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História Falling in love for the last time. - Innocence lost.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


MORES, LEIAM AQUI <3

Bem, primeiramente gostaria de pedir desculpas pela demora, mas juntou um problema no outro e acabou em todo esse tempo sem atualizar. Mas enfim, estou aqui agora. O capítulo ficou enorme, o maior que eu já escrevi. Esse é um dos capítulos bônus. Eu gostaria de pedir uma coisa, POR FAVOR. Escutem "Rocket - Beyoncé" para a leitura de uma certa parte, eu vou dizer quando dar play. Vou deixar o link do SoundCloud lá embaixo, nas notas finais e vocês, por tudo o que é mais sagrado, escutem. O clima do momento precisa da música e será muito mais legal, acreditem em mim. ASUHASUHSUHHAUSH
Qualquer erro eu conserto depois, quando notar. Eu espero que gostem, se divirtam e me digam o que acharam depois. Esse capítulo eu dedico pra minha nega, Jamilly @pqpdinahjane e espero que ela faça um bom uso dele. E o melhor, que fique feliz. <3

Capítulo 58 - Innocence lost.


Fanfic / Fanfiction Falling in love for the last time. - Innocence lost.

 

Camila POV.

10 de Abril.

“Nunca discuta, não convencerá ninguém. As opiniões são como os pregos; quanto mais se martelam, mais se enterram.”

O que seria de nós sem nossas opiniões? Apenas cabeças vazias e livres para acesso? Mentes manipuláveis ao ponto de se tornarem propriedade de qualquer pessoa, menos tua? Os seres humanos possuem um conceito muito errado sobre ter uma opinião e juntar argumentos para mantê-la.

Há muito tempo eu comecei a observar no Twitter uma luta interminável por razão. Há aqueles que dizem ter uma opinião formada sobre determinado assunto, e há aqueles que dizem ter uma opinião, exigem respeito sobre ela, mas não conseguem respeitar ninguém. É engraçada a forma que uma pessoa busca se sentir superior as outras por coisas individuais. Vejamos, se você é uma pessoa inteligente, madura, aberta para qualquer assunto, possui inúmeros argumentos e usa todos eles para fixar suas ideias, você não será infantil ao ponto de dizer que qualquer opinião diferente da sua está errada. Errado é achar que a sua opinião tem um valor maior que a dos outros. Você não é mais do que ninguém, sua forma mesquinha e hipócrita de agir faz com que você se diminua no meio de uma classe que, indiscutivelmente, precisa crescer. Enquanto você está na internet achando que pode dizer para terceiros que eles precisam mudar sua maneira de pensar porque isso não lhe agrada, há todo um mundo lá fora dizendo que quem precisa mudar é você. Respeito é algo que vai além de princípios, você não pode pedir por ele se você não o oferece. Atitudes como passar o dia em função de menosprezar alguém que você falou poucas vezes ou nem mesmo nunca falou, ridicularizando a imagem de uma pessoa porque ela não pensa como você faz de ti qualquer merda, menos maduro. Não é vergonhoso para quem está sendo atacado, é vergonhoso pra você. Tentar chamar a atenção com insultos de uma pessoa que nem mesmo se importa com o que você pensa ou acha dela, é humilhante. Ocupe-se consigo, reveja tua forma de agir, analise os teus erros para só então abrir a boca e falar de outro alguém. Suas opiniões não foram feitas para tentar mudar a cabeça das pessoas, mas sim para fazer com que você se expresse em relação a um assunto. Mentes fracas seguem mentes que manipulam, mentes fortes trabalham por si só. Seja rápido e direto. Não gosta? Não leia, unfollow, block, descarte. Tem uma opinião diferente? Exija respeito, mas antes, o ofereça. A partir do momento que certas pessoas passarem a tomar conta apenas de suas redes sociais, ao invés de perderem suas horas tentando fazer com que as outras pensem e digam o que elas acham certo, nós poderemos fazer valer no mundo virtual a institucionalização da liberdade, ou melhor dizendo, a democracia.

“Ninguém é odiado por discordar de uma determinada opinião. O que acaba levando ao conflito é não saber o limite entre a discordância e a falta de respeito.”

Bem, essa não é apenas uma opinião minha, Camila Cabello, mas sim a cruel realidade da nossa intolerante sociedade.

: - Camila?

Tirei os olhos da tela do notebook, ajeitando os óculos em meu rosto antes de observar Ally parada na porta do meu quarto, um sorriso pequeno nos lábios e o cabelo bagunçado. Tão bonita.

: - Sim? Aconteceu alguma coisa?

: - Oh, não! – Ally negou com a cabeça e fez gestos rápidos com as mãos. – É que Troy e eu vamos fazer um lanche e queremos saber se você está dentro. Eu sei que ainda não comeu nada depois do almoço.

Aquilo era verdade, meu estômago estava colando em minhas costelas. Fazia algumas horas desde a última vez que eu empurrei algo pela garganta.

: - Eu como o que vocês fizerem. – Anunciei colocando o note de lado, decidindo sair um pouco daquele centro de loucos que eu chamava de fandom. – Mas eu posso escolher a bebida?

: - Você pode escolher o que quiser, Mila.

Ah, por que ela tinha que ser tão adorável? Sorri de excitação e me arrastei para a beirada da cama, colocando os pés cobertos por meias rosas de bolinhas brancas, no chão. Eu amava aquelas meias, presente da minha doce namorada.  

: - Eu queria vitamina de morango com banana. Você pode pedir para Maria fazer, caso ache que lhe dará muito trabalho.

Eu ia ajeitando o moletom em meu corpo enquanto caminhava para perto de Ally, passando o braço esquerdo ao redor de seus ombros quando fiquei perto o bastante.

: - Troy vai fazer enquanto eu cuido dos biscoitos. Você pode ficar sentada no sofá e esperar. – Beijei seu cabelo, andando com ela colada em mim para fora do quarto. – É meu dever de mais velha cuidar de você quando a Laur não está em casa.

Eu soltei uma pequena risada porque aquela era a mais pura verdade. Lauren, Dinah e Mani saíram depois do almoço, foram em uma concessionária no centro de Los Angeles. Lauren estava determinada a trocar de carro, arrastando as meninas para aquela chatice junto com ela. Eu nunca fui muito fã de automóveis, da última vez que tentei dirigir acabei batendo o carro do meu pai. Depois desse trauma, decidi que faria de tudo na minha vida, menos pegar em um volante novamente. Eu sabia que essa ideia não iria durar para sempre, mas enquanto eu pudesse aproveitar da função de um motorista, eu aproveitaria. Assim, ficamos apenas eu, Ally e Troy dentro de casa. Depois dos show’s que fizemos no Canadá na semana passada, Troy veio para ficar um pouco com a nossa baixinha. Desde o começo nós combinamos que não aceitaríamos a presença de namoradinhos dentro da mansão, mas já estava mais do que claro que ele era uma exceção. Como proibir aqueles dois de ficarem juntos se tudo o que eles deveriam fazer na vida é permanecerem perto? Seria um pecado mantê-los longe um do outro.

: - Lauren vai beijar os seus pés por isso quando ela chegar. – Eu disse à ela enquanto descíamos as escadas para a sala, alisando seu braço esquerdo. – O que já era para ter acontecido. Não gosto quando ela fica na rua por muito tempo sem mim, não tenho como saber se ela está em perfeito estado.

: - Mila, Lauren está bem. – Ally se afastou de mim gentilmente para me encarar de frente, sorrindo de forma acolhedora. – Você está um pouco obcecada com isso desde o incidente. Já passou, não vale a pena ficar colocando preocupação em excesso onde não se deve. Isso vai acabar te fazendo mal.

Suspirei encolhendo os meus ombros. Por mais que eu soubesse disso, não conseguia deixar de me preocupar. Não tinha muito tempo desde que Lauren se recuperou do que a levou a uma internação de emergência. A imagem que tive dela naquela cama de hospital me deixava arrepiada dos pés a cabeça. Eu não era a única a me desesperar, nossos fãs também estavam incertos sobre o bem-estar de uma das ídolas. Quando eles ficaram sabendo que Lauren havia sido internada depois de um show, eles lotaram não só as mentions dela do Twitter, mas qualquer lugar onde pudessem ter acesso a nós. Claro que a notícia que eles receberam não foi de todo completa, pois o real motivo ficou escondido nas paredes geladas e medonhas daquele hospital. Sacudi a cabeça para me livrar dos pensamentos.

: - Eu sei, Ally... Talvez eu esteja exagerando, mas é que não poderia suportar vê-la naquele estado outra vez.

: - Ei, não terá outra vez. – Ally tocou o meu rosto como a minha mãe tocaria se estivesse ali, afagando minhas bochechas. – Deixa de ser boba, está tudo bem agora.

A ofereci um sorriso sem dentes.

: - Me mostre esses dentes, Mila, sorria como de costume. Vamos!

Neguei com a cabeça e abri um sorriso tímido, mas do jeito que ela queria. Ally suspirou satisfeita e retribuiu, me dando dois tapinhas na bunda.

: - Agora vamos logo antes que Troy venha nos gritar, ele não gosta de ficar sozinho na cozinha.

: - Eu não gosto mesmo.

Ally e eu levamos um susto com a voz de Troy no pé da escada, as mãos na cintura e aquele cabelo loiro igualmente bagunçado. Em sua cintura havia um avental, suas mãos sujas de farinha. Cobri a minha boca para abafar uma risada. Aquilo era tão engraçado.

: - Amor, eu já estava indo.

Ally disse corando nas bochechas e soltando aquela gargalhada alta, descendo as escadas com alguns pulos animados. A acompanhei.

: - Vocês mulheres adoram uma fofoca. Onde é que eu vim me meter?

Troy negou com a cabeça quase inconsolável, se adiantando para receber Ally em seus braços quando ela, literalmente, pulou no colo dele. Eu sorri quando ganhei a sala, ouvindo suas risadas se espalharem pelo ambiente enquanto caminhavam para a cozinha. Eles eram tão fofos, o carinho e o amor sólido que compartilhavam faziam com que nós nos sentíssemos bem ficando por perto.

: - Você diz isso porque não mora com quatro homens. Você sabe, qualquer grupo de pessoas está propício a fofocar sobre qualquer coisa. Não seja machista.

: - Isso não é machismo, é a minha opinião sobre mulheres, está bem?

Opiniões. Sorri negando com a cabeça ao me jogar no sofá.

: - Uma opinião muito machista.

Ally resmungou, sua voz apenas sumindo pelo longo corredor que cortava a nossa mansão. Eu ouvi Troy rir de alguma coisa de forma alegre, deixando-me com uma sensação de aconchego.

Ali, sozinha na sala e com o corpo afundado no sofá, fitei o teto por trás das lentes dos óculos. Quanta coisa já havia acontecido em tão pouco tempo. É de lei na vida que as coisas mudem, que uns dias sejam melhores ou piores que os outros, que as pessoas trabalhem em função de escrever o futuro, ou em uma falha tentativa de mudar o passado. O que é que eu estava tentando mudar? Já não havia mudado praticamente tudo? Toda a minha vida havia dado um giro de trezentos e sessenta graus desde que me entreguei ao amor, a paixão, a explosão de sentimentos. É mais do que comprovado que o que marca a história de alguém não é o tempo, mas sim a intensidade com a qual se vive. A verdade é que Lauren e eu estávamos vivendo como se fossemos morrer a cada novo amanhecer. 

