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História Falling in love for the last time. - This Is What Makes Us Girls.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Oiiiiii, meninas. <333 Demorei, né? Mas olha só, escrevi um capítulo enooorme pra vocês. >< Presentinho de Natal, sim? Espero que gostem. Bem, preciso que vocês escutem uma música para a leitura de uma cena, a música é "This Is What Makes Us Girls" da Lana, e eu vou postar o link da versão certa nas notas finais, não escutem outra. POR FAVOR, quem for ler pelo pc, escutem a música quando chegar a hora certa, vocês vão saber quando porque irei citar o nome da mesma. Repito, vou postar o link nas notas finais, então cliquem lá logo para poupar trabalho, a música ajuda a imaginar melhor. Enfim, é só isso. Divirtam-se e qualquer erro, conserto depois. Amo vocês. <3

Capítulo 40 - This Is What Makes Us Girls.


 

: - Então, Jauregui, onde a senhorita estava essa manhã?

Jodi tornou a perguntar, seus braços atrás de seu corpo para manter aquela postura intimidadora. Dinah e Normani voltaram a comer, Ally fitando o nada por cima da taça de água que tinha na boca, Lauren piscando tão lentamente que eu tinha a certeza que ela estava tentando bolar uma desculpa. Dei o meu melhor sorriso sem dentes e me virei para frente.

: - Onde eu estava?

Levou a mão direita até a garganta para pressioná-la um pouco.

: - Sim. Onde estavas?

Ergui o dedo indicador e cocei entre as minhas sobrancelhas, observando Dinah tentando prender o riso. Lauren pigarreou umas duas vezes antes de responder.

: - Eu e-estava no meu quarto, ué. Onde mais eu estaria?

: - É, onde mais ela estaria?

Dinah alfinetou soltando uma risada depois de mastigar um morango.

Ela estava no meu quarto, me dando umas palmadas bem fortinhas na bunda, Jodinha. Pensei.

: - Não estava não, eu bati na porta trezentas vezes e você não atendeu.

Jodi cerrou os olhos, o corpo levemente curvado para frente.

Lauren me olhou aterrorizada, estava completamente sem jeito. Se eu iria me pronunciar para defendê-la? Claro que não.

: - Não atendi... – Ela pensou por alguns instantes. – Você deve ter batido na hora em que eu estava aqui embaixo tomando café da manhã, por isso não atendi.

Sério, Lauren? Você já foi melhor com desculpas. Eu ri baixinho e espetei uma folha de alface, enfiando na boca.

: - E como eu não lhe vi por aqui, Sra. Jauregui? As 6:00 em ponto eu estava tomando o meu café no restaurante do hotel, e nem sinal da sua... – Jodi observou Lauren por alguns instantes, desceu os olhos, subiu os olhos, torceu o nariz e ergueu as sobrancelhas. – Torta silhueta. Por que diabos você está quase deitada na cadeira? Não tem modos, menina? Sente-se direito, bunda no assento, não as costas. Se ainda não olhou ao seu redor, deixe-me avisar que as pessoas possuem postura, colunas retas e cotovelos fora das mesas. Se quer dormir, que vá dormir em sua cama.

Eu não sei dizer se eu e as meninas trocamos um rápido olhar antes, ou se explodimos direto em uma gargalhada. Eu observei com diversão o rosto de Lauren ganhar a coloração vermelha, era como se todo o sangue de seu corpo estivesse concentrado em suas bochechas. Minha barriga doía, meu corpo curvado para o lado quase caindo da cadeira. Está vendo só como a vingança chega rápido? Ela não teve que se explicar para as meninas, mas teria que dar explicações ao Diabo. Eu estava literalmente adorando aquilo.

: - Não, é que eu... Eu estou com... Eu n-não...

O nervosismo de Lauren só fez aumentar as nossas risadas, riamos tanto que Normani ergueu seus braços em pequenas sacudidas quando se engasgou com o suco que bebia, Dinah dando tapas em suas costas.

: - Termine a frase, Lauren. – Jodi pediu impaciente, eu podia ver que ela estava batendo um dos pés no chão. – E vocês parem de rir feito hienas, não estou vendo nada engraçado.

Curvei a corpo para frente e deitei a cabeça nos braços, não estava aguentando. Lolo me deu um chute na perna por debaixo da mesa, estava puta.

: - Estou com a... Bunda dolorida, não posso sentar com todo o meu peso sobre ela.

Sua confissão soou baixa e rápida, mas não passou fora do alcance de Jodi. Ergui a cabeça para olhar sua expressão, o que me fez prender o riso mais uma vez.

: - Com a bunda dolorida?

A sargento ergueu a sobrancelha.

: - Jesus Cristo!

Ally exclamou se encolhendo na cadeira. Normani estava com o cotovelo em cima da mesa, a mão cobrindo a testa e uma risada silenciosa escapando. E Dinah? Bom, Dinah foi Dinah.

: - Ô Jodi, você já fez sexo anal?

Naquele momento eu já estava quase embaixo da mesa, ria tanto que meu corpo foi escorregando até que me encontrei de joelhos no chão na frente da cadeira. Ally rindo o tanto quanto eu, suas bochechas vermelhas.

: - Allyson.

Eu chamei estendendo minha mão para ela sem conseguir para de rir, tentando me erguer.

: - O respeito realmente passa longe de vocês. Que pergunta é essa, Dinah? Sua mãe não lhe deu educação?

: - Não deu educação, mas eu vou dar uns bons tapas em breve.

Lauren disse se ajeitando na cadeira, gemendo repetidas vezes de dor ao soltar o peso do corpo.

: - Lolo é mestre em tapas, tem diploma em palmadas. – Gargalhei.

: - É sério, Jodi, responde se sim ou não. É que só quem fez pode entender a Jauregui, é bem incômodo. – Dinah disse enquanto sacudia a cabeça em positivo, como se contasse uma das melhores histórias. Normani escondeu o rosto entre as mãos. – Eu dei pra Lauren um brinquedinho essa semana, mas avisei que se ela não soubesse usar, não iria conseguir se sentar no dia seguinte. E olha só hoje... Dito e feito.

Lauren rosnou ao meu lado, fuzilava DJ com seus olhos verdes intensos.

: - Vocês são... Vocês são assustadoras. – Jodi arregalou os olhos enquanto encarava Lauren. Suas bochechas... Vermelhas? – Não deveria ficar usando essas coisas, Jauregui, ainda mais sozinha. Que desnecessário. Já pensou se isso cai no ouvido da imprensa? O que vão pensar de você? Além de já ter que aguentar falações sobre sua sexualidade, vai ter que aguentar mais uma sobre com o que anda brincando. Lamentável. Vou me retirar antes que escute mais alguma coisa que me tire o sono durante a noite. Com licença.

Jodi negou com a cabeça completamente assustada e nos deu as costas, se afastando da mesa. Nós estávamos rindo novamente quando Lauren saltou da cadeira com uma taça de suco na mão, o que me fez levantar com a mesma pressa para me colocar na frente dela, pois eu sabia o que ela faria.

: - Ei, pode parando, não vamos começar com as agressões, já chega.

Eu disse sem deixar de rir, tirando a taça de sua mão direita, dando um gole no suco.

: - Eu não estou acreditando que você fez isso, Dinah. Acabou com a minha reputação.

: - Eu salvei tua vida, mal-agradecida, te salvei de explicar pra ela onde estavas e você ainda quer me afogar com o suco?

Dinah se defendeu erguendo os braços depois de largar o garfo sobre a mesa. Lauren bufou na minha frente e se apoiou na minha cintura para tornar a sentar, uma careta surgindo em seu rosto.

