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História Falling in love for the last time. - Turning page.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Antes de tudo peço desculpas pelo tempo que demorei para postar, mas eu realmente não estava em condições de pensar e elaborar um capítulo nas últimas semanas. Me desculpem. ): Mas ele está ai, espero que gostem. Aos poucos já estou ajeitando as coisas para o final da fic, não vai demorar muito tempo. Eu estava com saudades de escrever e bem, eu amo vocês. Qualquer erro eu conserto depois, estou morta de sono no momento, então... Relevem. ♥

Capítulo 51 - Turning page.


Fanfic / Fanfiction Falling in love for the last time. - Turning page.

 

Lauren POV.

: - 20 minutos de descanso, meninas.

Piter, um de nossos coreógrafos, avisou depois de uma hora e meia seguida de ensaio. Eu soltei um gemido de alívio, meu quadril estava dolorido de tanto forçá-lo de um lado para o outro sem pausa. O moletom cinza que eu vestia esquentava as minhas pernas, o top preto sem alças ao redor dos meus seios completamente colado na minha pele por causa do suor. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, o que não diminuiu o meu nervoso por sentir os fios grudando na minha nuca.

: - Mais alguns minutos dançando e eu passaria dessa pra pior.

Dinah resmungou sentando no chão, apoiando as mãos atrás do corpo. Eu ri cansada e andei até uma pequena bolsa térmica ao lado de uma das cadeiras, retirando de lá duas garrafas de água.

: - Piter está pegando pesado conosco. Será que ele acha que engordamos nas férias?

Ally perguntou enquanto secava o rosto com uma toalha branca, sentada ao lado de Mani.

: - Eu confesso que ganhei um pouco de peso. – Comentei um pouco frustrada, estendendo a mão direita com uma das garrafas de água para Camila, que sentada ao lado de Dinah, tentava por a respiração sob controle. – Toma, bebe tudo isso ai.

: - Obrigada, amor.

Ela me deu uma piscadela e pegou a garrafa, me fazendo sorrir.

: - Laur, você só pode estar brincando. – Mani negou com a cabeça enquanto eu abria a minha garrafa, bebendo um grande gole. A água gelada desceu por minha garganta, me refrescando um pouco. – Você nunca esteve tão em forma. Olhe só a sua barriga, eu não me lembro de vê-la tão definida assim antes. Seu corpo sempre foi maravilhoso, mas nos últimos meses você marcou alguns traços.

: - Verdade, Lauren, eu posso até ver os seus músculos daqui. E isso não acontecia antes.

Dinah riu e passou a mão pela testa, limpando o suor. Minhas bochechas arderam um pouco. Bebi mais um gole de água.

: - Me sinto um pouco mais pesada, eu não sei explicar.

Era fato que eu passei um bom tempo me preocupando com o meu corpo, cansada de ouvir as pessoas comentarem o quão gorda eu parecia estar. Eu lia algumas coisas e ficava bastante incomodada, chateada também. Todas as meninas possuíam um corpo de causar inveja, todas em forma, barrigas chapadas, bundas em cima. Dentro de toda aquela situação, eu era a única alfinetada pelas pessoas por parecer um pouco mais cheia. Eu nunca achei que estivesse realmente acima do peso, eu gostava do que via no espelho e me sentia bem comigo mesma. Mas em um determinado ponto, de tanto ler comentários e piadas sobre como eu estava “gorda”, acabei pegando raiva da palavra. Eu me dediquei alguns meses na academia, nos ensaios, controlei alimentação e cortei até mesmo o que mais gostava de comer. Por mais que o resultado tivesse sido ótimo, eu ficava um pouco paranóica com o meu peso.

: - Lo, você está ótima, você sempre esteve muito gostosa. Seu corpo nunca foi o problema, o problema sempre foi as pessoas. – Camila bebeu mais um gole de sua água e umedeceu os lábios, respirando fundo. – E pessoas cegas, diga-se de passagem.

: - Você é suspeita para dizer isso, Mila. – Ally rolou os olhos e nós rimos. – Mas eu concordo. Você está maravilhosa, não pense ao contrário.

: - Certo. – Eu ri sem graça e mordi o lábio inferior, fechando a minha garrafa de água. – Já podem parar de me envergonhar.

: - Passiva envergonhada é novidade. Vergonha de gritar não tem.

Dinah alfinetou e eu rolei os olhos para ela, arrancando risadas das meninas.

: - Cale-se, por favor.

Ela me mandou um beijinho e eu não resisti, acabei retribuindo. Com calma eu escorreguei para perto de Camila, sentando-me ao seu lado. Seu rosto estava completamente vermelho, seu cabelo preso em um rabo de cavalo assim como o meu. Seu corpo vestido por um short curto de algodão preto e uma regata apertada na cor lilás, uma gracinha. Sorri de canto e peguei a toalha que ela tinha na nuca, erguendo a mão para secar as gotículas de suor em sua testa.

: - Bebe mais um pouco de água, Camz. – Pedi descendo a toalha para o seu pescoço, secando toda a região até a clavícula. – Você suou muito e precisa repor o líquido que perdeu.

: - Minha barriga vai explodir de tanta água que bebi, Lo, esvaziei metade da garrafa. – Ela fez beicinho e eu suspirei, retirando uma mecha de cabelo que estava grudada em sua testa.

: - Você não pode simplesmente fazer o que eu peço sem argumentar?

Rolei os olhos e a ouvi dar uma pequena risada, segurando a minha mão com a toalha para beijar as costas.

: - Eu realmente estou satisfeita.

: - Tudo bem. – Me curvei um pouco para ela e selei seus lábios quentes, acariciando sua bochecha. – Sem mais água.

Camila concordou com a cabeça rapidamente, olhando em meus olhos antes de focar o olhar em minha boca, me seguindo quando eu levei a minha coluna para trás novamente.

: - Só mais beijos.

Eu suspirei e seus lábios estavam nos meus outra vez, apenas uma carícia externa, sem aprofundar. Trocamos alguns longos selinhos, ela estava colocando toda a sua atenção no ato de beijar o meu sorriso. Nós não nos importávamos de nos beijar ali, todas as pessoas presentes naquela sala sabiam do nosso relacionamento. As pessoas eram apenas as meninas e nossos coreógrafos.

: - Camz... – Mordi seu lábio inferior. – Nós podemos ir... – Ela mordeu o meu lábio superior. – Ali no banheiro... – Trocamos mais um selinho. – Ter um momento... – E mais outro. – Sozinhas?

: - Hmmm, podemos.

Ela sorriu e foi a minha vez de beijar o seu sorriso, seus pequenos dedos acariciando o meu pescoço suado.