Falando nela, eu precisava de alguma notícia, por isso pulei do sofá pronta para correr atrás do meu celular no andar de cima, mas parei quando o barulho do interfone principal soou na ampla sala. Ergui as sobrancelhas e caminhei até a porta, pressionando o botão para falar.

: - Sim?

Perguntei enquanto puxava as mechas de cabelo para cima, prendendo no alto da minha cabeça.

: - Entrega, senhorita.

Entrega? Entrega de quê? Ally e eu não pedimos nada. Dei de ombros e abri a porta, encontrando seu Richard, um dos porteiros do nosso condomínio, acompanhado de um homem negro e alto. Nas mãos dos dois havia lindos buquês de rosas vermelhas, cinco no total. Olhei para eles com um ponto de interrogação no meio da cara.

: - Esse moço aqui é da floricultura, senhorita Camila. – Richard me comunicou com as bochechas vermelhas, provavelmente envergonhado por alguma questão que eu não fazia ideia. – Disse que tinha de se certificar que vocês receberam mesmo as flores, então... Deixei que viesse comigo até aqui.

Mas quem diabo havia nos mandado flores?

: - Tudo bem, Richard. – Cocei a nuca e lhe ofereci um sorriso gentil. Eu amava tanto flores, mas nunca havia recebido um buquê sem ser de Lauren. Aquilo era estranho. – Espere um segundo, eu vou chamar Ally para me ajudar com eles.

Apontei para os buquês e virei de costas, entrando em casa novamente.

: - ALLY? – Gritei do meio da sala, sentindo a veia no meu pescoço saltar. – ALLY, VEM AQUI, POR FAVOR.

Em questão de segundos a baixinha brotou no corredor, correndo com o rosto cheio de farinha na minha direção.

: - O que foi, Mila?

Com a mão no peito ela se curvou um pouco para frente, buscando o fôlego que perdeu. Olhei para ela com um sorriso malicioso e estreitei os meus olhos.

: - O que você estava fazendo que está toda suja de farinha?

Ally corou imensamente, negando com a cabeça vezes seguidas.

: - Nada eu... Troy e eu estamos fazendo biscoitos e... Nós...

: - Oh, céus, deixe isso pra lá. – Eu explodi em uma gargalhada por conta de seus olhos arregalados e sua fala embolada, apontando na direção da porta. – Eu te chamei porque recebemos flores, me ajude a trazê-las para dentro.

: - Flores? – Ela perguntou enquanto andávamos para perto da porta, passando a mão pelo rosto, retirando o excesso de farinha. – Flores de quem, Mila?

: - Eu não sei. Pensei que pudesse ser coisa de Lauren, mas bem, e não creio que ela mandaria flores para nós quatro e ela mesma. – Eu ri dando de ombros.

: - Oi, senhorita Ally.

: - Oi, Richard.

Ally ofereceu o seu melhor sorriso para ele, estendendo os braços e pegando dois dos buquês. Fiz o mesmo que ela e peguei os outros três das mãos do sério homem, erguendo o meu olhar para ele.

: - Você sabe me dizer quem foi que mandou esses buquês?

Perguntei enquanto cheirava as rosas, sorrindo ao sentir a essência deliciosa. Ally já havia entrado.

: - Há um cartão no meio de uma delas, senhorita, não estou autorizado a dar o nome de nossos clientes.

: - Certo. – Suspirei ajeitando as flores no meio dos meus braços. – Obrigada então.

O homem deu de ombros, afastando-se um pouco. Richard sorriu para mim uma última vez, fazendo um gesto engraçado e desajeitado com as mãos.

: - Até mais, senhorita Camila. Desculpa incomodá-la.

: - Não incomodou , Richard. – Sorri com a intenção de despreocupá-lo. – Tenha um bom final de tarde.

: - Igualmente.

Neguei com a cabeça e me virei de costas, andando para dentro de casa com cuidado pra não derrubar todas aquelas flores no chão. Bati a porta com o pé e fui na direção do sofá, depositando os buquês sobre eles. Ally já estava voltando para a sala com dois vasos transparentes cheios de água, colocando os dois em cima da mesa de centro.

: - Essas flores são tão lindas. – Ela disse toda sorridente, tirando os plásticos que envolviam as rosas. – Quem será que mandou?

: - O cara da floricultura disse que tem um cartão dentro de uma delas. Deixe-me procurar.

Curvei-me sobre o sofá e comecei a vasculhar entre as flores, achando no meio do último buquê um pequeno cartão, dentro de um envelope salmão. Fiz um som nasal antes de abrir, sorrindo de surpresa quando comecei a ler.

“Sei que faz algum tempo que não vejo vocês, mas quero que saibam que onde quer que eu esteja, sempre digo para todos que são a minha melhor criação. Sou como um pai orgulhoso, nunca esqueçam. Mando as flores para exaltar o meu carinho e a minha admiração. Espero que gostem. Nos veremos em breve, meninas, muito em breve.

Com carinho,

Simon Cowell.”

: - Awwwwn, Ally. – Meu peito foi completamente tomado por um calor maravilhoso, o sorriso que eu abri foi tão grande que senti dor nas bochechas. – São de Simon.

: - Me deixe ler. – Ally estendeu a mão e pegou o cartão de mim, fazendo o mesmo som que eu havia feito quando terminei de ler. Simon era mesmo um pai para nós, se não fosse por ele, nós nem mesmo teríamos nos tornado um grupo. Quando todos queriam desistir de nós, ele estava lá dizendo que acreditava em nosso potencial. Quando todos nos criticavam, ele estava lá dizendo que tínhamos futuro. No dia em que decidiram o meu destino e o de Lauren em Fifth Harmony, ele estava lá dizendo que se fosse por ele, nada terminaria daquele jeito. Nós devíamos muito a Simon, mais do que posso dizer. – Eu sinto falta dele, Mila. Eu juro por Deus.

: - Eu também. – Abaixei os ombros, suspirando enquanto olhava as lindas rosas sofre o sofá. – Tenho que me lembrar de agradecê-lo por tudo quando nos reencontrarmos. Inclusive pelas flores.

: - Vamos mandar um e-mail para ele mais tarde quando as meninas chegarem, agradecendo. Não gosto de deixar as coisas pra depois.

: - Certo.

: - Agora me dê esses buquês para que eu possa colocar na água e enfeitar a sala. – Eu ri da carinha de bebê que ela fez, quase batendo palminhas. – Elas cheiram tão bem. Mani vai adorá-las.

E de fato ela iria, Normani adorava qualquer coisa que desse uma vida a mais naquela casa. Ally e eu arrumamos as flores nos vasos, colocando uma em cada canto, um cheiro gostoso invadindo o ambiente. Depois de deixar tudo do jeito que queria, a baixinha voltou em sua normal alegria para a cozinha, onde Troy já gritava por ela. Eu queria logo comer aqueles biscoitos, mas eu sabia que teria de esperar até que todas estivessem dentro de casa. Tirei os óculos do rosto e subi as escadas correndo, ganhando o corredor e invadindo o meu quarto na procura do meu celular. A noite já iria cair em poucas horas e nada de Lauren voltar para casa. Não posso dizer que estava irritada, mas sim nostálgica. Ah, saudades... Muitas. Vasculhei o meu edredom até achar o Iphone, destravando o visor e encontrando notificações do wpp e três chamadas perdidas. Sorri de excitação. Por que pessoas apaixonadas são tão vulneráveis? Patéticas.

16:32 “Ei, Camz, adivinha onde estou e o que vou comprar pra você?”

16:37 “Camz?”

16:40 “Amor, você poderia responder? Sabe que não suporto quando me deixa falando sozinha.”

16:43 “Camila! Eu não vou comprar mais nada também.”

Eu soltei uma risada enquanto sentava na cama, sabendo que se não fizesse contato em cinco minutos corria o risco de perder a namorada. Lauren odiava ficar falando sozinha no wpp, mas afinal, quem é que gostava? Acontece que ela era o tipo de pessoa menos paciente que o normal, causando assim um drama maior do que realmente era. Busquei seu número na agenda e levei o Iphone até o ouvido direito, ouvindo chamar. Um, dois, três toques e...

: - Onde você se enfiou, Camila?

Do outro lado da linha um barulho de buzinas e pessoas falando deixou claro que ela estava no trânsito. Rolei os olhos sem deixar de sorrir.

: - Oi para você também, amorzinho.

Eu disse a ela me jogando de costas no colchão.

: - Ah, não me venha com amorzinho agora. – Sabia que ela estava sorrindo, o tom de sua voz a denunciava desde que a conheci. – Você me ignorou. É sério, onde estava?

: - Na sala, deixei o celular aqui em cima. – Dei uma leve tossida, enrolando uma mecha do meu cabelo no dedo indicador. – Mas o que queria? Vocês estão demorando, fiquei preocupada. E você está bem? Ficou tonta de novo?

: - Passamos em um restaurante japonês porque me deu vontade de comer sushi, ai te chamei no wpp para dizer que comprei vários pra você. E eu estou bem, Camz, não precisa se preocupar. Eu disse que se me sentisse tonta outra vez iria lhe dizer, não disse? – Eu iria responder, mas Lauren me interrompeu aos berros. – DINAH, TIRA OS PÉS IMUNDOS DO MEU BANCO AGORA.

: - Lauren? – Eu chamei rindo para trazer a atenção dela de volta pra mim, mas a mesma continuava repreendendo Dinah. – Lauren!

: - Oi, amor, desculpa. – Lauren respirou fundo, fazendo-me suspirar em adoração por aquela linda irritação. Eu era apaixonada até pelo estresse daquela mulher. Não poderia ser pior. – É que Dinah me tira do sério.

Ao fundo pude ouvir Dinah resmungar qualquer coisa, o som sendo abafado pelo alto barulho do tráfego.

: - Deixe ela, presta atenção em mim. – Rolei sobre o meu estômago, pressionando a bochecha esquerda no lençol. – Já estão chegando? Estou com fome e agora que mencionou o sushi, com desejo.

: - Já estamos perto de casa, mais alguns minutinhos. – Mordi o lábio inferior em expectativa. – Falo com você daqui a pouco, sim? Estou dirigindo.

: - Está bem. – Suspirei sem vontade de desligar o celular. – Beijos.

: - Beijos, meu amor. Eu te amo.

: - Também te amo.

Finalizei a ligação com cara de paisagem e joguei o Iphone em qualquer canto. Meu estômago roncou. Deixe-me lembrá-los que se não fosse pela insistência de Lauren, eu nunca iria ter passado a gostar de sushi. Depois de ela me arrastar para inúmeros restaurantes de comida japonesa, eu não vi outra opção além de tentar gostar daquelas coisas... E olha só, me tornei tão viciada quanto ela.

