTIRA! — Gritou, para ninguém em especial. Apenas tentando colocar a dor para fora. — N-Não passavam de m-mentiras...


Não conseguia controlar o próprio choro, chorava compulsivamente como nunca antes em sua vida, não podia controlar. Estava doendo tanto, tanto... Tinha que esquecer, tinha que passar...


Sua visão foi escurecendo sem nem perceber, não pode lutar contra a falta de sentidos que tomou seu corpo, até por que não queria. Não pensar era o que mais desejava agora. 


"— Draco eu... Gosto de você. Gosto mesmo." ... Tão tolo... Por que...?


Talvez pudesse ficar no escuro para sempre.


                                                                   oOo


Acordou com uma sensação quente e gostosa, estava deitado em uma cama grande e macia. Apesar disso estava ciente da dor latejante em sua cabeça. Abriu os olhos com relutância, se acostumando rápido a falta de luz no lugar onde estava. Um pouco mais acordado, percebeu que estava tapado com algo feito totalmente de pelos, algo realmente muito quente, não necessário já que a lareira modesta cuidava do aquecimento do local, assim como a iluminação.


      — ... O que? — Sua voz estava áspera, machucando a garganta quando falava.


Ainda deitado e com a visão limitada, ouviu o som de cadeira arrastando, uma grande cadeira arrastando e então o chão tremendo. Finalmente sua visão foi totalmente coberta por um gigante cabeludo.


      — Oh, Harry! — O alivio era visível na voz de Hagrid. — Que bom que acordou! Me deixou muito preocupado mocinho.


      — ... Hagrid? — Franziu as sobrancelhas. Como tinha ido parar ali afinal?


      — Não só a mim afinal, seus amigos também não cabiam neles de tanta preocupação, se quer saber. — O gigante continuou, se virando para pegar uma grande caneca em cima da mesa. — Nos pregou um grande susto rapazinho.


E estendeu a xicara para o menor, que com algum esforço se levantou, ficando sentado para pegar o copo. Bebeu com gosto o chá que estava quente, aliviando sua garganta. Hagrid apenas o fitava com interesse. Termino o chá em silencio, evitando olhar para o outro. Não queria falar sobre nada. No entanto Hagrid tinha ideias diferentes.


      — Bem, o que aconteceu Harry? — Fez a maldita pergunta. — Por que o encontrei desmaiado perto da floresta proibida?


O pequeno veela então levantou o rosto devagar, para fitar os olhos do gigante. O que tinha acontecido, era o que ele queria saber... Harry também.


Primeiro ele acordara mais cedo que o de costume, apenas para se encontrar na torre de astronomia com Draco. Ok, então quando ele chegara lá... Quando...


"— Não encoste em mim, mestiço imundo." Ergueu o rosto rápido, como se tivesse levado um tapa ao se lembrar disso.


"— Eu só usei você, só usei seu corpo, foi bom se te faz sentir melhor... Você é uma ótima puta." Uma lagrima escorreu e seu peito de apertou.


      — ... Harry? — Hagrid se mexeu na cadeira inquieto. — Está tudo bem?


O moreno o olhou, tentando enxugar as lagrimas que caiam sem sua permissão.


      — E-Está Hagrid, eu só... — "... Faça um favor para si mesmo e saia daqui, finja que nunca tivemos nada, por que eu farei o mesmo." Harry fechou os olhos com força se encolhendo, colocando a cabeça entre os joelhos. Logo os soluços recomeçaram, mas compulsivos do que antes.


      — Pelas barbas de Merlin, H-Harry! — O gigante se aproximou, colocando a mão grande nas costas do menor, sendo surpreendentemente delicado. — Harry, Harry... Não chore assim, o que aconteceu? Fizeram alguma coisa com você?


      — H-Hagrid. — Soluçou.


      — Eu vou chamar Dumbledore. — Hagrid levantou, parecendo nervoso — Não saia daqui.


Harry queria dizer que não, que não precisava. Não queria falar com Dumbledore. Mas gostou quando ficou sozinho na cabana, agora poderia pensar direito. Antes de tudo, tentou se acalmar, parar de chorar igual a uma criança.

Aos poucos os soluços ficaram menores, até só sobrarem aquelas pequenos pós choro, junto com o rastro de lagrimas. Permanecia na mesma posição, sem força para se mexer.


O que faria agora?


...


Nada. Ele não precisava fazer nada. Simplesmente tinha acabado, só isso. Se é que algum dia existira alguma coisa. No inicio ele estivera relutante em começar aquela palhaçada, agora se arrependia amargamente de ter confiado em Malfoy, acreditado que alguém poderia querê-lo daquela forma. Por quê? Por que alguém iria querer? Ele era um louco... Uma aberração com corpo bonito para ser usado e jogado fora.


Just gonna stand there and watch me burn
(Só vai ficar lá e me ver queimar)
But that's all right because I like the way it hurts
(Mas está tudo bem porque eu gosto da forma como dói)
Just gonna stand there and hear me cry
(Só vai ficar lá e me ouvir chorar?)
But that's all right because I love the way you lie
(Mas está tudo bem porque eu amo o jeito que você mente)
I love the way you lie
(Eu amo o jeito que você mente)
Ohhh, I love the way you lie
(Ohhh, eu amo o jeito que você mente)


Ele fora o idiota da historia, deveria parar de chorar e levantar a cabeça. Se tivesse seguido suas ideias desde o inicio não estaria passando por aquilo. E pensar que... Não queria se juntar a Dra-... Malfoy por ter medo que ele pudesse se machucar por sua causa. Bom, fora ele quem acabara quebrado no fim de tudo. Como sempre.