: - Se ela contar essa merda para os meninos da banda ou para os seguranças? Onde vou enfiar a minha cara? Que merda, Dinah.

: - Vai enfiar no lugar de sempre, no meio das pernas da Mila.

Me engasguei com o suco e levei a mão até a boca, me virando para olhá-la.

: - Eu não preciso escutar isso.

Ally reclamou negando com a cabeça.

: - Laur, tua reputação já não é muito boa mesmo, o que vai mudar? Todo mundo sabe que você e a Mila fazem “roça roça”, não vai fazer diferença nenhuma eles ficarem sabendo que você gosta de ser comida por trás também. Relaxa e... Goza.

: - Normani.

Lauren esbravejou cobrindo o rosto com as mãos. Dinah abraçou Mani de lado enquanto ria e depositou um beijo em sua cabeça. Eu larguei a taça sobre a mesa e me sentei, mais vermelha que um tomate, mas sem parar de rir.

: - Amor, relaxa, se você gosta de ser comida por trás também, eu como, não tem problema. A gente pode até usar o brinquedinho da Dinah, eu faço com jeitinho e você nem vai sentar assim no dia seguinte. Teremos uma relação sem preconceito, sexo oral, vaginal e anal presente sempre.

Toquei sua coxa e a encarei com uma expressão serena, como se estivesse falando sério. Meus olhos piscando calmamente, meu corpo curvado para frente e minha mão subindo e descendo em seu jeans sem pressa. Era pra brincar com ela? Então brincaríamos com força.

: - Ai, pelo amor de Deus, Mila, cruz credo. – Ally arrastou a cadeira para trás e se levantou, Dinah e Normani rindo da cara aterrorizada que ela fazia. – Eu vou subir e ligar para o Troy, vocês me deixam constrangida.

Caíamos na risada quando Ally saiu andando pelo restaurante com pressa, quase igual a uma criança birrenta.

: - E então, amor... O que você acha?

: - Camila, poupe-me. Você também não.

Lolo riu completamente sem graça e retirou minha mão de sua coxa, deslizando os dedos pelo cabelo.

: - Não basta ser sapatão passiva, tem que dar a bunda. Realmente, Jauregui, não sei como posso me decepcionar mais com você.

: - Vai se foder, Dinah.

: - Lauren viadinha.

Normani alfinetou dando língua.

: - Travesti. – Dinah completou.

: - Meu travesti, deixa ela em paz. – Finalizei.

: - Não sei onde que eu estava com a cabeça quando aceitei participar desse grupo. Devo ter fumado muita maconha fora da validade.

Lauren rolou os olhos e caiu em uma gargalhada. E foi daquele jeito que passamos o resto de toda à tarde, uma implicância interminável com um alguém que explodia fácil com qualquer pressão. Mas pelo incrível que pareça, ela até que estava segurando a corda com paciência.

No final da noite, pousamos no Nordeste do Brasil, em uma cidade chamada Fortaleza. Depois de todo o alvoroço no aeroporto, entramos na van e seguimos para o Hotel. O que não sabíamos é que o lugar não era basicamente um Hotel, na verdade eu acharia ofensivo usar tal palavra para um lugar tão estonteante. Seu nome era “Oceani Beach Park Resort”, como o próprio nome diz, o local era nada mais e nada menos que um Resort à beira mar maravilhoso, desses que possuem a praia no quintal. Dois passos para fora da piscina e você estaria, inteiramente, dentro da água salgada do oceano à frente.

Estávamos encantadas, impressionadas e excitadíssimas com toda aquela paisagem. Aquela gente de sotaque engraçado nos recebeu muito bem, fizeram questão de nos mostrar cada cantinho do Resort, nomear cada estrutura e nos avisar que deveríamos nos sentir em casa. E como não nos sentir em casa naquele paraíso? Você não está conseguindo entender, mesmo com a escuridão da noite, a beleza daquele lugar era sufocante. Eu estava sentindo que não iria querer ir embora dali tão cedo.

Pegamos os cartões de acesso para o nosso quarto e subimos, o cansaço nos dominava parcialmente. Por um milagre de Deus, Lauren e eu ficamos em quartos vizinhos, e por obra do treco ruim, Jodi no quarto ao lado direito do meu. Resumindo aquela situação, não poderíamos fugir para o quarto uma da outra naquela madrugada, qualquer barulho em um tom mais alto o capeta escutaria e bateria nas nossas portas. Se eu queria mandá-la de volta para o inferno? É claro que queria, mas querer não é poder, então doeu.

: - Vou ter que passar a madrugada sozinha... Não quero acreditar nisso.

Lauren resmungou ao meu lado parada em sua porta, Jodi já havia entrado em seu quarto e as meninas também, aposto que estavam loucas para cair em um sono profundo, e tudo o que eu queria era cair nos braços de Lauren, mas...

: - Mais uma.

Sorri triste e mordi o lábio inferior, ajeitando a mochila preta de bolinhas brancas que eu trazia nas costas.

: - Queria estar contigo depois da meia noite, vamos completar um mês de namoro.

Ela começou a se aproximar enquanto dizia, aquele sorriso bobo no canto dos lábios, os cabelos bagunçados sensualmente jogados para o lado, a calça jeans branca surrada que ela vestia apertando suas curvas conforme  se movia. Engoli a saliva que se formou em minha boca e sorri de volta.

: - Amanhã teremos todo o tempo do mundo para comemorar a data, não arrisque nossas cabeças agora. – Me curvei para frente e selei seus lábios rapidamente, arrancando uma risada gostosa de sua garganta. Ela me deixava nervosa. – Já para dentro do quarto, lolo.

: - Chata.

Lauren me deu língua e rolou os olhos antes de se afastar, passando o cartão de acesso em sua porta para destravá-la enquanto mantinha um pequeno beicinho. Que vontade de morder aquela boca gostosa.

: - Boa noite.

Sussurrei abrindo a minha porta. Ela sorriu e me piscou um dos olhos verdes.

: - Boa noite, Camz.

Mandei um pequeno beijinho para ela antes de entrar em meu quarto, fechando a porta logo depois. E porra, quase perdi o ar quando corri os olhos pelo o ambiente. Tirei a mochila do ombro enquanto andava pelo quarto, meus olhos capturando cada detalhe do local de cores claras e aconchegantes. Mas o que mais me fazia perder o fôlego era a vista que eu tinha da varanda. Aproximei-me da grade com placas de vidro e me apoiei, o cheiro da maresia me fazendo fechar os olhos para inalar com força.

No final das piscinas, grandes coqueiros separavam a área da praia, onde ondas calmas quebravam nos pés da areia. Era encantador, como um país poderia suportar tantas riquezas daquele jeito? Ah, se eu não amasse tanto os Estados Unidos, me mudaria sem pensar duas vezes para o país do futebol. Dentro de mim uma felicidade sem tamanho dava sinais de vida, eu estava radiante por saber que Lauren e eu comemoraríamos nosso primeiro mês de namoro naquele paraíso.

Depois de passar longos minutos admirando a paisagem, fui tirando minhas roupas pelo caminho até estar dentro do banheiro, onde tomei um banho quente e relaxante. Quando sai de cabelos molhados e vestida em um baby doll preto, notei meu celular vibrando com uma mensagem no whatts. Sorri porque já sabia exatamente quem era. Destravei o visor e deslizei o dedo pelo aplicativo.

Deixa a porta do seu quarto destrancada, amor. Tenha uma boa noite, já estou sentindo falta do teu cheiro. )): Até amanhã. Eu te amo.

Ergui a sobrancelha e sorri com uma pulga atrás da orelha. O que aquela garota estava aprontando?