: - Ah, não podem não, não podem mesmo.

Dinah resmungou puxando Camila pelo rabo de cavalo, levando sua cabeça para trás e a afastando de mim.

: - Ei! – Fiz beicinho.

: - Ai, Cheechee.

: - “Ai, Cheechee” porra nenhuma. Podem separar porque é capaz de vocês transarem aqui.

Eu pisquei e Dinah passou Camila para o outro lado, agarrando-a pela cintura, ficando assim no meio de nós duas.

: - Isso não é justo.

Eu ainda mantinha o beicinho, piscando os olhos rapidamente para Dinah. Camila choramingou e seu rosto se contorceu em uma expressão amorosa.

: - Nem adianta fazer essa cara de cachorro sem dono pra mim, Lauren. – Abaixei os ombros frustrada. – Se vocês não podem manter esses dedos longe uma da outra por mais de dez minutos, eu ajudo.

: - Você é uma invejosa.

Comentei retirando a minha expressão desolada, passando para uma enojada rapidamente. Virei para frente e envolvi os joelhos com os braços.

: - Sou mesmo.

: - Cheechee... – Camz tentou.

: - Fica quietinha aqui, Chancho, Lauren tem abusado demais de você nos últimos dias.

: - Vocês estão sempre explodindo dentro de suas calcinhas. Também sou invejosa.

Mani disse rindo e me fazendo acompanhá-la.

: - Normani! – Ally exclamou a dando um tapa no braço. – Meu Deus do céu, quando eu penso que não pode piorar...

: - Vocês precisam transar, gente, isso é sério. – Resmunguei secando a minha nuca com a toalhinha de Camila. – Sexo melhora o humor, a mente, a saúde, a vida. Por mim eu transaria vinte e quatro horas por dia.

: - Faça isso e Camila será apenas uma bunda ambulante.

Dinah me empurrou pelo ombro e nós explodimos em uma gargalhada, o rosto de Camz ganhando uma coloração vermelha.

: - Não comecem a falar de mim, o assunto era sobre a Lauren.

Estreitei os meus olhos e fitei Camila, seus ombros subindo automaticamente.

: - Traidora. – Acusei.

: - Ainda terei sexo mesmo depois disso?

Ela perguntou fazendo biquinho e eu ouvi Ally falar com Deus atrás de mim. Coloquei-me de joelhos e me curvei para frente de forma rápida, por cima de Dinah, selando os lábios de Camila.

: - Jauregui! – Dinah exclamou.

: - Você terá sexo de qualquer jeito.

Eu disse à Camila e rocei nossos narizes antes de voltar para trás, sendo empurrada por Dinah.

: - Maldita hora que eu fui shippar Camren, maldita hora.

: - Não há volta, Jane.

Mani fez uma cara nostálgica e apertou os ombros de Dinah em compreensão.

: - O que não há volta, Hamilton?

Eu paralisei no meu lugar ao ouvir aquela voz atrás de mim, foi como se minha cabeça tentasse processar a ocorrência. Eu pisquei estática e demorei alguns segundos para encarar as meninas, que fitavam a pessoa logo atrás com a mesma expressão que a minha. Aquilo só podia ser um pesadelo, não que eu achasse que realmente havia acordado do último.

: - Jodi?

Foi a voz de Camila que eu ouvi quando o transe foi embora.

: - Surpresa em me ver, Cabello? Pensou que eu havia ido embora?

Sua voz ainda continha o mesmo nível de sujeira que eu conseguia me lembrar. Eu não me virei para olhá-la, eu não poderia. Meu corpo estava tensionado e o nojo amargando a minha garganta. Fui burra demais em pensar que ela iria sumir depois de conseguir o que queria? Fui.

: - Pensei, não creio que tenha mais motivos para continuar fazendo o que fazia, sendo que já conseguiu o que queria. Qual é o sentido?

Camila estava irritada, identifiquei o pequeno estresse em seu tom.

: - Como sabe, Cabello, vigiar é o meu trabalho. Sou paga para cuidar da imagem de vocês e não deixar que pisem fora do limite. O que você e Jauregui vão fazer nos bastidores ou dentro de casa pouco me importa, eu já fiz o que tinha que fazer. Mas não é assim que as coisas vão funcionar em público, alguém precisa estar lá sempre lembrando o que podem e o que não podem fazer, crianças, e essa pessoa sou eu. Eu espero não ouvir reclamações, eu realmente não gostaria de me estressar com infantilidades. Portanto, controlem seus hormônios e suas crises de adolescentes, eu ainda estou aqui e as coisas vão funcionar do meu jeito.

: - Então vamos ver.

Eu disse rolando os olhos ao me levantar, virando de frente para fitá-la. As meninas levantaram junto, Dinah estava mais próxima em um piscar de olhos. Acho que ela havia guardado certo trauma desde a minha última briga com Jodi. Nós nos encaramos, ela com arrogância, eu desafiadora.

: - Você não perde esse nariz em pé, não é, Lauren? Sempre atrevida.

Suas mãos estavam atrás de seu corpo em sua marca registrada. Eu considerei avançar mais alguns passos, mas a mão de Dinah já estava na minha barriga me empurrando para trás sem que eu desse qualquer passo para frente. Será que ela leu os meus pensamentos?

: - Não, não mesmo, assim como você não perde todo esse ar podre que te rodeia. – Ela fechou a expressão. – Eu quero que saiba que agora as coisas serão diferentes, eu já não tenho mais nada para perder. Eu não vou fazer em público porque eu não quero, porque eu não quero prejudicar as meninas e dar motivos para falarem, não porque você não vai deixar. Eu quero você longe de mim e longe da minha namorada no estúdio ou em qualquer outro lugar. Não fale conosco quando não for necessário, eu não lhe dou intimidade para isso, aliás, eu nunca dei. E não vem com essa de “sou eu quem manda aqui” porque o buraco agora é mais embaixo. É graças ao meu talento e o das meninas que você recebe essa grana preta para tomar conta da vida dos outros. Então, coloque-se no seu lugar e saiba que eu não vou pensar duas vezes antes de partir pra cima de você, caso ultrapasse o meu limite. Repito, eu não tenho mais nada para perder, ao contrário de você. Espero que estejamos entendidas.

Quando terminei de falar, respirei tão fundo que senti o peito arder. Dinah me encarava de boca aberta, Mani e Ally com a mesma expressão. Camila com um sorriso de canto e Jodi, bem... Jodi com o mesmo olhar gélido e horripilante de sempre.

: - Ainda vou cortar as tuas asas e isso não vai demorar. – Jodi sorriu de canto e olhou para Camila, dando um passo para o lado. – Mantenha a tua namoradinha sob controle, Cabello, ou eu terei que dar um jeito nisso.

