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História Falling in love for the last time. - Dont ever look back.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Boa noite, meninas. Queria agradecer pelos comentários do capítulo passado, como sempre, me fizeram sorrir. Bom, queria dizer que coloquei um pouco de tudo nesse capítulo, por isso ficou grandinho. Espero que gostem, escrevi com carinho. Esse capítulo meio que inicia uma "nova fase", posso dizer que é o começo do fim. Calma, não vou terminar Falling in Love por agora, agora, mas esse cap. é o inicio do desenrolar das coisas, se me entendem, por isso, respirem. Enfim, qualquer coisa, falem comigo no Twitter. E qualquer erro, já sabem, volto depois para consertar. Amo vocês. ♥

Capítulo 43 - Dont ever look back.


 

Camila POV.

Depois do episódio lastimável do meu desmaio no camarim, recebi uma atenção mais do que dobrada por parte das meninas. Eu tinha hora certa para tomar café da manhã, hora certa para almoçar, hora certa para lanchar e hora certa para jantar, nunca deixando de fazer qualquer refeição. Mesmo de longe, Lauren comandava todos os meus movimentos, um passo além do meu limite e ela me lançava aquele olhar que dizia exatamente: Já chega, está se esforçando demais. O problema é que ela não entendia que eu já estava bem. Ok, podemos colocar esse bem entre aspas, vamos dizer que eu estava me sentindo melhor, mais forte, ainda sim muito magra, mas estava me dedicando.

Os dias passaram longos, toda aquela chatice mórbida me fazendo vegetar. Jodi parecia um chiclete, depois da briga com Lauren sua atenção em cima de nós piorou, se possível. Eu estava sem saber o que fazer, como mudar a situação em que Lauren e sua mente se encontravam. Eu não posso dizer que estava atrás no quesito sanidade, mas ainda conseguia manter o controle, coisa que ela já havia mandado embora.

Era o final da tarde e nós estávamos em Angra dos Reis, um paraíso tropical maravilhoso localizado no Sul do Rio de Janeiro. Como tivemos um dia de folga entre o penúltimo show e o último, fomos aproveitar o tempo que nos restava no Brasil. Logo pela manhã seguiríamos para a capital, nosso último show estava marcado para as 20:00 horas. Eu não queria ir embora, eu juro que se eu pudesse me mudaria sem pensar duas vezes.

A tarde estava estranhamente calma, como um momento de paz no meio de toda aquela loucura, o que me fazia respirar um pouco aliviada. As meninas estavam na praia, queriam assistir ao pôr do sol e jogar conversa fora. Fiquei para trás por estar em uma ligação com a Mama, matando um pouco da saudade que sentíamos. Depois de saber que estava tudo bem e conversar um pouco com Sofi, mandei um beijo para o meu pai e finalizei a ligação, correndo para debaixo do chuveiro.

Quando sai, vesti um short jeans claro e desfiado, uma blusa lilás de alça bem coladinha ao corpo, peguei um dos meus bonés favoritos na cor preta com detalhes em roxo, e o coloquei na cabeça virado para trás. Estava calçando as havaianas brancas quando ouvi meu celular apitar em cima da cama. Ajeitei o boné e peguei o aparelho, abrindo o app do wpp.

“Cadê você? As meninas estão jogando futebol e eu estou aqui sentada na areia sozinha. Vem logo, quero companhia.”

Era Lauren. Um sorriso bobo nasceu em meu rosto, podia imaginar o biquinho lindo que ela tinha nos lábios por estar sozinha.

“Eu já estou indo. Por que não está jogando com elas? E onde está Jodi?”

Respondi e logo depois andei na direção do meu violão, ao lado da minha mala. O peguei depois de tirá-lo da capa, rumando para a saída do quarto. Meu celular vibrou novamente.

“Não estou no clima. E não sei onde ela está, sumiu. Está estranhamente de bom humor e não creio que isso seja bom.”

Eu não disse que a tarde estava estranhamente calma?

“Ao menos ela sumiu.”

Entrei no elevador e esperei que as portes se fechassem. Ela bem que poderia sumir de verdade, tipo ser abduzida por alienígenas, ou convidada para comparecer ao inferno pelo diabo, ou ser arrastada para o fundo do mar por sereias horríveis e cruéis. Qualquer lugar da Terra do Nunca e bem longe de nós.

“Eu quero que ela se exploda. Já desceu?”

Eu ri de sua impaciência e sai do elevador, passando pelo saguão do hotel e notando alguns olhares sobre mim. Guardei o celular no bolso do short e caminhei para o lado de fora, a praia ficava logo em frente. Esse era um daqueles hotéis que possuem a praia como quintal, como o Resort que ficamos em Fortaleza.

Tirei os chinelos para andar na areia, observando de longe as meninas tentando jogar futebol com os garotos da banda. Eu ri sozinha quando Ally caiu de lado em cima de Mani, deixando a bola nos pés de Dinah que corria mais atrapalhada que tudo no mundo. Será que elas não percebiam que eram péssimas naquela modalidade? Olhei para o lado e vi Lauren sentada um pouco mais afastada, os joelhos dobrados e os braços ao redor deles. Sorri sentindo o vento fresco bater em meu rosto e me aproximei devagar, não queria assustá-la. Parei em suas costas e me agachei, largando os chinelos na areia e o violão ao meu lado. Seus cabelos voavam na direção do meu rosto, aquele cheiro gostoso de baunilha misturado com a maresia da água do mar me fazendo suspirar. Ela estava tão distraída fitando o horizonte que mal notou a minha presença.

: - Um beijo bem gostoso por seus pensamentos.

Sussurrei em seu ouvido e observei seu corpo tremer levemente.

: - Que susto.

Ela disse sorrindo de canto quando me sentei ao seu lado, virando a cabeça para me olhar. Imitei sua posição e abracei os meus joelhos, mergulhando naquela imensidão verde que me fitava apaixonadamente.

: - Então, não vai me contar no que pensava? – Ergui uma sobrancelha. – Estou louca para te beijar.

Confessei baixinho e ela mordeu o lábio inferior completamente corada. Lauren estava corando, dá para acreditar? Fazia quase uma semana que não nos beijávamos, eu estava louca de saudades daquela boca vermelha que me sorria timidamente, daquela língua quente e aveludada que me fazia tremer sobre as pernas, daquela pegada intensa, daquele gosto delicioso. Mal pude conter o suspiro de frustração quando interrompi meus pensamentos.

: - Eu não estava pensando em nada concreto. – Lauren deu de ombros e voltou seus olhos para o mar, seus fios soltos enfeitando seu rosto pálido. Eu sabia que ela estava mentindo. – Mas ainda podemos fugir e nos beijar em algum lugar. Estou com saudades.

Olhei para frente e fiquei observando as ondas calmas quebrarem na areia, as meninas correndo de um lado para o outro automaticamente atrapalhando a paisagem. Podia sentir seus olhos sobre mim, intensos e avaliadores. Abri um sorriso de canto sem olhá-la, mordendo o lábio inferior.

: - O que tanto você olha?

Perguntei quando uma brisa mais forte soprou ao nosso encontro, levando meus cabelos para o lado, um pequeno arrepio me sacudindo.

: - Você fica absurdamente linda de boné. – Soltei uma risadinha pelo nariz. – Eu amo os teus laços, amo tuas blusas de colarinho, mas quando você usa boné e se veste como uma verdadeira lésbica ativa, me deixa louca e suspirando.

Eu gargalhei diante de sua declaração, fazendo com que ela me acompanhasse. Era tão bom ouvir aquela risada que quase me esqueci do motivo de ter começado a rir.

: - Quando é que eu não te deixo louca?

: - Verdade.

Lauren mordeu o lábio inferior e encolheu os ombros, em sinal de rendição. Ela estava tão feminina, nós literalmente trocamos os nossos estilos naquele dia. O vestidinho verde que cobria seu corpo contemplava seus olhos, podia observar o short preto por baixo. Tão linda e delicada, um contraste perfeito na imagem que eu passava. Estávamos sempre em contraste, sempre mantendo nossas diferenças, nunca igualando o que tornava a nossa relação especial.

Enquanto eu deixava meus olhos vagarem por seu rosto, na minha merecida vez de admirá-la, o sol ia se escondendo no horizonte. Os olhos de Lauren estavam fixos naquela passagem, brilhavam intensamente, seus cílios acompanhavam as piscadelas rápidas que ela dava para não perder nada.