“Deixar a porta destrancada? Tudo bem. Mas, o que vai fazer? Também estou com saudades. Te amo muito.”

Esperei por uma resposta que não veio, e bem no fundo eu sabia que não viria. Rolei os olhos frustrada e taquei o celular sobre a grande cama, andando até a porta para destravá-la, afinal, não se vai contra malucos, não é verdade? Me arrastei de volta e engatinhei sobre o colchão, apagando a luz ao lado da cabeceira para afundar a cabeça no travesseiro macio de... Penas? Que fosse, a noite seria longa de qualquer jeito, dormir longe do corpo de Lauren era sempre não dormir direito. Eu deveria me acostumar com aquilo.

 

23 de Outubro, manhã seguinte.

Resmunguei deslizando a língua pelo céu da boca, meu maxilar se movendo para trás e para frente acompanhando o ato. Podia sentir mesmo perdida na minha inconsciência, um deslizar suave na pele das minhas costas, um toque quase imperceptível. Não queria abrir os olhos, na verdade não conseguia, se fosse um inseto tudo o que eu esperava era que ele saísse dali logo, porque eu não acordaria completamente para espantá-lo. Demorei tanto para dormir e quando consegui, estava sendo perturbada por um inseto? Não, não.

Resmunguei outra vez e estiquei meu joelho direito que estava dobrado, correndo as mãos para debaixo do travesseiro. O toque suave continuou, subindo por minha coluna até tocar a minha nuca, descendo pela mesma direção até as covinhas das minhas costas, uma pequena cosquinha me fazendo torcer o nariz. Já estava ficando irritada, criando coragem para abrir os olhos e matar a porra daquele inseto quando senti um cheiro, e aquele cheiro com toda a certeza não era do inseto. Um cheiro suave e inebriante, minha respiração ficando levemente alterada conforme ele ia entrando em meus pulmões. Aquele cheiro cítrico e viciante, viril, cheiro de mulher, cheiro de... Abri os olhos rapidamente para fitar a parede do outro lado do quarto, uma risadinha rouca se fez audível no meu ouvido, me arrepiei inteira... Lauren.   

: - Bom dia, meu amor.

Ela disse baixinho ao deslizar os lábios pela a minha orelha, meu coração acelerando automaticamente. Um sorriso nascendo em minha boca.

: - Hmmmm, ao que devo a honra? – Perguntei mordendo o lábio inferior, torcendo os dedos no lençol embaixo do travesseiro por conta dos arrepios que ela estava causando em meu corpo com seu hálito quente. Melhor do que dormir com Lauren, era ser acordada por Lauren, não tinha como abrir os olhos de mau humor. – E bom dia.

: - Vim lhe dar parabéns, sabe?

Ela estava sorrindo, eu sabia, podia sentir os traços daquele sorriso perfeito na minha nuca. Sabe o toque suave? Então, ele ainda era realizado.

: - Parabéns? É o meu aniversário e eu não sei?

Brinquei soltando uma pequena risadinha, pois eu sabia exatamente o porquê de sua presença ali. Lauren beijou minha nuca, depois meu ombro, o toque suave correndo a lateral do meu corpo até as minhas costelas, onde meu baby doll estava erguido.

: - Aniversário? Não, não. Hoje se comemora algo muito, muito mais especial do que seu aniversário.

Sua voz rouquinha me fazendo fechar os olhos. Eu queria me virar para fitá-la, mas não queria perder o contato de sua boca com minha orelha, aquilo me tirava o chão.

: - O que pode ser mais especial do que o meu aniversário?

Ela riu novamente, cheia de bom humor. Parecia radiante, um saco de alegria amarrado no meu quarto.

: - O dia que a mulher da tua vida colocou uma aliança no teu dedo anelar da mão direita, e te pediu em namoro. 23 de Setembro, lembra? França, Paris, Hotel... Eu acho que você lembra perfeitamente.

Me deixei sorrir e suspirar ao me lembrar daquela noite, do que vi nos olhos dela, do que senti dentro do peito. Deslizei meu dedão pelo dedo anelar e senti falta da aliança, voltaria a usá-la ainda naquele dia, com toda a certeza.

: - Eu não tenho feito mais nada que não seja lembrar.

Foi tudo o que eu disse antes de me virar, encontrando seus olhos hipnotizantes. Fiquei sem ar, sabe? Estavam tão bonitos, tão profundos, era como se ela estivesse vendo a minha alma, me senti completamente nua. Seus cabelos caiam para o lado, seus lábios naturalmente vermelhos torcidos em um sorriso satisfeito, e eu descobri naquele momento do que se tratava aquele toque suave que sentia em minhas costas. Uma única e linda rosa, era o que Lauren deslizava pela minha barriga até deixá-la sob seu nariz, onde cheirou docemente. Como ela podia ser tão... Completa?

: - Feliz um mês de namoro, amor. Parabéns por esse 23 de Outubro de 2014.

Eu sorri igual a uma babaca com lágrimas nos olhos antes de puxá-la para um selinho demorado, meu coração batendo rápido de tanta felicidade. Comemorar um mês de namoro com tantos obstáculos era mesmo uma vitória, não poderíamos nos encontrar de outra forma. Trocamos um, dois, três, quatro selinhos entre sorrisos e minhas lágrimas, lágrimas essas que ela fez questão de secar com a ponta dos dedos.

: - Parabéns, lolo. Um mês parece pouco, mas acho que pra gente esse um mês representa um ano.

Eu disse ao acariciar seu rosto, seu sorriso nunca deixando seus lábios.

: - Um ano? Eu aposto em mil anos.

Sua frase saiu tão intensa que um arrepio cortou o meu corpo, onde eu observei trêmula as suas pupilas dilatando rapidamente. O que eu senti me deu uma ideia de déjà vu assustadora, era como se eu já tivesse escutado aquilo dela, como se toda aquela cena estivesse se repetindo pela milésima vez. Mas o que me deixou mais perturbada foi o tom que Lauren usou para me dizer aquilo, como se não estivesse apenas brincando, e sim ciente de suas palavras. Eu vi na forma que seus olhos me fitaram que ela teve a mesma sensação que a minha. Nossos corpos poderiam estar inertes a razão, mas aquilo era questão de almas, não havia nada físico. Eu tinha a certeza que... Deixa pra lá.

: - Eu amo você. – Foi tudo o que consegui dizer.

: - Eu também te amo.

Nossos sorrisos morreram, não por tristeza súbita, mas sim pela sensação desconhecida que nos envolvia. Ficamos nos olhando por alguns longos segundos antes de Lauren cortar o silêncio, balançando a cabeça rapidamente.

: - Não quer se sentar? Eu trouxe uma coisa para você. Eu sei que não é muito, mas é tudo o que eu pude fazer. Não tenho muitas opções estando em um Resort com uma sargento grudada no meu pé.

Eu ri da carinha desolada que ela fez.

: - Só a tua presença já me basta, amor, não ligue para grandeza.

Eu disse encantada enquanto pegava a rosa de sua mão, levando até o nariz para cheirá-la. Adorava ganhar rosas, se Lauren quisesse me presentear com rosas todos os dias, eu adoraria.

: - Pois bem, sente-se.

Ela se afastou para se erguer, onde eu logo atendi o seu pedido. Sentei-me na cama e me encostei à cabeceira. A observei andar até o final do quarto, até o frigobar. Lauren vestia um shortinho jeans rasgado e a parte de cima de um biquíni azul, novamente um bustiê sem alças. Adora seus biquínis que a deixavam com os ombros livres de qualquer empecilho. Me perguntei as horas, ainda estava cedo demais, parecia que o dia havia acabado de amanhecer, ou eu que dormi pouco?