Eu iria responder, mas ela girou em seus calcanhares para andar na direção da saída, dizendo mais alto antes de sair.

: - Não quero atrasos para a festa da Teen Vogue hoje à noite, cabeleireiros e maquiadores estarão na mansão às seis em ponto. Colaborem.

Depois disso tudo o que ouvi foi o barulho da grande porta batendo. Abaixei os meus ombros e me curvei para frente, apoiando as mãos nos joelhos para tomar uma lufada de ar.

: - Isso é frustrante. Fui ingênua ao pensar que ela iria embora depois de tudo o que fez. – Camila estava falando e bufando enquanto se aproximava de mim, subindo as mãos por minhas costas para esfregar minha nuca. – Você está bem?

Apenas concordei com a cabeça, retomando a minha postura ereta.

: - Ela realmente é a pessoa mais desprezível que eu já conheci.

Ally comentou com um tom de voz chateado, passando a toalha branca pelo rosto.

: - Temos que aguentar, não temos outra opção.

Mani riu triste, apoiando o braço direito no ombro de Dinah.

: - Já aguentamos até agora, somos capazes de aguentar enquanto durar. – Suspirando profundamente, Dinah ergueu seus braços acima de sua cabeça e se esticou, gemendo baixinho. – Precisamos focar apenas no fato de que somos unidas e vamos permanecer assim, não há nada que não possamos ultrapassar se estivermos juntas. Não vamos deixar que Jodi estrague o tempo que temos para viver isso da melhor forma, por favor.

: - Exatamente. – Concordei fechando os olhos um pouco, massageando minhas têmporas. – Falou o que eu precisava ouvir.

: - Você quer uma massagem? – Camila perguntou ajeitando algumas mechas do meu cabelo atrás da minha orelha direita, que se soltaram do meu rabo de cavalo. – Eu posso aliviar os seus ombros um pouco, ou suas têmporas.

: - Eu adoraria. – Eu suspirei me virando de frente para ela, sorrindo de forma gentil e sentindo o meu corpo se aquecer por dentro. – Mas não agora, mais tarde, sim? Quando eu estiver limpa e cheirosa, depois da festa. No momento não é bem assim que eu estou.

Curvei-me para frente e depositei um beijo em sua testa, subindo as mãos por seus braços.

: - Está bem. – Camila sorriu e mordeu o lábio inferior, me dando um beijinho na bochecha. – Esqueça esse assunto, eu já esqueci. Caso fique incomodada, lembre-se que eu te amo. Você vai lembrar, não vai?

: - Você é tão doce. – Eu me derreti inteira e puxei-a para mim, a abraçando com força ao senti-la esconder o rosto em meu pescoço. As meninas atrás de nós mantinham uma conversa, mas fizeram um show de sons nasais com a pequena cena entre eu e minha adorável garota. – Eu não vou me lembrar de mais nada, Camz. Eu também te amo.

Beijei sua testa outra vez e suspirei. Aquele era o motivo de estar ali, por ela.

: - Acabou a moleza. Deixem o romance para depois e vamos pegar pesado outra vez. – Camila, eu e as meninas gememos frustradas. – Vamos, nas posições, quero ver suor e cansaço.

: - Te odeio, Piter.

Dinah resmungou, voltando para a sua posição de combate. Afastei Camz pelos ombros gentilmente, apertando de leve seu nariz.

: - Sou o culpado pela sua boa forma, Dinah Jane. Beije os meus pés.

: - Odeio gays. Odeio, odeio essa raça.

Dinah olhou para Camila e eu, estreitando os olhos e nos fazendo rir juntamente com os coreógrafos.

: - Eu sei bem o quanto você odeia os gays, meu bem, poderia até ser presa por homofobia. Mas seria uma pena se eu contasse o que eu vejo. Gays são vingativos, não se esqueça.

: - Adoro uma vingança.

Camila cantou de queixo erguido e sobrancelhas em pé.

: - Lésbicas... Sempre perigosas.

Mani negou com a cabeça e virou as costas, assim como Dinah, voltando para a sua posição.

Nós estávamos rindo quando soltaram a primeira música de ensaio, olhando nosso reflexo no grande espelho mais na frente.

: - Ok, Fifth Harmony, vamos parar de falar e agir. Mostrem-me o motivo de estarem no mundo.

Piter bateu duas palmas e virou-se de costas, pronto para dar início a coreografia enquanto nosso outro coreógrafo se aproximava. Tudo o que fiz foi me dedicar ao meu trabalho e suar, sem pensar em mais nada. Se eu disse que as coisas seriam diferentes, acredite, elas seriam.

As oito em ponto nós estávamos sendo bombardeadas por flashes no tapete vermelho da "Teen Vogue Young Hollywood", uma festa anual realizada pela revista, ponto de encontro dos maiores nomes jovens de Hollywood. Nós estávamos no meio, assim como estivemos em 2013, primeiro pelo nome do grupo no topo de toda a mídia americana, rodeado de polêmicas e uma legião de fãs barulhentos, segundo pelo fato de que seríamos capa da próxima edição da Teen Vogue. Minha boca estava dolorida de tanto sorrir, meus olhos ardendo por causa dos flashes. Os paparazzi disputando entre si pela nossa atenção me fazia sentir vontade de rir. Nossos vestidos eram todos no meio de nossas coxas, cortes diferentes e tecidos também, mas mantendo o mesmo tamanho. Diferentemente da última vez que usamos cinza e preto naquele mesmo evento, eu e Normani vestíamos branco, Dinah e Camila diferentes tons de azul, e Ally em uma mistura perfeita das duas cores. O vestido dela, com toda a sinceridade, era o mais bonito entre nós cinco. Aquela noite Camila resolveu deixar seus laços de lado, optando por um penteado que deixou sua nuca completamente descoberta, mantendo as mechas de seu cabelo presas em um coque luxuoso. Sua franja caía por cima de seu olho direito, destacando o olhar sedutor que ela lançava para as câmeras que a namoravam. Eu era mesmo um alguém de muita, mas muita sorte. Ela estava vestida para matar e eu disposta a morrer. Não conseguia retirar os meus olhos dela, disfarçadamente a seguia com o olhar por todos os cantos. Estava literalmente babando, esperando pela oportunidade de dizer o quão linda ela estava, outra vez. Eu já havia dito umas três vezes aquela noite, nunca me cansaria.

: - Você não sabe quem está aqui.

Ally comentou por trás do sorriso enquanto posávamos para mais algumas fotos. Ajeitei o cabelo por cima dos ombros e me virei de lado, mantendo o sorriso no rosto.

: - Quem?