Eu ouvia de longe as risadas das meninas, alegres e despreocupadas, mas estava concentrada demais no que fazia para me distrair facilmente. Lauren suspirou, um suspiro longo e agoniado, mandando um aperto quente para o meu peito.

: - Por favor, me diz no que está pensando. Eu não aguento mais lhe ver calada desse jeito, sozinha, perdida dessa forma. Converse comigo.

Pedi enquanto erguia a mão até o cabelo macio, colocando uma mecha atrás de sua orelha.

: - Estou tão cansada. – Pressionei os lábios, ela ainda não me olhava. – Estou definhando todos os dias um pouco mais, sinto que estou enlouquecendo e sei que o pior ainda está por vir. O que vai acontecer quando me deparar com o pior? Veja, Camila, eu não sou mais a mesma, eu não tenho mais vontade de sorrir para nada, se o meu motivo não for você. Eu mal tenho vontade de subir em cima de um palco para cantar, que é a coisa que mais gosto de fazer. Se eu já estou assim agora, o que vai acontecer quando o pior bater na minha porta?

: - Eu estarei com você. – Me virei de frente para olhá-la melhor, seus olhos perdidos nos meus. – Eu estarei lá com você, como você está aqui comigo. Estaremos juntas, como estamos agora. Eu sei que precisamos nos preparar para o que possa vir a nos atingir, mas já enfrentamos tantas coisas, Lauren, não podemos fraquejar agora. Desde o momento que decidimos ficar juntas, sabíamos que não seria fácil, nós sabíamos que teríamos um dia mais difícil que o outro, mas entramos nisso de cabeça e cá estamos.

Usei de toda a minha sinceridade para tentar passar a confiança que precisava, queria que ela confiasse em mim, nela, em nós. Queria curá-la de alguma forma, estava engolindo o meu desespero para amenizar o dela. Eu me amava, zelava pelo meu bem-estar, mas aquele amor próprio não chegava aos pés do amor que eu nutria por aquela garota, eu era capaz de girar o mundo para vê-la sorrir, e daria a minha alma para quem fosse para fazê-la agarrar com as duas mãos na esperança que precisávamos ter.

: - Tenho medo de não ser o suficiente para proteger você. – Lauren abaixou a cabeça e suspirou, meu coração batendo rápido dentro do meu peito, uma sensação de estar com as mãos vazias me fazendo resfolegar. – Eu tenho dado tudo de mim para te cercar, para cuidar de você, para te proteger de tudo e de todos e mesmo assim não parece o suficiente. Eu sinto como se o mundo estivesse nos apertando, extraindo de nós o resto das forças que precisamos manter. Parece que Deus está nos testando, cutucando com os dedos para ver até onde podemos aguentar. Nesses dias que estamos afastadas por conta da pressão de Jodi, eu senti como se não pudesse mais aguentar, como se fosse cair de uma hora para a outra. Mas ai eu te olho, você sorri e eu vejo que não há nada mais que eu possa querer na minha vida, além de você. E acabo me perguntando se estou mesmo dando tudo de mim quando te coloco atrás do meu corpo, para que qualquer coisa possa me acertar primeiro. Infelizmente, todas essas coisas te atingem e te fazem fraquejar fisicamente, e eu descubro que não, sou estou sendo o suficiente. Isso me deixa tão perturbada que eu não posso nem ao menos dormir direito.

Então aquele era o pior medo dela? O medo de não ser o suficiente? O medo de não estar me protegendo como deveria? O medo de deixar a desejar? Eu não poderia deixar que ela pensasse daquele jeito, quando tudo o que existia de melhor na minha via, além de seu amor, era sua proteção. Curvei meu corpo para frente e levei minha mão direita até seu queixo, erguendo seu rosto. Seus olhos estavam úmidos, mas ela não chorava. O vento soprando seus fios de cabelo por sua bochecha, seus olhos, seus lábios. Uma imagem tão linda que me deixei suspirar por alguns segundos enquanto admirava.

: - Você é o suficiente pra mim. – Disse baixo e pausadamente, para que ela sentisse no tom de minha voz o quanto do meu coração eu estava colocando naquelas palavras. – Não existe nada na minha vida melhor do que o teu amor, do que a tua proteção. É normal que tudo isso me atinja, eu estou dentro dessa bola com você. Não fica colocando na tua cabeça que não está sendo o bastante, porque a verdade aqui é que você sempre foi e sempre será o suficiente. Nós duas estamos machucadas, mas estamos nos segurando como podemos. Nós juramos em Paris que ninguém iria nos separar, e não vão. Eu não vou deixar, você não vai deixar. Está me entendendo?

Lauren sacudiu a cabeça em positivo, podia ver a lágrima insistente no canto de seu olho. Suspirei com um frio estranho na barriga e acariciei seu rosto.

: - Desculpe a minha insegurança.

Ela disse baixinho, deitando o rosto na minha palma para sentir o carinho. Sorri de forma boba sem recolher a mão.

: - Você só precisa ser mimada um pouquinho.

Segurei nossos olhares sem deixar de sorrir, queria que ela visse que eu estava ali, sorrindo e de braços abertos para consertá-la, ou melhor, para nos consertar.

: - Eu te amo, sabia?

Aquela frase saiu banhada de tanta firmeza que eu soltei um suspiro de alivio sem perceber. Se eu duvidava do amor que ela sentia por mim? Nunca, era a certeza da minha vida. Mas ouvi-la depois de um momento de insegurança era gostoso demais.

: - Eu também te amo. – Massageei seu pescoço rapidamente. – E é por isso que estamos aqui.

Sorri para ela de forma confiante, ela retribuiu na medida. Com calma limpei a lágrima solitária que rolou por sua bochecha. Não queria vê-la chorar, queria que sorrisse, que gargalhasse assim como as meninas faziam um pouco distantes de nós, nem ao menos percebendo a bolha que mantínhamos ali.

: - Eu quero tirar uma foto sua com esse boné, para a minha coleção.

Lauren disse divertida, fungando rapidamente ao beijar meus dedos, um de cada vez, vibrações deliciosas percorrendo o meu corpo.

: - Você tem uma coleção de fotos minhas? – Perguntei curiosa.

: - Tenho. Tenho uma pasta para cada estilo no meu celular. Sabe qual é a minha pasta preferida? – Neguei com a cabeça sentindo cócegas por conta dos lábios quentes que beijavam o meu pulso. – Das suas fotos de boné. Uma mais bonita que a outra. Sempre que posso dou uma olhada no Tumblr e procuro algumas. Veja, sou fanática por você, completamente doente. Sou pior que uma Camila girl, pior do que aquelas adolescentes com hormônios a flor da pele que ficam querendo jogar as calcinhas em você.

A última frase de Lauren saiu completamente enciumada, pude vê-la revirar os olhos ao voltar os lábios novamente para a ponta dos meus dedos. Eu estava arrepiada o bastante com aquele gesto para pensar em outra coisa.

: - Devo ficar com medo dessa sua obsessão por mim, Jauregui?

Perguntei com um sorriso de canto e a vi retirar a boca da minha pele, para a minha frustração. Logo ela abaixou minha mão, abriu a palma e deslizou a ponta do dedo indicador pela região, subindo e descendo. Arrepios? Sim, muitos.

: - Talvez. – Sorriu balançando a cabeça de leve, retirando o cabelo que voava em seu rosto. – O que ameniza o teu lado é o fato de que a única calcinha que você pode ter, é a minha. Nada de adolescentes no cio.

Eu ri deixando que toda a preocupação do momento passado fosse embora, abrindo espaço para qualquer sentimento que não fosse o incômodo. Que vontade de beijá-la, não podia simplesmente fazer aquilo ali, no meio das poucas pessoas presentes, chamaríamos muita atenção e com certeza teríamos fotos na internet. Balancei a cabeça para disfarçar o desejo e puxei o violão para o meu colo, sob o olhar curioso da minha namorada.

: - Vai tocar?

Ela me perguntou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, parecia ansiosa.

: - E cantar.

Sorri ajeitando o violão no meu colo, deixando-o da maneira que precisava para que pudesse tocá-lo. Ajeitei o cabelo sobre os ombros e o boné, sentando de forma mais confortável na areia.

: - Não existe forma mais gostosa de me mimar do que essa. Amo quando você canta só pra mim.