Cocei os olhos com a mão livre e abri um sorriso enorme quando ela se virou com uma bandeja nas mãos, andando com todo o cuidado para não derrubar nada. Minha barriga roncou instintivamente, senti minhas bochechas corarem.

: - Bem, já que a coisa mais fácil estava na cozinha do hotel, resolvi lhe trazer o café da manhã na cama. – Lauren sentou-se na minha frente e colocou a bandeja cheia no nosso meio. – Na verdade vamos tomar café juntas, um tempinho só nosso em um dia só nosso. Não posso fazer algo maior, então espero que você fique contente com isso.

Se eu ficava contente? Por que ela tinha que ser tão insegura quando era perfeita?

: - Eu nunca recebi café da manhã na cama, nem dos meus pais. – Confessei e ela sorriu. – Estou tendo outra primeira vez contigo e contente é pouco perto do que estou sentido.

Curvei-me para frente e acariciei seu rosto, louca para beijá-la, mas só a daria um beijo de verdade depois que fizesse minha higiene matinal, por favor. E ela notou a vontade que deixei escapar, pois pegou minha mão para beijar a palma antes de tornar a falar.

: - Por que não me dá um beijo? Não quero só aqueles selinhos.

Eu ri e mordi o lábio inferior.

: - Eu darei, é claro, mas só depois de estar com os dentes escovados.

Lauren me fitou séria e incrédula, uma expressão tediosa tomando conta de seu rosto.

: - Não acredito nisso. – Deixou uma risada divertida escapar, me fazendo suspirar. – Amor, você esteve falando perto do meu nariz esse tempo todo e eu não senti nenhum pingo de mau hálito. Para de graça e me dá um beijo antes de comermos.

: - Não, não. Você não sentiu, mas ele está aqui.

Estava? É claro que estava, eu ainda era uma pessoa normal com o mau hálito da manhã. Acho totalmente fantasiado quando alguém deixa de citar esses fatos em uma história. Nós não acordamos com os dentes escovados e hálito fresco, mentir pra que?

: - Ai, Camz...

: - Guarde a ansiedade e vamos comer, minha barriga está roncando e essas coisas parecem estar deliciosas.

Mudei de assunto e desviei meus olhos para a bandeja, minha boca salivando. Estava tudo muito bem organizado, cada coisa no pontinho certo. Eu via muitas frutas, desde morangos picados até rodelas de maça. Fatias de pão com geleia, fatias de queijo amarelo, fatias de peito de peru e cubinhos de queijo branco. Dois copos de suco que eu descobri ser de laranja pelo cheiro, e uma coisinha que me chamou a atenção no canto superior esquerdo da bandeja. Fitei Lauren por baixo dos cílios e ela sorria abertamente, parecia eufórica.

: - O que é isso?

Perguntei apontando para a pequena bola marrom, que na verdade era um coco.

: - Pega e abra.

Lauren disse mantendo o lábio inferior entre os dentes, colocando uma mecha solta de cabelo atrás de sua orelha. Larguei a rosa ao meu lado e estiquei o braço, pegando o objeto na mão. Era tão delicado, tão bem feito. Abri o coco e observei lá dentro, tinha um pequeno barquinho feito quase todo em uma madeira clara e brilhosa, sua vela triangular em um tecido branco perfeitamente costurado. Eu estava fascinada com aquela coisinha, um sorriso enorme em meus lábios.

: - É um artesanato local, vende aqui no Resort. – Lauren ia dizendo. – É tudo tão perfeitinho e delicado que não pensei duas vezes antes de comprar pra você. E olha só o que mandei gravar embaixo.

Virei o barquinho nos dedos e passei os olhos pelas pequenas letras gravadas na madeira, onde formavam uma frase entre aspas.

“And when you look at me his brown eyes tell his soul.”

(E quando você olha para mim seus olhos castanhos mostram sua alma.)

I love you, Camz.

Pressionei os lábios enquanto meu coração saltava. Olhei na lateral esquerda e mais letras gravadas.

“23 de Outubro de 2014.”

Olhei a lateral direita.

“Fortaleza, Ceará – Brasil.”

Olhei para Lauren completamente emocionada, aquele de fato era o presente com mais significado que alguém já havia me dado na vida. Engoli a saliva que se formou em minha boca e suspirei.

: - É lindo. – Olhei o barquinho na minha mão novamente. – Você não poderia ter me dado nada com mais valor que isso. Eu nem sei o que te dizer além de obrigado.

Agradeci querendo pular no pescoço dela.

: - Não queria que esquecesse onde comemoramos nosso primeiro aniversário de namoro, por isso mandei gravar a data e o nome do lugar que estamos. Imaginei que fosse gostar.

: - Eu amei, eu amei, lolo. Obrigado. Eu não vou esquecer nunca, nem se eu quisesse. Você é... Maravilhosa e minha.

Ela riu toda boba e se curvou para selar meus lábios, onde eu a abracei por alguns instantes.

: - Toda sua. – Beijou minha bochecha. – Agora vamos comer antes que o suco de laranja borbulhe de tão quente.

Nos separamos e minha barriga roncou de novo. Eu funguei disfarçadamente.

: - Vamos, por favor.

Rimos juntas e começamos a comer, eu estava com tanta fome que mal falei enquanto comia um pouco de tudo. Trocamos olhares o tempo todo, pequenos sorrisos, bochechas coradas. Ganhei pão com geleia na boca, a ponta de sua língua em meus lábios retirando o que sujou. Bebi suco de laranja indiretamente, oferecido deliciosamente por sua boca quente. Arranquei risadas de sua garganta quando passei geleia de morango nos dentes e sorri. Ouvi elogios quando coloquei a rosa que havia ganhado atrás da orelha, no meio dos cabelos. Corei intensamente quando ela me observou calada por minutos intermináveis, me devorava em paixão com os olhos, não era preciso dizer nada. Ficamos daquele jeito um bom tempo, nada como aproveitar com quem se ama o começo de uma manhã maravilhosa em um lugar mais maravilhoso ainda. O Brasil com toda a certeza me daria ótimas recordações, e únicas.

Como a coletiva aconteceria à tarde naquele dia, Dinah, Normani, Lauren e eu resolvemos curtir um pouco do sol de Fortaleza, onde logo nos acomodamos nas esteiras ao lado da enorme piscina. Ally disse que dormiria mais um pouco, pois havia ficado até tarde no telefone com o Troy. Não reclamamos, afinal, quando se tem um namorado a quilômetros de distância, nada como aproveitar por telefone, não é mesmo? Não pude deixar de sorrir ao lembrar da experiência que tive com Lauren por conta de sua estadia em Miami.

Estávamos todas de bunda para cima nas esteiras largas, biquínis pequenos e coloridos. As crianças se jogavam na piscina o tempo inteiro, o que fazia pingos de água gelados caírem em nossas costas. Eu estava sorrindo tanto que sentia minha boca doendo. O ray-ban na frente de meus olhos me lembrou que eu logo teria que tirá-lo, caso contrário ficaria com a marca no meio da cara.

Dinah estava concentrada na leitura de um livro ao meu lado, as sobrancelhas erguidas mostravam que algo a intrigava. Normani e Lauren estavam com uma fofoca interminável ao meu lado, eu queria me meter no assunto para não ficar sem ter com quem conversar, mas não sabia sobre o que elas estavam falando. Corri meus olhos pelo corpo de Lauren, sua pele branca coberta por uma camada fina de protetor estava exposta ao sol, o biquíni minúsculo que ela usava deixando sua bunda tentadoramente convidativa. Suspirei expressando um sorriso e desviei meus olhos antes que me sentasse em cima dela, não queria causar vexame.