Mudei a posição e a pose, correndo os meus olhos pelo local rapidamente. Camila, Dinah e Mani conversavam mais ao lado com algumas pessoas.

: - Emblem 3.

Ally disse por trás dos dentes para não perder o sorriso, quase me fazendo engasgar.

: - Merda! – Exclamei suspirando de forma tediosa quando os fotógrafos saíram, me virando de frente para Ally que me fitava com a mesma expressão. – Que diabos eles estão fazendo aqui?

: - Eu não sei, Laur, mas estão aqui. Prepara-se porque logo virão falar conosco e bem, você sabe...

Ally chegou um pouco para o lado e espiou as meninas. Olhei por cima do ombro esquerdo e Camila tinha seus olhos em mim, me observava cuidadosamente. Bufei e olhei para Allyson outra vez.

: - Vai ficar a porra daquele clima chato de todas as vezes. – Cocei a nuca. – Eu sinceramente não imaginei que eles estariam aqui. Olha, não quero ser rude, mas não creio que eles tenham espaço na mídia o bastante para um evento como esse.

Ally riu baixinho e pegou uma taça de coquetel quando o garçom passou com a bandeja ao lado, me fazendo invejá-la. Desejei beber algo com álcool para calar o pequeno nervosismo que começou a me balançar.

: - Vai entender essa gente, Laur. – Com delicadeza e toda a classe que ela tinha, Ally bebeu um pequeno gole, limpando os lábios com a língua logo depois enquanto observava ao seu redor. – Só fica atenta porque Camila não tira os olhos de você, acho que ela já sabe que eles estão aqui. Seja educada com Keaton, mas não tanto como costumava ser, ou vai magoá-la.

: - Eu sei. – Respirei fundo fechando os meus olhos brevemente. Minha sorte era uma merda. Qual era a necessidade da presença deles ali? Nós nos encontrávamos raras vezes pelos festivais da vida, e isso vinha acontecendo mais raramente ainda nos últimos meses. – Tudo o que eu não quero hoje é chatear Camila mais do que já chateei algum dia com esse assunto. Vou ser cautelosa.

: - Isso. – Ally bebeu mais um pouco e abriu um sorriso enorme, me fazendo erguer as sobrancelhas em confusão. – Agora finge que eu não te disse nada e sorria porque elas estão vindo pra cá.

Eu mal tive tempo de mudar de expressão, em segundos as três já estavam ao nosso lado.

: - Essa festa é mesmo sensacional, eu estou louca para pagar de fã, mas se faço isso acho que Jodi me dá um tiro na cabeça.

Dinah disse rindo e espiou por cima dos ombros, vendo Jodi conversar com algumas pessoas bem atrás de nós.

: - Deixa para o final.

Mani sorriu e olhou ao redor, acompanhando com os olhos todos os famosos que entravam. Eu suspirei um pouco sem graça, Camila me observava sem nem ao menos descer o olhar e aquilo estava me apavorando. Sua expressão não era ruim, ela apenas parecia me despir e eu sabia exatamente o que significava. Da forma mais sutil, estava tomando conta do que era dela. Senti vontade de beijá-la, por mais sem graça que pudesse estar com seu olhar intenso, adorava o que ele demonstrava. Xinguei ao céus por não poder permanecer perto dela da forma que queria, agarrada em sua cintura e nossos lábios pressionados. Então, sorrateiramente eu andei para seu lado direito, mordendo o lábio inferior.

: - Você está linda.

Eu disse virando o meu rosto para ela, ainda sim mantendo uma distância necessária entre nós. Camila colocou um pequeno sorriso nos lábios, erguendo a mão esquerda para acariciar sua nuca nua delicadamente.

: - Eu já ouvi isso algumas vezes essa noite.

Sua voz rouca me agitou um pouco, onde me deixei sorrir. Olhei para frente e fitei Dinah conversando com Ally.

: - Espero que eu tenha sido a única a dizer.

: - Sinto muito. – Ergui as sobrancelhas.

: - Oh! – Me fiz de chocada e a ouvi rir, virando-me para olhá-la outra vez. – Não sei se gosto muito disso.

: - Não há nada que possa fazer.

Seu tom estava um pouco mais hesitante, eu podia sentir o pequeno incômodo no jeito que ela começou a falar. Não era como se ela quisesse ser distante comigo, mas ela automaticamente estava sendo por incômodo. Ela não havia me dito que sabia da presença dos garotos, mas eu sabia que ela estava ciente disso pelo jeito que me olhava. Camila não iria cometer o mesmo erro que o meu e causar uma briga por questão desnecessária, ela era madura demais, mas isso não quer dizer que ela se sentiria confortável naquela situação.  

: - Nós podemos evitar o encontro se você quiser.

Eu disse direta, sem intenção de enrolar e parecer que queria dizer outra coisa. Camila suspirou e negou com a cabeça, mantendo os olhos no mesmo foco que o meu.

: - Inevitável. Está tudo bem, não é a primeira vez e não será a última.

: - Certo.

Eu não tinha mais o que falar, meu medo era ter a palavras distorcidas e acabar a magoando em algum ponto. Calei-me e deixei que uma conversa agradável se formasse ao meu redor, enquanto uma música agitada embalava o ambiente sofisticado e muito bem decorado. Como o esperado, um pouco mais tarde nós nos encontramos com Drew, Wesley e Keaton, uma situação nada confortável. Tivemos um diálogo rápido e posamos para algumas fotos juntos. Camila estava sorrindo, mas eu a conhecia mais do que qualquer outra pessoa no mundo para saber identificar os erros em sua expressão. Procurei permanecer o tempo todo ao lado dela, sempre tocando discretamente de alguma forma para que ela soubesse o quanto eu a queria. Depois da merda que eu fiz na nossa passagem pelo Brasil, eu com certeza era a mais incomodada.

Depois de beber algumas taças de coquetel sem álcool, me senti mais do que apertada para ir ao banheiro. Como não poderia me dar ao luxo da companhia de Camila, e não queria tirar uma das meninas da conversa animada que mantinham com algumas pessoas, pedi licença e fui sozinha. Usei o banheiro rapidamente, lavei minhas mãos e ajeitei a maquiagem. Estava voltando para perto das meninas quando senti alguém tocar o meu braço, me impedindo de continuar a andar.

: - Lauren!

Respire fundo e forcei um sorriso, me virando para encontrar Keaton. Não importa o quão merda uma situação esteja, ela sempre pode piorar. A música alta que tocava o fez se aproximar mais de mim para falar, o que me fez dar um passo para trás e olhar para os lados.

: - Ei.

Eu disse de forma educada e ajeitei o cabelo por cima do ombro direito.