Idiota. Idiota. Idiota.


Era isso o que ele era. Por acreditar em mentiras tão óbvias, ninguém poderia amar assim de um dia para noite, ninguém. Mesmo sendo... Veela. Dra-... Malfoy era seu parceiro não era? Ele era...


Fechou os olhos com força antes que as lagrimas caíssem.


Malfoy era um veela dominante, ele podia ter outros parceiros. Por isso resolvera apenas usar Harry por aquele tempo, agora que já tinha cansado, o jogara fora. Harry nunca mais encontraria ninguém, teria que passar sua vida sozinho... Tudo bem. Não era como se fosse durar muito tempo, de qualquer forma.


O tempo passou e nenhum som podia sem ouvido na cabana.


Nada daquilo tinha existido... Harry pensava. Nada nunca foi real... Todos os toques, todos os beijos... Mentira.


Ele só precisava voltar para sua vida normal agora, como se... Como se nada tivesse acontecido. Como Malfoy também faria.


Ouviu passos se aproximando e então a porta abrindo. Não levantou a cabeça para olhar quem era, não precisava.


      — Olá Harry. — Escutou a voz do diretor. 


Não se mexeu, ainda com a cabeça enterrado nos joelhos e se abraçando. Não viu o olhar preocupado que os dois homens trocaram.


      — Está tudo bem? — O mais velho tentou novamente, sem obter resposta.


Harry sabia que não poderia ficar a vida toda assim, mas... Não queria ter que falar sobre nada. Muito menos com o diretor. Ouviu um suspiro cansado e então sons que indicavam que o diretor estava sentando na cadeira ao lado de sua cama onde Hagrid estivera. Sentiu a mão do mais velho em seu ombro.


     — O que está acontecendo Harry? — Dumbledore perguntou calmo. — Preciso que nos conte o que aconteceu.


O pequeno veela apenas balançou o cabeça negativamente.


      — Lamento Harry, mas se não contar serei obrigado a-


      — Diretor Dumbledore. — Harry falou com a voz rouca de choro levantando a cabeça e fitando o mais velho. — Eu... Eu estou bem. Só preciso... De um tempo.


      — Um tempo Harry? — O mais velho o olhou intensamente com aqueles olhos azuis. — Para que?


      — Para... Ficar bem. — Harry desviou o olhar paro fogo que crepitava. — Não precisa se preocupar comigo, diretor. Vou ficar bem.
 
Dumbledore ainda o encarava, então entrelaçou os dedos das mãos e disse.


      — Compreendo. — Murmurou. — Mas deve suspeitar que foi no mínimo estranho quando desapareceu do dormitório, deixando seus amigos muito preocupados. E horas depois foi encontrado inconsciente perto da floresta proibida.


Era obvio que estava tentando arrancar mais alguma resposta.


      — Quanto tempo eu dormi? — Ignorou deliberadamente. Mudando de assunto.


      — O dia inteiro. — Fora Hagrid quem respondeu. — Veja, já está de noite.


O moreno olhou para janela. Era verdade, já era noite escura lá fora.


      — Bem, se é assim... — Dumbledore se levantou. — Eu adoraria um chá, se não for muito incomodo Hagrid.


      — Oh claro que não diretor! — O maior respondeu contente, já pegando as enormes canecas e colocando a agua para ferver. — Por que não se junta a nós Harry?


      — Eu... — Não queria magoar o gigante, mas também não queria tomar chá com o diretor depois daquela conversa, sabia que estava tudo muito estranho para quem não sabia da situação... Ou seja, todo mundo. Mas era melhor assim. Ninguém nunca iria saber o papel de idiota que fizera, iria morrer junto consigo. — Não seria melhor voltar? O senhor disse que Rony e Mione estavam preocupados comigo.


      — Oh sim, claro Harry. — Dumbledore respondeu. — Pode ir, não vamos prende-lo aqui para ficar tomando chá com dois velhos.


Sem falar mais nada, apenas ouvindo a conversa amena dos outros dois. Harry saiu da cabana depois de se despedir educadamente. 


Se o diretor o deixara voltar sozinho naquela hora, significava que não estava tão tarde assim. Andou devagar por aquelas corredores, não tendo animo nem mesmo para levantar a cabeça. Sabia que estava sendo idiota, mas era mais forte do que qualquer coisa.


Finalmente chegou ao salão comunal. Quando disse a cena e entrou, apenas caminhou rapidamente até seu dormitório ignorando os olhares dos outros alunos e principalmente a mirada cheia de preocupação que recebeu de seus amigos. Subiu as escadas que levavam até seu dormitório e quando chegou lá foi direto para cama, nem mesmo tirando a roupa. Podia ter dormindo o dia inteiro, mas ainda assim se sentia exausto psicologicamente. Fechou as cortinas em volta da cama e se encolheu nela em posição fetal, fechando os olhos com força.


Odiava tudo aquilo. Odiava como estava se sentindo. Pisado, humilhado... Seu peito doía como se tivesse sido agredido fisicamente.


Ele não poderia ficar assim, não poderia. Recusava-se a chorar mais por Malfoy. Ele não merecia. Sempre teve que enfrentar as coisas sozinho agora não seria diferente, assim como tinha superado tudo antes, superaria agora. Tinha que parar de remoer as lembranças, e sim lembrar que fora um idiota por acreditar em cada mentira como se fosse a maior verdade do mundo. 