Lauren soltou um suspiro longo e chegou a coluna para trás, apoiando as mãos abertas na areia. O céu ia ficando escuro, as meninas ainda insistiam naquele futebol fracassado, David fazendo papel de saco de pancada no meio delas, levava cada canelada que podia ouvi-lo reclamar de onde estava.

: - E eu amo a tua possessividade. Frases como “faz só pra mim”, “olha só pra mim”, “geme só pra mim” me deixam agitada.

Mordi o lábio inferior e Lauren virou a cabeça para o lado, sorrindo maravilhosamente.

: - Eu juro que se não começar a cantar agora mesmo, vamos acabar atrás de uma pedra qualquer. – Eu ri lembrando do momento que tivemos em Fortaleza. – E para de me olhar com essa cara de ativa, Camila.

: - Agradeça enquanto eu estou apenas olhando.

Pisquei para ela e desci os dedos pelas cordas do violão, iniciando a canção que cantaria. Está vendo só como a minha relação com Lauren sofria mudanças drásticas de uma hora para a outra? Primeiro estávamos quase chorando, depois começamos a rir e naquele momento estávamos trocando olhares tão intensos por conta do desejo reprimido, que senti minha nuca se arrepiar. Fechei os olhos para começar a música, não queria deixar de olhá-la, mas fazer aquilo ao cantar era quase um ritual.

: - You think I'm pretty without any makeup on. You think I'm funny when I tell the punchline wrong. I know you get me so I let my walls come down, down.

(Você me acha bonita sem maquiagem. Você me acha engraçada quando eu conto uma piada errada. Eu sei que você me entende, então eu me solto.)

Cantei a primeira parte da música e abri os olhos. Lauren sorria pra mim, sua expressão divertida me dando a certeza de que era exatamente daquele jeito que acontecia, ela sempre rindo das minhas piadas sem graça, dos meus contos sem fundamento. Me dizia sempre que eu ficava muito mais bonita sem maquiagem, que deveria usar o menos possível para não apagar a minha beleza única, da qual ela era perdidamente apaixonada.

: - Before you met me I was alright, but things were kinda heavy, you brought me to life. Now every February you'll be my girlfriend, girlfriend.

(Antes de você me conhecer eu estava bem, mas a coisa ficou pesada, você me trouxe à vida. Agora todo Fevereiro você será minha namorada, namorada.)

Fiz uma pequena alteração na música, apenas para se encaixar melhor. A vi rir baixinho, seus olhos nunca deixando o meu rosto, seu peito subindo e descendo em uma respiração calma. Observei com o canto dos olhos Normani sentar ao nosso lado, um sorriso no rosto e uma expressão de quem não atrapalharia, apenas assistiria. Lauren sorriu para ela e mordeu o lábio inferior, como se dissesse que eu estava cantando para ela, apenas para ela. E eu estava.  

: - Let's go all the way tonight, no regrets, just love. We can dance until we die, you and I will be young forever.

(Até o fim essa noite, sem arrependimentos, só amor. Nós podemos dançar até morrer, seremos jovens para sempre.)

Meus dedos dedilhavam as cordas do violão com o mais profundo conhecimento, como se eu tocasse aquela música todos os dias. Eu queria fazer um pedido com aquela canção, e o refrão daria o que eu queria. Fixei meus olhos nos dela para cantar, ignorando qualquer presença aleatória. O vento gostoso que soprava em meu rosto me fez suspirar.

: - You make me feel like I'm livin' a teenage dream. The way you turn me on, I can't sleep. Let's run away and don't ever look back, don't ever look back. My heart stops when you look at me. Just one touch now baby, I believe this is real. So take a chance and don't ever look back, don't ever look back.

(Você me faz sentir como em um sonho de adolescente. Você me deixa tão excitada que não consigo dormir. Vamos fugir e nunca olhar para trás, nunca olhe para trás. Meu coração para quando você olha para mim. Apenas um toque, baby, agora eu acredito que é real. Então arrisque-se e não olhe para trás, nunca olhe para trás.)

Pela intensidade do olhar que Lauren me lançou, eu soube que ela havia entendido o que eu estava dizendo, entre linhas. Era um pedido silencioso para que seguisse ao meu lado sem olhar para trás, para deixar o passado que a atormentava com suas feridas de lado, assim como eu precisava fazer. Dizia para ela que precisávamos nos arriscar, bater de frente com todos os conflitos que ainda viriam e não olhar para trás, apenas seguir.

: - I finally found you, my missing puzzle piece. I'm complete.

(Finalmente te encontrei, a peça que faltava no meu quebra-cabeça. Eu estou completa.)

Continuamos nos olhando enquanto eu finalizava a canção, respostas silenciosas e certezas sem volta. Lauren e eu tínhamos consciência do tamanho do nosso problema, mas ele se tornava bem pequeno perto do zelo que nutríamos uma pela outra. Quando toquei as últimas notas, Mani começou a bater palminhas, o rosto de Lauren completamente corado e seu lábio mordido.

: - Como me saí?

Perguntei também corando um pouco, colocando o violão ao meu lado. O começo da noite já cobria o céu, as luzes do hotel acesas iluminavam o trecho da praia onde estávamos.

: - Como se sai todas as vezes, perfeita.

Ela sorriu de canto e me mandou um beijinho, chegando a coluna para frente ao bater uma mão na outra, retirando a areia.

: - Ai, vocês são tão românticas. – Mani disse abraçando seus joelhos enquanto nos olhava, nos fazendo rir. – Sinto uma inveja branca.

: - É porque você ainda não viu essas duas transando.

Arregalamos os olhos e rimos quando a voz de Dinah se fez presente na nossa pequena rodinha, onde ela logo se sentou ao meu lado.

: - Dinah! – Exclamei a empurrando de leve pelos. – Por que você sempre precisa quebrar o clima?

: - O quê? Vai me dizer que você e Lauren fazem amor?

Ela perguntou irônica, rolando os olhos e enfiando as mãos na areia.

: - É claro. – Lauren deslizou a mão pelo cabelo e ajeitou o vestido que usava, apoiando a mão direita na areia para sentar-se um pouco de lado. – Nós não fazemos amor, Camz?

Eu iria responder, mas Dinah fez o favor de tomar a minha vez.

: - Quem grita daquele jeito faz tudo, menos amor, querida.

Explodimos em uma gargalhada harmônica tão alta que chamamos a atenção de algumas pessoas que passavam. Dinah era mesmo uma filha da puta, não dava para falar sério com ela sem levar um tapa na cara por segundo. Ela te colocava no chão de uma forma te fazendo sentir tanta vergonha, que levantar era quase impossível.

: - Aquele momento que eu já peguei as duas quase transando na bancada da cozinha lá de casa.

Mani tossiu ao se engasgar com suas risadas. Lauren e eu trocávamos olhares cúmplices e envergonhados.

: - Que nojo, eu ainda não acredito vocês iriam trepar no lugar que comemos.

Dinah colocou a língua para fora e fez cara de nojo, negando com a cabeça.

: - Quando bate a vontade, quem é que vai pensar no lugar? Faz onde estiver.

Lauren disse rolando os olhos e riu discretamente, dobrando o joelho direito.

: - Até por que o ato em si não deixaria de ser uma refeição, né? Posso entender. 

: - Dinah, você precisa mesmo dar uma pausa na sua imaginação selvagem.

Eu disse sem perder a risada enquanto girava a aba do boné para frente, colocando o cabelo sobre o ombro direito. Os olhos verdes de Lauren me observavam, eu sabia que ela estava louca para fazer comentários sobre o que supostamente estava imaginando, a conhecia muito bem para ter certeza de suas malícias. 

: - Imaginação selvagem tem os Camren Shipper's, são eles que colocam as Barbie’s de vocês para transar, não eu.

: - Puta merda.

Mani começou a rir tão alto que foi caindo para o lado, jogando o corpo em cima de Lolo que escondeu o rosto entre os cabelos dela. Podia ouvir sua risada monstruosa completamente abafada.

: - Eles fazem o verdadeiro Kama Sutra com as Barbie’s, fico me perguntando se dá mesmo para fazer aquelas posições. – Dinah não parou, falava concentrada, como se estivesse pensando. Eu já estava deitada na areia, minha mão na minha barriga enquanto eu ria com lágrimas nos olhos. – Vocês conseguem colocar as pernas na altura que elas colocam as das Barbie’s? Elas me marcam em algumas fotos e eu fico com vontade de perguntar se já fizeram isso. Parece tão inter...

