História Aquele-Que-Não-Se-Deve-Esquecer

Sinopse:
A brisa marítima corroía o casco do navio gradativamente, que jazia soturno entre rochas enterradas na areia. Há certo tempo, dizia-se que a embarcação era assombrada por espectros desejosos em alimentar-se da alma de desavisados.
Curiosamente, ninguém parecia percebê-lo ali atracado. A praia era habitada não só pelos moradores da pequena vila, como também por aventureiros contumazes, mergulhadores ávidos pela procura de ouro, que outrora havia sido derramado naquelas águas gélidas.
De fato, vez ou outra havia um achado de pequenas gramas de ouro, mas o descobridor, sorrateiro, ocultava entre suas vestes o pequeno tesouro, sob o argumento de que poderia voltar a encontrar maiores quantidades, e quanto menos curiosos soubessem, melhor seria a pesca, por assim dizer.
Naquele mesmo dia, talvez, coincidentemente, Dr. Carlos Calmon, único médico que prestava assistência ao povoado, fora encontrado morto na areia da praia, seu corpo repleto de algas negras, seus olhos saltados nas órbitas, seus lábios abriam-se estranhamente e as linhas de suas feições estavam contorcidas sob a forma de dor e lamento; o chapel branco, que copiosamente cuidara por tantos anos, permaneceria inerte ao lado do dono, agora manchado de vermelho rubro, ainda molhado pelas ondas que banhavam o cadáver.
Percebia-se certo alvoroço pela região. O único bar foi centro de um convenção de moradores em que se insistia em discutir o paradeiro do assassino, até então, desconhecido.