: - Lauren, socorro.

Ouvi Normani dizer com uma afobação sem tamanho.

: - O que foi, Mani?

Lauren perguntou jogando os ombros um pouco para o lado.

: - Cacete, olha a bunda dessa preta que vai passar aqui agora. – Eu estava mesmo ouvindo aquilo? – Disfarça, mas olha quando ela passar. Senhor!

Eu não falei nada, apenas fiquei observando por trás dos óculos para ver se Lauren iria olhar, se ela olhasse eu daria um tapa só. As duas disfarçaram quando a mulher se aproximou, um corpo de dar inveja, me senti diminuída ao extremo. Mas a sensação de inferioridade deu lugar para a revolta quando Lauren, na cara de pau, abaixou seu ray-ban caramelado até a ponta de seu nariz, acompanhando com os olhos a bunda da mulher até que ela sumisse entre as pessoas. Meu queixo caiu uns dois centímetros, eu não estava acreditando que aquela desgraçada teve a coragem de fazer aquilo comigo do lado.

: - Mas que bun...

Ela iniciou a frase, mas eu não deixei que terminasse.

: - Eu vou arrancar os teus olhos com as minhas unhas, filha da puta.

Ergui a mão e dei um tapa só, um tapa bem dado em seu braço esquerdo. Lauren deu um gritinho, Dinah se assustou, Normani abaixou a cabeça e começou a rir.

: - Ai, amor. Doeu.

Ela reclamou enquanto esfregava o braço, meus dedos marcados em sua pele.

: - Era pra doer, piranha. – Eu estava revoltada. – Não acredito que você teve a coragem de olhar pra bunda daquela mulher e literalmente babar comigo do teu lado.

: - Pega no flagra, sapatão.

Dinah exclamou com uma risada.

: - Que mulher, amor?

Ela estava de brincadeira, só podia. Seu rosto estava aterrorizado, seus dedos deslizando o ray-ban para o alto de sua cabeça. Que vontade de morder a cara dela.

: - Não se faça de cínica, filha da puta. – Com os dentes travados eu estiquei meu braço outra vez e belisquei sua cintura com força. – Não sou idiota.

: - Camz, para que isso dói. – Tentei beliscar novamente e Lauren se desviou, praticamente se jogando em cima de Normani. – Para, eu não babei em ninguém, eu só olhei.

: - Só olhou? – Quando ela se ajeitou na esteira, eu rapidamente peguei sua orelha esquerda entre os dedos, torcendo sem dó. – Estou torcendo a tua orelha pra não te colocar para dentro do quarto sob tapas e pontapés. Vadia descarada.

Eu disse quase babando de raiva em seu ouvido e soltei sua orelha assim que terminei, a empurrando pelos ombros para longe de mim. Lauren levou a mão até a orelha e fez beicinho.

: - Mila, tadinha, olhar não arranca pedaço. – Mani não conseguia parar de rir. – Até eu olhei, como que a Lauren que tem os dois pés em cima da bandeira do arco íris não iria olhar?

: - Ela tem a minha para olhar, não precisa olhar para a bunda de ninguém. – Resmunguei virando de barriga para cima na esteira, dobrando os joelhos. – A próxima vez eu te faço engolir essa aliança que colocou no meu dedo, Lauren, é um aviso. Deixa eu te pegar olhando para alguma outra mulher além de mim pra você ver. Além da bunda dolorida vai ficar com um olho roxo, e terá uma aliança de prata no intestino.

: - Vai ficar difícil usar o banheiro depois, Jauregui, não tenta a sorte.

Dinah fechou o livro enquanto gargalhava, o largando ao seu lado antes de imitar a minha posição.

: - Mas, amor... – A voz de Lauren saiu baixa e envergonhada. Ué, está com vergonha, maldita? Vergonha de olhar para a bunda da outra não teve. Pensei. – Não fica chateada co...

: - Cala a boca. – Cortei sua frase curta e grossa.

: - Camz, deixa eu falar.

: - Não, cala a boca, não quero ouvir tua voz pelas próximas duas horas. Fica quieta que além de arrancar os teus olhos, eu vou costurar a tua boca se continuar falando.

: - Porra, você não facilita.

Ela resmungou ao meu lado, não me dei o trabalho de virar meus olhos para olhá-la.

: - Já mandei calar a boca.

Repeti dando um pequeno tapa na beirada de sua esteira. Lauren não disse mais nada, agradeci mentalmente por aquilo. Tudo o que eu ouvia era a risada de Dinah ao meu lado, até Mani havia ficado muda. Se ela estava pensando que iria ficar de piranhagem ao meu lado e tudo continuaria bem, estava muito enganada. Iria ganhar um gelo de duas horas para aprender a ser gente.

 

Lauren POV.

Depois do episódio na piscina, Camz me ignorou drasticamente, estava mesmo me dando um gelo. Eu estava nervosa, perdi as contas de quantos fios de cabelo arranquei do couro cabelo. Por que diabos eu fui olhar para a bunda daquela preta, meu Deus? Está certo que... Não, não, nada certo. Normani me pagaria por ter me levado para o mau caminho.

A hora da coletiva chegou, e mais uma vez eu senti vontade de dormir sentada. Respondi pela milésima vez que Camila e eu não estávamos namorando, que não tivemos nada mais que poucos momentos em Paris e fim. Não conseguia não me sentir incomodada com aquela situação. Camz tirou de letra como sempre, sorriu a coletiva inteira como uma segurança que me vez invejá-la.

Quando a tortura finalmente acabou, caminhamos para a área externa do Resort e nos sentamos em um dos muitos quiosques de palha espalhados pelo local, à noite caindo no horizonte e as pessoas com a mesma animação de antes. Será que aquela gente não dormia nunca? Eu gostava tanto disso.  

: - Meninas, deixe-me avisar que mais tarde vai rolar uma festinha no salão do Resort, só pra gente.

David avisou todo animado enquanto bebia um pouco de caipirinha, coisa que eu também bebia. Bebida de gosto delicioso.

: - Como assim festinha só pra gente? Jodi permitiu?

Normani bateu palmas em seu lugar. 

: - Relutou um pouco, mas acabou deixando. Vamos começar os show’s amanhã, então resolvemos começar com o pé direito. Nada melhor que uma festa para comemorar. O pessoal já está sabendo, 22:00 horas todo mundo aqui embaixo, temos até 5:00 da manhã para usar o salão.

: - É hoje que o couro vai queimar.

Dinah gargalhou jogando a cabeça para trás. Todos rimos a acompanhando. Olhei para Camila que mantinha a língua presa entre os dentes, suas bochechas estavam um pouco coradas por causa do sol que havíamos tomado pela manhã. Ela estava tão linda, pena que me ignorava com força. Bufei mexendo os gelos dentro do meu copo com o dedo indicador.

: - Vai ter álcool liberado? Estou louca para beber hoje.

Mani perguntou enquanto mastigava uma azeitona.

: - É claro que vai. – David coçou a nuca. – Só pelo amor de Deus, não vão entrar em coma alcoólico, deixem para fazer isso quando a tour acabar. Eu quero o meu emprego.

: - Bate nessa boca, David. Misericórdia. – Ally reclamou o tacando uma azeitona. – Deus me livre.

: - Relaxa, papa, vamos beber com moderação.

Dinah avisou dando uma piscadela.

: - Eu não quero nada de moderação, vou beber todas, preciso.

Avisei chupando o dedo indicador ao retirá-lo de dentro do copo. Camila me fitou pelo canto dos olhos, os braços cruzados embaixo dos seios.

: - Não quero ninguém vomitando no meu pé de madrugada, então eu acho bom que a senhorita modere.