: - Dinah, pelo amor de Deus, chega. – Lauren interrompeu tacando o chinelo na direção dela, acertando um de seus ombros. – Por favor.

: - Daqui a pouco a Mattel vai lançar o "Motel da Barbie".

Mani disse se afastando de Lauren, secando as lágrimas que tinha nos olhos.

: - Que "Motel da Barbie"?

A voz de Ally nos rendeu mais uma crise de gargalhadas, a cara que ela fazia era tão assustada que só faltávamos rolar na areia. Essa ideia de lançar bonecas com nossos três jeitos foi até legal no início, tirando a música que gravamos, é claro, aquilo era motivo de gozação para toda a eternidade.

Me lembrar de quando fomos gravar a canção me deixava com vontade de rir por uma semana, a cara de Lauren cantando aquela letra era hilária demais. Quem diria, não é mesmo? A garota rebelde sem calça cantando musiquinha da Barbie. No evento que fizemos para anunciar que teríamos nossas bonecas, ela estava com tanta vergonha alheia que saiu do palco antes de todo mundo, quase correndo.

Toda essa história de Barbie e companhia nos rendeu boas risadas no ano, ficaram fofas e a nossa cara, amamos e levamos para casa muitas delas assim que ficaram prontas. Elas foram lançadas uma semana antes de entrarmos de férias. Mas posso ser sincera? Que nós pagamos um belo mico com toda essa papagaiada, isso nós pagamos.  

: - Nenhum, Allycat, Mani que está de palhaçada.

Eu disse voltando a me sentar, retirando o boné rapidamente para sacudir os fios do meu cabelo, livrando um pouco da areia.

: - Uhum, sei. – A cara de Ally era de quem não acreditava muito, mas mudou de assunto para não ouvir o que não queria. – Eu estou exausta, tudo o que eu quero é tomar um banho e cama. Vocês vão ficar ai?

: - Eu também vou subir, minhas pernas estão doendo.

Mani se levantou e passou as mãos pelas pernas, se esticando.

: - Eu também vou. – Dinah bocejou, erguendo os braços acima da cabeça. – Vão ficar ai, casal?

: - Não, também vamos subir.

Lauren avisou enquanto se levantava, estendendo sua mão para mim. Segurei com firmeza e ela me puxou para cima, me dando um sorriso de canto quando apoiei meu braço em seu ombro direito.

: - Vocês viram a Jodi por ai? – Perguntei por precaução.

: - Quando eu estava descendo ela comentou comigo que passaria o resto da tarde no quarto, pois não estava se sentindo muito bem.

Dinah me contou dando de ombros. Logo começamos a caminhar na direção do hotel.

: - O que é maravilhoso, um pouco de paz, estávamos precisando. Jesus é bom demais.

Ally jogou as mãos para o ar em forma de agradecimento, nos fazendo rir.

: - Espero que ela só saia de lá amanhã.

Lauren resmungou fechando a cara, seu vestido verdinho colando em suas pernas conforme ela andava, por conta do vento.

Mais alguns passos e nós entramos no hotel, seguindo para o elevador de forma preguiçosa. Quando chegamos em nosso andar, Lauren me puxou na direção da porta de seu quarto, mantendo um aperto possessivo na minha mão esquerda.

: - Vai dormir no meu quarto.

: - Mas...

: - Jodi sumiu, então vamos aproveitar o tempo que podemos ter juntas.

Ela estava certa, naquela altura do campeonato e eu pensando em “mas”.

: - Até amanhã, meninas.

Ally disse acenando brevemente, abrindo a porta do quarto e entrando, nem nos dando tempo de resposta. A baixinha estava mesmo cansada.

: - Até amanhã, gangue.

Mani mandou um beijinho no ar, destravando a porta de seu quarto.

: - Até, Mani.

Lauren e eu dissemos juntas, nossos dedos entrelaçados sem chance de separação. Em um ato rápido, Dinah correu até Mani e selou um beijinho em sua bochecha, dizendo um “Boa noite” baixo e nostálgico. Observei a cena com um ponto de interrogação enorme no meio da cara, Lolo com a mesma expressão. Perdemos algo? Comecei a me fazer perguntas e mais perguntas, que claro, ficaram sem respostas.  

: - Hmmm.

Soltei uma risadinha pelo nariz e ajeitei a aba do boné.

: - Hmmm o quê?

Dinah revirou os olhos e se aproximou de nós depois que Mani entrou no quarto.

: - Nada.

Lauren riu abrindo a porta, desviando dos olhares interrogativos que recebia.

: - Sei. – Dinah sorriu. – Vão colocar as Barbie’s para transar e me deixem em paz.

: - Quer trazer a sua para participar? – Sorri de forma maliciosa e lhe pisquei um dos olhos, recebendo um tapa no braço de uma Lauren bravinha. – Ai.

: - Para de gracinha, eu entendi muito bem esse duplo sentido.

: - Relaxem, eu não curto ménage. – Dinah fez uma careta esnobe e se virou de costas com uma risada. – Boa noite, Camren, sem gritos.

: - Boa noite, babaca.

Dei língua para as suas costas e neguei com a cabeça antes de acompanhar Lauren para dentro de seu quarto. Meus pés estavam cheios de areia, fui deixando um rastro pelo piso claro conforme andava para perto da grande cama.

: - Enfim sós.

Aquela voz rouca e ansiosa encheu o ambiente, um frio gostoso crescendo na minha barriga conforme ela se aproximava. Um sorriso sapeca no canto dos lábios, aqueles olhos em um verde bem mais escuro do que o normal, naquela coloração familiar de quando o desejo falava mais alto. E a saudade, muita saudade.

Terminei de cruzar o caminho que nos separava e a puxei pela cintura, colando nossos corpos em um aperto necessário. Lauren suspirou e correu suas mãos por meus ombros, enrolando seus dedos nas minhas mechas de cabelo.

Com uma lentidão até então irreconhecível por mim, deslizei a ponta de meu nariz por seu pescoço, inalando fundo para sentir seu cheiro. Minhas mãos firmes em sua cintura a mantendo parada no mesmo lugar, para que pudesse sentir todas as vibrações de seu corpo com aquele simples gesto. Ela se arrepiou toda, podia sentir o seu sorriso ansioso na minha bochecha.

: - Depois de quase uma semana sem ter você desse jeito, não sei o que estou sentindo no momento.

Confessei selando um casto beijo no pé de seu ouvido, meu coração acelerado entregando o meu desespero por ela.

: - Arrisco dizer que estou sentindo tudo ao mesmo tempo.

Suas unhas desceram por meus braços, me arrepiando. Nossos olhos se encontraram de novo, uma explosão de alegria repentina, sabe? Daquelas que surgem do nada por coisas pequenas e significantes. Para você pode parecer uma grande besteira toda essa saudade por causa de uma semana, mas para nós, uma semana sem todo aquele contato nos deixava vulneráveis demais.

Ergui minha mão trêmula e toquei seu rosto, acariciando sua bochecha direita, correndo meus dedos para seus cabelos assim que terminei. Segurei nossos olhares, aquele tipo de olhar que você consegue perceber de longe a tensão existente. Com certeza o mesmo olhar que os Camren Shipper’s conseguem identificar em todas as fotos que Lauren e eu saímos nos olhando.

: - Eu sou completamente apaixonada por você.

Coloquei para fora com um suspiro, recebendo outro em troca. É possível se apaixonar todos os dias pela mesma pessoa? Era como se Lauren me conquistasse novamente por todos os dias da semana. Uma paixão ardente que tinha como base um amor puro e resistente.

: - Me beija.

Adorava com todas as letras quando ela me fazia pedidos daquela forma, o corpo mole e indefeso, o olhar escuro e cheio de desejo, a boca salivando por um ato meu. Com um suspiro de satisfação, enrolei minhas mãos em suas mechas macias e colei nossos lábios. Deus, você não pode imaginar a vontade que eu senti de gritar, uma euforia gigantesca fazendo com que gemêssemos baixinho.

Beijei seu lábio inferior, beijei o superior, massageei os dois com os meus, redecorando, aproveitando, suspirando. Suas mãos subiram por minhas costas, um pouco trêmulas, e se meteram por dentro da minha blusa, me puxando mais para perto. Pressionei nossos seios por cima das roupas e pedi passagem entre seus lábios com a língua, serpenteando a mesma para dentro daquela boca quente assim que recebi minha permissão. Gemi novamente, nossos corpos tremeram juntos quando nossas línguas se envolveram, aquela sensação deliciosa de estar sendo sugada me fazendo suar a nuca.

