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História Falling in love for the last time. - I was here.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Oi, amores. Não vou pedir desculpas pela demora porque sempre demoro, né? UHASHUASHUSAUHSA Mas enfim, estava com saudades. Escrevi um cap enorme, e nele vem algumas coisas bem bonitas que eu espero que vocês gostem e tirem algo de bom, e o último hot da fic </3 Aproveitem! Vocês podem ouvir " we can make love - somo" quando o POV da Lauren começar, vou deixar o link lá nas notas finais. E bem, esse cap é o começo do fim )): depois dele, vem apenas mais um e o capítulo final. Me dói o coração dizer isso, mas nada dura pra sempre e Falling já tem durado um bom tempo. Bem, meus amores, até a próxima. Vocês já sabem, comentem, me xinguem no twitter ou surtem, me digam o que acharam. Qualquer erro, conserto depois. Amo vocês. ♥

Capítulo 60 - I was here.


Fanfic / Fanfiction Falling in love for the last time. - I was here.

27 de Junho.

Camila POV.

 

“Pense sobre as gerações e elas dizem: Nós queremos fazer desse mundo um lugar melhor parar os nossos filhos, e para os filhos dos nossos filhos, para que eles saibam que este é um mundo melhor para eles, e saibam que podem fazer deste um lugar ainda melhor.”

Até que ponto o ser humano é capaz de mudar? Será que seremos capazes, algum dia, de dar meia volta e começar de novo? Será que nossos corações, feitos para nutrir amor e bondade, serão capazes de dar a nós e aos outros uma nova chance? Por que é que nós, donos de toda essa Terra, temos nos ocupado em destruí-la um pouco mais todos os dias? Por que é que parte de nós está preocupada em gastar milhões em um dia, enquanto a outra metade nem mesmo tem o que comer? Por que quem tem muito, nem mesmo uma vez, parou para pensar que poderia ajudar quem não tem nada? Por que somos tão egoístas? Enquanto alguns choram por futilidades, outros choram por fome, sede, doenças, morte. Quantas vezes você já chorou por algo mínimo, e não parou para pensar que naquele mesmo momento, alguém em algum lugar do mundo chorou por não ter o que comer, o que beber, o que fazer para sarar a dor? Quantas vezes, meu Deus, eu já não chorei por motivo nenhum, enquanto alguém, no mesmo instante, deveria estar chorando por todos eles. Por que é que sempre temos de pensar mais em nós, e esquecer os outros? Se todos nós doássemos nem que fosse, ao menos um pouco, de nossa paciência, atenção e interesse para ajudar ao próximo, talvez pudéssemos curar o mundo, ou curar a nós. Estamos aqui por um propósito e aprendemos desde pequenos que “o que aqui se faz, aqui se paga”. Quando passamos bondade, é bondade que voltará para nós. Quando estendemos nossas mãos para uma pessoa que precisa, em algum tempo de nossas vidas, alguém irá nos estender as mãos e os pés. A vida é feita de encontros e desencontros, e em um desses momentos precisamos fazer a diferença. Quando você encontrar com a necessidade de uma pessoa por ajuda, não mude de rumo para que o seu caminho desencontre com o dela. Ajude-a! Um mundo solidário  é tudo o que precisamos, mas se nós não nos movermos, tudo o que teremos até o fim dos tempos será o que temos hoje: Uma Terra feita de desigualdade, intolerância, arrogância e sofrimento. Eu, assim como você, queremos deixar para nossos filhos um lugar melhor do que esse, porque não queremos que eles sintam na pele o que é viver em um mundo onde as pessoas só pensam nelas mesmas.

: - Eu te amo.                                    

Sussurrei no ouvido de Lauren, que ao meu lado, dormia de bruços de forma profunda, onde o lençol branco cobria até as covinhas de suas costas. Aquele era um dia especial, e nem mesmo nele eu deixei de refletir todas aquelas coisas, como vinha fazendo desde quando fomos convidadas para participar do Red Nose Day. Para quem não sabe, é um projeto beneficente, criado em uma parceria da BBC e a Comic Relief, que é uma instituição de caridade que ajuda crianças de todo o mundo, principalmente da África. E bem, África era onde nós estávamos. Havíamos gravado um comercial para a campanha e um cover de “Heal the world – Michael Jackson”, onde todo o lucro com as vendas seria direcionado a organização. Nunca me senti tão bem na vida como estava me sentindo naquele momento. No dia seguinte sairíamos para visitar uma escola local, com a intenção de levar alegria e um pouco de diversão para todas as crianças.

Levantai-me da cama com cuidado para não acordar Lauren. Vesti minha calcinha e a camisola, seguindo descalça o caminho de luz que o sol fazia na madeira que forrava o chão. Olhei o relógio, pouco mais de seis da manhã. Estávamos no Zimbábue, em um hotel luxuoso chamado “Victoria Falls Safari Lodge”, que fica localizado de frente para o Parque Nacional Zambezi. Nós estávamos praticamente no meio da Savanna, sem precisar sair da varanda para fazer um Safari. As varandas dos quartos são construídas sobre um charco central que atrai búfalos, elefantes, girafas, zebras e leões. Com certeza aquele era um pedaço do paraíso que eu acreditava existir na Terra. Selvagem, mas ainda sim um paraíso. Eu iria continuar minha caminhada para o lado de fora,  a fim de admirar toda a paisagem, mas tive que dar meia volta quando o meu celular começou a tocar irritantemente. Corri para atendê-lo, tateando embaixo do lençol enquanto Lauren se remexia sobre o colchão macio. Fiz uma careta. Se ela acordasse, eu mataria o ser do outro lado da linha. Lauren virou a cabeça para o outro lado, enfiando as mãos embaixo do travesseiro. Respirei fundo quando finalmente achei o celular, observando o visor. Dinah. Revirei os olhos.

: - O que é, Cheechee? – Perguntei o mais baixo que pude, me afastando da cama.

: - Mila, já podemos ir?

: - Claro que não, ainda são seis da manhã, você deveria estar dormindo.

: - Mas você já está acordada, então isso significa que nós podemos ir.

Eu ri deslizando a mão livre pelo rosto, espiando a cama rapidamente.

: - Isso significa apenas que fiquei sem sono e me levantei. Eu disse que iria ligar avisando quando pudessem vir, Lo ainda está dormindo. Ela está cansada, deixe-a descansar.

: - Mas Chancho... – A ouvi bufar.

: - Eu ligo quando puderem vir. Tchau!

: - CAMILA!

: - Tchau, Dinah!

Eu desliguei entre risadas, sabia que mais tarde levaria uns bons tapas por ter desligado na cara dela. Mas oras! Quem se importa? Era o aniversário de Lauren e nada naquele dia me tiraria do sério. Eu estava animada, adorava datas comemorativas e ainda mais quando a data era uma tão especial como aquela. Mais um ano de vida da garota que eu amava. É um bom motivo para acordar sorrindo.

Deixei o celular sobre a cômoda no canto do quarto e caminhei até minha mala, pegando no bolso da frente uma pequena caixinha vermelha de veludo, onde repousava dentro uma aliança prata como a minha, enfeitada por uma única pedrinha de diamante na lateral. Não havia nada que a impedisse de usar um anel de compromisso também. O que a mídia falaria era problema deles, nós não estávamos mais preocupadas com isso, afinal, eles sempre falavam. O que é mais um boato no meio de tantos?

Sorri de canto, mordendo o lábio inferior enquanto ia na direção da cama, subindo de joelhos na mesma para me arrastar sorrateiramente até Lauren. Suas costas nuas brilhavam sob a luz da manhã, os fios de cabelo espalhados pelo travesseiro me fizeram sentir vontade de voltar a deitar. Sentei-me ao seu lado, ergui a mão direita e deslizei as pontas dos dedos por sua coluna, desde o começo no topo da nuca, até o fim na brecha que separava suas nádegas. Seus pelos se arrepiaram de forma tímida, causando um leve tremor em seu corpo. Eu sorri, adorava o que causava nela. Quanto mais o tempo passava, mais ligada a mim ela ficava, qualquer toque e qualquer olhar era o bastante para deixá-la insana. Não havia prazer maior que esse.

: - Ei! – Chamei com calma, deslizando a palma da mão pela mesma região de suas costas. – Lo...

Lauren resmungou, mas eu sabia que ela ainda não havia acordado. Puxei o lençol para baixo, exibindo sua bunda. Suspirei sentindo minhas bochechas esquentarem. Lembranças do que eu havia feito ali na noite anterior aqueceram o meu corpo. Cobri a carne gostosa com a mão, massageando com calma. Era bom senti-la ali, e era bom de muitas formas. Deslizei a língua pelos lábios e me curvei para baixo, depositando um pequeno beijo molhado na nádega esquerda. Lauren estremeceu, eu sorri.

: - Acorde, amor.

Eu disse outra vez, subindo os beijos pelas covinhas, coluna, costelas. Ela passou a se arrepiar vezes seguidas, e naquele momento eu soube que havia acordado.

: - Hmmm. – O som rouco que saiu de sua garganta foi como um gato ronronando, manhoso, relaxando mais ainda o corpo na cama para que minha boca pudesse beijar a pele de seus ombros. – Camz...

: - Sim, desperte... – Minha mão livre subia por sua lateral direita, uma carícia gentil e sem segundas intenções. – Abra seus olhos.