Não entendia nem como Malfoy o aturara tanto com ele sendo tão idiota daquele jeito. Mas de qualquer forma ele queria apenas o seu corpo, o que importava o que falava ou acreditava?


      — Harry? — Ouviu a voz de Hermione, logo depois do som de porta abrindo. — Está aí?


      — Cara, o que aconteceu? — Fora Rony quem falara. — Onde você esteve o dia inteiro?


Não se mexeu, apenas aguardou o inevitável. Como esperava, as cortinas de sua cama foram puxadas.


      — Harry...? — Hermione murmurou. O menor se perguntava se sua cara estava tão ruim assim... Como se fosse possível. Talvez olhos levemente inchados por choro. — Você está bem, o que aconteceu?


Rony apenas o observou, claramente preocupado.


A garota então sentou-se na beira da cama e fez um gesto que surpreendeu muito o menor fazendo-o arregalar os olhos. Passou a mão por seus cabelos, fazendo carinho.


      — Conta pra gente o que aconteceu... — Ela falou.


Harry ainda estava surpreso com o toque, ninguém nunca fizera carinho em si a não ser...


Involuntariamente seus olhos se encheram de lagrimas.


      — Vocês poderiam sair, por favor? — Falou sem encara-los, rezando para que não percebessem.


      — O que? — A garota perguntou. — Harry, o que foi? Você... Está chorando?


      — Eu vou ao banheiro. — Falou rápido, já se levantando. No entanto a morena o puxou, o fazendo sentar na cama.


      — Pelo amor de Merlin Harry, nos conte o que aconteceu, já estou tendo um filho de preocupação! — Ela exclamou.


      — É cara, pode falar, nós somos seus melhores amigos. — Rony complementou. — Fizeram algo com você?


      — Não... — Falou engolindo o choro.


      — Então o que foi? — Hermione tentou mais uma vez.


      — Nada é serio. — Harry respondeu cabisbaixo. — É serio, por favor, não aconteceu nada, eu só... Eu não quero falar sobre isso ok? Mas não precisam se preocupar, eu vou ficar bem. Não foi nada... Sério.


       — Como assim não foi nada sério? Não venha me dizer para não me preocupar, eu já estou preocupada, o dia inteiro, aliás! — Ela falava mexendo os braços, o ruivo apenas assentia. — Acordei e Rony veio me dizer que você não estava na cama, então desaparece o dia inteiro e depois me diz que não foi nada? Harry!


O menor apenas a encarou, sem saber o que fazer para ficar sozinho. Definitivamente contar o que aconteceu não era uma opção. Não tinha contato de Dra-... Malfoy quando estavam... Bem, juntos... Não iria contar agora, principalmente depois do que havia acontecido.


      — Eu... Eu sei que se preocupam comigo e obrigado por isso, mesmo. Mas... Eu realmente não quero falar sobre isso ok? Não é nada para se preocuparem... Vai passar. — Novamente seus olhos nublaram.


      — Oh Harry... — Ela o puxou para um abraço, voltando a fazer carinhos em sua cabeça. — Você é um idiota, sabia disso?


Sabia... E como sabia. Uma lagrima escorreu de seus olhos, ficou feliz que não pudessem ver.


Rony que olhava a cena sem saber o que fazer, mas ainda parecendo preocupado, sentou próximo a Harry também e começou a dar tapinhas em suas costas sem muito jeito.


Harry agradecia o apoio dos amigos, mesmo sem pudendo contar-lhes a verdade... Queria tanto poder fazer isso, eles tinham o direito de saber, além do mais sempre ficavam do seu lado não importasse o que acontecesse... Mas não tinha coragem. 


     — Olha, vai tomar um banho, está com fome? Se quiser nos podemos ir pegar algo para você na cozinha. — A morena se falou se afastando, o pequeno veela limpou os olhos rápido para que não percebessem o rastro de lagrimas.


     — Não... Não estou com fome, obrigado. — Respondeu sorrindo levemente. Mesmo que não tivesse comido nada o dia inteiro, não sentia fome.


      — Ok. — Ela beijou-lhe o rosto. — Durma bem.


E saiu acompanhada de Rony.


Seguindo o conselho da amiga, o menor foi em direção ao banheiro. Tomar banho não seria uma má coisa agora. 


Tirou as roupas lentamente, as dobrando e colocando em cima da pia. Quando finalmente estava tirando a ultima peça de roupa, sua camisa, percebeu algo... Ainda estava usando o cordão que Dra-... Malfoy lhe dera.
Não... Não iria chorar, não mais uma vez.


Segurando as lágrimas, ele tirou o pingente do pescoço e então segurou a correntia dourada em cima do ralo da pia, pronto para livrar-se dela para sempre e junto com ela suas lembranças.


Mas... Não conseguia, seus dedos simplesmente não abriam. Finalmente as lagrimas caíram enquanto encarava o pequeno pomo, lembrando de quando o ganhara. Caiu de joelho segurando o cordão perto do peito. Doía tanto... Não queria ficar com o presente, era apenas uma mentira como todas as outras coisas. Mas também não podia jogar fora, simplesmente não podia.


Colocou o pingente em cima de suas roupas e foi para o banho, talvez ajudasse a lhe acalmar.


                                                                              oOo


Acordou cedo no dia seguinte e não estava se sentindo muito melhor, não era nenhuma dor física, mas mesmo assim... Doía. Ficou na cama deitado olhando para cima, apenas esperando algum sinal de movimento do lado de fora. Logo os outros começaram a acordar. Fingiu que também tinha acabado de sair do sono e se arrumou no banheiro, esperando Rony logo depois.