Iniciamos um beijo calmo e gostoso, aumentando o ritmo conformo a nossa necessidade pedia. Eu estava em êxtase, me considerando uma guerreira por passar todos aqueles dias sem o gosto dela em minha boca. Minhas mãos sedentas vagavam por todo o seu corpo, apertando as curvas, arranhando a carne, puxando o cabelo. Não havia segundas intenções em nada do que fazíamos, estávamos apenas matando a saudade, amenizando o desconforto de toda a semana. Ela não disse em palavras, mas estava me dizendo na intensidade de seus gestos que também era completamente apaixonada por mim. Afastei nossas bocas para respirar quando meu peito ardeu, um resmungo raivoso escapando da garganta de Lauren, demonstrando sua frustração. Eu ri baixinho e acariciei seus cabelos quando ela passou a me beijar o queixo, o canto da boca, a bochecha, as mãos afoitas praticamente me esfregando contra ela.

: - Você não me deixa respirar.

Eu disse ofegante sem abrir os meus olhos, mal tinha forças.

: - Você só precisa me beijar, respirar é segundo plano. – Eu ri baixinho por sua impaciência, meus pés acompanhando os movimentos dos seus conforme ela me lavava para trás, até encostar meu corpo na parede. – Estou morta de saudades dessa sua boca. Ainda não estou satisfeita e tenho certeza que nunca ficarei.

: - Eu... Também. – Minha voz saiu cortada quando eu tentei falar e ela me interrompeu, ou melhor, sua língua. – Muitas... Hmmmm, muitas... Saudades.

Eu ia dizendo completamente atrapalhada nos poucos intervalos, enquanto Lauren se ocupava em chupar toda a extensão da minha língua. Seus lábios fechados ao redor sugavam de forma intensa, indo fundo, voltando para a pontinha, indo fundo novamente, mordendo quando tornava a chegar no final. Ronronei completamente mole, meu corpo escorregando de levinho pela parede. Você não tem noção do que é o beijo dessa garota, te deixa com a calcinha encharcada em segundos.

: - Porra... – Mordeu meu lábio inferior, tirou o meu boné e puxou o meu cabelo com um pouco de força. – Camila.

: - Se você continuar, vai me fazer ter um orgasmo sem ter passado do beijo.

Confessei corando intensamente, minhas mãos em seus ombros para afastá-la um pouco. Lauren riu completamente alterada contra a minha bochecha, o leve suor de sua testa me fazendo sorrir. Estava calor, depois de toda aquela pegação, mais calor ainda.

: - Senti saudades até de me sentir extremamente excitada com seus beijos, como agora.

Soltei um suspiro longo e desci minhas mãos pela lateral de seu corpo, subindo seu vestido com calma para tocar suas coxas grossas e macias. Lauren abriu os olhos e me olhou, massageando minha nuca com a mão livre, a outra passeando por dentro da minha blusa.

: - Vamos tomar um banho, tirar toda essa areia do corpo e transar até cansar.

Pedi com um sorrisinho malicioso e cravei minhas unhas em suas pernas, subindo logo depois as mãos até o grande relevo que era a sua bunda. Tão gostosa. Apertei sem hesitar. Lauren mordeu o lábio inferior e apoiou a mão direita na parede, do lado da minha cabeça.

: - Eu não posso.

Beijou meus lábios, riu frustrada. Ergui uma sobrancelha.

: - Por quê?

Lauren negando sexo? Que porra era aquela? Já estava considerando pegar o gilete e me cortar.

: - Acordei naqueles dias essa manhã.

Suas bochechas coraram e eu sorri, subindo seu vestido até sua cintura, deslizando as mãos pela carne quente da região.

: - E a água existe para quê?

Sério mesmo que ela não queria transar no chuveiro por estar “naqueles dias?” Nada que uma boa água corrente não lavasse. E como se eu me importasse, não é mesmo? Eu namorava uma mulher, ou melhor, eu gostava de mulheres e sabia muito bem da regrinha básica de todos os meses. Acha mesmo que eu deixaria de ter um bom sexo por causa de algo que poderia ser relevado embaixo do chuveiro? Eu a amava o suficiente para ligar o foda-se. Revirei os olhos.

: - Não quero que você veja coisas desnecessárias. – Lauren riu sem graça e beijou meu pescoço, me arrepiando. – Vai você, tome um banho e relaxe, mais tarde eu te dou uma mãozinha.

: - Não quero uma mãozinha, quero que me dê outra coisa.

Fiz beicinho e ganhei um tapinha na bunda, ouvindo aquela risada maravilhosa encher o quarto.

: - Para de reclamar e vai logo para o banho. Quando terminar eu tomo o meu e ficamos juntas.

: - Sem sexo no chuveiro? – Fiz birra e ganhei outro tapa. Lauren me virou de costas para ela e beijou minha nuca, me guiando pelos ombros até o banheiro. – Amor, eu não ligo, sou sua namorada. Vamos, uma rapidinha então. Dez minutinhos. Caramba, eu tô com saudades.

: - E você acha que eu não? – Ela perguntou incrédula com uma risada quando entramos no banheiro. Eu ainda estava com aquele bico enorme, só faltei bater o pé no chão. – Olha bem pra minha cara. Estou me contorcendo e você só está complicando. Tome seu banho, mais tarde eu acabo com o teu desejo e com o meu. Te dar prazer me dá prazer.

: - Você podia ser menos fresca, amor.

Resmunguei com um sorriso enquanto me livrava das minhas roupas.

: - E você menos gostosa.

Observei seus olhos me analisando e me curvei para retirar a calcinha, parando com as mãos no elástico antes de apontar o dedo para a porta.

: - Já que não quer transar no chuveiro, fora do banheiro agora.

Sorri de canto e ergui a sobrancelha.

: - Não vai me deixar lhe ver tomar banho?

Foi a vez dela fazer beicinho. Quase corri para beijá-la, mas me controlei.

: - Não. Fora do banheiro, anda.

: - Chata.

Lolo me deu língua e revirou os olhos antes de se virar de costas, andando para a saída do banheiro. Eu ri negando com a cabeça, retirei a calcinha e entrei no Box.

: - Traz uma blusa pra mim e uma de suas calcinhas novas, amor, não posso ficar pelada.

Gritei abrindo o chuveiro, ouvindo apenas a sua resposta abafada pelo som da água. Tomei um banho quente e longo, me peguei sorrindo vez ou outra enquanto lembrava do dia estranhamente calmo que passamos. Era errado, mas eu estava orando para que Jodi se sentisse mal pelo resto dos meses, assim ela ficaria trancada no quarto a maior parte do tempo e nos deixaria em paz.

Sai do Box e me sequei, vesti a regata preta que Lauren havia deixado para mim em cima do vaso, e logo depois a calcinha branca. Enrolei a toalha no cabelo e sai do banheiro abafado, um ventinho fresco atingindo o meu corpo quando coloquei os pés no quarto. Lauren estava na varanda, de costas para mim, sorri ao vê-la com sua Polaroid na mão, aquelas câmeras em que a foto sai na hora.

: - O que está fazendo?

Perguntei ao me sentar na cama, tirando a toalha do cabelo para começar a secá-lo.

: - Esse lugar é tão lindo. – Ela disse sorridente, me encarando de forma encantadora. – Estou registrando tudo antes de ir embora, quero algo nas mãos, sabe?

Concordei com a cabeça sem retirar o sorriso, onde ela logo tirou mais algumas fotos. Esfreguei a toalha no meu cabelo recém lavado sem pressa, o cheiro gostoso do shamppo de baunilha que Lauren usava me fazendo suspirar.

: - Camz?

Ela chamou parada na porta da varanda, as fotos que havia tirado em uma das mãos, na outra a Polaroid de última geração. Aquela era nova, ainda não havia visto. Lauren sempre gostou de tirar fotos, ela fazia um bom trabalho com elas no IG, o ângulo certo, captura perfeita.

: - Oi.

Respondi largando a toalha na cama, passando a mão pelo cabelo e sacudindo os fios para o lado, deixando do jeito que ela gostava.

: - Se eu te pedir uma coisa, você faz?