Enrolei mais um pouco na cama até decidir tomar um banho, tirar aquele moletom e colocar uma roupa mais fresca. Apesar do clima lá fora estar um pouco frio, ainda podia me dar o luxo de usar shortinho dentro de casa. Fiquei alguns minutos embaixo da água quente, deixando-a lavar o meu corpo e a minha alma. Meus pensamentos estavam todos em Lauren e seu sorriso doce, seus olhos verdes que me tiravam o fôlego, suas mãos macias e habilidosas tocando a minha pele, me dando calafrios, me arrancando suspiros. Era de se ajoelhar aos céus e agradecer por ter alguém como ela em minha vida, louvar a Deus todos os dias por amar e ser amada. Mesmo que as pedras continuassem atravessando o nosso caminho, estar com Lauren era melhor do que qualquer outra coisa que eu pudesse pedir. Ainda que o tempo de vida dos apaixonados parecesse longo, qualquer minuto com ela não era o bastante. Eu queria mais, sempre mais. Eu queria permanecer nela, e queria que ela permanecesse em mim.

Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, meu corpo fresco e exalando aquele cheirinho gostoso de sabonete. Entrei no quarto e me arrepiei um pouco, a diferença de temperatura em relação ao banheiro era enorme. Encolhi os ombros enquanto andava até a cama, tirando a toalha do meu corpo e a jogando em cima da poltrona. Corri para vestir a calcinha, pulando de susto quando a porta do meu quarto se abriu e uma Lauren com cara de cansada passou por ela.

: - Merda, Lo! – Levei a mão ao peito, respirando com pressa. Ela sorriu para mim de um jeito tão terno que me acalmou imediatamente. – Me assustou.

Fiz beicinho, cobrindo os seios com as duas mãos como se ela nunca tivesse me visto nua. Lauren mordeu o lábio inferior e largou sua bolsa pelo chão do meu quarto, se abaixando para retirar os coturnos antes de voltar a se erguer e me chamar com o dedo indicador.

: - Chega mais perto, chega. – Quando ela falava daquele jeito todo manhoso eu sentia um reboliço no estômago tão grande que me peguei aos suspiros. Ela abriu os braços, eu corri para eles, pulando em seu colo e rodeando minhas pernas em sua cintura quando ela me segurou pela bunda. A abracei com força, sentindo-me em casa. Seu cheiro era tão bom, mesmo depois de passar o dia inteiro na rua. – Senti saudades, sabia?

Ganhei um beijo no pescoço, me arrepiei. Enfiei minhas mãos entre seus cabelos, ganhei um beijo na clavícula, me arrepiei outra vez.

: - Eu também, me arrependi de não ter ido junto.

Confessei descendo um carinho dengoso por sua nuca.

: - Você está tão cheirosa, é tão bom chegar em casa e te encontrar pronta para qualquer coisa que eu queira fazer com você.

: - Ei! – Ela soltou uma risada gostosa que acariciou os meus ouvidos. A olhei nos olhos, tons de verde enfeitando suas íris, pupilas dilatadas. – Controle seus hormônios, ouviu?

: - Você está com os seios nus pressionados em mim, Camz... Como posso controlar alguma coisa? Mais um pouco e vai me fazer molhar a calcinha.

Sua voz rouca me fez morder o lábio, a dando um leve tapa no ombro.

: - Para de me dizer essas coisas, Lo. – Minhas bochechas estavam ardendo, meu corpo morrendo de saudades do dela. – Quando vai tomar jeito?

Brinquei, ela riu novamente nos levando para a cama. Pisquei e seus lábios estavam nos meus, delicados, macios, saborosos. Ronronei. Nos beijamos por alguns segundos de forma suave, sem a intenção de aprofundar.

: - Nunca. Você gosta tanto quando eu te digo coisas sujas bem baixinho no ouvido, não gosta?

Lauren sentou-se na beirada da cama comigo em seu colo, subindo as mãos quentes por minhas costas. Sua boca estava em meu maxilar, espalhando beijos gostosos que me arrepiavam a alma.

: - Gosto. – Confessei a fazendo rir, deixando com que eu rolasse os olhos por ser tão fraca na presença dela. – Eu gosto mesmo, isso é algum crime?

: - Nenhum. Mas se fosse, eu adoraria te prender.

Lauren soltou um pequeno tapinha na minha bunda.

: - Safada.

Eu disse a empurrando pelos ombros para trás, fazendo com que ela caísse de costas na cama sob uma risada. Ah, era tão bom ouvir aquele riso, mal posso dizer o quanto.

: - Não fique longe, deita aqui. – Lauren me puxou para frente, fazendo com que eu deitasse a minha cabeça sobre seus seios, comigo ainda sentada sobre ela. – Me dá um pouco de carinho, eu realmente morri de saudades.

: - Hmmm, estamos juntas agora. – Comentei acariciando sua clavícula com as pontas dos dedos. Ela começou a deslizar as unhas em minhas costas, de baixo para cima, de cima para baixo. Seus dedos dedilhando a minha coluna, minhas costelas. – Isso é gostoso.

: - Eu imagino, você está toda arrepiada.

Ganhei um beijo no alto da cabeça, sobre os fios de cabelo. Sorri, fechando os meus olhos.

: - Me conte, conseguiu trocar o carro? Como foi lá?

Lauren soltou um suspiro, podia sentir seus músculos tensos e imaginei o seu cansaço. Seu carinho delicioso em minhas costas não parou.

: - Eu demorei trinta anos para escolher porque Dinah não parou de me encher o saco. – Eu ri. – É sério, Camz, parecia até que o carro era pra ela. Ela deu opinião em tudo e acabou que eu comprei o que ela mais gostou.

: - Então não reclame. – Ela riu acima da minha cabeça, envolvendo seus braços ao meu redor. – Ela gostou, mas e você? Comprou só porque ela encheu o saco ou porque gostou também?

: - Eu amei. Afinal, é bem a minha cara. Foi o que Dinah passou a tarde toda dizendo. Ela vai se vangloriar por isso o resto do ano.

: - Com certeza. – Beijei entre seus seios por cima da blusa rapidamente, voltando a deitar a minha cabeça. – E quando vai poder trazer para casa?

: - Amanhã vou buscá-lo, ainda tenho que terminar de levar uns documentos. – Ganhei mais um beijinho na cabeça. – Você vai gostar dele. Podemos batizá-lo lá no estacionamento como fizemos com o outro. Portanto que você não molhe os bancos...

: - Lauren! – A dei um tapa no braço e voltei a me sentar sobre ela, fazendo cara de emburra enquanto a via se contorcer em uma gargalhada. – Babaca! Se eu molhei o banco foi por culpa tua, ok? Eu não teria conseguido sozinha.

: - Ei, eu não estou reclamando de qualquer forma. – Ela se sentou novamente, abraçando a minha cintura, abafando sua risada contra a minha pele. Abri um sorriso e afaguei seu cabelo, me apertando mais contra ela. – Só quero que se repita.

: - Nós ainda temos a vida toda para transar dentro do carro.

Ela me olhou com íris brilhantes, mordendo o lábio inferior antes de me perguntar.

: - A vida toda?

Balancei a cabeça em positivo, selando seus lábios vezes seguidas.

: - A vida toda.

Sorri em sua boca e envolvi meus braços em seu pescoço, aproveitando o calor que ela me oferecia. Trocamos mais alguns beijos até que ela interrompeu, me olhando com a sobrancelha erguida.

: - Eu já ia esquecendo... Que buquês são aqueles espalhados pela sala? Quando eu sai de casa eles não estavam lá.

Será que eu iria para o inferno se a provocasse um pouco? Talvez fosse.

: - São meus.

Respondi descendo as unhas por sua nuca, sentando melhor sobre suas coxas grossas e macias. Lauren ergueu as sobrancelhas, sua expressão mudando de dengosa para desconfiada.

: - Seus? Eu não me lembro de ter feito pedidos na floricultura hoje.

: - Ué! Só você pode me mandar flores?

: - Lógico.

Seu tom de voz mudou, seus toques antes suaves passaram a não existir mais. Eu vi o perigo, mas eu decidi que estava em um terreno mais do que conhecido para dar um basta. Afinal, levaria menos de dois minutos para amolecê-la outra vez.

: - Isso é bem injusto, e pelo visto eu tenho algum admirador secreto.

: - Camila! – Lauren pronunciou o meu nome de forma prolongada, levantando-se da cama depois de me colocar sentada no colchão. – Quem foi que te mandou todas essas flores?

Fiz cara de sonsa e prendi o riso na garganta, deslizando os dedos pelo cabelo.

: - Eu não sei, no cartão apenas dizia que são pra mim. O que tem de mais nisso?

: - Ah sim, então ainda há um cartão? – Lauren levou as mãos até a cintura, seus olhos ferozes fixos em meu rosto. Gelei, mas só em pensar no que ela poderia fazer comigo depois, esquentei imediatamente. – Eu saio de casa por algumas horas e quando volto você recebeu uma caralhada de buquês de rosas e está achando normal?

: - E por que não seria normal?

Lauren rosnou por trás dos dentes, jogando as mãos ao ar de forma exasperada, seu rosto ganhando uma coloração vermelha no mesmo instante.

: - Porque não fui eu que mandei. – Ela elevou o tom de voz furiosa, fazendo com que eu me encolhesse no colchão. Ok! Estava na hora de parar de dar corda. – A única pessoa que tem de lhe dar rosas sou eu, mais ninguém. Quem é sua mulher, afinal?

: - Amor...

Eu deixei o início de um riso sair quando ela começou a andar pelo quarto catando a bolsa e seus coturnos, o rosto contorcido em uma expressão fechada. Fiquei de joelhos na cama.

: - Me mostre essa merda de cartão. Eu vou ligar para a floricultura e perguntar de que porra de lugar veio esse pedido. Eles vão me dizer nem que eu tenha que aparecer lá.

: - Lauren, não...

: - O quê? – Ela me interrompeu quase aos berros, fazendo-me explodir em uma risada, cobrindo a boca com as mãos enquanto me curvava para frente. A carinha de brava que ela fazia era tão fofa que... Oh, Deus! Como eu a amava. – Do que está rindo? Você está me achando com cara de palhaça, Camila? Você está achando graça em ter algum otário ou otária te mandando flores?

: - Amor, Simon quem mandou.

Eu disse sem conseguir para de rir, sentindo o meu rosto arder.

: - Quem é esse Simon? É teu fã? Sim porque meu não pode ser, ele provavelmente deve me odiar para ter a audácia de mandar flores pra você. Os teus fãs não têm limites, eu já cansei de me estressar no Twitter com eles. Eles me odeiam. Sim, teus fãs, aqueles que agem como se só você existisse no grupo. Não que eu tenha algo contra porque é como se só você existisse no mundo pra mim, mas ai te mandar flores sabendo que sou tua namorada? Porque eles sabem, quem não sabe? Por favor! Isso me irrita tanto, depois as pessoas me julgam de grossa e coisa pior. Eu tenho os meus motivos...

Lauren dizia enquanto andava irritada pelo quarto, gesticulando e deslizando as mãos pelo cabelo. O fato dela nem mesmo se tocar quem era Simon só me fez perceber o quão nervosa estava. Comecei a me arrepender de tê-la provocado.

: - Lo... Simon Cowell.

Engoli o riso e abanei o rosto com as mãos.

: - O quê?

Ela parou no meio do quarto, me encarando exasperada.