Eu disse baixinho em seu ouvido, arrastando o nariz pela pele cheirosa. Ela sorriu de canto, encolhendo os ombros quando minha respiração lhe fez cócegas. Mais alguns segundos e seus olhos estavam abertos, inchados por causa do sono, e indiscutivelmente lindos. Meu coração deu um pulo dentro do meu peito, como se fosse a primeira vez que eu estivesse olhando para eles. Verde água, como em todas as manhãs.

: - Feliz aniversário, amor da minha vida.

Sussurrei no ouvido dela da forma mais melosa que eu pude, depositando um beijo no canto de sua boca. Lauren abriu um sorriso preguiçoso, girando o corpo na cama para ficar de barriga para cima. Olhei-a com devoção, admirando todos os traços de mulher que ela tinha, e todos os rastros de menina. Tão linda, com certeza naquela manhã eu me apaixonei mais uma vez.

: - Amor do quê?

Ela perguntou manhosa, mordendo o lábio inferior enquanto se erguia na cama.

: - Da minha vida. – Quando ela se sentou, puxei-a para os meus braços, a abraçando com força para senti-la por inteiro. Ela enterrou o rosto no meu pescoço e eu a segurei como se fôssemos ficar ali para sempre. – Parabéns, amor. Eu te amo e estou muito feliz por passar mais um aniversário seu com você. Eu espero que seu dia seja maravilhoso.

Beijei sua bochecha quente, ganhando um beijinho na testa quando a afastei de mim muito sem querer pelos ombros.

: - Ele será porque você estará nele. – Lauren segurou meu rosto entre as mãos e me encheu de selinhos. – E obrigada! Eu não seria isso aqui hoje se não fosse por você.

: - Linda!

Eu disse sorrindo depois de lhe beijar a ponta do nariz. Mordi o lábio inferior e senti minhas bochechas arderem novamente.

: - Ei, o que foi? Por que está corando?

Lauren perguntou enquanto acariciava o meu rosto, me conhecendo perfeitamente bem, sabia que eu estava escondendo algo. E bem, o algo estava embaixo da minha coxa, sendo pressionado contra o colchão.

: - Eu quero te dar um presente.

: - Amor, não preciso de presentes, eu já tenho tudo o que eu quero e o mais importante está bem aqui na minha frente.

Com calma ela colocou o meu cabelo para o lado, sobre o ombro esquerdo, deslizando uma de suas mãos pelo meu pescoço.

: - Eu já comprei.

Sussurrei abaixando a cabeça, erguendo um pouco a perna para pegar a caixinha com a aliança. Coloquei-a na palma da minha mão esquerda, e só então fui perceber o quanto estava tremendo. Fiquei envergonhada, ela foi tão boa nisso há meses atrás, e tudo o que eu sabia fazer era tremer de nervoso.

: - Camz...

Os olhos de Lauren alternavam entre a minha mão e os meus próprios olhos, brilhantes e ansiosos. Abri a caixinha, exibindo a aliança.

: - Eu sei que combinamos que só eu usaria para não chamar a atenção, mas com os últimos acontecimentos eu me senti mais segura em lhe comprar uma aliança, assim como a minha. – Desandei a falar, tremendo mais que vara verde, onde Lauren me encara calada sem me deixar decifrar o que estava pensando. – Você pode escolher não usar, olha... Eu não vou me chatear e nem nada, eu...

: - Camila...

: - Eu só queria te dar algo simbólico que marcasse o laço que nós temos.

: - Amor...

: - Se foi uma atitude precipitada, você pode apenas guardar com você, assim não chamamos a atenção, nem lhe causaremos dores de cabeça e...

: - Camila! – Lauren deu um pequeno grito, fazendo meu coração disparar mais ainda pelo susto. Fechei minha mão com força ao redor da caixinha, olhando-a com bochechas coradas e olhos arregalados. Mas a minha expressão suavizou rapidamente ao ver o sorriso perfeito que ela tinha nos lábios, e o brilho intenso das conhecidas lágrimas de emoção nos olhos que eu tanto amava. – Pare de tagarelar e coloque a aliança no meu dedo.

: - Então você... Você gostou?

Perguntei mordendo o lábio inferior timidamente, me aproximando dela um pouco mais.

: - Eu amei, Camila. – Lauren fungou um pouco, abrindo um sorriso maior ainda logo depois. Meu peito inflou, e eu não sabia dizer se queria rir ou chorar. – Deus, por que eu não iria gostar? Por que não iria querer usar? Eu estive esperando por isso há muito tempo. Não quero saber o que vão falar, quero exibir essa aliança por ai e mostrar para todo mundo que eu sou tua.

Se existia alguma insegurança em mim, ela foi embora com o rabo entre as pernas. Eu abri um sorriso maior que o meu rosto e peguei a delicada aliança com a ponta dos dedos, ainda trêmula. Estendi a mão esquerda, e Lauren depositou a sua direita sobre ela. Trocamos alguns olhares apaixonados, sorrisos bobos, risos rápidos. Com delicadeza, deslizei a aliança em seu anelar direito até o final, erguendo sua mão e depositando um beijo em cima da prata quando terminei. Lauren pegou a minha mão e repetiu o meu gesto, puxando-me para os seus braços logo depois.

: - Obrigada, de novo. Eu vou passar a vida sem saber como agradecer tudo o que fez e faz por mim.

Ela sussurrou no meu ouvido, esfregando as minhas costas com suas mãos quentes. Me arrepiei.

: - Não precisa agradecer, Lo. Quando amamos, fazemos porque queremos, porque sentimos que devemos e porque precisamos ver a outra pessoa feliz. E eu só quero ver você feliz, custe o que custar.

: - Te amo.

Lauren sussurrou contra a minha boca, beijando meus lábios de forma doce. Suspirei, era tão bom beijá-la. Ergui a mão e segurei em sua nuca, tentando aprofundar o beijo e como eu imaginava, ela me afastou.

: - Lo! – Resmunguei, fazendo bico.

: - Depois que eu escovar os dentes.

Rolei os olhos, vendo-a me dar mais um selinho e colocar os pés para fora da cama. Quando ela se levantou, o lençol revelou o resto de seu corpo nu, fazendo-me abaixar os ombros em rendição.

: - Onde você vai?                              

: - Tomar um banho e você bem que podia vir comigo. – Lauren ergueu suas mãos preguiçosamente, puxando o cabelo para cima e dando um nó. Seus seios de mamilos rosados estavam aguando a minha boca, que vontade de chupá-los. – Esfregar as minhas costas, lavar o meu cabelo. Depois podemos fazer um amorzinho bem gostoso embaixo da ducha quente... Hein?

: - Oh, céus! – Eu não pude evitar o gemido de sair da minha garganta, só de nos imaginar fodendo bem gostoso no chuveiro fiquei completamente excitada. Mas eu não podia. Se eu entrasse naquele banheiro com Lauren, não sairíamos de lá tão cedo e as meninas me matariam, por atrasar a surpresinha. – Mas eu... Não posso, amor, tenho que arrumar a nossa mesa do café porque daqui a pouco temos que sair e...

: - Você me negando sexo?

Lauren colocou as mãos na cintura e me olhou como se estivesse vendo um fantasma.

: - Não, não, pelo amor de Deus, eu não estou negando. – Eu disse me levantando da cama com pressa, a abraçando pela cintura. Comecei a encher seu pescoço de beijos molhados, fazendo-a suspirar. – Só estou querendo dizer que podemos deixar o amorzinho gostoso na ducha pra mais tarde. Está bem? Se não vamos nos atrasar, você sabe. Teremos um dia cheio e não quero ter de levar esporro hoje.

: - Mas...

: - Vai, não faça denguinho ou eu não vou resistir. – Mordi seu lábio inferior e puxei, ter aquele corpo nu no meu estava me deixando alucinada. Mais um pouco e eu ligaria o foda-se. – Você me deixa tão quente... Ah!

: - Vem cá, vem...

Lauren disse com aquela voz rouca que eu conhecia muito bem, cheia de mãos pra cima de mim, me puxando para trás na direção do banheiro. Eu estava a acompanhando, me deixando levar quando cai na real novamente. A empurrei para trás pelos ombros, rindo nervosa.

: - Sai daqui, satanás. – Fiz sinal da cruz pra ela com os dedos, a vendo explodir em uma risada. – Sai daqui. Vai logo pro teu banho.

: - Frouxa.

Ela disse rolando os olhos, virando de costas, tomando o rumo do banheiro.

: - Como que é?

: - Isso mesmo que você ouviu. Frouxa.

Eu pisquei e ela sumiu da minha visão, batendo a porta do banheiro e me deixando ali com cara de paisagem. Juntei todas as minhas forças e me controlei ao máximo para não invadir aquele banheiro e fazê-la repensar o jeito que me chamou. Inferno! Eu mataria Dinah por ter insistido em brotar no quarto de Lauren assim que ela acordasse com bolo e balões.

Fui batendo o pé com força no chão até a cômoda onde deixei meu celular, feito criança birrenta. Cliquei no número de Dinah e esperei chamar. No primeiro toque ela atendeu.

: - Já podemos ir?

Ela nem me esperou dizer. Que diabos de animação, parecia que havia tomado LSD.

: - Vem logo, inferno!

: - Vish! Por que está tão irritada? – Revirei os olhos.

: - Porque eu estou perdendo a oportunidade de uma foda matinal extremamente gostosa por culpa tua.