Aquele sorriso de quem estava aprontava nasceu em seus lábios, o olhar brilhante me fazendo erguer a sobrancelha e responder com um sorriso. Como eu poderia dizer não, mesmo sem saber o que era, com ela me olhando com aquela carinha?

: - Eu faço tudo o que você quiser.

: - Coloca o boné e me deixe tirar umas fotos suas. – Eu não disse que ela estava aprontando? Seu sorriso eufórico me causando cócegas no peito. – Assim, descalça, com a minha calcinha, a minha blusa e na minha cama.

: - Isso é um fetiche?

Perguntei enquanto levantava para pegar o boné no chão, rindo baixinho.

: - Você é um fetiche, quando vai aprender?

Peguei o boné e coloquei, pelo olhar que recebi sabia que deveria virá-lo para trás, do jeito que ela gostava. Eu fazia tudo o que aquela garota desejava, se ela me pedisse para cantar só de calcinha na varanda, eu cantaria. Às vezes eu torcia o nariz para alguns pedidos, mas ela conseguia o que queria com apenas um beijinho. Eu era fraca demais, muito fraca.

: - Assim?

Perguntei ao me sentar, dobrando os joelhos na cama para abraçá-los. Lauren mordeu o lábio inferior e se aproximou, concordando com a cabeça.

: - Uhum, assim...

Suspirou erguendo a câmera, e antes que eu pudesse piscar, tirou a primeira foto. Alguns segundos e ela estava com a imagem nas mãos, olhando e sorrindo antes de colocá-la sobre a cama. Era tão bom vê-la alegre daquele jeito depois da confusão que estava em sua mente, que a deixaria tirar quantas fotos quisesse, se fosse para manter aquela expressão descontraída.

: - Eu já te disse que você é linda?

Perguntou com um olhar intenso e eu corei, sorrindo discretamente antes de virar um pouco a cabeça para o lado. Eu sabia que ela havia começado com os elogios apenas para me fazer sorrir. Lauren suspirou contente quando capturou o momento, mais uma foto em sua mão. Eu não disse que ela conseguia tudo o que queria?

: - Você joga sujo.

Mordi o lábio inferior a encarando, erguendo a mão para ajeitar o boné. Quando abaixei um pouco a cabeça ainda com o lábio mordido, Lauren tirou outra foto. Eu iria reclamar, já que não esperava, mas pelo olhar de satisfação que ela tinha nos lábios, deixei pra lá.

: - Se você soubesse o quanto fica perfeita em fotos espontâneas, jamais faria uma pose forçada.

: - Você é suspeita para falar.

Eu ri enrugando o nariz e havia mais uma foto para a coleção, dessa vez mais de perto, já que ela estava de joelhos sobre o colchão.

: - Eu só te amo demais.

Ergui os olhos para fitá-la, minha expressão concentrada denunciando o que senti ao ouvir sua intensidade. Com calma, Lauren ergueu a mão livre e afagou meu rosto, dedilhou a linha do meu nariz, desceu o dedo por minha bochecha, acariciou meus lábios, tudo isso sem deixar de me olhar nos olhos. Me senti completamente nua, ela estava me despindo de uma forma que me deixou arrepiada.

: - Eu também amo você.

Sussurrei para ela, para o acaso, para o silêncio que se seguiu. Meu coração batendo forte, vivo, ciente de que era ela o motivo de tanta afobação e emoção. Com o queixo levemente erguido para que eu pudesse olhá-la debaixo, Lauren levou os dedos até meus lábios e os afastou com delicadeza, curvando-se para deslizar a língua por eles sem a menor pressa.

Arfei com a sensação, fechei os olhos e permaneci do mesmo jeito quando ela se afastou. Meus lábios estavam molhados e separados, minhas bochechas coradas e meus olhos fechados. Fiquei imóvel e ouvi o pequeno clique da ejeção de uma foto, eu sabia que era daquele jeito que ela me queria. Acontece que o momento havia passado de uma simples sessão de fotos, para uma imensa troca de emoções. O que Lauren fazia não era apenas tirar fotos minhas, mas sim gravar em algo que pudesse sentir nas mãos todas as reações que causava em mim.  

Abri meus olhos e voltei a encará-la, seu rosto me mostrava o quanto ela estava entregue no que fazia, uma figura séria e penetrante. A olhei de forma apaixonada sem nem ao menos piscar, onde ela chegou a câmera bem pertinho do meu rosto para fotografar meus olhos. Deixou a foto junto com as outras sobre a cama e abaixou a câmera, aproximando sua boca da minha.

: - Se eu lhe disser que você me hipnotiza com esse olhar, acreditaria?

Suas mãos livres retiraram o meu boné, descendo por meus cabelos até tocarem a barra da regatinha preta que eu vestia. Hipnotizada? Eu estava hipnotizada, encantada, viciada.

: - Não tem como não acreditar no que eu posso ver.

Disse baixinho quando a senti subir minha blusa, passando-a por minha cabeça. Fiquei nua da cintura para cima, sua boca quente depositando um beijo molhado em meus lábios.

: - Deita. – Lauren sussurrou no meu ouvido, se afastando um pouco para que eu pudesse fazer sem pestanejar o que me pediu. Deitei de costas na cama, a observando passar uma perna de cada lado do meu quadril, se sentando sobre mim. Suspirei perdida naquela imensidão verde, não conseguia desviar a atenção. – Seus seios são...

Ela suspirou baixinho, deslizou os dedos pelo cabelo e os jogando para o lado. Sorri para ela e subi minhas mãos por suas coxas, o que a fez curvar o corpo sobre o meu para beijar meus lábios. Nos beijamos suavemente, respirações alteradas e corações acelerados. Deixei que sugasse minha língua e gemi, forçando meu quadril para cima na procura de mais contato. Lauren separou nossas bocas e desceu a língua por meu pescoço, dando beijos molhados e gostosos, lambendo a pele quente até chegar em meu colo. Fechei os olhos quando soube o que ela faria, estava ansiosa para recebê-la. Levei a mão direita até seus cabelos e afaguei.

: - Minha boca enche de água só de olhar.

A ouvi dizer e separei os lábios para arfar quando senti sua língua quente envolver meu mamilo esquerdo. Meu corpo vibrou, levei a cabeça para trás e puxei o ar com força, meus dedos enrolando suas mechas de cabelo na procura de apoio. Atendendo o meu pedido silencioso, ela começou a chupar sem pressa meu mamilo, se dedicando fielmente em sugar e sugar. Comecei e gemer baixinho, a região no meio das minhas pernas recebendo a umidade familiar. Sentada sobre o meu quadril, começou a rebolar bem devagar, me instigante, me fazendo suar. Acompanhei com os olhos quando ela rumou para o outro seio, abocanhando para sugar como fez no outro.

: - Lauren.

Gemi umedecendo os lábios, segurando em seu cabelo com força para acompanhar com a mão o ritmo de seus movimentos. Aquela língua deliciosa brincando com meu mamilo me faria gozar rapidamente se ela continuasse. Fazia tanto tempo que ela não me tocava daquele jeito, que bastava mais um passo para me levar ao precipício.

Depois de me maltratar mais um pouco, e deixar os biquinhos dos meus seios bem sensíveis, Lauren se ergueu, deslizando a língua pelos lábios e relando a mão na câmera ao seu lado. Seus olhos queimavam, os meus a fuzilavam, queria perguntar o motivo dela ter parado, queria gritar para que continuasse, mas não tinha voz. Engoli a saliva que havia se formado em minha boca enquanto arfava, meu peito subindo e descendo rapidamente.

: - Olha pra mim.

Ela pediu rouca quando desviei meus olhos, estava tão excitada que era quase constrangedor. Fiz o que ela pediu e a olhei, foi tempo o suficiente para que ela capturasse o momento com a câmera. Ela estava unindo o útil ao agradável, nos dando prazer enquanto fotografava todas as minhas reações as suas investidas. Se eu estava ligando? Naquele momento ela poderia tirar quantas fotos quisesse, eu nem mesmo tinha consciência de alguma coisa. Sorriu satisfeita olhando a foto, um pouco ofegante.

: - Se eu soubesse que te fotografar nua seria tão prazeroso, já teria feito isso antes.

: - Amor, por favor. – Resmunguei me movendo embaixo dela, estava ficando incomodada com aquela pressão entre as pernas. Levei um braço acima da cabeça e a virei para o lado, puxando o ar com força. – Você me deixou em uma situação péssima.