O caminho até o salão comunal foi silencioso, com apenas olhares preocupados que seus amigos frequentemente lhe mandavam. Estavam chegando ao salão principal e seu coração ia acelerando rapidamente. Draco estaria ali? O que faria? Teria forças pra vê-lo e mesmo assim continuar ali? Continuar normal?


Teria que ter. Não disse a si mesmo que teria que superar? Não tinha sido idiota de cair naquilo? Que enfrentasse as consequências. Não poderia abaixar a cabeça e sair correndo e chorando cada vez que o visse. 


      — Está tudo bem Harry? — Hermione perguntou mais uma vez, era notável o tom de preocupação em sua voz.


      — Hum, o que? — Ele a olhou meio distraído. — Sim... Está, desculpe Mione.


Tentou sorrir, mas provavelmente só conseguiu piorar as coisas. De qualquer forma as portas do salão principal estavam logo a frente, respirou fundo e entrou. Todo o salão estava praticamente invisível para si, só enxergava a cadeira aonde iria se sentar, de costas para a mesa da Sonserina.


Todo o tempo em que esteve naquele salão não ousou levantar os olhos de seu prato, se concentrando em comer um único pedaço de torrada que parecia papelão descendo por sua garganta enquanto tentava comer.
Finalmente eram horas de as aulas começaram e saiu do mesmo jeito que entrou, tentando fazer o mais rápido possível. Não era a melhor forma, mas já era um começo... Não era? Pelo menos conseguira segurar as lagrimas com eficiência enquanto ouvia as risadas altas de Parkinson, falando para quem quisesse ouvir " Ah Draquinho, você não é um amor?"


Just gonna stand there and watch me burn
(Só vai ficar lá e me ver queimar)
But that's all right because I like the way it hurts
(Mas está tudo bem porque eu gosto da forma como dói)
Just gonna stand there and hear me cry
(Só vai ficar lá e me ouvir chorar?)
But that's all right because I love the way you lie
(Mas está tudo bem porque eu amo o jeito que você mente)
I love the way you lie
(Eu amo o jeito que você mente)
Ohhh, I love the way you lie
(Ohhh, eu amo o jeito que você mente)


                                                                            oOo


Draco tentou não se encontrar com Pansy pelo resto do dia, fazendo o máximo para inventar trabalhos e ficar escondido na biblioteca. Não que estivesse fazendo alguma coisa realmente, não conseguia para de pensar em seu parceiro. O doce cheiro estava tão... Tão fraco agora, por que...?


Tentava não pensar nisso, seu parceiro estava bem, sabia disso, conhecia exatamente seu cheiro quando não estava. O bem estar de Harry era tudo que lhe importava... Mesmo que tivesse que machuca-lo para isso.


I would hold you in my arms
(Eu te seguraria em meus braços)
I would take the pain away
(Eu afastaria a dor)
Thank you for all you've done
(agradeceria por tudo que você fez)
Forgive all your mistakes
(Perdoaria todos os seus erros)
There's nothing I wouldn't do to hear your voice again
(Não há nada que eu não faria para ouvir sua voz de novo)
Sometimes I wanna call you
(As vezes eu quero te chamar, mas eu sei que você não estará lá)


Nunca iria se perdoar... Mas com toda certeza iria se perdoar menos ainda se deixasse alguém feri-lo, por sua culpa ainda por cima. Não. Estava... Estava melhor assim, pelo menos era o que tentava se convencer. Estava doendo tanto, tanto... Cada palavra que dissera para seu pequeno... O olhar no rosto tão belo... Merlin, que droga de vida.


Chegou em seu dormitório o mais tarde que foi possível, só depois de Madame Pirce expulsa-lo da biblioteca. Mesmo assim, teve uma desagradável surpresa ao chegar lá.


     — Boa noite Draco. — Ouviu a voz mais desagradável do mundo, zumbindo em seu ouvido como o chocalho de uma cascavel. — Onde esteve?


     — Não te devo satisfações Parkinson. — Continuou seu caminho até o dormitório.


     — O que? Onde pensa que - — Não ouviu mais o tão irritante som quando entrou em seu quarto, onde a garota não poderia ir.


Não se importava se estava a ignorando, o que ela poderia fazer? Já tinha tirado tudo dele. Contaria ao Lord? Não agora que tinha ele para brincar, se contasse perderia seu mais novo projeto de marido perfeito, como ela sempre achou que ele seria. No entanto estava muito enganada. 


                                                                             oOo


Porém Pansy não parou de tentar, no dia seguindo o tinha obrigado a sentar-se em seu lado no salão principal ou faria um escanda-lo ali mesmo. Não querendo se incomodar ainda mais, fez o que lhe foi "pedido". No entanto, não deixou de notar quando um doce aroma de lírios foi se fazendo cada vez mais presente.


Não despregou o olhar nem um instante quando viu seu parceiro entrando. Ele parecia tão abatido... Quer dizer, para si, por que o conhecia muito bem. Ainda continuava belo como sempre, mas sua expressão era tão cheia de... De tristeza que doeu seu coração, mas do que já estava.


A garota ao seu lado, observava tudo com um grande sorriso malicioso.


      — Hey Draco, o que acha de irmos nos sentar na mesa da Grifinória? Tenho algumas amigas lá que eu queria...