Ué, ela já estava falando comigo? Ou melhor, brigando.

: - Eu não bebo ao ponto de passar mal.

Me defendi dando um pequeno gole na caipirinha, meus cabelos voando contra o meu rosto por causa do vento que vinha da praia.

: - Passando mal ou passando bem, eu quero é beber.

Mani bateu com as duas mãos abertas sobre a mesa de madeira, fazendo todo mundo rir. Menos eu que permaneci séria, estava pensando em um jeito de interromper aquele gelo chato que Camila estava me dando.

: - Vocês são horríveis. – David negou com a cabeça rindo e se levantou. – Eu vou ajeitar as coisas para a festa com o resto do povo, fazer uma playlist animada com o DJ e alguns pedidos de comida para o restaurante do Resort. Vocês, por favor, não se atrasem. 22:00 aqui.

: - Sim senhora. – Camila disse se levantando junto com as outras meninas. – Eu vou subir, comer alguma coisa e escolher minha roupa. Dinah, me ajuda?

: - Com certeza.

Terminei de beber minha caipirinha e antes que Camila pudesse sair, segurei seu punho, a puxando para trás. Ela me olhou de cima, já que eu estava sentada, o sorriso não sumiu de seus lábios.

: - Posso falar com você rapidinho? – Perguntei.

: - Mila, te espero no meu quarto, não demora. – Dinah avisou passando o braço ao redor do ombro de Ally. – E nem você, Lauren, demora trinta mil anos para se arrumar.

Apenas concordei com a cabeça e voltei a fitar Camila, soltando seu braço. As meninas logo sumiram da minha visão junto com David, nos deixando sozinhas.

: - O que foi? Diga.

Seu tom de voz não estava chateado, nem grosso. Estava normal, suave até.

: - Ainda está brava comigo?

Tossi brevemente, minha garganta secando.

: - Deveria ficar brava a semana toda, mas já passou.

Senti um peso enorme saindo das minhas costas, pensei que passaríamos a noite afastadas na festinha.

: - Que bom, já estava considerando furar os meus olhos por você, lhe poupar trabalho.

Confessei corando e a ouvi rir.

: - Só lhe dei um gelo, só para você se tocar em disfarçar melhor da próxima vez que olhar para a bunda de alguém. Hoje é nosso aniversário de namoro e eu jamais passaria brigada com você por esse motivo, não mesmo. Odeio infantilidades, não cometeria uma.

Eu agradeci mentalmente por ela ser tão madura. Sorri de canto antes de morder o lábio inferior.

: - Se eu pudesse lhe beijava aqui mesmo.

Eu disse segurando nossos olhares enquanto ela se afastava uns dois passos, o que me fez sorrir, pois sabia que estava recuando com medo de que eu fraquejasse.

: - Eu vou subir para me arrumar antes que você troque esse “pudesse” para o “posso”. – Ela riu com a língua entre os dentes e me piscou um dos olhos. – Conheço esse teu olhar e vou fugir dele com pressa.

Camila já estava a um metro de distância de mim enquanto falava, o que me fez rir completamente encantada por aquele jeitinho de menina-mulher.

: - Nos vemos mais tarde, Camz.

Gritei um pouco quando ela já estava longe, recebendo apenas um sorriso por cima dos ombros. Fiquei ali sentada sozinha por longos minutos depois que ela foi embora, pensando e repensando em como o meu dia havia sido maravilhoso ao lado dela, mesmo com todas as bolas que eu pisava e com toda aquela chatice da imprensa. Afinal, não se comemora um mês de namoro todos os dias, não é? Nada poderia tirar aquele bom humor de mim.

As 21:50 eu já estava arrumada e maquiada, terminava de colocar os sapatos de salto preto nos pés. Estava vestindo um vestido vermelho de alcinha, apertado nos seios e folgadinho até quase a metade das minhas coxas, ele era bem curto. Deixei o cabelo solto, mas usei o babyliss para abrir uns cachos maiores, o que me deu um ar bem mais velho. Olhei-me no espelho para verificar se faltava alguma coisa, o que comprovei com um sorriso que estava tudo em seu devido lugar.

Ajeitei os seios no decote do vestido e respirei fundo, estava ansiosa para ver como Camila estava vestida, por isso sai do meu quarto pronta para descer, aquela festinha prometia. O que? Eu não sabia dizer, mas apostava todas as minhas moedas que seria uma noite inesquecível.

Passei pelo quarto das meninas e não encontrei ninguém, o que me fez resmungar meia dúzia de palavrões por saber que não haviam me esperado, nem mesmo Camila. E olha que eu nem demorei, se me atrasei dez minutos foi muito. Ajeitei o vestido uma última vez no corpo enquanto andava em direção à área externa do Resort, onde recebi um milhão de olhares esfomeados. Não posso dizer que achei aquilo ruim, pois comprovou que eu havia conseguido causar o efeito que queria. Fui chegando perto dos quiosques de palha e enxerguei as meninas reunidas junto com os garotos da banda, todos formando uma roda aglomerada.

: - Uau!

Mani exclamou ao me ver e logo a rodinha de abriu.

: - Olha, Jauregui, se você fosse solteira, essa noite não me escapava.

Dinah me olhou de cima até embaixo quando parei ao lado dela, seu braço direito me puxando pela cintura em uma pegada. Eu ri jogando a cabeça para trás e apoiei meu braço esquerdo no ombro dela.

: - Eu sou a única que salvo nesse lugar.

Ally negou com a cabeça e deslizou a mão pelo cabelo. Procurei com os olhos a única pessoa que me interessava, mas não achei. Ergui a sobrancelha.

: - Cadê Camila?

Perguntei praticamente me pendurando em Dinah, que usava uma calça colada preta, saltos vermelhos e uma blusa maravilhosa de seda branca. Era mesmo um desperdício Dinah Jane ser hétero. Bom, ao menos até o momento ela era hétero, depois de uma certa quantidade de álcool no organismo, sua orientação sexual é a última coisa que você sabe.

: - Já está no salão, foi conversando com a zumbi sobre alguma coisa e ficou. – Rolei os olhos suspirando. Será que até em dia de folga aquela sargento iria roubar a minha mulher? – Acredita que Jodi está animada? Está até maquiada. A bicha não é feia não.

: - Pega.

Eu disse piscando um dos olhos para ela fazendo todo mundo rir, David e os meninos da banda corando intensamente. Coitados, lidar com um bando de meninas que supostamente cortavam para os dois lados deveria ser muito difícil.

: - Eu que deveria pegar alguém essa noite, está complicado ser a única solteira desse grupo.

Normani resmungou passando seu braço esquerdo também ao redor da minha cintura, assim como Dinah.

: - Mani, o que não falta nesse Resort são homens e mulheres bonitas, então...

Eu disse a fitando de lado. Ela usava um vestido branco tomara que caia, completamente colado em seu corpo. As curvas de Normani me causavam inveja, tanto as curvas como sua cor. Se eu pudesse trocaria de corpo com aquela nega.

: - Se Deus quiser hoje eu vou matar a minha curiosidade com alguma mulher. Que ele me ajude.

: - Não mete Deus nisso, Normani. – Ally revirou os olhos e nós rimos. – Deixa ele fora dessa lesbicagem de vocês, suas sujas.

Ela explodiu em uma gargalhada e eu senti vontade de pegar aquela anã no colo. Ally nunca ficava brava com as nossas brincadeiras, apenas constrangida, o que era muito bom para alguém tão religiosa como ela. Ela nos aceitava e isso bastava.

: - Bom, vamos parar com a parada gay por aqui e vamos logo para o salão.