: - Você está linda, queria ter dito isso antes, mas...

Sério? Senti vontade de rolar os olhos, mas tudo o que fiz foi sorrir forçadamente. Comecei a me perguntar onde que eu estava com a minha cabeça quando namorei com ele. Eu fui uma idiota.

: - Obrigada. - Desci os olhos para a sua mão ainda em meu braço, o que me fez retirá-la de lá educadamente. Keaton me avaliou, aquele cabelo lambido era tão estranho que comecei a me irritar só de olhar pra cara dele. – Eu vou indo...

Avisei pronta para me afastar, mas ele pegou no meu braço outra vez, fazendo-me parar.

: - Lauren... Você e Camila ainda estão juntas, não estão?

Olhei para ele com as sobrancelhas erguidas, as luzes na pista de dança próxima de nós dando uma coloração azulada para o seu rosto.

: - Isso não é da sua conta, Keaton. – Ele riu e negou com a cabeça.

: - Não precisa erguer a defesa, Lauren, só queria saber se ainda tenho alguma chance com você. – O olhei incrédula e comecei a rir. Não era possível estar ouvindo aquilo. – Você sabe, nós poderíamos tentar outra vez. Somos mais velhos agora, temos outra mentalidade. Nunca entendi o motivo desse teu envolvimento com Camila. É só uma garota.

Com todos aqueles anos convivendo com pessoas sem cérebro, eu nunca conheci alguém mais desprovido de inteligência do que Keaton. Chegava a ser ridícula a forma que ele só tinha um corpo bonito e nada mais. Suspirei entediada e finalmente rolei os meus olhos.

: - Nós não teríamos outra chance nem mesmo se eu estivesse solteira, Keaton, não perca o seu tempo. – Tirei sua mão de meu braço outra vez. – E Camila não é só uma garota, ela é a minha garota. Eu sou apaixonada por ela e não há espaço para outro alguém na minha vida.

: - Você está falando sério? – Ele perguntou dessa vez um pouco ofendido, erguendo a mão para ajeitar aquela franja ridícula. Que vontade de socar a cara dele por ser tão idiota. Eu costumava manter uma amizade com ele antigamente, não conseguia enxergar o quão fútil ele havia ficado com o passar do tempo. – Você não parecia ser gay. É meio difícil de acreditar nisso.

Eu iria responder e provavelmente de forma grosseira, mas perdi a fala quando senti uma mão envolver a minha cintura discretamente, um perfume mais do que familiar invadir a minha respiração.

: - Desculpe interromper, Keaton, mas eu vou tomar a minha namorada de você no momento. – Olhei para o lado e Camila estava lá, um sorriso cínico no rosto e um olhar mortífero sobre Keaton. Ele nos encarou rapidamente, abrindo e fechando a boca. – Nós temos que tirar algumas fotos. Você não se importa de ficar sozinho, não é? Claro que não.

Eu senti vontade de gargalhar, estava agradecendo a Deus por ela ter aparecido e mostrado com classe quem é que manda. Se eu pudesse beijaria aquela boca ali mesmo.

: - É... Não, não, está tudo bem.

Se você pudesse ver a cara de Keaton, com certeza iria rir por uma semana. Eu sorri abertamente e olhei para a garota ao meu lado.

: - Vamos, amor? – Ela perguntou e eu balancei a cabeça em positivo.

: - Vamos. – Mordi o lábio inferior e olhei para o garoto, sem saber definir ao certo sua expressão. – Nos vemos por ai, Keaton. Diga aos meninos que foi bom revê-los.

: - Claro.

Ele sorriu sem graça e olhou para Camila, fazendo com que ela erguesse as sobrancelhas e o queixo, naquela típica encarada de posse. Eu sorri e neguei com a cabeça, tocando sua mão suavemente em minha cintura.

: - Vem, baby. – Me virei e pousei a mão esquerda no final de suas costas, a guiando para longe e deixando Keaton ali sozinho, parado feito um poste e com cara de babaca, o que ele era, lógico.  – Obrigada por me salvar.

Sussurrei em seu ouvido de forma discreta enquanto andávamos para perto das meninas.

: - Não por isso.

Camila não sorriu, em seu tom não havia nem um pingo de diversão. Eu senti como se tivesse cometido o maior erro de todos outra vez, ouvi-la daquela forma gelava o meu estômago. Estava receosa, o tempo que passou depois daquele pequeno momento com Keaton foi o mais torturante. Eu não tive espaço para puxar Camila até algum canto e dizer que estava tudo bem, que eu entendia o seu incômodo e que a amava. Eu tive que controlar os meus impulsos e me concentrar apenas em olhá-la, observar suas expressões para saber ao certo como me comportar quando ficássemos sozinhas. Ter errado com ela daquele jeito no Brasil foi o pior que eu poderia ter feito, mal posso dizer o quanto me arrependia. A festa da Teen Vogue seguiu animada, dançamos e tiramos fotos o tempo inteiro, meus pés já estavam mais do que doloridos. Era um pouco mais de meia noite quando saímos de lá, Jodi atrás de nós junto com nossos seguranças evitando qualquer contato que quiséssemos ter com alguns fãs do lado de fora. Aquilo me irritava muito, era injusto e ridículo, muitas vezes arrumei briga com Deus e o mundo apenas para tirar fotos com eles. Não eram quaisquer pessoas, eram nossos fãs e devíamos tudo aquilo a eles. Entramos no carro que nos levaria de volta para casa depois de dar algumas escapadas, rendendo boas selfies. Sentei ao lado da janela, Camila ao meu lado direito, as meninas logo atrás. Olhei para ela e a vi encostar a cabeça no banco, fechando os olhos muito bem maquiados e suspirando. Mordi o lábio inferior e pousei minha mão direta sobre a sua esquerda, em cima de sua coxa. Com calma ela virou a palma, entrelaçando nossos dedos. Abri um pequeno sorriso.

: - Cansada?

Perguntei bem baixinho, iniciando uma pequena carícia em seus dedos.

: - Um pouco.

: - Quer chegar mais pra cá? – Ela abriu os olhos e virou a cabeça para me olhar. – Não quer deitar no meu peito?

: - Não faça esse tipo de convite porque fica difícil de recusar, Lo.

Eu sorri mais aliviada ao ouvir o apelido.

: - E você quer recusar?

Seus olhos brilhavam em cansaço e carinho, fazendo meu coração acelerar quando ela voltou a falar.

: - Essa foi a pergunta mais idiota que já me fizeram na vida.