: - Ah, que pena, Mila. – Dinah gargalhou do outro lado. – Mas eu já fiz isso por você, não se preocupe.

: - Filha da puta! – Rosnei para ela mais do que cachorro bravo. – Venha logo antes que eu desista.

: - Estamos indo, deixa a porta aberta.

Antes que eu pudesse responder, ela desligou o celular, com certeza me dando o troco.

Bufei e taquei o aparelho sobre a cama, destrancando a porta. Olhei ao meu redor, tudo permanecia em seu devido lugar. Chegamos ao hotel no começo da madrugada, estávamos tão cansadas que retiramos nossas roupas e dormimos. Tínhamos uma coletiva de imprensa para dar no meio da tarde, tudo relacionado à campanha. Aquela causa era excitante, ter a sensação de que, de alguma forma, eu ajudaria milhares de crianças me fazia ficar em paz comigo mesma. Meus pensamentos foram interrompidos com a porta se abrindo, onde visualizei o rosto das meninas prontas para berrar, fazendo-me colocar o dedo na frente dos lábios e pedir silêncio.

: - Shiiiiu! – Elas entraram eufóricas, carregando um bolo em um daqueles carrinhos feitos para levar comida, balões amarrados em seus punhos, confetes, com direito a chapéu de festa e tudo. Eu sorri contente, esquecendo a frustração por não poder transar. – Lo está no banho.

: - Coloque logo o seu chapéu, Mila.

Ally disse aos sussurros, batendo palminhas silenciosamente.

: - Onde vocês arrumaram todas essas coisas?

Eu perguntei igualmente baixo enquanto Normani colocava o chapeuzinho azul na minha cabeça.

: - Nós trouxemos da América na mala. – Dinah disse com uma risada, ajeitando as velas do pequeno bolo. – O bolo pedimos para fazer aqui no hotel, até que eles cobraram barato. O confeiteiro daqui é super talentoso.

: - Dinah, pare de provar o bolo antes da Laur.

Normani deu um tapa na mão de Dinah, que chupava seu dedo indicador sujo de glace. Eu revirei meus olhos, espiando os presentes embaixo do carrinho.

: - Ai! Eu só sujei sem querer.

: - Será que a Laur vai gostar dos presentes? Eu nunca sei o que dar pra ela.

Ally resmungou, cruzando os braços embaixo dos seios com uma expressão tristonha.

: - Você acerta sempre, Allycat, não se preocupe. E Lo não liga pra essas coisas.

: - Estou com medo de a qualquer momento aparecer a cabeça de uma girafa nessa varanda.

: - Dinah! – Eu ri da cara medonha que ela fez. – Deixe de ser ignorante. Não tem como os bichos chegarem até aqui, há uma proteção.

: - Mila, você não sabe o que eles podem fazer? Eles são animais selvagens. Não durma com essa porta aberta, pode brotar um leão aqui ou eu sei lá. Não quero encontrar você e Lauren comidas pela manhã além do comidas sexualmente como sempre estão.

: - Meu Deus, Dinah! Já começou cedo com isso.

Ally a deu um pequeno tapa no braço, a rendendo uma careta. Eu corei nas bochechas intensamente, levando as duas mãos até o rosto. Por que é que eu estava no mesmo grupo que o delas?

: - Fiquem quietas.

Mani bufou irritada, abrindo o saco de confete e quando eu iria dizer uma última coisa, ouvimos um barulho na porta do banheiro. Todas paralisamos, como quem é pego no flagra.

: - Amor, que baru... – Lauren abriu a porta do banheiro e saiu, e para o meu terror e absolutamente o dela, nua. – MAS QUE PORRA!

: - FELIZ ANIVERSÁÁÁÁÁÁRIO!

Parecendo uma multidão, as meninas correram para cima de Lauren e começaram a gritar repetidamente coisas como “aê, parabéns, gostosa, mostra a bunda”. Eu fiquei ali, parada no meu lugar observando a cena, rindo tanto que minha barriga chegou a doer. Lauren estava de joelhos no chão, tentando se cobrir, onde as meninas tacavam em cima dela os confetes e mais umas dezenas de coisas que nem mesmo cheguei a descobrir. O chapéu azul já estava em sua cabeça, e seu rosto mais vermelho que um tomate me fez sentir vontade de fotografar.

: - Gente... Pelo amor de Deus. – Lo disse quase sem fôlego.

: - Você está linda com esse chapéu, Laur. – Ally agarrou Lauren pelo pescoço, beijando sua bochecha. – Espero que Deus continue abençoando sua vida sempre.

: - LARGA ELA, ALLY, DEIXA ELA LEVANTAR E MOSTRAR ESSA BUNDINHA GOSTOSA.

: - DINAH!

Lauren rosnou para ela morrendo de vergonha, quase roxa.

: - Qual é, Laur, não é como se nunca tivéssemos visto você sem roupa, vai. – Mani a tranquilizou. – Levanta pra gente partir o bolo.

: - Amor... – Seu tom de voz me deixava claro o seu desespero. – Pega o roupão pra mim no banheiro.

: - Aaaah, deixa de ser viadinha, Lauren.

: - Deixa ela, Dinah.

Ally a defendeu rindo, fazendo-me negar com a cabeça enquanto me aproximava.

: - Vocês deram um momento bem constrangedor pra ela. Esse aniversário será inesquecível.

Comentei antes de entrar no banheiro, pegando o roupão que estava pendurado atrás da porta. Com rapidez, Lauren se vestiu, acabando com as piadinhas. Me coloquei na ponta dos pés e selei seus lábios, sorrindo animadamente.

: - Feliz aniversário, Lolo.

Eu disse para completar a festa das meninas, que uma a uma se aproximaram para beijar as bochechas de Lauren.

: - FELIZ ANIVERSÁRIO, LAUR.

As três disseram juntas, naquela conhecida e perfeita harmonia.

: - Ah, gente...

Eu vi o lábio inferior de Lauren tremer e no mesmo instante soube que ela choraria.

: - Ai, vai chorar.

Dinah disse soltando uma risada e puxando todas nós para um abraço em grupo. Nos apertamos com força, assim com fazíamos depois de um show realizado com maestria. E como era esperado, Lauren chorou no meio de nós, com um sorriso lindo no rosto e um coração acelerado, pude sentir com as pontas dos dedos. Nos separamos para que ela pudesse respirar, onde observei Dinah limpar suas lágrimas.

: - Obrigada pela surpresa, eu sempre choro com elas.

: - Você é uma gayzinha.

Dinah beijou-lhe a testa e Mani sua bochecha esquerda. Ally apenas observava com as mãos juntas na frente do corpo.

: - Me deixa, ok? É meu aniversário, eu posso fazer qualquer coisa.

: - Pode mesmo, inclusive montar nas costas de uma zebra e sair por essa savana galopando como se não houvesse o amanhã.

: - Idiota.

Nós rimos juntas e deixamos as mocinhas se abraçando para trás, empurrando o carrinho com o bolo para a varanda. Mani afastou as cadeiras e ajeitou a mesa, onde a ajudei a por o bolo em cima. Nós iríamos nos sentar para começar a comer quando algo nos chamou a atenção, um barulho alto e apavorante vindo da Savanna que fazia parte do parque Zambezi. Todas olhamos ao mesmo tempo para frente, assustadas. Eu nem estava acreditando no que estava vendo.

: - Meu Deus! Aquilo é...

Mani disse mais para ela do que para nós, paralisada ao meu lado.

: - Elefantes. – Lauren deu um passo para frente, se aproximando da grade de madeira. - São elefantes, muitos deles. E só estão a alguns metros de nós.

: - Eu nunca mais verei tantos elefantes na minha vida como agora, nem nos meus mais pesados sonhos. – Ally comentou em choque.

: - Isso nem de perto parece os dias em que eu ia ao zoológico, isso aqui é bem melhor.

Eu comentei ao parar ao lado de Lauren, observando o sorriso imenso que ela tinha nos lábios. Lauren era fã da fauna e da flora em geral, aquilo para ela era sonho de consumo. Certeza que ela passaria horas fotografando tudo.

: - Porra, Laur, isso que é ter um aniversário de peso. – Dinah disse abismada.

: - África, baby, isso é a África.

A admiração presente em sua voz deixou claro que aquele seria de fato um de seus melhores aniversários.

 

A tarde caiu rapidamente, sem que pudéssemos sentir o tempo passar. Depois da longa coletiva de imprensa que demos, saímos para fazer um Safari nas redondezas do hotel, sem ir muito longe. Lauren ficou eufórica, as meninas e eu, assustadas além de encantadas. Tínhamos a opção de descer do carro que nos levava para andar um pouco, sempre ao lado do guia. É claro que as únicas que desceram foram Dinah e Lauren, eu preferi ficar de longe apenas registrando seus passos. Tirei milhares de fotos, vídeos e postaria assim que voltássemos para o hotel. Lauren parecia uma criança que vai a primeira vez no parquinho, o sorriso jamais saíra de seu rosto. Fomos até uma área protegida do Parque Zambezi, onde filhotes estavam recebendo algum tipo de cuidado. Vê-la brincar com eles foi a melhor parte daquela tarde. Se ela pudesse, tenho certeza que levaria alguns para casa. Não que fosse estranho porque até macacos os Jauregui’s tinham, que mal teria um filhote de leão por lá também, não é?