      — Por favor cale a boca. — O loiro rosnou baixo. — Você não tem amiga nenhuma, quem dirá na Grifinória.
Ela piscou varias vezes, parecendo ultrajada.


      — Eu tenho amigas sim, ok? — Ela deu uma colherada em seu mingau. — Só prefiro passar meu tempo com vocês do que elas... E não ouse falar assim comigo.


Bufou contrariado, remexendo sua comida. Levantou apenas os olhos discretamente para observar seu parceiro. Ele tinha sentado de costas para sua mesa, graças a Merlin. Parecia rígido na cadeira, mal comia... Se acabasse morto por desnutrição a culpa seria sua, ótimo... Observou atento enquanto ele se levantava.


           — Draco... Me beija. 


      — O que? — Exclamou, atraindo boa parte da atenção de sua mesa, fazendo algumas pessoas murmurem e darem risadinhas.


      — Me beija, pra mostrar para aquela coisinha a quem você realmente pertence. — Ele o olhou intensamente nos olhos. Draco teve ânsias de vomito, mas sorriu, amargo.


      — Eu pertenço, Parkinson, a aquela "coisinha" que vale muito mais do que um fio de cabelo seu. Nunca se esqueça disso. — Falou baixo, para que ninguém escutasse. — Você nunca vai conseguir mudar isso.


      — Ah Draquinho, você não é um amor? — Ela falou de repente, bastante alto para quem quer que queira escutar. Isso o assustou consideravelmente, considerando que todo o dialogo até agora tinha sido feito aos sussurros.


Percebeu a intenção da garota ao notar para onde ela olhava com um sorriso malicioso. Seu parceiro saia cabisbaixo do salão. 


Rangeu os dentes, tentando se controlar. Era tudo para o bem de Harry.


                                                                    oOo


Então dezembro chegou e Harry estava se sentindo cada vez mais sozinho. Não aguentava mais ver Parkinson se insinuando para cima de... Malfoy. Não que... Não que fosse de sua conta, ele era apenas o seu maldito parceiro. Destinado a ser seu eterno amante de acordo com sua herança veela. Pena que era um Malfoy e Malfoys são sempre desprezíveis, isso não tinha o que duvidar.


Era estranho como Dra-... Malfoy não reagia a nenhuma das tentativas da garota, por que eram bem notáveis, principalmente por que ela estava sempre berrando por alguma razão. Até mesmo o professor Snape já tinha brigado com ela por causa disso, o que já era algo inacreditável por si só. Porém Harry não conseguiu ficar feliz com isso, a muito não se sentia feliz... Era tão doloroso estar na mesma sala que seu... Que merda! Ele ainda era seu parceiro... Mesmo depois do que tinha feito. Harry estava tão machucado... Mas... Não sentia a raiva que queria sentir, por que não? Ele era tão tolo... Tão fraco... Tão idiota.


O inverno chegara logo, com ele a neve e mais frio ainda. Mas Harry não poderia se importar menos, não saia do castelo para nada, estava sempre tentando ficar sozinho ao máximo. Se não em seu dormitório, às vezes apenas andava pela escola, a noite ou no horário permitido. Dependendo de como estava se sentindo. Não fazia tanto tempo assim ainda... Era por isso que doía tanto? Era por isso que seu peito parecia que ia sangrar cada vez que o via? Que pensava nele? Ele queria que passasse logo, queria tanto...

Enquanto andava mais uma vez pelos corredores, já de volta para seu dormitório. Foi surpreendido por som de passos atrás de si, iria ignorar se não fosse...


      — Hey! Potter! — Estancou no lugar, não deveria, mas fez.


Virou-se para trás lentamente, não se surpreendendo tanto quando era esperado ao ver, Cormac McLaggen.


      — Mc... Laggen... O que? — Perguntou confuso, apenas observando enquanto o outro se aproximava. — O que quer?


      — Oh, que bom que lembra meu nome Potter. — O maior sorriu, arrumando os cabelos loiros.


      — Ah... É. — Falou sem muita paciência. — O que quer?


Repetiu. Então uma grande onde de irritação tomou conta de si quando o viu se aproximando, invadindo completamente seu espaço pessoal.


      — Ora essa é fácil. — E tocou seu queixo com o indicador e polegar. — Você.


Fechou os olhos com raiva, tirando a mão de si com um tapa forte. Obviamente Cormac era só mais um que queria seu corpo, usa-lo e joga-lo fora depois, assim como todos queriam, como Malfoy havia feito. Estava cansado daquilo!


      — Você me quer não é? — Falou piscando. Imediatamente o outro sorriu, ficando com mais cara de tonto ainda.


      — Com certeza meu doce. — Harry sorriu.


      — Então toma! — Fechou os punhos e acertou o mais forte que conseguiu no rosto do outro.


O loiro foi para trás com o impacto, segurando o queixo.


      —  Potter! O que você... ? — O olhou assustado. — Esper-!


Acertou outro soco no maior, dessa vez no olho.


      — Queria apenas usar meu corpo não é? — Harry gritou.


      — Pelo amor de Merlin Potter, o que deu em você?


      — Eu tenho sentimentos, sabia? — Continuou gritando, quase cego de raiva. Dessa vez, chutou com tudo onde mais doía, acertando as partes baixas de Cormac, que dessa vez caiu no chão segurando o que tinha nos meio das pernas com o rosto meio roxo de dor.


      — P-Potter — Ganiu com a voz fina.