Negando com a cabeça lentamente, Camila se aproximou e se acomodou contra o meu corpo, me deixando passar os braços ao seu redor. Fechei meus olhos quando ela escondeu o rosto na curva do meu pescoço, respirando fundo para sentir seu cheiro. Aquele calor gostoso de sua respiração acariciando a minha pele, me deixando arrepiada. Era bom saber que independente de qualquer momento desagradável, ela estava onde deveria estar sempre, nos meus braços.

: - Eu amo você, Camila.

Sussurrei contra sua testa, acariciando suas costas, seus braços. Ela suspirou, erguendo a mão para tocar a minha clavícula nua.

: - Também te amo.

Sorri e ergui meus olhos, encontrando o olhar de Jodi pelo retrovisor. Não sei dizer ao certo o que enxergava em seu olhar, mas eu tinha certeza que podia ver certa raiva lá. Nunca iria entender qual era a daquela mulher. Sorri cinicamente para ela e rocei o meu nariz no topo da cabeça de Camila antes de desviar o meu olhar. Pelo visto aqueles meses seriam longos, longos e estranhamente divertidos, ao menos para mim.

Depois de chegar em casa e tomar um banho mais do que merecido, corri para a cozinha e peguei uma taça, colocando bananas cortadas em rodelas e morangos. Peguei o chantilly na geladeira e joguei por cima, chupando o dedo indicador que ficou sujo só para aprovar o meu trabalho. Como Camila ainda estava no banho, subi até o meu quarto, peguei um edredom grosso, dois travesseiros e praticamente voei até o jardim, ajeitando uma pequena cama ao lado da piscina, sob o céu estrelado de Los Angeles. Eu queria agradá-la, ser carinhosa e enchê-la de mimos pelo resto da noite, eu precisava. Coloquei a taça em cima do edredom esticado junto com as colheres e tampei, andando até o canteiro do jardim para pegar uma das rosas. Se o jardineiro da mansão me visse arrancando suas flores dali, com certeza falaria no meu ouvido por uma semana. Eu ri perdida em meus pensamentos ao arrancar a rosa de lá, tomando cuidado com os espinhos. Quando já estava na cozinha novamente me dedicando em retirar os espinhos do caule para não machucar Camila, vi Dinah entrar na cozinha. Ela ergueu as sobrancelhas e abriu a geladeira.

: - Roubando as rosas do jardim, Jauregui? Vou contar isso para o senhor Alex.

: - Ai, quebra o meu galho só dessa vez.

Pedi fazendo beicinho e ela riu, se aproximando com um copo de coca na mão. Puxou um banco e sentou-se com os cotovelos na bancada.

: - Só dessa vez, não posso ser boazinha com você sempre.

Dinah me deu uma piscadela e eu sorri, me aproximando dela para abraçar seu pescoço, enchendo sua bochecha esquerda de beijos.

: - Obrigada. – Beijei outra vez. Ela ria. – Você é maravilhosa. – Beijei seu nariz. – E eu te amo.

: - Falsa, só vem com essas graças quando quer algo. – Rolando seus olhos para mim, Dinah largou o copo na bancada e deu um tapa em minha bunda. – Mas vou relevar porque sei que vai agradar Camila.

: - É tudo o que eu pretendo fazer essa noite. Você sabe... Não quero que ela durma incomodada pelo o que aconteceu hoje na festa da Teen Vogue.

Rodei o caule da rosa em minhas mãos e suspirei.

: - Ela não vai, mostre para ela que não há motivos para esse incômodo. – Dinah sorriu para mim e apertou os meus ombros quando saiu de seu banco. – Não fique se culpando eternamente, Lauren. Você errou, ela perdoou você e agora a vida segue. É normal que Camila fique desconfortável, mas eu sei que você está se culpando o tempo todo por isso, pois te conheço. Não se julgue, supere, assim como ela precisa e vai fazer.  

: - Tem razão.

Abaixei os ombros e me curvei para frente outra vez, para que ela pudesse me dar o que chamávamos de “abraço de urso”.

: - Te amo. – Dinah riu e beijou a minha cabeça, me empurrando pelos ombros. – Agora corra e surpreenda a minha Chancho, ela já havia saído do banheiro quando eu desci. Vai.

: - Eu estou indo. – Comecei a rir quando ela começou a me empurrar para fora. Já estava na porta da cozinha quando parei e olhei por cima do ombro. – Eu também te amo, Hansen.

Mandei um beijinho e ganhei um dedo do meio em troca. Minha relação com Dinah seria para sempre entre tapas e beijos, e não havia nada mais gostoso e sincero do que isso. Subi as escadas correndo e ganhei o corredor um pouco ofegante, coloquei as mãos para trás do corpo e escondi a rosa. Como a porta do meu quarto estava aberta, entrei e Camila estava de costas terminando de vestir a blusa do pijama vermelho. Mordi o lábio inferior e fui me aproximando sem chamar a atenção. Parei a poucos centímetros de distância atrás dela e levei minha mão esquerda até seus olhos, cobrindo sua visão.

: - Ei!

Camila ofegou assustada, dando um leve pulo contra o meu corpo. Eu ri e beijei seu ombro descoberto, respirando fundo para sentir o cheirinho de sabonete que sua pele recém banhada exalava. Seus cabelos ainda estavam presos em um coque, dessa vez feito por ela.

: - Ei. – Coloquei um beijo delicado em sua nuca, ela se arrepiou. – Você quer ir ver as estrelas?

Perguntei baixinho no pé de seu ouvido direito. Eu vi quando ela sorriu.

: - Você vai me fazer vê-las?

Eu tremi um pouco com o tom que ela usou, doce e sensual ao mesmo tempo. Como é que ela conseguia ser as duas coisas na mesma medida? Mesmo que ela estivesse sendo amorosa comigo, sabia que ainda não estava sossegada.

: - Todas elas, uma por uma. – Ela suspirou quando eu beijei a curva de seu pescoço, levando a mão que segurava a rosa para frente, encostando em sua barriga. – Mas antes...

Tire minha mão de seus olhos e a coloquei em sua cintura, apoiando meu queixo em seu ombro. Camila piscou rapidamente para desembaçar a visão e olhou para baixo, onde eu deslizava a rosa delicada suavemente pela blusinha que ela vestia.

: - Lo... – Ela suspirou e mordeu o lábio inferior, erguendo a mão para pegar a rosa. – Você existe mesmo?

 Camz soltou uma pequena risada carinhosa e levou a rosa até o nariz, cheirando ao se virar de frente pra mim. Seus olhos brilhavam, seu sorriso fazendo meu coração acelerar.

: - Existo... – Me curvei para frente e selei seus lábios, encostando nossas testas. – Mas só pra você.

: - Isso é bom, muito bom.

Eu sorri e ela beijou a minha bochecha. Ajeitei uma mecha de seu cabelo atrás da sua orelha e peguei em sua mão.