Chegamos no hotel por volta das 17:30, o pôr do sol no Zimbábue era de fato o mais bonito que eu já havia visto na vida. Fiquei longos minutos admirando, perdida em pensamentos sem ter noção de espaço e tempo. O fato de ser o aniversário de Lauren e por estarmos em uma causa tão bonita me deixava imensamente feliz, mal podia conter o sorriso que rasgava o meu rosto. Desde o começo, quando entramos juntas no que se tornou Fifth Harmony, eu torcia para que um dia pudéssemos estar de frente em causas como aquela. Desde o momento em que coloquei os meus pés naquele continente, eu soube que nunca pararia.

: - No que tanto pensa?

Ouvi a voz de Lauren como um sussurro contra a minha orelha direita, onde seus braços quentes me abraçaram por trás e seu queixo repousou em meu ombro. Estávamos na varanda, observando o sol ir embora.

: - Em tudo isso. Digo, nessa campanha e no quanto ela faz com que eu me sinta melhor.

: - Acho que temos uma vitória aqui, Camz. Eu sinto como se estivesse ao ponto de dar um passo muito grande na minha vida. Não para inflar o meu ego, mas para sarar minha alma. – Lauren dizia sem desviar os olhos da paisagem a nossa frente, deixando que o vento fresco misturasse nossas mechas de cabelo com delicadeza. – Estive pensando muito nisso e me sinto mal por ter sido tão egoísta por todo esse tempo, mesmo sem querer. Veja todos as pessoas que cruzamos desde que chegamos aqui. Tão simples e apesar do sofrimento, não deixam de sorrir. Eu tenho certeza que voltarei para casa me sentindo uma nova pessoa.

Eu sorri porque ela tinha razão, ela sempre tinha razão. As vezes nós, seres humanos, precisamos tomar um choque de realidade para perceber que há muito mais do que nós podemos ver. Há um grande mal nesse mundo em ver o caos e ignorar sua existência. Quando as coisas vão chegando ao seu final, depois de toda uma tormenta, é que nós vamos pensar no que há por trás de tudo, o que há além de tudo. Talvez você possa deitar sua cabeça no travesseiro e pensar antes de dormir: O que há por trás do sofrimento? O que há além dele?

: - Será que é esse o propósito de tudo, Lo? – Deslizei minhas mãos por cima das suas em minha barriga, encostando nossas bochechas. – Será que é esse o motivo de Deus ter colocado todas nós no mesmo grupo? Passar por tudo o que passamos, vencer pouco a pouco, amadurecer, viver coisas que nunca imaginamos viver, ajudar milhares de pessoas pelo mundo e terminar assim?

: - Camz... – Com calma e calor, Lauren depositou um pequeno beijo na curva do meu pescoço, me abraçando com mais força. – Algumas pessoas ou quase todas, nascem com missões. Minha vó me dizia que enquanto não cumprirmos nossas missões aqui na Terra, iremos voltar quantas vezes for preciso. E essa é a nossa, é essa a nossa missão. Passamos por tudo isso para cumpri-la e um dia ela terá um fim. Se é agora ou depois? Eu não sei, mas terá. Ainda que doa em nós como nada nunca doeu antes, ainda que passemos o resto de nossas vidas tentando argumentar, vai acabar. E quando acabar, nós saberemos que fizemos tudo o que podíamos, nós saberemos que cumprimos o nosso dever aqui. Olhe ao seu redor, mudamos alguma coisa no coração de todas essas milhares de pessoas que nos amam e vamos mudar algo no coração daqueles que nem sabem quem somos. Eu posso ter sofrido muito para chegar até aqui, mas eu sei que vou agradecer a Deus pelo resto dos meus dias pela missão maravilhosa na qual me colocou, a mesma que fez o meu caminho esbarrar no teu e me fez ter vontade de seguir... Ao seu lado. Porque eu sei que se não fosse esse amor e você, eu teria desistido do que Deus planejou pra mim.

: - Eu te amo. – Eu disse com um fio de voz, estava emocionada e com o coração batendo forte dentro do peito. – Eu te amo porque você é tão forte. Depois de todo o inferno ainda consegue dizer que entende o motivo pelo qual passamos por tudo. Eu tenho tanto orgulho de você.

: - Olhe pra mim. – Ela pediu de forma doce, esfregando suas palmas em meus braços. Com calma, me virei de frente para ela, me perdendo em seus olhos protetores e amorosos. Sua pele estava tão bonita sob os últimos raios de luz do dia que eu mal conseguia me concentrar em outra coisa. Era difícil olhá-la e não perder minutos admirando seus traços delicados, perfeitos. – Eu sou forte porque você me fez ser e porque Deus nunca desistiu de nós. Algumas situações na vida acontecem para nos fazer amadurecer e hoje, hoje eu sei disso. Então saiba que o meu amor por você venceu uma guerra, mesmo que eu tenha perdido muitas batalhas. E eu estarei aqui, sempre, enquanto eu e você vivermos.

: - Talvez até depois disso.

Eu disse chocando o meu corpo contra o dela, a abraçando com tanta força que a ouvi suspirar. Acomodei minha cabeça em seus seios e deixei que ela me embalasse, sentindo seu sorriso pequeno contra o meu cabelo.

: - Talvez até depois disso, princesa... Até depois.

Tendo Deus no comando, talvez fosse além da morte, muito além dela.

 

: - Vocês poderiam parar de se beijar na minha frente?

Eu resmunguei ao lado de Normani e Dinah, que nem por dois segundos conseguiam manter suas bocas afastadas.

: - Vai encher o saco de outro, Mila.

Dinah rebateu me olhando com o canto dos olhos, passando os braços ao redor da cintura de Mani.

: - Odeio ficar de vela.

: - É pra você ver o que temos de passar com você e Lauren.

Mani disse ao soltar uma risada, sentando-se de lado no colo de Dinah. Eu rolei meus olhos, cruzando os braços embaixo dos seios.

: - Até você? Traidora! O que é de vocês tá guardado.

Nós estávamos na área da piscina, no céu mais estrelas do que eu já havia visto. Combinamos de tomar umas bebidas e passar um tempo juntas para continuar comemorando o aniversário de Lauren. Eu estava cansada, mas para ver minha namorada contente poderia atravessar aquela savanna a pé e ir para a cova dos leões. O que a gente não faz por amor?

: - Camz! – Ouvi a voz de Lauren ao fundo, uma risada gostosa enchendo o ambiente. Olhei para trás e a vi se aproximar com Ally, carregando duas taças de uma bebida vermelha nas mãos. – Você tinha que ter visto o macaquinho lindo que eles tem aqui no hotel. Ele é domesticado, coisa mais fofa. Ficou nas minhas costas mexendo no meu cabelo um bom tempo.

: - Ele estava catando os seus piolhos, por isso demoraram, né?

Dinah disse quando as meninas pararam ao nosso lado, nos fazendo rir. Lauren me ofereceu uma das taças e eu logo peguei, provando o líquido.

: - Engraçadinha. – As duas trocaram uma careta, e logo Lauren estava sentada ao meu lado, apoiando o braço em minha perna esquerda. – Vamos tirar uma selfie e postar. Sabem como nossos fãs são, se não tiver selfie de aniversário vão logo dizer que estamos cagando uma pra outra.

: - Verdade! – Ally riu, bebendo um pouco do que tinha em seu corpo. – Eles são bem dramáticos. Mas eu gosto.

: - É porque você tem a paciência de Deus, Ally, só por isso.

Comentei suspirando de ombros caídos, fazendo as meninas rirem.

: - Afinal, o que seria de nós se não fosse Deus?

Ally nos perguntou com aquela cara que diz: Me poupe.

: - Amém!

Estendi a taça para elas, praticamente obrigando todas a fazerem o mesmo.

: - Amém!

: - Agora a selfie, andem.

E assim nós nos juntamos e tiramos a selfie que Lauren tanto queria, para a felicidade dela e a de nossos fãs. Nada como uma foto de nós cinco juntas para acalmar os nervos do fandom... Bem, quase sempre.

Depois de tomar uma quantidade boa de álcool, cada uma subiu para seu quarto. Isso era o que Ally achava porque Mani foi para o quarto de Dinah, eu vi com esses olhos que a Terra há de comer e eu... Meu quarto era o de Lauren, nem precisava dizer. Parei para abrir a porta com um pouco de dificuldade, Lauren estava enfiando as mãos quentes embaixo do meu vestido, apalpando a minha bunda. Eu estava apavorada com a ideia de que alguém nos visse naquele corredor, mas pela hora, éramos as únicas acordadas.

: - Lo... Me deixe abrir a porta.

Eu pedi tentando afastá-la, sem sucesso. Não era o álcool que a movia, mas sim o tesão. Ela estava sóbria o bastante para saber o que estávamos fazendo. O engraçado da minha relação com aquela garota era que não precisávamos de muito para sentir a excitação crescer, bastava alguns olhares cheios de malícia e pronto, minha calcinha ficava destruída.

: - Me deixe comer você aqui.

Sua voz aveludada me arrepiou da cabeça aos pés. Eu joguei a cabeça para trás, sobre seu ombro, apoiando minhas mãos na porta.

: - Lauren!

: - Dá pra mim aqui, na porta. Ninguém vai perceber, eu faço bem devagarzinho.

: - Você é louca.

Ela riu ciente do que eu falava, a filha da puta era boa demais naquilo. Tentei abrir a porta outra vez, empurrando meu corpo para trás para que ela fosse junto. Inferno!