: - Vamos, eu quero encontrar a Camz.

Comentei ansiosa e distraída, ganhando um beijo de Dinah na bochecha quando começamos a andar em direção ao salão de eventos do Resort.

: - Travesti gostosa, sai de perto de mim ou eu como você e a Mila.

: - Você? – Perguntei para ela com cara de deboche. – Dinah Jane, tua vida é dar para o Siope, se conforme. Sou muita areia para o teu caminhãozinho.

Dinah gargalhou e me deu um tapa na bunda, fazendo Normani rir atrás de nós.

: - Tua sorte é que ainda gosto muito de homem, essa é a tua sorte.

: - Trouxa.

Retribuí o beijinho que ela me deu na bochecha assim que chegamos à porta do salão. Eu fiquei besta quando a mesma se abriu, revelando um ambiente barulhento e iluminado por luzes negras. Fomos entrando e eu fui reparando mais no local, em alguns detalhes. No fundo havia uma grande bancada, onde eu descobri ser um barzinho, duas mulheres preparavam drinks em cima do balcão. Mais para o lado tinha um ambiente elevado, onde o DJ de pé tinha grandes fones em seus ouvidos.

O local era recheado por grandes puffs fluorescentes, que brilhavam sob a luz negra que emanava pelos quatro cantos. Tinha bastante gente, será que David havia convidado pessoas de fora? Além das pessoas que viajaram conosco, enxerguei umas dez que nunca vi na vida. Jodi estava de pé conversando animadamente com um de nossos seguranças. Ela transou. Foi tudo o que eu pensei enquanto ria, meus olhos ardendo um pouco por conta de dois lances de luzes brancas que piscavam nas laterais do teto coberto de cetim. Uma música agitada tocava, estreitei meus olhos à procura de uma pessoa, mas me arrepiei inteira quando ouvi uma voz rouca no meu ouvido.

: - Está sozinha, gata? Ou será que já tem companhia?

Eu ri reconhecendo a voz e girei sobre meus saltos finos, dando de cara com Camila. E, caralho... Prendi a respiração quando desci meus olhos por seu corpo. A filha da mãe usava a mesma roupa que usou no Jingle Ball de Miami em 2013, aquela mesma calça maravilhosa completamente coladinha em seu corpo, aquela blusa de veludo azul que deixava suas costas nuas e parte da sua barriga de fora. Seus cabelos caindo por seus ombros de uma forma sensual e estonteante, volumosos e cheirosos. Soltei uma lufada de ar pelo nariz.

: - Estou acompanhada, me desculpe. – Sorri e segurei nossos olhares, seus olhos castanhos cobertos por lápis preto e delineador, marcando seu olhar de forma sugestiva. Camila tinha um sorriso brincando no canto dos lábios, eles brilhavam em um gloss transparente que me fez salivar para beijá-la. Mesmo com a luz negra, eu podia enxergar nitidamente todos os seus detalhes. – E se eu fosse você eu me afastava, eu tenho uma mulher muito ciumenta e possessiva.

Minha boca estava próxima de sua orelha quando eu disse um pouco mais alto por causa da música que tocava. Ela gargalhou deslizando os dedos pelo cabelo, aquela risada arranhada.

: - Consigo entender profundamente a possessividade da sua mulher.

Seus olhos rolaram desde o meu decote até os saltos em meus pés. Ela me despiu completamente.

: - Vocês vão ficar ai se comendo com os olhos ou vão começar a beber? – Mani perguntou praticamente entrando no nosso meio, sugando um líquido verde de seu copo. – Prestem atenção que Jodi está por perto e sóbria, se olhem, mas mantenham a distância.

Suspirei frustrada e olhei para trás rapidamente, trocando um olhar cúmplice com Camila.

: - Tem razão, quase esqueci disso por um momento. – Camila riu coçando a nuca. – Vou pegar alguma coisa para beber. Vai encarar, Camz? Caipirinha?

Eu disse a palavra arrastando a língua para abusar do sotaque brasileiro, o que fez Normani cair em uma gargalhada e Camila abrir um sorriso apaixonado.

: - Caipirinha, Jauregui.

Ela me imitou torcendo o nariz, apoiando o braço no ombro de Mani.

: - Eu volto já.

Avisei para elas e me virei de costas, caminhando em direção ao barzinho no final do salão.

Depois de ter os dois copos da bebida em minhas mãos, fui voltando para perto delas, onde Jodi estava de pé no meio da rodinha que formavam.

Suguei o canudinho laranja do meu copo e suspirei, o liquido forte descendo por minha garganta me fez sacudir a cabeça rapidamente. Parei ao lado de Camz e entreguei seu corpo.

: - Acho que está um pouco forte, então vai devagar.

Avisei sugando mais um pouco pelo canudinho. Camz assentiu e provou o dela.

: - Isso é muito bom. O gostinho de limão amargando a ponta da língua.

Ela bebeu novamente e suspirou. Era bom mesmo, ainda queria entender porque não faziam daquilo nos Estados Unidos.

: - Não vão beber demais, por favor. – Jodi pediu com um tom preocupado, passando a mão pela testa. – Eu permiti essa comemoração, mas não quero ter que me arrepender, então... Sem vergonha. Bebam com moderação.

Apenas concordamos com a cabeça.

: - Dinah e Camila não eram nem para estarem bebendo, mas vou fechar os olhos e fingir que não estou vendo apenas por hoje. Espero que deem valor a isso.

Nós rimos da cara que Jodi fez e de forma rápida a envolvemos em um abraço coletivo. Ela estava boazinha, então merecia a nossa consideração.

: - Pode deixar que vou ficar de olho nelas, Jodi. Eu não vou beber, alguém precisa ficar sóbria. – Ally comunicou.

: - Amém que alguém se salva nesse lugar. – Jodi riu. – Comportem-se, estou legal hoje, mas continuo observando tudo.  Lauren e Camila...

Camila e eu arregalamos os olhos e paramos de beber, onde me engasguei rapidamente.

: - O que?

: - Juízo. Recaídas acontecem, portanto, distância considerável.

Jodi avisou voltando com seu tom sério, seu olhar era tão ameaçador que senti meu corpo tremer.  

: - Sim senhora.

Camila tomou minha vez e respondeu. Se estivesse mais claro, tinha certeza que veria suas bochechas corando.

: - Bom, com licença. Divirtam-se, meninas.

Jodi fez um breve aceno de cabeça e nos deu as costas para se afastar. Quando ficamos sozinhas nos encaramos com olhares cúmplices, onde Dinah explodiu em uma risada alta.

: - Ai, se a Zumbi soubesse...

: - Se ela visse... – Ally sorriu de canto.

: - Se ela ouvisse...

Mani finalizou rebolando ao som da música.

: - Calem-se.

Eu as repreendi com uma risada me deixando levar, tudo o que eu menos queria naquela noite era me preocupar, então que fossem para o cacete Jodi e suas marcações de território.

 

Sentei-me em um dos puffs fluorescentes e me curvei para frente, levando as mãos até os sapatos de salto para retirá-los. Xinguei algumas vezes quando eles finalmente estavam fora de meus pés doloridos. Minha cabeça girou e eu me apoiei na parede ao lado, chegando um pouco mais para trás. O relógio marcava mais de 3:00 da manhã, e a situação naquele salão era completamente contrária a de quando chegamos. Se você conseguisse achar um corpo sóbrio naquele local, eu lhe daria um prêmio. Perdi as contas de quantos copos de caipirinha eu virei, um atrás do outro, abandonei completamente o uso do canudinho. O copo na minha mão já quase vazio apenas me lembrava que eu logo pegaria outro.