      — Furunculos! — Tirou a varinha de suas vestes e apontou para o garoto caído no chão, observando com satisfação os vários furúnculos cheios de pus que se formavam por todo lugar do outro.


O pequeno veela estava ofegante, tinha acabado de descontar toda sua raiva naquele pobre garoto... Pobre garoto esse que queria apenas usa-lo como todos os outros! Teve que se segurar para não chuta-lo mais uma vez. O menino já estava se retorcendo de dor, já fora o suficiente. 


Então Harry o deixou lá, andando tranquilamente para seu dormitório, pensando o quanto Furúnculos era um feitiço realmente útil e tinha que se lembrar de passa-lo na próxima reunião da A.D


                                                                                      oOo


Mais uma aula da A.D tinha acabado e lá estava Harry se despedindo dos outros, alguns muito felizes por terem conseguido fazer corretamente suas azarações e outros com alguns furúnculos de aparência dolorosa. 
Dobby não deixou a proximidade com o natal passar despercebida, tinha decorado a sala com luizinhas e não menos importante... Pergaminhos dourados caindo do teto com o rosto do pequeno veela. "TENHA UM FELIZ NATAL HARRY" eram seus dizeres. O menor corou consideravelmente ao notar um grupo de menino indo embora, todos levando um exemplar dos presentes de Dobby... Até mesmo algumas meninas estavam levando.


      — Oi. — Pulou de susto, mas ao se virar encontrou Luna Lovegood sorrindo simpática para si.


      — O-Oi Luna... — Respondeu tímido.


      — Esses são legais, foi você que colocou. — Disse ela apontando para a decoração que sobrou.


      — N-Não... — Corou. — Foi o Dobby.


       — Hey, Potter! — Angelina vinha, tirando um pouco da vergonha do menor. — Como está?


       — Olá Angelina. Estou... Bem. — Mentiu. Ainda não estava bem, isso estava demorando a passar. Parecia que cada vez doía mais e mais. Seu peito estava sempre dolorido. — E... E você?


      — Oh, estou bem, principalmente agora que finalmente conseguimos substituir você.


      — O que? — Como assim? Estavam o substituindo ali também? Se xingou por estar tão mergulhado em alta compaixão, entendo a inocência do que a garota quis lhe dizer. — Um novo apanhador?


      — Uhum, não vai adivinhar quem é... — Harry continuou a encarando, em expectativa. Esperava que ela não o fizesse realmente adivinhar quem era. — Giny Weasley!


Depois de muito comentar que ela não era tão boa quanto Harry, Angelina foi embora junto com suas amigas. O menor já ia se preparado para ir embora, quando se virou e deu de cara com Cho, seu rosto repleto de lagrimas que caiam silenciosamente.


      — Cho...? — Ele falou devagar, chamando a atenção da garota que parecia não ter notado que ele estava ali. — Aconteceu alguma coisa?


Ela sacudiu a cabeça, se preocupando em limpar as lagrimas.


      — Não é nada... — Então por que ela estava chorando? Por favor, alguém diga que ele não se parecia com aquilo enquanto estava deprimido. — É só que...


Depois de um dialogo muito emocionado sobre Cedric Diggory e como tudo poderia ser diferente se ele soubesse todas aquelas coisas, Cho já parecia mas calma, porém não disposta a sair. 


      — Bem... Cho, será que... — Tentou pedir educadamente para que a garota se retirasse, porém algo chamou sua atenção. Em cima dos dois começava a ser forma algum tipo de plantinha.


      — Visco. — A garota murmurou, encarando encantada a planta.


      — O que...? — O menor perguntou confuso.


Cho então o olhou decidida e um arrepiou passou pelo corpo de Harry, mas não um arrepio bom, um arrepio de medo. Seu corpo provou estar certo quando sentiu ter seus ombros puxados pela garota, que rapidamente selou seus lábios. O pequeno veela arregalou os olhos de susto, sua boca pinicou fortemente, de forma quase insuportável. Forçou seus braços para se soltar.


      — C-Cho... — Ele murmurou com os olhos arregalados fitando a garota enquanto tocava seus lábios agora doloridos.


      — Oh Harry, me desculpe eu... — E saiu chorando mais uma vez.


O menor estava paralisado. Ele... Ele acabara de ser beijado. Beijado por uma garota. 


Oh Merlin, aquilo fora tão dolorido, literalmente. Sua boca ainda formigava.

Foi então que uma ideia que já lhe era conhecido lhe veio a mente. Ele não poderia ficar com ninguém. Estaria sozinho a vida inteira. Não importava o quanto gostassem de si, ele não poderia gostar de ninguém.


Sentiu seus olhos se nublarem e se amaldiçoou por estar chorando igual a aquela garota patética. Ele precisava pensar, ele precisava de ar.


                                                                       oOo


Draco estava mais uma vez na torre de astronomia. Era onde estava passando todas suas noites até que fosse tarde o suficiente para voltar para seu dormitório sem encontrar Parkinson. Claro que ela se esforçava para ficar acordada até o possível, mas já a estava encontrando babando enquanto dormia sentada sozinha no salão comunal. 


Aquele fora o local onde acabara tudo... No entanto também foi onde começara, de certa forma. Se lembrava de seus primeiro encontros. O quanto seu pequeno parceiro era inocente e como teve o prazer de lhe tirar parte desta inocência. De suas palavras, seu calor e seu cheiro. Tudo nele era perfeito e ele não poderia desejar tê-lo mais. 