: - Você me deixa louca. – Sua língua quente correu a minha nuca, sua mão direita por baixo do meu vestido abaixando a minha calcinha. Se eu não abrisse aquela porta naquele instante, ela me faria dela ali sem vergonha nenhuma. – Quis me provoca usando esse vestido e acha que eu não sei. Gostosa!

: - Você não pode... Esperar chegar no quarto?

Eu perguntei ofegante, mordendo o lábio inferior com força quando ela puxou o meu cabelo para trás com a mão livre.

: - Eu nunca posso esperar para foder você, Camila. Quando vai aprender isso?

Se eu tinha alguma coisa para dizer antes de sua resposta, depois dela, eu perdi as palavras. Só me dei conta de que consegui abrir a porta do quarto quanto a atravessamos, entrando no ambiente iluminado apenas pela luz da lua e completamente silencioso. Lauren me empurrou contra a madeira escura e esculpida que formava a porta, trancando-a. Eu não conseguia ver seus olhos, mas enxergava muito bem a sombra de sua silhueta a minha frente. Suspirei mole quando seu corpo se encostou ao meu, quente, vibrante. Sua respiração cheirando a drink de cereja se misturando com a minha. Eu me sentia tonta e sabia que não era por conta do álcool.

: - Eu acho que nós podemos tomar aquela ducha quente agora.

Eu disse fechando os olhos, separando os lábios para gemer baixinho ao sentir sua língua serpentear pela pele do meu pescoço.

: - Eu quero tomar outra coisa. – Lauren desgrudou meu corpo da porta e me puxou para ela, naquela pegada que me deixava trêmula. Com pressa ela passou o vestido que eu usava por minha cabeça, me deixando apenas de calcinha. – E essa coisa você vai me dar.

Eu pisquei atordoada e ela me empurrou em cima da cama, fazendo-me afundar no colchão macio. Me arrastei no lençol com os cotovelos, vendo-a retirar peça por peça de roupa na minha frente, sob a luz da lua, me dando uma visão tão linda que chega perdi o fôlego.

: - Vem cá, vem... – Eu disse cheia de segundas intenções, completamente molhada enquanto me perdia no cheiro da calcinha que ela jogou em cima de mim. Que porra de cheiro delicioso, tão sexy, forte e feminino. Minha vontade era de morrer sufocada por ele. – Vem cá pra eu te dar na boca.

Lauren se colocou de quatro sobre o colchão, se arrastando na minha direção com todo aquele ar felino que ela nunca perdia. Seus cabelos estavam jogados sobre o ombro esquerdo e eu desejei puxá-los com força.

: - Me mostra o que você tem ai pra me dar, Camila.

Bati a mão no abajur na cabeceira ao lado da cama para acendê-lo, virando a cabeça a tempo de ver a língua rosada de Lauren deslizando sobre seus lábios. Seus seios estavam empinados por conta de sua posição de quatro, ainda mais convidativos. Com calma e usando do poder de sedução que eu sabia que tinha, ergui o quadril sobre o colchão e fui abaixando a calcinha, observando seus olhos em um verde escuro acompanhar o meu gesto. Coloquei o pano molhado ao meu lado e afastei as coxas, me abrindo pra ela. A respiração de Lauren ficou presa em sua garganta e a minha saiu como se eu não respirasse há muito tempo. Me sentia livre, exposta e não havia nada melhor do que me sentir daquele jeito para ela, apenas para ela.

: - É um bom presente de aniversário, você não acha?

Perguntei a ela enquanto usava o dedo indicador e o dedo do meio para separar os lábios menores e inchados da minha boceta. Mordi o lábio para não gemer quando senti o líquido quente escorregar.

: - Eu não acho que exista um presente melhor que a sua boceta, Camila. – Em um movimento rápido, Lauren enfiou seu dedo do meio na minha entrada apertada, até o fundo, me fazendo soltar um gemido manhoso e surpreso. Com a mesma rapidez, ela o retirou, me deixando com aquela antiga sensação de vazio. A observei levar o dedo até a boca e chupar, gemendo daquele jeito que me deixava louca. – Porra! Eu duvido que alguém tenha a boceta mais gostosa que a tua, mais apertada e mais quente.

: - Laaauren! – Eu resmunguei, deixando minha cabeça afundar no colchão. Meu corpo estava arrepiado e suado, eu estava implorando silenciosamente para que ela cobrisse a minha pele com a dela, que me virasse do avesso e me fizesse choramingar até o amanhecer. – Por favor!

: - Nós vamos fazer amor... – Sem pressa e mantendo o controle, Lauren cobriu meu corpo com o dela, me fazendo sorrir em pura excitação. Abracei sua cintura com as pernas, subindo minhas palmas abertas por suas costas. – E vamos foder. – Sua língua quente traçou o contorno dos meus lábios, e com uma pequena mordida no inferior, ela voltou a me tirar o fôlego. – Eu vou te beijar bem gostoso, e vou te bater mais gostoso ainda. Vou te chamar de “meu amor”, e vou te xingar de “vadia”.

Com um gemido fraco, ela começou a esfregar sua boceta melada na minha bem devagar, rebolando entre as minhas pernas e enviando uma onda de vibrações deliciosas para a minha coluna. Eu gemi, cravando minhas unhas na carne de sua bunda, forçando-a para baixo.

: - E quando eu terminar de fazer o que quiser com você, vou te colocar de joelhos ao lado da cama, segurar o teu cabelo e te fazer me chupar até eu gozar. – Suas reboladas aumentaram de ritmo e com elas os meus gemidos, onde eu abria cada vez mais as coxas para apreciar o contato. – Quero ver você engolir tudo o que eu te der, entendeu?

: - Si-sim. – Engasguei em meus próprios gemidos, me deliciando com os sons roucos e alucinantes que saiam de sua garganta. – Eu faço o que você quiser... Qualquer coisa.

: - Esse sim será um puta presente de aniversário, Camila.

O que Lauren não sabia era, o aniversário até que podia ser dela, mas o presente seria meu.

Eu não sei dizer ao certo o que foi aquilo que nós passamos a fazer a partir dali, o que eu sabia era que nada nunca foi tão intenso. Talvez fosse pelo clima, pelo local, pela data, ou quem sabe o alívio da alma e a explosão do corpo. Talvez fosse tudo junto e eu estava implorando para que todas aquelas coisas me fizessem flutuar o mais rápido possível.  

 

Lauren POV.

Eu suava, meu corpo em chamas se movendo de um lado para o outro, para frente e para trás sem conseguir parar, sem medir força e velocidade. Minhas mãos vagavam perdidas por todos os cantos do corpo de Camila, possessivas, selvagens, marcando a pele em um vermelho vivo, deixando claro que ela era minha e de mais ninguém. Minha cabeça girava, possuía um nível de excitação tão grande que mal podia conter os pequenos gritos, os altos gemidos. Meus pés se arrastavam sobre o colchão em uma agonia sem fim, meus lábios e os lábios dela reféns dos meus dentes e do desespero que fazia doer todo o meu ventre. Eu queria me libertar daquele tormento e ao mesmo tempo queria ficar presa nele.

Estava viciada naquela pele macia onde o suor escorria, nos mamilos duros de tesão que se escondiam no calor da minha boca, onde eu chupava com força, devagar, rápido e lento. E ela gemia, se contorcia, molhava mais ainda o lençol e minhas coxas, me fazendo latejar tanto que beirava a dor. Eu clamei, chamei por ela uma, duas, três vezes. Levei minha mão até as mechas de cabelo que eu tanto amava, embolei nos dedos, puxei com força, a coloquei de quatro. Estapeei aquela bunda deliciosa incontáveis vezes, onde Camila rosnava e pedia por mais e eu dei, dei até deixá-la sensível e vermelha, fazendo-a implorar por meus dedos quando o tesão atravessou todos os seus limites.

: - Eu quero gozar. – Ela disse ofegante, desesperada, trêmula na minha frente apoiada em seus braços. Olhos estreitos, boca aberta, gotas de suor em sua testa, cabelo bagunçado e caindo por cima do ombro. Não aguentei, gemi vendo-a daquele jeito. – Por favor, Lauren! Me deixe gozar. Por favor!

Eu neguei, queria maltratá-la e maltratei. Desci a mão por sua coluna curvada, deixá-la de quatro era uma visão e tanto. Me ajoelhei atrás dela, empurrei seu peito contra o colchão. Sua boceta estava tão rosada por conta de minhas investidas rápidas que fiquei salivando e gemendo sem que ela ao menos me tocasse. As marcas de meus tapas em sua bunda estavam quase em alto relevo e eu me ocupei em cobri-las com a boca para aliviar a ardência. Lambi uma por uma, ouvindo-a dizer qualquer coisa sem nexo contra o lençol embolado. Camila já estava fora dela há muito tempo e só queria estar dentro, bem fundo e com força. Separei os lábios inchados de sua boceta com os dedos, lambi a fenda encharcada. Ela gemeu, rebolou contra o meu rosto tão gostoso que fiquei mais insana do que já estava, quase gozei só de sentir aquele gosto. Passei a chupá-la sem pressa, degustando os lábios menores, depois os maiores, logo o clitóris fazendo uma pressão suave com a língua. Desci as mãos pelas coxas, apertei com as unhas. Voltei com elas para a bunda, massageei. Afundei minha língua em sua entrada fervente, sentindo seus músculos internos me apertarem em pequenos espasmos. Os gemidos longos e sofridos de Camila eram abafados pelo colchão, sua bunda empinada me dava um acesso maravilhoso.