Lauren soltou uma risadinha divertida e excitada, colocando a foto e câmera de lado antes de ergue o vestido, o passando por sua cabeça. Ela estava sem sutiã e eu me deliciei ao ver seus seios livres daquele pano, seus biquinhos rosados clamando pela minha boca. Antes que eu pudesse pensar em me sentar para prová-los, ela se deitou sobre o meu corpo, pegando a câmera, mexendo em algo rapidamente e a colocando ao nosso lado, apoiada no travesseiro. Deslizei minhas mãos por costas e forcei seu quadril para baixo, ouvindo um gemidinho gostoso sair por seus lábios separados. Ela estava só de shortinho preto, para o meu desespero, sabia que nem chorando ela me deixaria arrastá-la para o banheiro.

: - Você não va...

Eu comecei a minha tentativa, mas calei a boca quando ela me interrompeu, deitando de lado ao meu lado direito, subindo a mão por minha barriga suada até encontrar meu seio, massageando.

: - Eu vou te aliviar. – Sussurrou em meu ouvido. Mordeu o lóbulo da minha orelha, sorriu contra a minha pele, apertou o biquinho do meu seio direito e me fez entrar em ebulição. Controle? No espaço. – Bem gostoso, está bem? Vai gemer no meu ouvido e matar a saudade que eu estou de lhe escutar.

Sua mão foi descendo por minha barriga, como seus lábios pelo meu pescoço. Eu estava me contorcendo, praticamente jogando meu corpo contra a mão dela para que pudesse me tocar com mais força, mais rapidez, mas Lauren parecia calma e sem pressa. Eu sabia que ela havia programado a câmera para registrar todos os momentos, podia ver as fotos caindo para o lado em poucos intervalos. Se eu estivesse menos embriagada de tesão, ficaria envergonhada, mas naquele momento a última coisa que eu ligava, era para as fotos.  

: - Esquece a câmera, feche os olhos e sinta.

Distribuindo beijos pelo pé do meu ouvido, Lauren afastou minhas pernas com uma de suas coxas o máximo que pode, deslizando sua mão direita lentamente para dentro da minha calcinha. Gemi entorpecida, a sensação de ter seus dedos de volta era maravilhosa. Fechei os olhos com força e agarrei em seus cabelos, abrindo a boca em um O bem redondinho quando ela começou a massagear o meu clitóris inchado.

: - Assim... eu amo quando você faz desse jeito. – Arranhei seu ombro, seus dois dedos descendo até a entradinha do meu sexo apenas para umedecê-los, voltando para cima e dando continuação na pressão deliciosa que ela mantinha onde eu mais latejava. – Hmmm.

: - Toda molhada. – Lauren gemeu no meu ouvido, seus seios pressionados na lateral direita do meu corpo, podia sentir seus mamilos durinhos na minha pele. Aquilo me excitava ainda mais, saber que ela estava morrendo de tesão por me dar prazer me deixava louca. - Tão quente.

Soltei um gemido falhado quando ela deslizou um dedo para dentro, tirando até o final, voltando a colocar até o fundo, tornando a tirar. Santo Cristo.

: - Não... tira. – Pedi gaguejando enquanto ela me provocava. – Por favor.

: - Você gosta? – Me perguntou com a boca colada no meu ouvido, meu corpo todo arrepiado e tensionado. Agarrei um de seus seios, apertando e massageando para calar minha inquietação. Ela gemia entre as palavras sussurradas. – Gosta quando eu estou dentro de você? Gosta de ter meus dedos assim? – Me fazendo soltar um pequeno gritinho, ela deslizou dessa vez dois dedos para dentro da minha umidade, penetrando de forma lenta e deliciosa até o fundo. Mais algumas estocadas daquela e eu gozaria, estava sensível demais. – Diz pra mim que você gosta, diz enquanto geme. Diz Camila, eu quero ouvir.

Eu não tinha forças nem para abrir os olhos, estava gemendo de forma intensa enquanto era penetrada da mesma forma por dedos habilidosos e esfomeados.

: - Eu amo. – Coloquei para fora curvando a cabeça, sentindo sua boca deslizar pelo meu pescoço, colo, até abocanhar meu seio direito. – Eu... Amo, Lauren.  Eu amo. Eu amo tudo... Oh! Deus. – Gemi um pouco mais alto quando ela sugou meu mamilo com mais força, minha mão direita puxando seu cabelo da mesma forma. – Eu amo você.

Comecei a dizer de forma desconexa e desesperada, seus dedos se chocando na minha carne sem muita força, mas o suficiente para me deixar cada vez mais molhada e próxima do que nós queríamos.

: - Sim... – Lauren chupou a lateral do meu seio, subiu a boca por meu pescoço, colou seus lábios no meu ouvido e se pois a dizer enquanto aumentava o ritmo no meio das minhas pernas. – Você é... deliciosa. Teus gemidos me enlouquecem. Eu amo as tuas expressões de prazer. – Tirou os dedos de dentro de mim e subiu para o meu clitóris, esfregando rapidamente a região sensível, me fazendo gemer sem pausa, sem vergonha. Eu estava agarrada em seus cabelos, forçando sua cabeça em minha orelha para sentir meu corpo se arrepiar com aquele contato, seu hálito quente e cheiroso. – Eu amo quando você rebola contra a minha mão, quando começa a gemer mais alto, mais forte... Desse jeito, assim mesmo... Não pare.

: - Lauren. – Chamei seu nome quase em desespero, aquela sensação atormentadora crescendo no meu ventre. Ela sabia o que aconteceria, pois aumentou mais ainda os movimentos no meu clitóris. Não dava mais para segurar, eu precisava daquela queimação. – Eu vou...

: - Eu te amo.

Ela disse contra os meus lábios quando eu virei o meu rosto para morder sua bochecha, me penetrando rapidamente logo depois. Uma, duas, três vezes. O choque daquele “Eu te amo” intenso misturado com a agilidade de seus dedos me sacudiram. Um grito mudo saia por minha boca aberta, onde ela beijava os meus lábios de forma insaciável, ofegante, gemendo junto comigo quando meu corpo todo convulsiona ao redor de seus dedos. O orgasmo devastador curvando a minha coluna, me fazendo enfiar a língua na boca de Lauren na procura de um beijo, para não gritar de prazer. Nos beijamos com pressa, afoitas, seus movimentos já lentos em meu sexo me fazendo aproveitar os últimos momentos do que me provocou da melhor maneira.

Nos separamos quando o ar acabou, nossas respirações pesadas se misturando. Um sorriso tímido nasceu no meu rosto suado, eu estava de olhos fechados, mas sabia que ela retribuía.

: - Amo o jeito que você fica coradinha depois de gozar.

Sua voz rouca me fez rir baixinho, corando mais ainda, dessa vez de vergonha. Seus dedos ainda estavam dentro de mim, parados, onde eu fiz questão de fechar as coxas para que ela não ousasse retirar.

: - Mais um ponto para acrescentar na lista de coisas que você ama em mim.

Eu disse abrindo meus olhos cansados para encará-la, seu rosto corado e suado enfeitando seus olhos mais verdes do que nunca.

: - E olha que eu tenho uma lista muito grande.

Rimos juntas e logo recebi seus lábios nos meus, logo depois sua cabeça na curva do meu pescoço.

: - Obrigado por essas sensações.

Agradeci completamente satisfeita, suspirando enquanto fitava o teto branco daquele quarto de hotel em Angra.

: - Não por isso. – Beijou meu pescoço. – Te dar prazer é sempre surreal. Me satisfaz no mesmo nível.

: - Você...

Sorri beijando sua testa, a ouvindo rir baixinho contra a minha pele.

: - Uhum.

Lauren confessou depois de morder minha clavícula, me arrepiando. Era bom saber que eu causava nela sensações semelhantes sem nem ao menos tocá-la.

: -  Me abraça, fica assim agarradinha comigo até amanhã de manhã.

Pedi sem vontade de levantar, estava mole e sonolenta, mesmo que ainda fosse relativamente cedo para dormir.

: - Eu quero apenas tomar um banho. Mas eu volto logo, está bem? – Disse levantando a cabeça para fitar minha expressão, como viu que eu estava fazendo biquinho, soltou uma risada maravilhosa e me apertou em seu braço livre. – Eu já volto, dengosa, dez minutinhos.