: - Vamos para o jardim, o céu está bonito demais essa noite e precisamos aproveitar.

Comecei a arrastá-la para fora do quarto, ansiosa para passar toda a madrugada agarrada com ela.

: - Nós vamos dormir lá?

Camila perguntou curiosa quando começamos a descer as escadas.

: - Vamos, já ajeitei tudo. Não levei nada para nos cobrirmos, mas não precisa, se sentir frio eu te abraço.

: - Eu prefiro o seu calor de qualquer forma.

Eu sorri para ela quando atravessamos a sala, passando pela porta, varanda e ganhando o jardim. As luzes estavam apagadas, apenas a pequena iluminação ao redor da piscina permanecia acesa, o que destacava o céu completamente estrelado daquela noite.

: - Eu fiz uma coisa para comermos, acho que você vai gostar.

Eu disse animada e tirei os chinelos para pisar em cima do edredom, a observando fazer o mesmo e colocando a rosa com carinho ao seu lado.

: - Hmm, e o que é? Eu posso sentir um cheiro doce.

Camila sorriu e seu rosto estava levemente azulado, iluminado pela luz da lua. Quando ela se sentou, me abaixei e sentei à sua frente, destampando a pequena taça.

: - Bananas, morangos e chantilly. - Dei uma piscadela para ela e lhe ofereci uma das colheres. – Me diga que você gosta dessa mistura, ou eu juro que me afogo nessa piscina.

 : - Eu amo qualquer coisa misturada com banana e você sabe. – Ela sorriu gentil e esticou a mão, afagando a minha bochecha. – Ainda mais se for feita por você, eu amo mais ainda.

: - Não fala desse jeito que eu me derreto toda, Camz. – Fiz beicinho e curvei um pouco a coluna para frente, batendo o dedo indicador em cima dos lábios. Camila sorria de forma boba, a língua entre os dentes me fazendo suspirar. – Me dá um beijo.

Eu a observei levar a colher em sua mão até o pote, enchendo daquela mistura gostosa que eu havia feito e a levando até a boca. Eu salivei por vê-la saborear, suspirando em antecipação quando ela foi curvando o corpo para frente até que pudesse me beijar. Segurei em seu pescoço com a mão direita e deslizei minha língua para dentro de sua boca sem pressa, usando de toda a calma do mundo para degustar do que ela estava me oferecendo. Sua língua coberta por chantilly acariciava a minha de forma deliciosa, me arrepiando a nuca e me fazendo suspirar entre seus lábios. O gosto das frutas com o natural de sua boca só me fazia querer sugá-la mais e mais. Nós nos beijamos até acabar o dividíamos, me fazendo finalizar o beijo com uma pequena mordida em seu lábio inferior. Camila respirou fundo, abrindo seus olhos para me fitar por baixo dos cílios.

: - Talvez essa seja a melhor sobremesa que eu já comi.

Eu ri baixo e limpei o cantinho de sua boca, enchendo a colher novamente.

: - Talvez, é?

Perguntei me fazendo de ofendida e levei a colher até a boca, mastigando.

: - Uhum, talvez. Como vou saber se amanhã você não vai inventar algo mais gostoso do que isso?

: - Provavelmente eu vá. – Nós rimos juntas enquanto comíamos. – Eu sempre quero te surpreender e dar o meu melhor, então, não duvide.

: - Eu não duvido.

Camila me piscou um olho e sorriu, limpando novamente a colher. Nós ficamos alguns longos minutos comendo, trocando olhares, sorrisos, alguns beijos e toques. Quando terminamos, coloquei a taça para o lado e ajeitei os travesseiros, me deitando e a chamando para se deitar ao meu lado. Quando ela deixou a cabeça afundar no travesseiro, eu me aconcheguei em seu corpo e deitei a minha sobre seus seios, recebendo seus braços ao meu redor. Ficamos em silêncio, apenas olhando as estrelas no céu e aproveitando a brisa fresca que bagunçava nossos cabelos sutilmente. Seus pequenos dedos subiam e desciam por meu braço, seu coração batia calmo, um barulho suave e gostoso. Pressionei os lábios e pousei a mão direita em sua barriga, acariciando a pele por baixo da blusa.

: - Amor...

Chamei baixinho depois de um tempo, meus olhos ainda fixos no céu acima de nós.

: - Oi. – Seu queixo estava acima da minha cabeça, apoiado. Apertei-me mais contra ela. – O que foi?

: - Sobre hoje... – Comecei e limpei a garganta. – Sobre a situação lá na festa, eu quero que saiba que eu sinto muito, eu...

: - Lo, está tudo bem. – Camila disse baixinho e suspirou, me abraçando mais forte. – Não vamos falar disso.

: - Mas eu não quero que você fique incomodada com isso, eu quero deixar claro o que precisar para te aliviar. – Resmunguei fechando os meus olhos, respirando fundo para sentir seu cheiro quando o vento o trouxe de volta para a minha respiração. – Eu me senti da mesma forma que você e eu sinto muito.

: - Não precisa esclarecer nada pra mim, eu sei de tudo o que preciso saber. – Com calma ela correu seus dedos por meu cabelo, seu coração se acelerando um pouco. – Eu só me senti mal, realmente não gosto de te ver perto dele, sabe? Não é nem ciúmes, é um incômodo bem grande, uma sensação ruim mesmo. Mas já está tudo bem, eu fiquei melhor no momento em que você apareceu toda fofa no quarto, me perguntando se eu queria ver as estrelas.

Eu ri baixinho e ela me acompanhou, beijando a minha testa.

: - Você jura?

Perguntei receosa, acariciando ao redor de seu umbigo.

: - Eu juro, amor.

Ergui um pouco a cabeça e olhei para ela, retirando a mão de sua barriga para acariciar seu rosto.

: - Você sabe que eu só quero você, não sabe? – Camila balançou a cabeça em positivo, mordendo o lábio inferior do meu jeito preferido. Seus olhos castanhos refletiam a luz da lua e eu não poderia me sentir mais apaixonada que aquilo. – Sabe que tudo o que faço por você, nunca fiz por mais ninguém?

: - Eu sei...

Seus dedos tocaram os meus lábios, seu olhar estava fixo em minha boca.

: - Sabia que quando eu olhei para ele hoje eu tive a certeza de que fui a maior idiota de todos os tempos?

Beijei a ponta de seus dedos e desci os meus por seu pescoço, clavícula...

: - Por quê?

Eu sorri e neguei com a cabeça lentamente, encarando seus olhos quando ela desviou o olhar dos meus lábios.