: - Oh, porra! – Ela gritou erguendo a coluna e eu soube que gozaria. – Laaauren, Laaureen!

Tirei minha boca e me ergui, enfiando dois de meus dedos com pressa, uma estocada só foi o suficiente. Agarrei no cabelo dela como se precisasse daquilo para continuar de joelhos, sentindo-a tremer intensamente de quatro na minha frente e gemer como nunca a vi gemer antes.  

: - Isso, Camila... Goza pra mim, seja uma boa garota. – Sua boceta quente esmagava os meus dedos enquanto eu metia. O líquido delicioso que saía dela molhava todo o meu quadril e minhas coxas, em um jato forte e longo. Ela estava ejaculando, não era apenas um simples orgasmo, e eu me senti muito mais do que foda por ter conseguido proporcionar isso a ela. Eu rolei os meus olhos, sentindo o meu próprio orgasmos abrindo caminho. – Bem gostoso...  Assim, baby.

: - Ah, Lauren... – Ela ronronou, rebolando nos meus dedos, aproveitando os últimos momentos de espasmos. Me curvei para frente e comecei a beijar sua coluna, costelas, sem deixar de sair e entrar e me deliciar. – Você faz tão gostoso... É tão boa nisso.

: - Nisso o quê? Diz pra mim, diz.

Sussurrei contra a pele de seu ombro, me esfregando em sua bunda bem devagar. Observei seus dedos enrolarem o lençol entre eles, o suor que pingava de seu pescoço caindo nas costas de suas mãos.

: - Em meter, em ir bem fundo e... – Dei mais uma estocada forte antes de retirar meus dedos. Seu gemido me fez tremer dos pés a cabeça. Eu precisava gozar. – E me fazer gozar desse jeito.

: - Como uma vadia?

Perguntei cheia de malícia, dando uma lambida longa em sua nuca.

: - Hmm, como uma vadia.

Eu ri sentindo o meu ventre doer, dando um tapa em sua bunda antes de empurrá-la de bruços na cama. Observei seu corpo, lindo sob a luz do lugar, suado e marcado. Lambi os lábios. Quando percebi ela já estava na minha frente, beijando a minha boca, puxando o meu cabelo naquele ritmo intenso que eu gostava. Agarrei sua cintura, rocei nossos seios. Ela ainda tremia, sorri na boca dela. Chupei sua língua devagar, mordi a ponta.

: - Se ajoelha na frente da cama, vai.

Não era um pedido, era uma ordem e ela sabia disso. Como a boa menina que sempre foi, Camila se afastou de mim e se arrastou para fora, se ajoelhando no chão, na beira da cama e batendo com as mãos sobre o colchão, me piscando um dos olhos. Maldita! Ela me mataria, mas antes eu iria encher a boca dela com o gozo que provocaria em mim.

Fui na direção dela, sentando-me na beirada da cama, deixando sua cabeça entre as minhas pernas. Me olhando de baixo, Camila se ergueu um pouco, distribuindo beijos por meu pescoço, meus ombros, as mãos quentes massageando minhas coxas. Eu ia gemendo sob seus toques completamente entregue, sensível demais, na beira do orgasmo. Joguei a cabeça para trás, sua língua quente tomou primeiro o meu mamilo direito, chupou, logo o esquerdo, lambeu. Alguns segundos depois ela parecia um bebê faminto, sugando com tanta fome que o barulho da sucção enchia o quarto. Estava quente, eu fervia. Ela foi descendo por minha barriga, eu fui acariciando sua nuca, embolando meus dedos em seu cabelo. Tremi inteira com a lambida que ela me deu abaixo do umbigo, subindo novamente para circular a área. Olhei para ela, ela olhou pra mim. Sorriu de canto, toda safada. Eu gemi perdida na dela, sentindo-me vergonhosamente encharcada.

: - Camila! – Resmunguei toda dolorida, ansiosa por sua boca, desejando aquele orgasmo mais do que desejei algo na vida. Toquei seu maxilar, acariciei o queixo com delicadeza, respirando fundo. – Vem, amor... Chupa bem gostoso, chupa.

Me contrariando, ela colocou a língua pra fora e lambeu a minha virilha direita, depois a esquerda. Puxei as mechas de cabelo perto de sua nuca, sentindo minhas narinas inflarem. Ela estava me provocando e quanto mais ela provocava, mas beberia de mim.

: - Eu gosto quando você implora, fico cheia de tesão.

Sua voz saiu abafada contra a minha coxa, e eu me agarrei no lençol atrás de mim. Curvei minha coluna para trás, deslizando o meu calcanhar direito por suas costas. A observei naquela posição, tão submissa a mim, com o luar banhando seu corpo, sua silhueta perfeita refletindo no chão. A porta da varanda aberta deixava o vento entrar, arrepiando minha pele e bagunçando o cabelo dela. Tão linda, tão minha. Gemi baixinho, mordendo o lábio inferior.

: - Lambe... Vai. – Eu dizia sem retirar os olhos da língua que lambia seus lábios rosados. Eu estava delirando por aquela garota, ela era a porra da loucura. – Lambe bem devagar, deixa eu me esfregar na sua boca. Eu tô quase gozando só de te ver assim.

Eu sorri com o coração disparado quando ela se aproximou com um sorriso de canto, cheio de segundas intenções. Estiquei a mão e segurei seu cabelo em cima da nuca, trazendo sua boca para onde eu mais latejava.

: - Isso... Vem cá. – O gemido que soltei quando senti aquela língua deliciosa lamber a minha boceta de baixo pra cima saiu quase estrangulado, manhoso e rouco o bastante para arrepiar todos os pelos do corpo dela, eu senti na palma da minha mão que acariciava seus ombros. – Assim... Oh, Camila! Porra!

Ah, a forma que ela lambia e sugava, o jeito que sua língua quentinha entrava e saia de mim. Meus olhos estavam rolando para trás vez ou outra, minhas mãos acariciando sua nuca, seu queixo, pescoço, ombros e costas. As mãos dela apertando a minha bunda, as vezes instigando os bicos doloridos dos meus seios. O suor escorria por minha coluna, meu cabelo grudando em toda a região. Eu tinha a minha boca aberta apontada para o teto, os olhos travados com força e os gemidos saindo quase chorosos. A sensação que eu tinha era de estar projetando a minha alma para fora do meu corpo, e eu nunca gostei tanto de receber uma chupada. Abri bem as pernas, empurrei o meu quadril contra a boca dela. Porra! Ela era tão foda no que fazia, tremendo a pontinha da língua sobre o meu clitóris para logo depois dar uma daquelas lambidas. Eu estava flutuando, ou quem sabe morrendo. Quem se importa? O fato era que logo gozaria. Na verdade, eu poderia ter me deixado jorrar para ela na primeira chupada, mas estava lutando para manter o meu controle e aproveitar o máximo que eu podia.

: - Que delícia, Camila... Assim, chupa bem devagar. – Eu dizia perdida, gemendo tanto que sentia a minha garganta arder. Minha mão ansiosa e trêmula passou a acariciar sua cabeça, forçando-a contra mim. Os gemidos fracos que ela soltava contra a minha carne estavam me jogando contra o meu limite, e eu sabia que ela estava se masturbando enquanto me chupava, podia ver o movimento rápido de sua mão direita entre suas pernas. Se aquela não era a visão do paraíso, eu não sei que porra poderia ser. – Eu vou gozar... Goza comigo, vai.

: - Hmmm!

Ela resmungou, tremendo, passando a enfiar a língua todinha onde eu mais latejava, aumentando o ritmo nela mesma. Não deu mais para segurar.

: - Aaah, merda, siiiiim! Mete bem gostoso, mete, Camila... Oh! Deus!

Eu gritei, sem me preocupar com hospedes, com bichos, com santos e anjos, com ninguém. Eu gemi tão alto que o som ecoou pelas paredes quentes do quarto. Minha coluna curvou para trás e eu segurei no cabelo de Camila com força, tremendo, rebolando e gozando desesperadamente. A sensação foi de explodir em milhares de pedaços, meus músculos ficaram feitos gelatina, me deixando mole, tonta. Olhei para o rosto de Camila, que tremia e gemia baixinho em seu próprio orgasmo. Como eu havia mandado, bebendo tudo o que dei à ela. Ver aquela cena me fez perder o fôlego. Seus lábios, bochechas, queixo e pescoço molhados pelo meu gozo, onde ela engolia tudo o que podia.

: - Boa menina. – Eu dizia ofegante, acariciando seu rosto molhado. – Lambe tudinho. – Joguei seu cabelo para trás, livrando seu rosto das mechas que grudavam. Ela ofegava, me sugava desesperada, parecia sentir fome. Senti medo de que ela se engasgasse com meu gozo ou com a própria saliva. Achei uma graça, meu ego estava no topo da minha cabeça. – Com calma, Camz... Respira! – Mordi o lábio inferior ente um sorriso, me deliciando e aproveitando o final do orgasmo delicioso que ela me deu. -  Devagar! Assim, sem pressa.

Não sei por quanto tempo deixei que ela ficasse ali, bebendo de mim, sugando a minha alma. Me sentia drogada, de costas naquela cama enorme com ela repousando em meus braços. Estávamos exaustas. Meus dedos tamborilavam por sua coluna, e sua respiração quente acariciava o meu pescoço.