Some days I feel broke inside
(Alguns dias eu me sinto destruída por dentro)
But I won't admit
(mas eu não vou admitir)
Sometimes I just wanna hide
(As vezes eu apenas quero esconder)
Cause it's you I miss
(que é de você que eu sinto falta)
And it's so hard to say goodbye
(E é tão difícil dizer adeus)
When it comes to this ooh
(Quando isso traz essas regras)


O pequeno se encontrava mais abatido dia a pós dia, ele percebia, assim como podia sentir o cheiro diminuindo dia após dia. Seu veela interior gritava, implorava que fosse toma-lo em seus braços e mostrasse que era seu e que nada nunca mudou e poderia mudar isso. Porém Pansy estava sempre colada a si, nunca o deixava descuidado quando podia ver Harry, quando finalmente conseguia fugir da garota ele não poderia encontra-lo. Parecia estar se movendo pelo castelo mas o cheiro era muito confuso, parecia ter um pouco em cada lugar, mas ao mesmo tempo nenhum. Era fraco demais.


Estava sentado olhando as estrelas mais uma vez, quando ouviu o som de passos. Alguém estava subindo as escadas. Ele não precisava olhar para saber quem era, estava novamente sentindo o tão amado aroma, seu parceiro estava subindo... 


Não podia deixar que o visse! Como poderia agir? Teria que feri-lo mais uma vez e isso não poderia aguentar. Levantou-se rapidamente e foi para o local onde estavam os aparelhos de astronomia quebrados, o mesmo onde Parkinson se escondera antes.


Ficou aguardando, com seu coração acelerado como nunca sentira antes. Finalmente o viu, Merlin ele estava tão... Tão lindo.


O rosto corado do mesmo jeito daquele dia, os cabelos não estavam tão brilhantes, assim como os olhos não tinham o mesmo brilho, estavam tão opacos e sem vida, ele era o culpado por aquilo...


Viu seu pequeno parceiro se aproximar da barra de ferro que impedia que as pessoas caíssem vários metros até o chão. Escorou-se na barra olhando para as estrelas, da mesma forma que o encontra ali da primeira vez. No entanto os bonitos olhos verdes não enxergavam realmente, estavam marejados. As primeiras lagrimas começaram a cair e o belo rosto se contorceu de dor.


      — Draco... — Ouviu o murmúrio baixo, porém claramente seu nome. Seu peito doeu tanto...


There's nothing I wouldn't do to have just one more chance
(Não há nada que eu não faria para ter apenas mais uma chance)
To look into you eyes
(De olhar em seus olhos)
And see you looking back
(e te ver retribuindo o olhar)


Queria tanto pega-lo em seus braços, tomar sua boca com paixão e dizer que tudo ficaria bem. Mas para que tudo ficasse bem ele não poderia fazer isso... Seu veela interno estava gritando, rugindo... Que tipo de parceiro ele era? Que deixava seu pequeno sofrer assim.


Harry...


Estava quase saindo de seu esconderijo, para acabar com aquela palhaçada e lhe contar toda a verdade, rezando para que ele lhe perdoasse e que tudo ficasse bem depois disso. Mas se isso acontecesse e... Pansy os visse juntos novamente? Não teria uma segunda chance, ela iria direito ao Lord das Trevas...


Antes que pudesse decidir realmente, o menor se virou enxugando as lagrimas. Partiu tão rápido quanto viera, deixando Draco novamente só com seus pensamentos.


If I had just one more day
(Se eu tivesse apenas mais um dia)
I would tell you how much that I missed you since you've been away
(Eu lhe diria o quanto sinto sua falta desde que você se foi)


                                                                          oOo


Ir até a torre de astronomia tinha sido uma ideia terrível. Mas de certa forma não foi sua culpa, sua pernas simplesmente o levaram até lá. Só percebeu realmente onde estava quando olhou para aquelas estrelas. Já as vira algumas vezes... Em todas elas Dra-... Malfoy esteve presente em suas lembranças. Eram tão doces, tão gentis... Doía-lhe tanto saber que era mentira.


So maybe I'm a masochist
(Então, talvez eu seja uma masoquista)
I try to run but I don't wanna ever leave
(Eu tento correr mas eu não quero nunca partir)
Til the walls are goin' up
(Até as paredes estão subindo)
In smoke with all our memories
(Na fumaça com todas as nossas memórias)


Tinha chorado mais uma vez, mas uma vez fora fraco.


Foi a ultima coisa que pensou, antes de cair no sono.


                                                                    oOo


Novamente tudo escuro, frio... Não conseguia enxergar nada, muito menos se mover.


Então a luz acendeu, como se o dia viesse com um estalar de dedos. Olhou em volta e paralisou, não estava sozinho. Em volta de si havia centenas de pessoas. Pessoas sem olhos, com a mesma roupa tão branca como tudo em volta. A única expressão que possuíam era um sorriso horripilante em cada um de seus rostos. Não se moviam... Deu um passo para trás, sentindo seu coração bater acelerado. Assim que deu o primeiro passo todos começaram a falar ao mesmo tempo, gritavam coisas indefinidas, mas Harry sabia de algum jeito que... Tudo o que falavam eram mentiras.


Estava completamente assustado, seu coração já parecia que ia sair pela boca, mais um passo para trás e dessa vez eles começaram a se aproximar, ainda gritando.


Completamente horrorizado começou a correr, sentindo que todos eles também corriam agora. Não tinha nada a frente a não ser a imensidão branca, porém não podia parar de correr, não podia desistir. Chegou um momento que se encontrava tão cansado, que suas pernas já começavam a queimar, protestando. Mas não podia parar não podia... Aquelas coisas iam pega-lo. Levantou a cabeça e viu um deles a sua frente.