: - Porque você sempre teve tudo o que eu preciso, e por algum motivo eu me deixei cegar diante disso. Quando eu olhei pra ele hoje eu me senti enjoada e feliz ao mesmo tempo, porque eu soube naquele momento que eu havia acertado depois de tanto tempo errando. Eu acertei quando corri pra você. Eu aprendi que sempre vamos passar pelas piores coisas primeiro, para só então conseguir as melhores no final. Porque as melhores coisas são também as mais difíceis, mas quando nós conseguimos passar por cima dos obstáculos e alcançá-las, elas simplesmente ficam, duram, marcam. E eu consegui você. Era você quem estava lá no final, me esperando depois de todas as merdas que eu aceitei na minha vida. Apesar de toda a situação desconfortável que passamos hoje, serviu para me mostrar que nós sempre podemos consertar o que parece não ter conserto.

Quando eu terminei de dizer, respirei fundo para pegar um pouco do ar que havia perdido. Os olhos de Camila brilhavam mais do que antes, muito mais, era como se eu pudesse ver a lua dentro deles. Suas pupilas dilatadas me fascinando. Ela era tão bonita, como podia alguém odiá-la? Eu suspirei quando ela sorriu, pisquei tonta quando se ergueu rapidamente no cotovelo direito, aproximando seu rosto do meu para roçar nossos lábios.

: - Quando amamos tudo tem conserto, quando estamos dispostos a perdoar tudo fica fácil de consertar. – Ergui minha mão direita e desfiz o coque em seus cabelos, enfiando os dedos entre as mechas. Estava arrepiada e tinha certeza que era por causa dela, não por conta da brisa fresca. – Tudo nessa vida que vem rápido, Lo, vai rápido. Para conseguir algo duradouro é preciso lutar muito e eu lutei por você, assim como você lutou consigo mesma por mim. Acho que hoje nós podemos encerrar essa fase, deixar para trás Keaton ou qualquer outra pessoa que tenha nos perturbado. Eu estou disposta a seguir em frente sem me lembrar disso e espero que você também. Eu vi nos teus olhos hoje que eu não preciso temer nada enquanto me olhar desse jeito, então pra que sofrer pelo o que já passou? Já chega, vamos virar essa página. Eu estou dizendo isso para mim e para você.

Naquele momento eu me lembrei do que Dinah havia me dito na cozinha, que eu precisava superar, assim como Camila iria fazer. Meu coração estava batendo acelerado por saber que ela estava arrancando aquela página com palavras tortas do nosso livro, encerrando mais uma fase em nossas vidas.

: - Eu estou disposta a qualquer coisa, se essa coisa for te deixar feliz, Camila.

Eu disse olhando em seus olhos, tão perto que nossas respirações se misturavam. Naquela altura do campeonato, se eu pudesse sair pelas ruas de Los Angeles gritando que aquela garota era minha, eu sairia.

: - Tudo o que fizer vai me deixar feliz, Lauren, você me faz feliz.

Fechei meus olhos e ela grudou nossas testas, onde aumentei a intensidade das minhas carícias entre as mechas de seu cabelo. Não havia mais nada que eu pudesse dizer para demonstrar o quanto ela me fazia bem, o quanto eu estava feliz e satisfeita por tê-la comigo, talvez eu só precisasse fazer.

: - Existe algo que eu possa fazer agora que te faria dizer novamente essa frase?

Perguntei sorrindo contra a sua bochecha, descendo a mão por suas costas. Camila riu baixinho e arrastou o nariz pelo meu maxilar, subiu a mão por minha coxa, meu quadril, minhas costas. Ela me deixava tão desarmada que era quase um pecado.

: - Você disse que iria me fazer ver estrelas, posso afirmar que estou esperando desde que entramos no jardim. – Ela beijou o meu pescoço e eu estremeci, puxando de leve seu cabelo. – Vê-las no céu é fantástico, mas fechar os olhos para que você possa fazê-las brotarem na minha mente é mil vezes melhor.

O duplo sentido em sua frase mandou o meu controle embora, eu já estava deitando sobre ela para me encaixar entre suas coxas.

: - Suponho que você queira fazer amor no jardim. – Beijei seu queixo, subi com calma a blusinha que ela usava até embaixo de seus seios, tocando a pele de sua barriga. – Eu disse fazer amor, só amor da forma mais clichê que existe. É isso o que você quer?

: - Eu quero você. – Camila gemeu baixinho, embolando as mãos no meu cabelo quando depositei beijos molhados em seu pescoço, seus mamilos ficando salientes no tecido da blusa imediatamente. – Nua, em cima de mim, ou embaixo. Pouco me importa o termo, eu só quero você me fazendo ver o que prometeu, como todas as outras vezes. Por favor.

Eu não havia pedido, mas ela estava implorando, implorando de um jeito tão intenso que eu ergui a cabeça para olhá-la, segurando nossos olhares.

: - Diga isso de novo. – Corri o dedão por seu lábio inferior, massageando. – Peça “por favor” outra vez.

: - Por favor. – Com ansiedade ela beijou os meus dedos, abraçando o meu quadril com as pernas. – Por favor, Lauren.

Era incrível como eu poderia sentir tesão por ela ao mesmo tempo em que sentia vontade de explodir em lágrimas de tanto carinho. Era tão intenso, tão assustador. Camila era a minha loucura, definitivamente.

: - Só feche os seus olhos... E me deixe te mostrar o resto.

Foi a última coisa que eu disse antes de beijá-la, colocando naquele beijo todo o calor do momento. Eu não queria saber se estávamos no jardim da mansão, se as meninas poderiam aparecer na varanda, se poderia chover ou o caralho acontecer, o que eu sabia era que amaria aquele corpo que me pertencia ao ar livre da melhor forma que eu pudesse fazer. E foi o que eu fiz pelo resto da madrugada, ouvindo seus gemidos gostosos no pé do meu ouvido, o vento suave acariciando nossos corpos nus e embalando nossos arrepios. Meus lábios e minha língua provando de forma incansável o seu gosto, bebendo dela como se não houvesse mais nada no mundo. Meus dedos a preenchendo, a tocando fundo, a virando do avesso. Seus toques em minha pele, suas frases sem nexo no auge de seus orgasmos, suas unhas marcando minhas curvas, nossos sexos moendo juntos de forma tão intensa que começamos a suar mesmo com a madrugada estando fresca. Eu me perdi nela por milhares de vezes e me encontrei novamente, sempre no final de cada orgasmo sensacional que ela me proporcionava. Nós fizemos amor vezes seguidas no meio daquele jardim, sob o céu estrelado de Los Angeles, só amor e mais nada. Não havia forma melhor de virar uma página do que aquela. Era como nascer novamente. 


Notas Finais




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