: - Quer tomar aquele banho agora?

: - Você está de brincadeira. – Camila soltou uma risada contra a minha pele, me abraçando com mais força. – Eu mal tenho forças pra manter meus olhos abertos.

: - Vamos, me deixe banhá-la em água bem quente e depois colocá-la para dormir. Vou te ninar até que pegue no sono, eu prometo.

Beijei sua testa, aspirando o cheiro doce de seu cabelo suado.

: -  Não vai precisar de muito pra isso, Lo.

: - Eu exigi demais de você hoje, não é? – Nós rimos juntas. – Eu sei.

: - Não estou reclamando. – A aconcheguei mais em mim.

: - E nem poderia. – Respirei fundo, encarando a lua lá fora pela porta da varanda. – Esse, com certeza, foi o melhor aniversário que já tive, Camz.

: - Fico feliz de ter feito parte dele.

Quase sem forças, Camila depositou um beijinho na minha clavícula e na aliança em meu anelar, voltando a deitar sua cabeça na curva do meu pescoço.

: - E eu fico feliz por ter você. – Selei seus lábios, sorrindo quando ela bocejou. Como eu a amava, chegava a doer o peito. – Agora me deixe cuidar de você, te maltratei demais.

: - Lo...

: - Shiu, princesa! Você não está em condições de negar alguma coisa para mim. – Me sentei na cama, trazendo-a junto comigo. – Me abraça e deixa que eu faço o resto.

: - Eu te amo muito.

Ela disse manhosa ao circular os braços em meu pescoço, onde me coloquei para fora da cama com suas pernas em torno da minha cintura.

: - Eu também te amo.

Beijei sua boca rosada, deitando sua cabeça em meu ombro.

: - Pra sempre!

: - Pra sempre!

Concordei com ela entre um sorriso antes de entrarmos no banheiro. Dali em diante eu faria o meu papel, cuidaria dela e mostraria, mais uma vez, que estaria ali para ela em todos os momentos. Sendo esses momentos divididos entre a luxuria, saúde, doença e o amor.

Era tarde, o sol forte e o calor extremo estava obrigando eu e as meninas a tomarmos mais que uma garrafinha de água em menos de 20 minutos. Cruzamos o Parque Zambezi na direção de uma aldeia próxima, para visitar uma pequena escola e levar um pouco de diversão para as crianças, como parte da campanha. Vestíamos a camisa do Red Nose Day e levávamos alguns presentes para eles. Eu estava ansiosa para conhecer os pequenos, que para a minha felicidade, falavam inglês. A língua inglesa é uma das oficias do Zimbábue, ainda que tivéssemos que lidar com o sotaque estranho. No grande carro que nos levava, Mani e Dinah mantinham uma conversa animada, Ally fuxicava o celular e Camila, ao meu lado, segurava a minha mão com força.

: - Ansiosa?

Perguntei secando sua testa com uma toalhinha lilás, que eu havia levado dentro de uma bolsa.

: - Bastante. – Ela sorriu tímida, as bochechas coradas por causa do calor. Seu cabelo estava preso em um coque, para evitar que grudasse em sua nuca. – Será que vão gostar de nós?

: - Ora! – Ergui sua mão e beijei a palma. – É claro que vão gostar de nós, por que não gostariam? Nós somos legais e vamos tratá-los com carinho. Não há motivo para não gostarem.

: - Tem razão. – Camila se curvou na minha direção e beijou a minha bochecha, deitando a cabeça em meu ombro. – Espero fazê-los sorrir o tempo todo essa tarde. Sinto que preciso disso para voltar em paz pra casa.

: - Nós faremos... Isso e muito mais.

Beijei sua testa e deitei meu rosto em sua cabeça, fechando os olhos. Eu tinha certeza que faríamos o nosso melhor para dar felicidade a eles, não que eles fossem tristes, muito pelo contrário. Aquelas crianças, ainda que não tivessem quase nada, eram exemplos de que a felicidade está nas coisas mais simples.

Chegamos na aldeia uns 20 minutos depois, e talvez eu estivesse tomando o maior choque de realidade que já tomei em toda a minha vida. As pessoas, todas elas, se reuniram para nos receber. Curiosas e animadas. Vestidas com roupas bem coloridas, e todas as mulheres com lenços na cabeça, e algumas até carregavam os bebês nas costas. O dialeto era estranho, não pude reconhecer, mas pela expressão em seus rostos percebi que estavam contentes com nossa visita. O guia foi nos levando para dentro, nos guiando para a pequena escola. As pessoas foram atrás, nos tocando vira e mexe, pegando no cabelo com olhares de admiração e as vezes confusão.

Os profissionais da campanha já estavam por lá, nos esperando. Nos cumprimentamos com um breve abraço, sem querer perder tempo. Eu olhei ao meu redor e a sensação que tive foi que vivi muito tempo de olhos fechados. Meu coração estava apertado, nas mãos a vontade de fazer alguma coisa, ajudar. Ao meu lado, um menininho de mais ou menos três anos puxou a minha mão. Seu rosto um pouco sujo de terra, a mesma que cobria o chão onde pisávamos. Eu sorri para ele, estendendo minha mão para tocar sua cabeça. Eu vi os traços da fome em seu corpo, os rastros que ela deixava sem piedade. Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu me curvei para frente, o tomando nos braços. Ele me olhou com curiosidade, me analisou por um tempo e por fim, abriu um sorriso de dentes brancos que me fez ganhar toda uma vida.

: - Lauren?

Ouvi a voz de Dinah atrás de mim, onde só então fui perceber que estava ficando para trás.

: - Eu já vou. – Respondi para ela, voltando a minha atenção para o garotinho. – Você é forte. – Eu disse a ele, tentando não chorar com a força tremenda que ele estava me passando, que pela expressão que fez, nem mesmo entendeu o que eu disse. – Vai vencer tudo isso e se tornar um homem bom.

Suas pequenas mãos tocaram a minha bochecha, e ele soltou uma risada gostosa quando eu fiz um pequeno barulho com a boca. Puxei do bolso um nariz de palhaço que havia levado e coloquei nele. Notei a presença de uma senhora ao meu lado, tímida, e deduzi que seria sua mãe. Com calma, ela estendeu seus braços para mim, em um pedido silencioso para que lhe passasse seu filho. E foi o que eu fiz, depois de ganhar um abraço apertado e a certeza de que havia mudado algo no dia daquela criança. Já no colo da mãe, ele ergueu a mãozinha e me deu tchau, sendo incentivado por ela. Eu retribuí com as lágrimas nas bordas dos olhos, o olhando uma última vez antes de me virar e seguir as meninas. Eu nunca iria me esquecer dele, iria guardar aquele pequeno sorriso de felicidade na memória pra sempre.

: - Está tudo bem?

Dinah me perguntou ao se aproximar de mim, assim que paramos na porta da escola. Olhei para ela sorrindo, secando os olhos.

: - Tudo ótimo, não se preocupe.

Ela sorriu ciente e me abraçou de lado.

: - Eles estão esperando por vocês, meninas. Podem cantar, contar histórias, piadas. Eles nunca viveram isso, vão amar. Não liguem se quiserem tocá-las o tempo todo, são curiosos e bem amorosos. Como sabem, falam inglês, mas possuem um sotaque forte e eu espero que entendam tudo o que eles falarem. Os presentes vamos dar quando vocês estiverem indo embora, assim evitamos mais euforia. Vamos acompanhar vocês lá dentro, mas a diversão está em suas mãos.

Aquelas foram as palavras de uma das responsáveis pelo Red Nose Day, antes de abrir a porta da escolinha.

As horas que passamos ali dentro fizeram de mim uma pessoa melhor, eu não conseguia tirar o sorriso do rosto e de me sentir viva. Todas aquelas crianças me deram uma lição de vida, me mostraram que podemos ser felizes com muito pouco, vencer a dor, lutar contra a fome, com a morte e mesmo assim manter um sorriso no rosto. O que era a minha vida perto de todas aquelas? O que era a minha fama, meu dinheiro perto do que todas aquelas crianças passavam todos os dias? Nada. Ouvir aquelas risadas e saber que era por minha culpa e das meninas, me fez ganhar um motivo a mais para sempre seguir em frente. Havia pessoas no mundo que precisavam de mim e eu nunca desistiria delas.

: - Você quer sentar aqui? - Perguntei a uma garotinha de mais ou menos 11 anos, que me olhava intensamente desde quando entramos no local. As mesas eram gastas, o chão com um pouco de barro. A pobreza era nítida, mas nenhum deles ali pareciam se abater por isso. Cheguei para o lado na esteira quando ela fez um sinal de positivo com a cabeça. Timidamente, ela se sentou ao meu lado. Pés descalços e cabeça baixa. Toquei meu ombro com o dela, ouvindo as meninas rirem com as crianças logo atrás. – Está com vergonha?

Ela apenas fez que sim com a cabeça, me fazendo rir.

: - O leão comeu sua língua?

Ergui as sobrancelhas e ela abriu um sorriso, soltando uma risada envergonhada. Achei linda aquela reação, seus traços eram tão finos e sua pele negra brilhava.

: - Eu gostei de vocês.

Sua voz era tão baixa que mal pude ouvir, o sotaque forte me fez torcer o nariz. Lutei para entender, não queria, nunca, desapontá-la.