: - Foi Simon Cowell quem mandou as flores, e não só para mim. Como você viu, são cinco buquês, um para cada uma de nós. Junto deles um cartão todo carinhoso dizendo que sente a nossa falta. – Mordi o lábio e fiz cara de criança levada. – Eu... Estava só brincando.

Olhei em seus olhos e não consegui identificar ao certo o que se passava em sua cabeça, suas bochechas coradas e seu maxilar travado. Eu a observei fechar as mãos em punhos e minha respiração ficou presa em minha garganta. Eu deveria correr. Por que cacete fui brincar com o Diabo? O olhar que ela me lançava vinha diretamente do inferno, tão demoníaco que eu tremi sobre os meus joelhos. Mas aquela doce excitação estava lá, bem onde deveria estar. Eu era louca.

: - Você estava brincando? – A rouquidão de sua voz enviou um amontoado de saliva para a minha boca. Concordei com a cabeça como uma criança indefesa que estava prestes a levar esporro da mãe, só de calcinha em cima daquela enorme cama. – Eu senti raiva e surtei dentro das minhas roupas a toa?

: - Sim... – Me arrastei para trás sobre o colchão quando ela se aproximou, o verde em seus olhos queimando. Tremi. – Me desculpa.

Comecei a pedir antes mesmo dela mandar, praticamente implorando por perdão na minha melhor voz de veludo, com um pingo de arrependimento e uma mancha de cinismo.

: - Eu acho melhor você não sair dessa cama. – Ela alertou quando eu fiz menção de colocar os meus pés para fora. Lauren levou as mãos até a barra da blusa vermelha colada que vestia, passando-a por sua cabeça. Abaixei meus olhos, observei seus seios apertados no sutiã preto. Umedeci os lábios. Suas mãos desceram para o pequeno botão do short, abrindo. Em nenhum momento seu olhar saiu do meu rosto, fixos como se eu fosse uma presa. E porra, naquele momento eu era. Novamente tentei colocar os meus pés para fora, temendo de uma maneira mais do que excitante a forma bruta que ela pudesse me pegar. – Eu mandei você não sair da cama.

Ela rosnou, podia ver a raiva nítida em seu tom de voz. Mordi o lábio inferior e senti meus mamilos enrijecerem, observando-a descer o short jeans pelas coxas grossas e perfeitas. A calcinha pequena e vermelha me fez suspirar, deixando-me mais mole ainda quando a vi abrir o sutiã e arrancá-lo do corpo com urgência. Seus seios saltaram no meu campo de visão, cheios e apetitosos. Eu queria tocá-los, mas talvez pudesse até mesmo apanhar se tentasse. O que ela pretendia? Oh, Camila, você está tão fodida. Aquele era o meu único pensamento.

: - Lauren, eu pedi desculpas. – Eu empurrei o meu corpo para trás com as pernas quando ela subiu de quatro no colchão, suas mechas pesadas de cabelo caindo sobre os ombros. – Esse seu olhar me assusta e...

Eu nem mesmo pude completar a minha frase e terminar com o “... e me excita”, engasguei quando suas mãos envolveram os meus tornozelos e me puxaram para ela de forma rápida e bruta. Em questão de segundos eu estava sob seu corpo cheio de belas curvas, sendo fuzilada por olhos verdes cheios de maldade.

: - O quê... – Respirei ofegante, meu peito subindo e descendo rapidamente. Não pude evitar os arrepios de excitação que cortaram a minha coluna, esfregando as coxas ao sentir a umidade se concentrar em minha calcinha. Seus seios estavam quase em minha boca que se encheu de saliva. Santo Cristo! O que diabos eu fiz? – O que vai fazer?

: - Vou te ensinar como ser uma boa garota e não me enganar mais dessa forma. – Sua mão direita envolveu o meu pescoço, massageando sem gentileza e descendo para a minha clavícula. Engoli a seco, fechando os meus olhos. – Olhe pra mim.

Abri os olhos novamente, a vendo dar um sorriso maldoso e uma piscadela cheia de promessas. O medo e o tesão estavam me sacudindo inteira, a expectativa do que ela poderia fazer comigo era, sem dúvidas, a melhor parte.

: - Me diga o quão má você foi.

Lauren ordenou em um tom baixo, autoritário e rouco, correndo os dedos pelo meu maxilar com a sua adorável brutalidade.

: - Muito... – Deslizei a língua pelos lábios, em chamas. – Muito má.

: - Oh, sim... Péssima. – Sua mão livre se enrolou nas mechas do meu cabelo sobre a cama, puxando com tanta força que eu elevei o queixo para cima, gemendo baixinho de dor e tesão. – Você vai aprender a nunca mais se fazer de sonsa comigo e me provocar ciúmes, Camila, e vai aprender em dez minutos.

: - Lauren, por favor.

Implorei por algo que nem mesmo sabia, me excitando mais ainda ao enxergar o tesão e a raiva correndo nela.

: - De quatro. – Meu coração sacudiu ao ouvi-la, percebendo imediatamente que eu teria de orar muito para todos os deuses por misericórdia porque ela... Ah, ela não teria nenhuma. Não que eu quisesse que ela tivesse. – Agora!

Choraminguei perdida dentro da minha cabeça e me virei de costas, me colocando de quatro naquela cama sobre braços trêmulos. Meu cabelo caiu por cima do meu ombro direito, e eu cometi o erro de olhar para Lauren por cima do esquerdo, tendo uma das visões mais sexys e apavorantes que já tive na minha vida. Ela ia estapear a minha bunda, eu sabia. Mas mais que isso, ela ia me foder e quando eu digo foder, é de todas as formas que um ser humano pode foder o outro. Rapidamente as lembranças daquele dia no Brasil me vieram à cabeça, onde terminei com a bunda ardida e a calcinha melada por conta de uma brincadeira. Aquele era o preço que eu teria de pagar por ter mentido para a minha doce e cruel... Uma tapa. Oh, céus! Cruel namorada. Dois tapas. Eternamente malvada, completamente rude e possessiva. Três tapas. Quatro tapas, cinco tapas.

Eu não sabia dizer se comecei a orar ou a xingar, a partir daquele momento eu estava apenas ciente de que os sons guturais que saíam da minha garganta eram por honra e mérito de Lauren.

 

Já era noite quando nos reunimos na varanda da mansão, um violão em mãos e algumas taças de vinho. Nosso jantar foi maravilhoso e tão variado que meu estômago estava enjoado. Comemos os biscoitos de Ally, tomei a vitamina de morango com banana, a massa que Maria havia feito e ainda sobrou espaço para o Sushi. Lauren, como a namorada exemplar que era, já havia me feito tomar um remedinho para enjoo. Não reclamei, afinal, foi graças a ele que não vomitei o jantar inteiro no vaso sanitário.

“Best Mistake” era a música que embalava o nosso momento nas vozes de Troy e Ally, que entre olhares e alguns sorrisos doces, cantavam para nós. Troy tocava violão muito bem, havia uma dedicação na forma que ele dedilhava as cordas. Talvez fosse para impressionar Ally, ou talvez fosse apenas ele. Quem sabe? Se você pudesse ver a forma que eles se olhavam, esse detalhe seria o último que você iria prestar a atenção.

Minhas costas estavam contra os seios de Lauren, seus braços ao meu redor com firmeza. Ela me segurava como se eu fosse fugir, esquentando o meu corpo com o seu calor delicioso. Minha cabeça um pouco abaixo de seu queixo recebia beijos delicados uma vez ou outra, eu podia senti-la aspirando o cheiro do meu cabelo com maior frequência. Estávamos agarradas sobre o grande sofá que cortava a varanda, com Normani e Dinah uma ao lado da outra um pouco mais para o canto. Era bom estar daquela forma, ciente de que estava tudo bem, observando seus gestos, ouvindo sua respiração, sentindo que nada de ruim poderia acontecer enquanto ela estivesse ali, comigo para tomar conta e cuidar.

: - O que você acha de irmos para Amsterdã nas férias?

Lauren perguntou baixinho em meu ouvido, me pegando de surpresa.

: - Amsterdã? – Ela fez um som nasal parecido com “uhum”, me fazendo sorrir. – É uma boa ideia.

: - Um mês?

Senti o seu sorriso contra a minha bochecha, meus olhos fechando-se no mesmo instante. Troy e Ally ainda cantavam, o jardim iluminado por luzes brancas e azuis dando um clima tão gostoso que suspirei.

: - Nós podemos dividir isso corretamente. – Eu disse acariciando seus dedos longos e bonitos, unhas bem feitas e pintadas de lilás. – Podemos passar duas semanas em Amsterdã e depois voar para a Itália, mais duas semanas por lá.

: - Hmmm. – Lauren ronronou no meu ouvido, eu nem precisava olhar sua expressão para saber que ela havia amado a ideia. – Em Toscana, sozinhas, andando de mãos dadas pelas ruas, visitando os vilarejos como duas pessoas normais, comendo massa até dizer chega e tomando bons vinhos. Só a gente, sem lembrar o passado, vivendo o presente, pensando no futuro. Eu poderia ir amanhã mesmo.

Eu ri baixinho e me aconcheguei mais nela, virando um pouco a cabeça para o lado, ganhando um beijinho na testa. A ideia de sumir com Lauren pelo mundo depois que tudo tivesse o seu fim, parecia ótima. Nós precisaríamos de um tempo para superar, aprender a lidar, esquecer e lembrar apenas dos bons momentos. Não que eu gostasse de lembrar aquela parte do nosso destino, mas eu sabia que quando ela propôs a viagem, foi pensando nisso.

: - E fazer amor a noite toda no clima gostoso da Toscana, no meio dos campos de girassóis. – Foi a vez de Lauren rir, fazendo nossos corpos tremerem. Abri um sorriso e suspirei. – Depois andar por Florença, Siena, Pisa. Eu mal posso esperar, Lo.

: - Nós não vamos pensar em mais nada enquanto estivermos lá, Camz, eu prometo. – O tom em sua voz denunciou o lamento, fazendo com que eu apertasse mais os seus braços ao meu redor. – Será apenas eu e você, assim como foi eu e você em Paris.

: - Assim como é eu e você sempre. – Ela concordou com um movimento rápido de positivo com a cabeça, inalando com força contra as mechas do meu cabelo. Seus dedos tocaram o delicado colar que eu tinha no pescoço, aquele que ela me deu no meu aniversário de dezoito anos.  – Eu não preciso de mais nada porque eu tenho você.

O coração de Lauren acelerou adoravelmente embaixo de seu peito, causando vibrações gostosas em minhas costas. Eu poderia passar o resto dos meus dias ouvindo, sentindo, idolatrando os seus batimentos cardíacos. Era surreal saber que eu tinha culpa na forma que ele reagia.

: - Essa é a melhor parte, Camz. – Nós éramos a melhor parte. – Eu te amo.

Sua voz saiu apenas como um canto suave, um detalhe insubstituível na bolha que sempre criávamos quando estávamos juntas. Lauren e eu possuíamos uma linha invisível que nós ligava mesmo quando ficávamos longe. Quem olhava de fora conseguia ver que não havia espaço para mais ninguém em nossas vidas, nossa rotina. Ela havia sido feita pra mim, eu havia sido feita pra ela, qualquer pessoa que algum dia tentou ficar entre nós saiu completamente frustrada. Mesmo antes de Camren ser Camren, nós já nos pertencíamos. Ela em toda a sua agitada vida, eu no meu mundo fechado. O fato era que não havia lógica em viver por outro alguém que não fosse por ela.