Não... Não era um deles, esse era diferente. Usava roupas verdes, tinha um cabelo loiro tão claro e... Não conseguia ver seus olhos também, mas o sorriso era completamente diferente, era bondoso, convidativo. O viu murmurar "Harry" E ganhou forças para correr até ele. Estava tão perto agora, só tinha que esticar as mãos e...


O sonho mudou.


Estava agora naquele corredor tão conhecido. Diferente do lugar que estivera antes tudo era escuro. Não estava mais cansado, pelo contrario, seu corpo se encontrava mais firme, poderoso e até mesmo mais flexível. Por algum motivo se arrastava, o chão perto de seus olhos. Mesmo escuro podia ver os objetos a sua volta em cores vibrantes. Observando atentamente viu que não estava sozinho. Havia um homem a sua frente sentado no chão. 


Harry colocou a língua para fora, sentindo o aroma do homem no ar. Estava vivo, mas com pulso baixo, talvez... Dormindo? Se aproximou ainda mais, devagar... O homem se agitou e uma capa prateada caiu de suas pernas.
 

O homem ruivo tentou se levantar e viu que não tinha escolha. Também se levantou do chão, golpeando uma, duas, três vezes, mergulhando suas presas profundamente na carne do homem, sentindo o gosto de sangue.


Ele gritava de dor, até finalmente se calar e cair, escorando pela parede... O sangue escorrendo...


Sua testa ardeu terrivelmente, quase queimando.


      — Harry! HARRY! — Acordou abruptamente.


Se levantou, sentindo-se muito tonto e coberto de suor frio. Sua cabeça doía horrivelmente tornando até difícil focar em alguma coisa.


      — Harry!


Rony exclamou mais uma vez, claramente aterrorizado com seu estado. Havia mais gente aos pés da cama mas não conseguia discerni-los corretamente. Sua cabeça latejava dolorosamente. A segurou entre as mão, tentando fazer a dor parar.


No entanto um forte enjoo o tomou, fazendo-o rolar para o lado vomitando no colchão.


      — Meu Merlin! Ele está muito doente! — Disse uma voz assustada. — Nós temos que chamar alguém!


      — Harry, Harry!


Ouviu Rony o chamando e sentiu um sentimento de emergência enorme, tinha que contar rápido. Estava com vontade de vomitar novamente...


      — Rony... Seu pai. — Falou com a voz extremamente fraca e respiração pesada. — Foi... A-Atacado...


      — Que? Harry, o que está...? — O ruivo confuso.


Agoniado o menor tentou se levantar, sentindo-se extremamente tonto assim que seu pés tocaram o chão, porém continuou.


      — Rony! Seu pai, por favor... — Sua visão ficou turva. — Havia sangue em todos os lugares... Por favor.


E tudo escureceu, perdeu os sentidos antes de sentir ser pego pelos braços de seu amigo.


                                                                              oOo


Harry acordou sentindo seu corpo completamente dolorido, principalmente sua cabeça que parecia ter sido martelada por oras, além de um gosto ruim na boca. Mesmo assim se esforçou para abrir os olhos que arderem imediatamente.


      — Harry! — Que voz... Sirius?


Piscou confuso, vendo o rosto de seu padrinho muito perto.


      — S-Sirius? — Tentou se levantar, mas imediatamente tudo girou.


      — Não tão rápido Harry, você acabou de acordar. — O homem forçou a cabeça do menor a se apoiar em sobre seu próprio ombro e agora Harry percebia que estava no colo de Sirius. Corou ao notar aquilo, não por que era o colo de seu padrinho, mas sim por que havia mais pessoas na sala... Ou cozinha.


      — O que aconteceu? — Perguntou com a voz rouca. 


      — Bem... Isso é o que nós esperávamos que você contasse. — Fora Giny quem disse, sendo apoiada por seus irmãos. — Fomos acordados no meio da noite por que você teve um sonho com nosso pai... Foi o que disseram.


      — Oh, bem... — Murmurou, ainda se sentindo confuso mas lembrando de partes do sonho. Realmente... — Eu... Eu vi o pai de vocês ser atacado... Por... Por uma cobra. T-Tinha sangue por todos os lados e... Sr. Weasley! Ele está bem? Alguém foi ajudar?


Sirius tentou acalma-lo de sua agitação.


      — Acalme-se, sim? — Falou. — Dumbledore já providenciou ajuda, ele está em S.T Mungus agora.


Isso o acalmou. Mesmo assim não pode deixar de notar a tensão no lugar. Rony, Fred e Jorge estavam sérios, visivelmente preocupados enquanto Giny encarava algum ponto na parede, parecendo concentrada.


O silencio não durou muito, logo a lareira da cozinha se ascendeu, as chamas verdes levantando e com elas todos de suas cadeiras, não estavam esperando ninguém chegar, mas se alguém estava entrando ali, seria com noticias, certo? Harry estava de pé, mas ainda se sentia fraco. Suas pernas bambearam de vez e seu coração foi até a boca ao ver quem acabava de chegar.


      — Malfoy?


Notas Finais


Quem gostou do Harry socando o Cormac levanta a mão \o/ kkkkkkk eu adorei escrever isso!
E aliás, próximo cap eles já vão estar juntos hein? Pra quem estava sofrendo... Já pode se acalmar viu? u.u Não tão má assim.

Bjs!


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