: - Nós também gostamos de vocês, de estar aqui para nos divertirmos juntos.

Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha, sem deixar de olhar para ela. Seus olhos jamais caíram sobre mim, sempre focados no chão.

: - Lá é legal?

: - Onde?

: - Na América.

Eu olhei para fora da janela, lembrando do lugar onde nasci. Fechei os olhos ao sentir a brisa fresca soprar contra o meu rosto, suspirando.

: - É bem divertido, bonito, tem uns lugares legais. – Ela olhou para mim, seus olhos tão negros que fiquei um bom tempo admirando. – Você já viu muitas coisas sobre a América?

: - Nossa professora nos mostra algumas coisas, sempre vemos fotos. Eu gosto das praias, e as pessoas são tão bonitas. A pele e o cabelo. Eu queria me parecer com elas.

: - Na maioria das vezes, é só por fora. – Eu disse a ela com calma, para que ela entendesse. – A beleza de algumas pessoas está apenas por fora, por dentro elas são feias, o coração vazio e cheio de egoísmo. Lá na América quase sempre é assim, é raro encontrar um coração bom, assim como o seu.

Toquei seu rosto com a mão direita, acariciando sua bochecha.

: - Você é linda, não queira se parecer com nenhuma delas. Seu coração é puro e sua beleza se encontra aqui. – Levei minha palma aberta contra seu peito, onde ela acompanhou o meu gesto. – E aqui.

Passei a mesma palma aberta contra o seu rosto, fazendo-a fechar os olhos para logo depois abri-los novamente.

: - Tenha sempre em mente que a beleza exterior não é nada perto do que temos dentro de nós.

: - O que precisamos ter dentro de nós?

Sua pergunta saiu meio afobada, como se ela estivesse tentando achar as respostas para traçar um caminho. Seus olhos pareciam perdidos, e minha vontade era de segurar sua pequena mão e guiá-la. Meu coração apertado com aquela realidade amarga me fez sentir vontade de chorar, novamente.

: - Bondade. – Passei meu braço direito ao redor de seus ombros baixos. – humildade, sabedoria, força, fé e amor, muito amor porque nós não somos nada sem ele. A fé move montanhas e o amor encaixa as peças. Nunca desista de seus sonhos, acredite que você pode vencer qualquer coisa e você vencerá.

: - Você venceu?

Eu sorri para ela, ciente de que aquela era a maior verdade da minha vida.

: - Eu acabei de vencer uma guerra. E mesmo que as vezes eu tenha pensado que nada daria certo, eu nunca desisti. Me prometa que não vai desistir também.

: - Eu prometo.

Sem pensar duas vezes, a puxei para um abraço apertado, a aconchegando em mim como se quisesse protegê-la do mundo. Com ela em meus braços eu chorei silenciosamente, com o coração disparado e uma agonia sem fim. Como eu queria mudar as coisas em um piscar de olhos, mas tudo o que eu podia fazer, naquele momento, era pedir pra ela nunca desistir de lutar.

: - Iori é seu nome, não é?

Eu me lembrava de quando ela se apresentou ao chegarmos na sala.

: - Sim.

Ela me olhou quando a afastei um pouco, recebendo suas pequenas mãos em meu rosto para secar minhas lágrimas.

: - Você quer tirar uma foto comigo?

: - Eu posso?

Eu sorri, achando graça da carinha de surpresa que ela fez.

: - É claro que pode, vem aqui.

A coloquei sentada em meu colo, ela não pesava quase nada. A abracei com carinho e pedi que ela tirasse a selfie. Seu sorriso ficou lindo, nossas peles em um contraste perfeito mostrando a realidade de dois mundos completamente diferentes. Postei a selfie no IG com uma legenda fofa e a tag do Red Nose Day.

: - Todo mundo vai ver nossa foto e comentar o quanto você é bonita.

: - Vocês vão voltar aqui... Um dia?

Ela me perguntou depois de um tempo em silêncio, me olhando com os olhos esperançosos.

: - Um dia. – Me curvei para frente e beijei sua testa, respiração fundo para não me deixar chorar de novo. – Eu prometo.

: - Vou esperar.

: - Lauren, nós temos que ir.

Ouvi Camila me chamar parada na porta da escola, com as meninas ao seu lado. As crianças brincavam com os presentes que levamos para eles, completamente distraídos. Eu olhei para Iori sem coragem nenhuma de deixá-la, mas sabia que tinha de ir embora.

: - Lembre-se do que conversamos, está bem? – Ela balançou a cabeça. – Ensine isso para seus irmãos, diga a eles tudo o que eu lhe disse e faça com que sejam bons homens e boas mulheres.

Olhei para seus pés um pouco machucados, por pisar muito descalço e me senti incomodada. Curvei os joelhos para desamarrar os cadarços dos meus coturnos, os retirando dos meus pés com calma para logo depois fazer o mesmo com as meias. Sem dizer nada, calcei os dela com o pano grosso das meias, um de cada vez, usando de carinho e atenção. Iori me observava quieta, mas seus olhos bem abertos me mostravam a surpresa e a felicidade que ela estava sentindo.

: - Tome! – Empurrei os coturnos na direção dela, pegando suas mãos e colocando sobre eles. – É um presente. Quando seus pés couberem aqui dentro, não quero que passe nenhum dia sem usá-los, está bem?

Ela apenas balançou a cabeça em positivo, os olhinhos cheios de lágrimas. Eu vacilei e me entreguei a emoção de novo, vendo-a agarrar os sapatos como se aquilo fosse a coisa mais importante da vida dela.

: - Obrigada!

Ela disse enquanto chorava, olhando para suas mãos trêmulas.

: - Me agradeça sorrindo. – Limpei seu rosto enquanto tentava controlar minhas próprias lágrimas. – Eu vou me lembrar sempre do que vivemos aqui.

Recebendo outra chamada, eu a abracei uma última vez antes de me levantar, deixando-a sentada no mesmo lugar. Meus pés descalços tocaram a terra seca que sujava o chão, e eu me senti muito mais parte daquele povo do que eles, algum dia, poderiam imaginar. Iori acenou para mim, com aquele sorriso bonito e branco, nos olhos ainda podia ver suas lágrimas. Eu acenei de volta, pedindo para Deus que algum dia pudesse voltar a vê-la. Sequei meu rosto e virei as costas, respirando fundo para tomar a coragem que precisa pra ir embora.

A ida até aquele lugar me engrandeceu por dentro e me fez sentir que as coisas jamais seriam iguais a partir dali. Como diz a letra de uma música que sempre me fez parar para pensar: Quero deixar minhas pegadas sobre as areias do tempo. Sei que havia algo lá e algo que deixei para trás. Quando eu deixar este mundo, não vou deixar arrependimentos, vou deixar algo para lembrar, então eles não vão esquecer. Eu estava aqui, vivi, amei. Eu estava aqui. Fiz, conclui tudo o que queria. E foi mais do que pensei que seria. Quero dizer que vou viver cada dia até eu morrer, e saber que eu tinha algo na vida de alguém. Os corações que toquei serão a prova que deixo de que fiz a diferença, e este mundo vai ver. Só quero que eles saibam que dei o meu tudo, fiz o melhor, trouxe alguém para a felicidade. Deixei este mundo um pouco melhor simplesmente porque eu estava aqui. 

 

A chegada em Los Angeles foi tumultuada, tudo o que eu queria era deitar na minha cama e dormir por uma semana. Tomei um banho longo e quente, recebendo uma massagem deliciosa de Camila em minhas costas. Depois de relaxar um pouco, descemos para a cozinha, onde almoçaríamos todas juntas  e logo eu poderia cair no meu sono eterno.

A bancada estava recheada, María preparou um batalhão de comida para nós receber. Sentamos em nossos lugares e logo começamos a comer, comentando alguns assuntos sobre a viagem. Mas uma notícia nos chamou a atenção no canal de fofoca que passava na Televisão.

“Parece que nem tudo anda muito bem com as nossas lindas meninas do Fifth Harmony. Isso mesmo. As estrelas teen voltaram hoje de uma pequena passagem pelo continente Africano, embora suas feições aparentassem apenas cansaço, sabemos que há muito mais por trás dessas carinhas.”

Eu larguei o talher dentro do meu prato, trocando um olhar rápido com as meninas.

“Segundo informações de alguém da própria equipe das meninas, Lauren e Camila estarão fora do grupo até o meio de Agosto. Vocês não ficarão tristes sozinhos, eu também ficarei abalada. Segundo o informante, Camila e Lauren seguem firmes no namoro que começaram em Paris, e isso estaria incomodando a gravadora. As meninas serão substituídas por novas integrantes, que até o momento não sabemos quem são. Essa é realmente uma bomba, não acham? Mandem suas opiniões para o nosso twitter, iremos fazer uma matéria sobre e deixá-los informados.”

: - Merda!

Dinah disse abaixando a cabeça, apoiando a mesma na palma de sua mão. Nós nos olhamos assustadas.

: - É agora que o circo vai pegar fogo.

Mani disse negando com a cabeça, deslizando a mão pela nuca.

Eu estava sem reação, assim como Camila e Ally, olhando para o meu prato e sentindo um silêncio assustador invadir a cozinha. Eu não tinha certeza do que iria acontecer dali para frente, mas o meu medo me dizia apenas uma coisa: Com os Harmonizers sabendo, a terceira guerra mundial vai explodir. 


Notas Finais




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