 

Dinah POV.

Deslizei as pontas dos dedos na borda da taça de cristal pela vigésima vez naquele minuto. Eu não sabia dizer se o que sentia era ansiedade, nervoso ou simplesmente incômodo. Ansiosa para o quê? Eu não sabia. Nervosa por quê? Também não sabia. Incomodada por qual motivo? Eu sabia menos ainda. Eu não conseguia perceber e nem mesmo prestar atenção em nada quando todos aqueles pensamentos dominavam a minha cabeça. Para onde é que eu estava indo? Deixando-me levar por uma força maior, ou me arriscando mais do que deveria? Exausta de insistir em um relacionamento que já não tinha mais jeito, ou subestimando nossa capacidade de contornar a situação?

Tomei mais um gole de vinho, suspirei.

Ah, vamos lá, Dinah. Eu pensei. Você passou a vida fazendo o que teve vontade, por que está temendo agora, logo agora? Pensei outra vez. Bebi mais um gole de vinho, meus olhos fixos na água azulada da piscina mais a frente.

Por que eu estava tão... Vulnerável? Sempre tomei minhas decisões e sempre lidei com as consequências. Se eu queria, eu fazia, se não queria, cortava. Por que aquele frio na barriga de quem está com os pés no precipício e a corda no pescoço?

: - Nós temos um problema, Dinah Jane.

Falei sozinha, rindo baixinho antes de sacudir o líquido escuro dentro da minha taça.

: - O que é um problema?

Ouvi a voz de Camila ao meu lado, cortando os meus pensamentos. Ergui meus olhos para ela, encontrando uma expressão relaxada em seu rosto.

: - Pensei que já havia ido dormir. – Tomei outro gole. – Ou transar.

Ela soltou uma risada linda, fazendo-me sorrir. Camila largou o seu corpo ao meu lado no sofá da varanda, sentando-se virada na minha direção para me analisar melhor. Eu odiava quando ela me olhava daquele jeito, se eu devolvesse o olhar ela saberia imediatamente o que se passava na minha cabeça.

: - Lauren resolveu fazer uma “ask Lauren” a essa hora. – Ela bufou, arrancando uma risada de mim. Ergui a mão esquerda para conferir as horas no relógio branco de pulso. 22:30. – Não que eu esteja reclamando da atenção que ela está dando aos fãs, até porque eu gosto disso... Mas tinha que ser logo agora?

: - Você não pode mesmo esperar para ter um bom sexo, não é? – Perguntei virando a cabeça para ela, sorrindo ao encontra-la corando. Camila mordeu o lábio inferior, deslizando as mãos pelo cabelo. Ah, aquele cabelo... Era uma das coisas mais bonitas que o meu filhote tinha, junto com seus olhos em um castanho quente. – Apesar de todo mundo ter direto a uma vida sexual, saber que você transa é pavoroso.

: - Ah, não!

Ela começou a fazer gestos rápidos com as mãos para que eu parasse, completamente envergonhada. Mas eu continuei, virando de frente para ela depois de largar a taça sobre a mesinha. Estava um pouco elevada por conta do álcool, mas nada que me fizesse perder o controle e falar embolado.

: - Eu passei em frente ao seu quarto mais cedo e quase tive um ataque do coração. Lauren estava te espancando ou o quê? – Perguntei intrigada, realmente muito curiosa. Eu queria saber o que elas estavam fazendo além de transar porque a forma que Camila gemia e clamava por Deus parecia tudo, menos sexo normal. – Eu quase entrei para te tirar das mãos dela.

: - Aquilo foi... – Camila corou violentamente, cobrindo a boca com a mão para rir baixinho. Eu ri com ela, não conseguia me manter séria estando em sua presença. – Bem, você sabe que Lauren é um pouco...

Ela não conseguia terminar a frase, era tão engraçado. Eu senti vontade de bater em suas costas para fazê-la continuar. Mas ela não precisava dizer mais nada, eu já havia entendido.

: - Garota, você apanhou na bunda outra vez.

: - Dinah!

Eu explodi em uma gargalhada, jogando a cabeça para trás. Um vento frio soprou em meu rosto e eu me arrepiei inteira enquanto tentava parar de rir da expressão dela. Camila e Lauren eram mesmo um casal para todos os momentos. Havia aquele dia em que estavam amorzinho, aquele dia em que estavam se implicando, aquele dia em que se comiam através de olhares nos bastidores dos programas ou em qualquer lugar, e aquele dia em que se castigavam. Bem, ao menos Camila saía com a bunda bem dolorida de tudo isso.

: - O quê? Aposto que sua bunda está com cinco dedos marcados nela. Tua sorte é que não vou abaixar suas calças para ver, caso contrário levanto daqui agora e vou atrás da Jauregui para arrancar a cabeça dela do pescoço.

Ah, eu iria mesmo. Mas não dizem que “o que os olhos não veem o coração não sente”? Então pronto, não vendo a bunda do meu filhote marcada, eu não sentiria vontade de caçar Lauren até o inferno.

: - Não é como se eu não gostasse.

: - O pior é isso, tua sonsa, eu sei que você gosta de levar uns tapas nesse rabo. – Estreitei meus olhos para ela, mas abri um sorriso logo depois. – Vocês não poderiam formar um casal melhor.

: - Ei... – Camila sorriu para mim, erguendo a mão para acariciar o meu rosto. Eu acho que acabei me denunciando no tom de voz que usei. Xinguei-me mentalmente. Eu era transparente demais para ela. - O que há? Eu te ouvi dizer que tinha um problema. Fale-me sobre isso.

Respirei fundo e apoiei o cotovelo no encosto do sofá, encostando a cabeça na palma da minha mão.

: - Ai, Chancho... Não sei se é um problema, no geral. – Mordi o lábio inferior, encarando o colar que ela tinha no pescoço, apenas para ter um foco. – Estou me sentindo tão indecisa. Quero tomar algumas atitudes, mas estou com medo de acabar ferrando com tudo, sabe?

: - Estamos falando sobre Normani, eu sei. – Camila disse se aproximando um pouco, e apesar de estarmos sozinhas na varanda, ela começou a falar baixo como se não quisesse que nos escutassem. A blusa de mangas compridas que ela usava a protegia do vento frio que batia, mas eu pude perceber um leve tremor em seu corpo. Queria abraça-la. – Mas em que ponto exatamente você quer chegar? O que teme? As coisas estão indo tão bem entre vocês, Cheechee. Não acho que possa estragar.

: - Eu quero dar um passo além com ela... Você sabe o que quero dizer. Mas não acho que seja certo, não acho que eu seja a pessoa certa pra isso. – Deslizei a mão pela nuca, falar sobre aquilo me deixava mais agitada do que imaginei. Na verdade, eu ainda não havia tocado no assunto com ninguém, até Camila. Era totalmente novo e estranho falar sobre as minhas vontades em relação a outra pessoa que não fosse Siope. Era como estar pisando em um terreno desconhecido, mas totalmente convidativo. – Quando eu estou com ela eu controlo a minha mente, eu a beijo pensando que não posso ultrapassar o limite.

: - Dinah, eu acho que você está sendo dura demais consigo. – Suspirei, colocando para trás da orelha uma mecha loira que se desprendeu do meu coque. – Você nunca deixou de fazer o que teve vontade, mesmo quando isso envolvia outra pessoa. Não estou dizendo para avançar contra a vontade dela, apenas para ao menos tentar fazer com que aconteça. Pare de colocar limites pra você, talvez Normani esteja apenas esperando uma atitude sua. Ela está ficando contigo porque quer, você não obrigou. Eu vejo que ela gosta de você, assim como vejo nos teus olhos o quanto gosta dela.

Não consegui impedir um sorriso pequeno de nasceu em meus lábios, minha pulsação acelerando levemente. Abaixei a cabeça, pela primeira vez na minha vida, incapaz de encarar Camila nos olhos. Senti frio, mas sabia que não era nada ocasionado pelo clima. O que estava acontecendo comigo?

: - Não sei, Mila... – Mordi o lábio inferior.

: - Você tem certeza que essa é a Dinah? – Ela me perguntou entre uma risada, me fazendo rir envergonhada. Envergonhada, você tem noção disso? – Ah, vamos lá, Dinah Jane. Eu sei mais do que você pode me dizer, por isso o conselho que vou lhe dar é apenas esse... Sem limites. A vida passa rápido, Chee, e a pior coisa do mundo é se arrepender por algo que poderíamos ter feito, mas não fizemos.

Arrependimento. Aquela era exatamente a palavra. Eu nunca me arrependi de qualquer coisa em minha vida, não poderia deixar que existisse um espaço para que o arrependimento aparecesse logo naquele momento. Independente de ser Normani a pessoa que eu passei, de uma hora para a outra, a desejar mais do que desejei Siope, eu não poderia esquecer que também havia o meu eu. Havia o meu ego em jogo, o meu bem-estar, a minha felicidade. Abrir mão dos meus desejos era como abrir mão da minha família, fora de cogitação.

Respirei fundo e ergui as mãos, desfazendo o coque frouxo no alto da minha cabeça. As mechas do meu cabelo caíram por cima dos meus ombros, enfeitando em uma cor amarelada o casaco branco que eu usava. Senti-me melhor daquele jeito, mais mulher, mais corajosa, mais eu. Afinal, eu nunca fui uma garotinha indefesa com aparência angelical. Eu era Dinah Jane, e Dinah Jane era sinônimo de atrevimento.

: - Agora sim. – Camila cantou por trás de um sorriso enorme, piscando o olho direito pra mim. – É isso que eu chamo de mudança de humor em cinco segundos.

Eu soltei uma risada mais animada, esticando o braço para pegar a taça de novo.

: - Você é tão boba. – Eu disse antes de beber o resto do vindo em um gole só, fazendo uma careta logo depois. – E eu te amo por isso.

: - E eu amo você pelo mulherão que és. Não perca essa essência nunca, Cheechee, é isso que te faz única. – Ela me acalmava tanto. Eu sempre precisaria dela para por a minha cabeça no lugar de volta. – Agora levanta essa bunda grande dai e vai ficar com a Mani. Aproveite a noite de qualquer forma, mas aproveite.

Respirei fundo e sacudi os ombros, mordendo o lábio inferior antes de me levantar. Parecia que eu havia tirado o mundo das minhas costas, Camila havia pegado para ela. Era sempre ela... Meu filhotinho.

: - Meu abraço, antes disso. – Eu pedi manhosa, fazendo beicinho. Ela sorriu com a língua entre os dentes, tirando os pés de cima do sofá para se levantar, se aconchegando em meu peito quando eu abri os braços para ela. – Hmmmm, eu senti falta disso o dia todo. Na próxima vez que a sua mulher quiser me arrastar para a rua, eu vou te levar dentro da bolsa.

Ela riu toda gostosa, esfregando a cabeça nos meus seios como sempre fazia. Quem olhasse de fora pensaria em uma cena maldosa, mas aquele gesto era tão infantil e maternal para mim que a questão poderia ser anulada. Afaguei seus cabelos, beijando o topo de sua cabeça.