: - Ok, vai correndo. Eu vou contar.

: - Boba.

Lauren me deu um selinho e suspirou, onde eu afastei as coxas para que ela pudesse o que eu não queria. Com calma ela retirou os dedos de dentro de mim, nos rendendo gemidos de frustração. Me olhou de um jeito apaixonado e mordeu o lábio inferior, colocando as pernas para fora da cama e se levantando. Seria desespero demais pedir para ela voltar?

: - Para de me olhar e vai logo, já estou sentindo frio.

Sorrindo maravilhosamente ela me deu as costas, andando na direção do banheiro e me deixando ali, sozinha. Fiquei mirando o teto igual a uma doente mental, sorrindo de forma abestalhada, o corpo ainda quente e molhado. Era incrível como eu não me cansava, como eu sempre queria mais, muito mais dela. A amava tanto que sentia vontade de gritar pela varanda.

Virei de bruços na cama e me estiquei, meus músculos ainda estavam tensionados. Com olhos um pouco embaçados eu enxerguei a câmera apoiada no travesseiro, um pequenino amontoado de fotos ao lado dela. Mordi o lábio inferior em curiosidade e estiquei minha mão na direção, arrastando o máximo que consegui para perto. Comecei a erguer as fotos para avaliar, meu rosto corando de forma intensa em cada uma.

Existiam fotos de todos os jeitos, todas elas marcando a nudez dos meus seios e minhas expressões de prazer, assim como as de Lauren. Fotos dos beijos, fotos de sua boca em meu pescoço, fotos das minhas mãos a segurando pelo cabelo, fotos de sua língua perfeita ao redor do meu mamilo, fotos e mais fotos das minhas melhores reações aos seus atos sobre mim. Eu quis me enfiar embaixo da cama por me ver naquelas expressões, mas não podia negar que ficaram lindas e eróticas. Perdi a noção do tempo olhando todas aquelas imagens, mal me dei conta da presença de Lauren nos pés da cama.

: - Ficaram lindas.

Ela disse engatinhando por cima do meu corpo, deitando em minhas costas. Um cheiro delicioso de sabonete e Lauren.

: - Estou um pouco envergonhada. Nunca imaginei que veria as minhas expressões de prazer algum dia.

Eu ri sem graça e ela me acompanhou na risada, beijando minha bochecha, afastando meu cabelo para sussurrar em meu ouvido.

: - Jamais sinta vergonha, nem longe e nem perto de mim. – Sorri contra o lençol e entrelacei nossos dedos. – Todas essas expressões fazem parte da minha lista de coisas que eu amo em você, coisas só minhas. Não existe nada aqui que eu não admire, portanto, sinta-se honrada, pois irá me deixar louca todas as vezes que eu olhar essas fotos, mesmo quando estiver longe de mim.

: - Você é um poço de surpresas, todas deliciosas.

Sussurrei sentindo seus beijos por meu ombro. Ela riu divertida e virou meu corpo rapidamente, se encaixando entre as minhas pernas.

: - Te surpreender é uma devoção, Camz. Espero poder fazer isso todos os dias.

: - Acredite, você faz.

Eu disse sincera e lhe acariciei o rosto, puxando-a pela nuca para que pudesse me beijar, já sentia saudades. Não falamos mais nada, não era preciso, ficamos ali nos beijando por um longo tempo, nos acariciando, nos olhando, sentindo, investindo. Parecia que quanto mais o tempo passava, mais saudades sentíamos. No começo da madrugada, nos ajeitamos na cama e dormimos de conchinha, exaustas e sorrindo. Deus havia nos dado um momento de paz, eu mal sabia como agradecê-lo.

Fomos acordadas no dia seguinte as 9:00 da manhã, Normani bateu na porta do quarto de Lauren apressada, alegando estar morrendo de fome e precisando de companhia. Como também tínhamos nossos estômagos roncando, nos vestimos e descemos para o restaurante.

Comemos tudo de direito, comemos por nós, por Ally e por Dinah, que continuavam dormindo. Partiríamos para a capital ao meio dia, o que ainda me dava tempo para dar um mergulho antes de ir embora. Quando me dei por satisfeita, pedi licença para Mani e me levantei, dizendo para Lauren me acompanhar até o banheiro. Olhei ao meu redor e procurei por Jodi, como ela provavelmente ainda não havia descido, o que era estranho, sai da mesa sob umas risadas de Mani e fui andando para fora do salão, seguida por Lauren.

Estávamos chegando no final da área dos elevadores quando eu avistei uma escadinha, entre ela e a parede um pequeno espaço cercado por um grande jarro de plantas. Ótimo. Puxei Lauren pela mão e a arrastei para o local apertado, a colocando contra a parede e tampando sua boca quando ela fez menção de falar alguma coisa.

: - Shiiiu!

: - Camila, o que... ?

Ela começou a dizer bem baixinho, me olhando com olhos arregalados enquanto segurava em meus ombros.

: - Eu quero te beijar. – Sussurrei de volta, correndo minha mão por sua nuca. – Se você ficar quietinha, nos beijamos rápido e logo saímos daqui. Colabora.

: - Você é maluca.

Lauren riu baixinho e me puxou para ela, colocando nossas bocas, me dando tempo apenas de dizer uma coisa.

: - Por você.

Eu sorri um pouco trêmula e logo começamos a nos beijar, nem parecia que ficamos a noite toda fazendo aquilo trancadas no quarto. Marcas da saudade, sabe? Você nunca fica satisfeita, nunca se cansa. Suas mãos vagavam por meus cabelos, puxavam, acariciavam, nossas línguas desesperadas provando cada vez mais uma da outra. Como o local era afastado, quase ninguém transitava por aquilo, o que nos rendia um bom silêncio e a chance de ouvir caso alguém se aproximasse. Chupei o lábio inferior de Lauren a fazendo suspirar, seu hálito fresco soprando em meu rosto, sua saliva com gosto de suco de laranja me deixando com vontade de mais. Voltei a beijá-la, movida pelo calor do momento e pela necessidade que sentia dela,. Segundos depois, meu corpo inteiro travou quando ouvi um pigarro atrás do jarro de plantas.

: - Que cena comovente.

Meu coração deu um solavanco, os lábios de Lauren ainda colados aos meus tremeram intensamente, suas mãos apertaram com tanta força o meu pescoço que me senti sufocada. Meu Deus, não. Foi tudo o que eu pensei. Usando da coragem que me restava, me afastei um pouco de Lauren e suspirei, piscando com força.

: - Jodi.

Suspirei em terror como se tivesse dito o nome do pior demônio existente, e acredite, era como se fosse. De onde ela surgiu? Meu Deus, não havia ninguém nos seguindo até ali. Ou havia? Então por que eu não notei? Lauren agarrou uma de minhas mãos, estava inalando com força, podia sentir a raiva crescente em seu peito.

Rindo ironicamente, Jodi levou uma mão até as plantas que atrapalhavam metade da sua visão, as chegando para o lado para que pudesse nos enxergar melhor. Senti minhas pernas ficarem bambas quando a vi erguer a mão direita, meu coração batendo como se fosse parar a qualquer momento.

: - Sabe, vocês levam jeito para trabalhar com fotografia. Deveriam seguir a carreira, essas fotos ficaram maravilhosas.

Eu vi Lauren fechar os olhos, eu vi o sangue sumir de seu rosto, eu vi suas narinas inflarem, eu vi seu corpo ficar mole, eu vi seus lábios travados, senti o aperto desespero de sua mão na minha, e senti drasticamente a minha lucidez indo embora. Um frio desesperador subindo por meus pés, gelando o meu corpo, congelando as minhas bochechas. Jodi tinha nas mãos as fotos... As fotos que Lauren e eu tiramos na noite que se passou. Ela tinha nas mãos uma bomba, a prova do fim da paz que pouco havíamos desfrutado.

: - Droga!

Foi tudo o que minha namorada disse, como eu, completamente em choque. Trocamos um olhar aterrorizado, naquele momento nós sabíamos, a nossa única opção era permanecer de mãos dadas.

Esse é o exemplo de que quanto as coisas estão muito boas, uma surpresa nada agradável pode te pegar pelas pernas. Quando a esmola é muito grande, o santo desconfia. Mas, infelizmente, Lauren e eu estávamos com saudades demais para desconfiar da falsa paz que nos cercava.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais




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