: - Portanto que você me leve, eu não vou reclamar. – Sorri, pressionando minha bochecha direita em sua cabeça. – Você pode dormir comigo amanhã? Nós podemos fazer uma sessão pipoca. Eu coloco Lauren para dormir no chão e nós dormimos na minha cama.

Eu explodi em uma risada porque era impossível que Camila colocasse Lauren para dormir no chão frio. A separei do meu corpo e olhei em seus olhos, erguendo as sobrancelhas. Suas bochechas estavam coradas.

: - Você não colocaria Lauren para dormir no chão nem se a cama estivesse cheia de formiga.

: - Não mesmo. – Ela riu, dando de ombros. – Mas nós ainda podemos fazer uma noite só nossa. Lauren não vai se importar.

: - Nós faremos, Chancho. Sinto saudades de comer besteira e rir a noite toda.  – Me inclinei para baixo e beijei sua testa, esfregando seus braços. – Agora vamos entrar, sua mulher já deve ter acabado com a ask.

: - Oh, céus! Essa ask... – Camila rolou os olhos, resmungando enquanto virava de costas para mim. Não aguentei e a dei dois tapas na bunda quando começamos a andar para dentro de casa, fazendo-a gemer e levar as mãos até aquele monte de carne branca. – Ai, Cheechee. Isso doeu.

: - Doeu, é? É pra doer mesmo. Quem bate pra te dar prazer é Lauren, não eu. – Fiz cara feia para ela e passei na frente, sentindo-a me empurrar pelos ombros quando passamos pela porta de vidro da varanda. – Não me empurra, sua anã.

: - Não me chama de anã. – Ela me empurrou de novo, me fazendo cambalear para o lado, olhando-me com uma cara divertida antes de passar ao meu lado em passos largos, claramente temendo minhas ações. – Girafa.

: - Como que é, garota? – Estreitei meus olhos para Camila, que explodindo em uma risada nervosa disparou na minha frente, cruzando a grande sala, driblando a mesa de centro e todos os móveis pelo caminho.  – VOLTA AQUI, SUA ANÃZINHA.

: - PENSA RÁPIDO, CHEECHEE.

Ela gritou já no meio da escada, me fazendo correr o mais rápido que pude atrás dela. Escorreguei no tapete, me equilibrei no degrau. Comecei a rir mais alto, Camila fez o mesmo. Passei a subir a escada praticamente de quatro, mal conseguindo fazer tal coisa com agilidade de tanto que ria da minha própria desgraça.

: - QUEM VAI TE BATER DESSA VEZ SOU EU QUANDO EU TE PEGAR.

Gritei para ela, alcançando o topo da escada. Camila disparou para o corredor entre risadas, fazendo um barulho tremendo. Imaginei que logo Lauren iria aparecer para salvar sua princesinha, mas se ela entrasse no meu caminho quem iria levar na cara era ela.

: - Dinah!

Quando Camila viu que eu estava perto o bastante, exclamou como se eu fosse matá-la. Ela escorregou no longo tapete que cortava o ambiente, onde eu a peguei pela cintura antes mesmo dela cair de cara do chão.

: - Peguei. – Comecei a rir enquanto a puxava para cima, literalmente a colocando sobre os ombros. Ela ria de se engasgar, estávamos ofegantes. – Quem é que manda aqui, sua anã?

Eu perguntei a sacudindo, suas mãos socavam minhas costas enquanto ríamos de tudo e de nada, nos divertindo como sempre fazíamos.

: - Me solta, sua idiota. – Dei um tapa em sua bunda, ela gritou. Dei outro tapa, ela gritou de novo. – TÁ DOENDO MUITO... MINHA BUNDA, CHEECHEE.

Eu gargalhei.

: - Responde quem é que manda nessa casa e eu te coloco no chão.

: - O que está acontecendo aqui, meu Deus?

Lauren brotou na porta de seu quarto, Normani colocou a cabeça para fora do dela, Ally e Troy nem deram as caras... Pelo visto estavam sendo mais felizes que nós.

: - Lo... – Camila choramingou, sua cabeça quase tocando a minha bunda. – Manda a Dinah me por no chão.

: - Por que diabos ela está contigo nos ombros? Alguma merda você fez, suponho.

Lauren riu se aproximando, olhando-me com aquela carinha que dizia “ponha o meu bebê no chão”. Sorri para ela, dando um último tapa na bunda de Camila antes de coloca-la sobre seus pés. A bichinha balançou para os lados, o rosto vermelho e as mãos na bunda. Tentei controlar a minha respiração.

: - Nós estávamos apenas brincando. – Comuniquei beijando a testa de Camila. Ela choramingou. – Mas eu ainda mando aqui.

Informei a ela jogando o cabelo para trás, tentando parecer tudo, menos cansada pela rápida corrida que demos até lá.

: - Você vai me comprar uma bunda nova.

Ela disse quando eu parei perto de Normani, trocando um sorriso pequeno com ela. Eu poderia me perder naquele momento, mas lembrei que tinha que alfinetar Lauren antes de dormir.

: - Quem acaba com a tua bunda aos tapas é a tua namoradinha e ainda tenho que pagar para desfazer os danos?

: - Dinah!

Normani cobriu a boca rindo, Lauren estreitou seus olhos para mim com um pequeno sorriso, Camila quase se enfiou embaixo do tapete.

: - Eu só não vou lhe responder porque você me fez escolher o melhor carro daquela loja. Guarde isso como um agradecimento.

Lauren apontou seu dedo para mim, pegando Camila pela mão, puxando-a para perto. Eu mandei um beijinho para ela.

: - É o melhor que você faz, Jauregui. Poupe-se de dormir com a bunda queimando também.

: - Ah, Dinah... Vai se foder.

Lauren negou com a cabeça antes de explodir em uma risada, colocando Camila para dentro do quarto enquanto ela resmungava coisas como “minha bunda tá doendo tanto”, “eu não vou conseguir sentar”, “amor...”. Lauren respondeu com a voz toda dengosa que cuidaria disso e a colocaria para dormir. Adorável. As duas eram um exemplo para qualquer casal que estava começando e até mesmo para aqueles mais velhos, era bonito de se ver.

Eu me virei com o estômago agitado para a garota parada na porta, que me oferecendo um sorriso gentil, deixou-me mais alterada ainda. Que inferno era aquela sensação de estar sendo vulnerável a alguém.

: - Já vai dormir?

Ela me perguntou mordendo o lábio inferior, deixando-me ver aquela coleção de dentes brancos que me tirava o fôlego. Suspirei.

: - Não. – Me aproximei um pouco mais, os olhos de Normani rolando dos meus pés até a minha cabeça naquele familiar sinal de alerta. Ela vestia um shortinho branco de algodão e uma regata rosa, estava sem sutiã porque vi seus mamilos fazendo volume sob o tecido. Desviei os olhos para não pensar. – Pensei em ficar contigo um pouco antes disso, não tivemos tempo hoje pra nada.

: - Vem cá.

Sorrindo timidamente ela me pegou pela mão, olhando para os dois lados do corredor antes de me puxar para dentro. Eu ri de nós, parecíamos duas suspeitadas de crime, nos escondendo de sabe lá Deus o quê. Mas era tão bom daquele jeito, ficava melhor ainda quando ela demonstrava que sentiu saudades, como passou a fazer quando nós entramos no quarto.

Mani me abraçou por alguns longos segundos, tirando as mechas do meu cabelo de meus ombros para envolver meu pescoço com os braços, erguendo-se um pouco na ponta dos pés, selando os meus lábios. Abracei sua cintura, trazendo-a mais para perto. Daquela forma era tão suave, estar com ela era como uma vida sem problemas. Não havia cobrança entre nós, gostávamos da companhia uma da outra e era tão diferente de tudo o que já vivi na minha vida. Esquecia até mesmo aquela insegurança chata que me batia quando ficava sozinha.

: - Vamos aproveitar um pouquinho. Não preciso dormir agora.

Ela disse na minha boca, roçando nossos lábios, fazendo um arrepio cortar a minha coluna. Ao fundo, a TV ligada me deixava ver as faixas de um CD, uma música tocava em volume baixo. Nós ficávamos assim desde que começamos a deixar rolar, as vezes eu dormia no quarto dela, as vezes ela no meu, as vezes apenas estávamos juntas em qualquer lugar, ou onde pudéssemos. Nunca falámos sobre o mundo lá fora, nunca fazíamos promessas, nunca falávamos de amor. Talvez eu não quisesse amor, nem ela. Talvez eu não soubesse de nada.

: - Não precisa mesmo.

Segurei seu lábio inferior entre os dentes, sugando de leve enquanto subia minhas mãos por suas costas. Mani suspirou, me acariciando a nuca, entre o cabelo, fazendo-me fechar os olhos. Ela era tão boa naquilo, ela era boa em tudo. Neguei com a cabeça perdida demais em seu cheiro para fazer qualquer coisa que não fosse beijá-la. Grudei nossas bocas, sem conseguir admitir, mas morta de saudades. Mani beijava como ninguém, seus lábios conseguiam me tirar do sério em míseros dois segundos. Eu estava suspirando quando deslizei a língua com calma para dentro do calor de sua boca, gemendo baixinho ao sentir seu gosto. Suas mãos começaram a vagar sem rumo no meio do meu cabelo, seus seios pressionados aos meus mesmo por cima do meu casaco me deixaram elétrica. Aquela sensação era tão nova, tão delirante. Nossas línguas se chocavam como se o tempo fosse descartável, nossas respirações acelerando conforme aumentávamos o ritmo do beijo. Deslizei a mão direita para o seu pescoço, acariciando seu maxilar com a ponta dos dedos. Meu peito ardeu pela falta de ar, eu encerrei aquele momento com uma pequena mordida no cantinho de seu lábio inferior. Ela sorriu ainda de olhos fechados, eu sorri ao ver que apesar de tudo o que havia em nós, em nossa amizade e no que passamos a ter, não perdemos a cumplicidade.

: - O que você quer fazer? – Mani perguntou quando voltou a me encarar, os olhos tão brilhantes e aconchegantes. – Tem alguns filmes que comprei essa semana e ainda não vi. Podemos ver, ou assistir todos os DVD’s da Bey, eu não me importo.

: - Eu estava esperando você me propor mesmo Beyoncé.

Ela riu divertida e se afastou um pouco para se mover na direção da TV, me dando espaço para observar ao meu redor. O quarto de Normani era elegante como ela, paredes pintadas em rosa pink e branco. Uma cama enorme com um dossel, o véu que cobria a mesma fazia parecer que eu estava no meio de um conto de fadas. Os móveis eram todos brancos com portas de vidro, tapetes na mistura das cores das paredes e o closet mais lotado que o meu. Tudo decorado por ela e seu bom gosto. Sentei-me sobre o colchão macio e deslizei as mãos pelo lençol de seda, vendo Mani pegar dentro de uma gaveta alguns DVD’s. Ela poderia deixar aquilo para depois, eu não iria prestar atenção em filme nenhum com ela usando aquele short minúsculo na minha frente. Respirei fundo, desviando o olhar. Eu nunca havia sentido desejo igual por uma mulher antes, era tão avassalador e assustador. Sentia vontade de bater na porta do quarto de Lauren e perguntar se ela se sentiu da mesma forma quando começou com Camila.

: - Por que você não deixa esses DVD’s pra lá e vem aqui?

Eu me peguei dizendo antes de poder controlar a minha língua, olhando para ela como um alguém que tem esperado muito tempo por uma recompensa. Mani se virou para mim com um sorriso de canto, agitando as três capas de filmes que tinha em mãos.

: - Então você não quer assistir nada?

: - Eu quero você.

Eu estava parecendo desesperada demais por ela? Qual é o problema nisso? Estranho seria se eu, Dinah Jane, estivesse agindo como uma nerd virgem. A observei morder o lábio inferior, deixando os filmes sobre a estante antes de caminhar na minha direção em passos lentos e sensuais. O movimento de seu quadril prendeu os meus olhos, um balanço que me fez engolir a saliva que se formou em minha boca. Ela subiu na cama de joelhos e eu estiquei o braço para puxá-la na minha direção, arrancando um gritinho de surpresa de sua garganta.

: - Eu gosto da forma de como você é direta, sabia?

Mani disse quando eu a coloquei de costas na cama, deitando o meu corpo um pouco de lado sobre ela. Afastei algumas mechas de cabelo que caíam em seus olhos, abaixando a cabeça para roçar nossos lábios. Ela era tão bonita.

: - É só isso que você gosta?

Perguntei dando um beijo no canto de sua boca, mais um na bochecha, outro perto do maxilar. Ela suspirou, fechando os olhos.

: - Eu gosto do jeito que você me beija. – Sorri contra a pele do seu pescoço, respirando fundo para sentir seu cheiro de mulher, completamente diferente do cheiro de homem que eu estava acostumada a sentir. Tão melhor, tão doce e sexy. – E quando me toca cheia de segundas intenções, cheia de experiência... Faz com que eu me sinta uma completa idiota. E eu nunca gostei tanto de me sentir idiota.

A voz de Mani mudou para uma profunda rouquidão, seus mamilos salientes na regatinha que ela usava me deixando louca. Mordi o lábio inferior e desci a mão esquerda pela lateral de seu corpo, me perdendo na coxa.

: - Você é linda, Mani. – Eu disse sentindo-me estranhamente perdida, não dentro da minha cabeça, mas nela. Nos olhamos nos olhos por alguns longos segundos, nos acariciando, nos sentindo. Talvez eu não tivesse que dizer nada, mas eu queria tanto dizer tudo a ela. – Eu sinto vontade de lhe dizer isso o tempo todo e é tão novo, tão estranho. Eu gosto do teu sorriso branco, da forma que você prende o cabelo depois de sair do palco, de como fica engraçada quando se perde no meio de um assunto.

Ela riu sem graça, eu ri basicamente encantada, subindo e descendo minha mão por sua coxa.

: - Não me lembro de ter escutado isso de outro alguém alguma vez, além dos nossos fãs. Isso faz de você a primeira em muitas coisas.

Ela massageou o meu pescoço, erguendo um pouco a cabeça para selar os meus lábios. Isso me deu uma ideia.

: - Alguém já dançou pra você antes?

Perguntei com uma sobrancelha levantada, ansiando pela resposta. Arranhei sua pele de leve, sentindo seu corpo estremecer embaixo do meu.

: - Não.

: - Ótimo! Serei a primeira nisso também.

Eu disse com uma piscadela sensual antes de me arrastar para fora da cama, deixando uma Normani surpresa apoiada nos cotovelos. Eu iria dançar para ela, ou dançar com ela, qualquer coisa me desse coragem o suficiente para esquecer o resto do mundo, focar em meus desejos, fazer com que ela se sentisse desejada. Abaixei o zíper do casaco que vestia quando comecei a caminhar na direção da TV, deixando com que ele caísse no meio do caminho. Fiquei apenas com uma blusa decotada preta, naquele momento, tornando-se completamente inútil. Selecionei uma música, “Rocket – Beyoncé”, coloquei para repetir infinitamente. Andei até perto da porta, apaguei a luz, virei-me de frente.

Senti um arrepio subir pelos meus dedos dos pés e se concentrar na pulsação em meu pescoço, não me lembro de ter me sentido daquele jeito antes. Era como se estivesse prestes a entrar no palco, mas de um jeito mil vezes mais desesperador.

~Podem dar play na música~

Eu fechei os olhos quando o ritmo sensual invadiu o ambiente, sacudindo o quadril no balanço da batida. Eu sabia que seus olhos estavam em mim, e era o que eu queria. Eu desejava que ela visse o quanto eu queria ser dela, o quanto eu queria que ela fosse minha. Apenas naquele momento, ou no resto da semana, ou quem sabe do mês? As pontas de meus dedos subiram por minhas coxas parcialmente nuas, quadril, barriga, decote. Contornei o volume dos meus seios com calma, voltando a descer as mãos pelo mesmo caminho que as levaram até lá. A letra da música ia se encaixando cada vez mais no momento, a melodia profundamente sexy fazendo com que eu me perdesse em uma bolha que nunca provei. Virei de costas para ela, rebolei lentamente, fui descendo enquanto subia as mãos por minha nuca, tocando o meu cabelo, o erguendo, bagunçado até o alto da minha cabeça. Parecia que o ar havia ficado pesado, a iluminação feita apenas pela TV e o abajur tornando tudo mais aconchegante. Meu pulso estava acelerado, meu corpo tremendo em expectativa.

Eu separei os lábios para cantar o refrão, notando em minha voz o puro tom de excitação.

: - So rock right up to the side of my mountain, climb until you reach my peak babe, my peak, the peak.

Meus dedos desceram por meu rosto, dedilhando meu nariz, separando os meus lábios, tocando o meu queixo, tamborilando no meu pescoço. Abri os olhos para achar quem eu queria, encontrando um olhar tão excitante e fixo que eu tremi deliciosamente. Sua respiração parecia alterada, seus seios subiam e desciam por baixo da regata. Seus joelhos dobrados sobre o colchão, seu lábio inferior entre seus dentes. Porra, ela me deixava tão quente, tão quente que eu não aguentei e senti vontade de tirar a roupa. Comecei. Fui subindo minha blusa enquanto rebolava, virando-me de lado, olhando para baixo, lábios separados, as mechas loiras do meu cabelo cobrindo parcialmente o meu rosto. Passei a blusa pela minha cabeça, ficando apenas de sutiã vermelho rendado. Joguei a peça no chão, deslizei a mão direita em meu ombro esquerdo, abaixei a alça do sutiã. Deslizei a mão esquerda pelo ombro direito, abaixei a outra alça.

: - Don't you know that I give you the loving if you need it. I give you my word, you can believe it.

Eu cantei enquanto jogava a cabeça para trás, encostando na parede atrás de mim. Fui escorregando por ela enquanto rebolava, me perdendo em minhas próprias carícias, queimando sob o olhar daquela mulher em cima daquela cama. Sim, uma mulher, um corpo perfeito e gostoso, um sorriso lindo, um rosto milimetricamente desenhado. Ah, tão instigante, tão único.

Abri meu sutiã, o retirei enquanto mordia o lábio, o jogando em qualquer canto. Nua para alguém depois de tanto tempo sentindo-me coberta. Desci as mãos por minha barriga, contornei meu umbigo com a ponta do dedo indicador, toquei meus lábios com os dedos da mão livre. Fui me aproximando dela devagar, no ritmo da voz da minha cantora favorita. Estendi as mãos, convidando-a para se juntar a mim. Sorri, provoquei, abusei do poder que estava tendo. A puxei para perto, virando-a de costas, subindo minhas mãos por seus braços, arrastando os meus lábios pela pele cheirosa de seus ombros. Eu não precisei pedir, Mani começou a dançar junto comigo. Sexy, envolvente, sua bunda roçando no meu sexo ainda por cima do short. Suspirei, na verdade, gemi. Ela ouviu, sorriu, grudou mais os nossos corpos, suspirou ao sentir meus seios nus em suas costas. Desci as mãos por suas laterais, tocando o quadril, as coxas, subindo para a barriga. Parecia que havíamos ensaiado, nossos movimentos eram tão sincronizados que acabei sorrindo em seu pescoço. A música começou novamente quando passei a beijar sua nuca, a ponta da minha língua traçando caminhos molhados em sua pele negra, macia e cheirosa. Mani gemeu baixinho, deixando-me louca. Eu queria dizer, eu precisava dizer.

: - Você está me enlouquecendo. – Sussurrei em seu ouvido completamente rouca, as mãos dela puxando o meu cabelo, minha nuca, seu corpo sem parar de se mover na frente do meu. – Me toca, por favor.

Pedi, implorei. Mani se virou de frente pra mim, seus olhos queimando em desejo. Foi como uma explosão de sensações, uma conexão mais do que certa. Éramos apenas nós dentro de um quarto a meia luz, ao som de uma música erótica, caminhando juntas para um lugar sem saída. Mas eu não queria saída, e seus olhos me diziam o mesmo. Me desliguei do mundo, me liguei à ela. Peguei suas mãos, as coloquei sobre os meus seios. Meus mamilos mais do que doloridos de tesão em suas palmas abertas. Fechei os olhos ao sentir o contato. Queria ensiná-la, queria aprender, queria fazer, queria possuir.

: - Me toque, Mani, sem receio. – Forcei suas mãos em meus seios, gemendo baixinho com um sorriso quando seus dedos ansiosos fecharam-se deliciosamente na minha carne, apertando, massageando, sem medo, do jeito que eu precisava. – Isso... Assim.

Eu joguei a cabeça para trás, tirando minhas mãos de cima das suas, enfiando os meus dedos entre seu cabelo quando senti seus lábios tocarem o meu pescoço.

: - Dinah... – Ela murmurou, tocando-me tão atenciosamente, fazendo-me sentir o coração explodir em batidas desesperadas de euforia. Seu jeito tímido e virgem me deixava louca. Seus lábios acariciaram a minha orelha, me arrepiando dos pés a cabeça. Naquela altura do campeonato, medo e receio eram o que eu desconhecia. – Eu quero você.

: - Eu também te quero muito, muito.

Eu disse antes de beijá-la com fervor, calando a ardência no peito, acendendo a chama no corpo, incendiando aquele metro quadrado. Nos beijamos quase em desespero, como se pudéssemos nos fundir. Nossas mãos vagavam sem rumo, nos despindo, bagunçando os fios de cabelo, descobrindo a maciez da pele, excitando e molhando os sexos quentes de desejo. Nos roçamos pelo caminho, seios colados, uma coxa entre as outras, dedos por todos os lados. A encostei na parede, separei nossas bocas, desci meus lábios sedentos por seu pescoço, lambendo e mordendo, sugando e marcando. Ela gemia, se contorcia em minhas mãos, afagando meu cabelo, puxando, enrolando os dedos. Eu sentia a minha excitação melar as minhas coxas, novamente, algo inédito para mim.

Parei na altura de seus seios, admirei, toquei com as mãos, massageei. Mani deslizou a língua pelos lábios, arranhou meus ombros, desceu por minhas costas causando uma sequência de arrepios em minha coluna. Eu queria que ela se sentisse como nunca antes, queria dar a ela um prazer inesquecível, fazer com que se sentisse mulher, me sentir mulher... Com ela, só com ela. Oferecer uma primeira vez única, fazer da minha milésima vez a primeira novamente. Cheirei a pele entre seus seios, sobre eles, desci as mãos por suas costas, peguei na bunda. Apertei. Mordi o lábio, mordi a carne macia abaixo de seu mamilo.

: - Oh, Dinah! – Ela soltou um gemido como um lamento, agarrando no cabelo perto da minha nuca, guiando a minha cabeça para o lugar que ela queria. Eu sorri pelo seu desespero, tremendo sobre as minhas pernas no meu próprio. Umedeci os lábios, cobri o mamilo com a boca, com a língua, enchi de carícias, molhei de saliva. Suguei, lambi, mordi, chupei. O jeito que ela gemia me fez revirar os olhos, aquela voz rouca e deliciosa, a coluna curvando-se na parede para se oferecer à mim. Massageei o outro seio, belisquei o mamilo, arranhei a barriga com a mão livre, as coxas, a bunda. Me esfreguei nela, a esfreguei em mim. – Mais forte... Dinah! Sim. Oh, por favor!

Ela começou a tremer de pé, ali naquela parede, e eu soube que ela gozaria apenas com a minha boca em seus seios. Saber daquilo me deixou tão feliz e excitada que senti um latejar doloroso em meu sexo. Chupei com mais força, alternando entre um mamilo e outro, adorando a sensação nova, adorando ter a minha língua em um corpo diferente e maravilhoso. Mani cravou as unhas em meus ombros, jogando a cabeça para trás e engasgando em seus próprios gemidos. Eu derreti inteira quando ela se desesperou, convulsionando nas minhas mãos, gritando o meu nome, roçando em mim, me puxando para ela.

: - Isso... Deixe vir. Goza pra mim. – Gemi em seu ouvido, a apertando contra a parede, impedindo que ela escorregasse. Ergui uma de suas pernas na altura da minha cintura, me enfiei entre suas coxas, esfreguei meu sexo ao dela. Delirei, tão bom, tão bom... Esfreguei de novo enquanto ela gozava, arranhando as minhas costas, me fazendo enxergar mais estrelas que um dia já vi na vida. – Oh, Mani... Porra!

Clamei perdida, louca de tesão, me deliciando com suas contrações musculares, adorando sua expressão de êxtase. A beijei para calar o grito que queria sair da garganta, afundei minha língua em sua boca desesperada, decorando qualquer espaço, sugando todo o gosto. Ela tremia, abraçando a minha cintura com a perna direita.

: - Por Deus, Dinah. – Ela sorriu contra os meus lábios, beijei seu sorriso. – Você é tão gostosa. A sua boca, sua língua, suas mãos. Eu nunca me senti assim antes, eu nunca gozei assim antes, nem mesmo sozinha.

: - Shiu! Não diz nada. – Coloquei o dedo indicador contra os seus lábios, grudando nossas testas. – Apenas sinta. Me deixe te mostrar o quanto te desejo, o quanto você é linda e o quanto eu quero você se sinta especial.

: - Você faz com que eu me sinta especial.

Eu sorri contra a pele de sua bochecha, descendo a minha mão na direção do lugar onde eu mais queria tocar. 

: - Ah, Mani, eu ainda farei isso de tantas maneiras.

Fiz promessas em silêncio, puxando-a para cima, fazendo com que ela rodeasse as pernas em minha cintura. A levei para a cama, a deitei sobre o colchão. Beijei sua boca, desci por seu pescoço, seios, costelas. Ela se revirava, sorria, cantava a música que ainda tocava, rebolava no ritmo, me invadia de corpo e alma onde eu me pedia, sem noção se me encontraria ao acordar. Deitei-me entre suas pernas, afastei suas coxas. Seu sexo molhado brilhava por conta do líquido cheiroso que ela me oferecia. Fechei os olhos, respirei fundo, tremi inteira, literalmente salivando. Arrastei as unhas em sua barriga, vendo-a se apoiar nos cotovelos para me encarar. Em seus olhos um pedido mudo para que eu fizesse... E eu fiz. A lambi de baixo para cima, ouvindo-a soltar um gemido longo no mesmo instante em que a música chegou em seu ponto alto. O gosto, aquele gosto não era nada parecia ao que eu estava acostumava. Tão feminino e suave, tão viciante e excitante. Chupei o clitóris inchado, gemi contra a carne quente. Suas mãos se perderam em meu cabelo, puxando, forçando a minha cabeça. Minha língua curiosa vasculhava todos os cantos, descendo e subindo, circulando, vibrando, entrando e saindo.

: - Aaah, sim... Sim! – Mani rebolou na minha boca, apertou os próprios seios, parecia dançar em cima dos lençóis de seda como em um clipe exclusivo para mim, completamente entregue e solta. Fechei meus olhos, chupando-a com tanta vontade que senti meu próprio orgasmo se aproximar. – Isso... Dinah! Dinah!

Ela gaguejou e chamou por mim, se agarrando em meu cabelo quando eu passei a lamber a parte interna de suas coxas enquanto a masturbava rapidamente. Cinco segundos foi o tempo necessário para uma sequência de espasmos atingir o seu corpo delicioso, fazendo com que ela gemesse e se agarrasse nos lençóis como se sentisse uma dor enorme. Eu coloquei a boca em seu sexo de novo, penetrando a minha língua o mais fundo que consegui. Mani gozou para mim outra vez, se derretendo na minha boca, bebi dela com sede, me lambuzando com aquele líquido quente, sentindo um grau de satisfação tão grande que beirei a loucura. Subi por seu corpo com pressa, uma coxa em cada lado de seu quadril. Precisava senti-la dentro de mim, precisava acalmar o meu corpo daquela sensação que parecia nunca ter fim. Ela estava completamente suada, sorrindo de olhos fechados. Beijei sua boca, peguei sua mão, ergui um pouco o quadril e sentei sobre os seus dedos, soltando um gemido tão choroso que pensei estar gozando. Ela me preencheu inteira, era como se um ponto novo tivesse acabado de ser descoberto dentro de mim.

: - Você está tão molhada. – Ela gemia enquanto dizia, acariciando a minha cintura, minha bunda. Eu ronronei, me afundando ainda mais em seus dedos, até o limite, ou sem limite. Dizendo com os olhos o que ela deveria fazer. – Tão... Quente.

: - Oh sim, baby. – Eu disse quando comecei a sentar sobre ela, cavalgando em um ritmo intenso, louca pra gozar, louca pra gritar. – Assim... Bem fundo, bem gostoso, Mani. Vai...

Levei as mãos até meu cabelo, enfiando os dedos entre as mechas enquanto rebolava, sentindo-a me penetrar com vontade, me provocando calafrios, me arrancando gemidos altos, fazendo com que eu me sentisse muito mulher. Seu jeito inexperiente me fascinava, a minha falta de pudor no sexo a ensinava. Aprendíamos juntas, desfrutávamos mais ainda. Meu sexo queimava, latejava. Me curvei para frente, espalmei as mãos ao lado de sua cabeça. Ela se ergueu um pouco, abocanhou meu seio direito. Ergui o queixo, gemi enlouquecida. Fiz movimentos para cima e para baixo, para frente e para trás. Cavalguei naqueles dedos como se quisesse tê-los ali para sempre. Na batida, no ritmo da música, no clima. Sua língua ágil deslizou em meus mamilos, fazendo-me tremer. Ela chupou, eu gritei. Joguei a cabeça para trás, sentindo a vibração infernal subir por minhas pernas e explodir no meu sexo.

: - Maaani! – Cantei seu apelido, cravando minhas unhas em seus seios enquanto me contorcia em um orgasmo glorioso sobre ela. – Oh, porra! Ah, Mani! Sim, sim, sim... Hmmm.

Jorrei em seu quadril, suando e tremendo, choramingando em um prazer surreal pra mim. Seus olhos me devoraram, uma intensidade que nunca vi antes. Aquela era mesmo uma inocência perdida. Deixei meu corpo cair para frente no fim do orgasmo, enterrando a cabeça no pescoço dela. Nossas respirações desesperadas nos sacudindo, estávamos tão suadas que nossas peles deslizavam. Eu estava fascinada, em êxtase, exausta.

: - Eu estou estranhamente feliz. – Ela disse acima da minha cabeça, alisando as minhas costas, me fazendo sorrir. A voz cansada, baixa. – Tão... Completa. Parece que não sou a mesma de antes depois do que acabamos de viver.

: - Posso me sentir honrada por isso?

Perguntei erguendo a cabeça para olhá-la, em seus olhos um carinho tão grande que me aqueceu por dentro.

: - Não só pode como deve. – Ela sorriu doce, passando a mão na minha testa, secando o suor. – Você, mais uma vez, foi a primeira.

O sorriso que eu abri fez minhas bochechas doerem, onde me arrastei para cima até que pudesse beijá-la. Fiz isso com calma, delicadeza, selando o momento especial para nós duas.

: - Obrigada por confiar em mim. – Acariciei seu rosto, sentindo meu coração acelerar drasticamente. Entrelacei nossos dedos, beijei as costas de sua mão. – Isso foi importante.

: - Eu sei. – Mani colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, segurando nossos olhares de um jeito intenso. – Eu realmente gosto de você, Dinah. Muito... Gosto de verdade.

Eu não sabia dizer o que senti a ouvir aquilo, ao que entendi por trás de suas palavras sinceras. Meu coração dizia por mim, batendo acelerado na minha garganta, rasgando um sorriso besta em meu rosto. Suspirei, perdida no mesmo gostar que o dela, sem pressão para revelar, sem intenção de esconder.

: - Eu também, de estar com você... Não mais apenas como uma boa amizade, Mani, mas de mulher para mulher. Eu te desejo, eu sinto sua falta, eu quero ficar contigo quando temos tempo vago, aproveitar tua companhia, te beijar. – Beijei sua boca, ela sorriu pra mim. Suspirei, enrolando nossas pernas, a abraçando com o braço livre. Sentia um pouco de frio. – Eu não tenho ideia do que é tudo isso e de onde vai terminar, mas eu te juro, eu juro que não posso e não quero parar.

: - Mas quem falou em parar?

Ela perguntou esperando uma resposta, mas não disse que a queria com palavras. Beijei-a novamente, buscando me perder outra vez, me embolando nela para nos acender de novo, ansiosa para lhe responder com gestos. Viramos a noite daquele jeito, ensinando uma a outra de nossas maneiras, aprendendo coisas novas, inventando outras. Eu poderia estar com os pensamentos focados em apenas uma coisa, mas eu sabia que no dia seguinte sairia cedo rumo a Santa Ana, com a minha decisão nas mãos, pronta para ter uma última conversa com aquele que foi o meu namorado por todo esse tempo. Havia provado a liberdade com Normani para continuar presa ao comodismo. Eu sempre fui um alguém de atitude, e não voltaria para casa na tarde seguinte sem resolver o que queria. Siope iria me ouvir, eu sabia que não seria fácil. Mas nada na minha vida nunca foi fácil, por que teria de ser naquele momento? Os obstáculos tornam tudo mais interessante, no final, a vitória se torna um prato de sopa quente em um inverno congelante. 


Notas Finais




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