Eu observei entre risadas descontroladas a cena de Dinah embebendo Jodi. Elas discutiam rapidamente, gestos com as mãos, depois algumas trocas de copos, risadas, mais discussão, passos desorientados, tropeços. Eu estava rindo de jogar a cabeça para trás perdida na minha própria embriaguez quando senti um corpo caindo em cima de mim, uma risada conhecida se misturando a minha.

: - Jauregui... – Dinah puxou o meu cabelo, colando a testa na minha bochecha enquanto gargalhava. – Eu embebedei a Zumbi. Ela não está se... – Dinah tossiu. – Aguentando em pé. Não sei como parar de rir dela.

: - Nem ela e nem você estão se aguentando em pé. – Eu gritei para ela sob a música alta, segurando em sua mão para colocá-la sentada no puff ao meu lado. – E nem eu, tanto que decidi que me sentar era a melhor coisa para se fazer.

Minha fala arrastada e embolada tornava difícil a pronuncia da frase, me fazendo beber cada vez mais do líquido quente em meu copo para molhar a garganta.

: - Eu estou bêbada. – Dinah disse o óbvio deslizando a mão pelo cabelo, imitando o meu gesto de minutos atrás e retirando os sapatos. – Eu deveria parar de beber, pena que não vou.

: - Já está fodida mesmo, não vai fazer diferença.

Eu ri passando a mão pela nuca, meu corpo estava suado de uma forma... Pegajosa. Minha vontade era de tirar a roupa. Eu estava bêbada? Estava, mas por um milagre divino ainda tinha um pouco de consciência, ainda.

: - Porra, olha a Mila e a Mani...

Dinah virou o resto da bebida de seu copo quando me puxou novamente pelo cabelo. Eu iria mandar ela parar com aqueles puxões, mas perdi a fala quando levei meu olhar para a direção que Dinah apontava.

Camila e Normani dançavam uma música de batida intensa de uma forma bem... Sensual. As duas descalças, corpos colados, Normani atrás, Camila na frente. Cabelos presos no alto da cabeça em nós frouxos, olhos fechados, lábios inferiores mordidos e movimentos tão ritmados que senti minha pele esquentar quando seus corpos juntos desceram quase até o chão. Engoli a saliva que se formou em minha boca e me curvei para frente, meus olhos turvos vidrados na cena.

: - Vou parecer muito lésbica se comentar que essa cena está... Sexy? Siope que não sonhe com isso, meu Deus.

Dinah esfregou o rosto entre as mãos e suspirou. E eu? Eu me levantei quando a música que antes tocava deu lugar para “This Is What Makes Us Girls” da minha Lana Del Rey. Aquela música eu dançaria com Camila, mais ninguém. Olhei para Dinah e estendi meu copo, ela me olhou por baixo dos cílios grossos por conta do rímel.

: - Segura.

Pedi impaciente, praticamente jogando meu copo em cima de suas coxas. O vestido vermelho que eu usava colado em meu corpo por causa do suor, meus pés descalços ganhando o chão gelado do salão. Aproximei-me das duas e toquei com calma a cintura de Normani, aproximando minha boca de seu ouvido para sussurrar.

: - Minha vez, Mani.

Ela virou o rosto suado para mim e sorriu, me piscando um dos olhos antes de se afastar de Camila, que ainda dançava completamente inerte a situação atrás dela. Mani foi na direção de Dinah trocando os passos, eu iria rir da cena se não estivesse concentrada em outra coisa. Com suavidade me encaixei atrás de Camila, uma de minhas mãos indo parar na pele descoberta de sua barriga, enquanto a outra segurava a borda do meu vestido quase no fim da minha coxa esquerda, a deixando descoberta. Um calor infernal invadiu o meu corpo, não sei se pela quantidade de álcool que bebi, ou pelo corpo de Camz que começou a se mover junto com o meu no ritmo envolvente da música.

Minha respiração se alterou quando ela subiu a mão por minha coxa descoberta, apertando de leve ao soltar uma risadinha maliciosa. Ela estava bêbada, mas sabia muito bem quem estava atrás dela, ela não ousaria não reconhecer o corpo da própria mulher, não mesmo.

(This is what makes us girls,

we all look for heaven and we put our love first.

Something that we'd die for.

It's a curse.

Don't cry about it, don't cry about it.)

(Isso é o quê nos faz garotas,
procuramos pelo paraíso e colocamos o amor em primeiro lugar.
É algo pelo qual morreríamos tentando.
É uma maldição.
Não chore por isso, não chore por isso.)

Quando a música alcançou o ritmo foda do refrão, Camila levou as mãos até os cabelos e o soltou, aquela cascata castanha caindo por suas costas nuas, tocando o topo de sua cintura. Deslizou as mãos por entre as mechas suadas e foi rebolando que ela desceu por meu corpo, roçando em mim até que estivesse quase agachada no chão, tornando a subir no mesmo jogo de cintura. Se eu estava bem? Não, eu não estava bem. Minha pulsação mandava um latejamento descontrolado para o ponto no meu pescoço, meu corpo em chamas ardendo de calor e desejo.

Ela estava tão cheirosa, seus cabelos contra no meu nariz quando enlacei sua cintura com o braço livre, nossos quadris juntos em uma dança completamente excitante. A bunda de Camila coberta por aquela calça tentadora roçava no meu sexo todas as vezes que ela se curvava para rebolar, me fitando por cima dos ombros com um sorriso completamente safado no rosto. Eu nunca havia visto Camila daquele jeito, eu não conseguia enxergar nenhum traço que me trouxesse a Camz naqueles movimentos. E quem disse que eu queria a Camz? Eu queria de Camila para baixo.

(Sweet sixteen and we had arrived.

Baby's table dancin' at the local dive,

cheerin' our names in the pink spotlight,

drinkin' cherry schnapps in the velvet night.)

(Doce dezesseis e nós havíamos chegado.
Bebês dançando na mesa do bar local,
aplaudindo nossos nomes nos holofotes rosas,
bebendo Schnapps de cereja na noite aveludada.)

Eu não queria saber se tinha alguém nos observando, ou se estaríamos encrencadas no dia seguinte, eu só queria saber do corpo dela grudado ao meu daquele forma, meus lábios correndo seu ombro nu por trás de seus cabelos. A voz sexy e delirante da Lana deixando tudo ainda mais erótico para mim, o que me fez gemer baixinho quando Camila arrastou suas unhas por minha coxa, debaixo do vestido. 

Sentir tesão com álcool no organismo é uma das coisas mais intensas desse mundo, você simplesmente não consegue controlar a queimação embaixo da pele, os arrepios na espinha e muito menos a umidade necessária na calcinha. Você não consegue controlar seus passos, quem dirá a excitação. Naquele momento eu não tinha mais o controle de nada, não precisava ter. Eu só queria uma única coisa. Grudei meus lábios no ouvido de Camila, sentindo seu corpo tremer quando beijei o mesmo. Minha respiração agitada fazendo meu coração disparar contra suas costas.

(Yo, we used to go break in to the hotel,

glimmering and we’d swim.

Runnin' from the cops in our black bikini tops,

screaming "get us while we're hot"

get us while we're hot.)

(Sim, nós costumávamos invadir o hote,
piscina reluzindo e nós nadávamos. 

Correndo da polícia em nossos biquínis pretos,

gritando,"nos peguem enquanto estamos quentes"
nos peguem enquanto estamos quentes.)

 

: - Você me deixou molhada roçando em mim desse jeito. – Sussurrei sem interromper nossos movimentos, uma de suas mãos descendo por minha perna. – Eu estou louca para colocar a tua mão dentro da minha calcinha.

Mordi o lóbulo de sua orelha e ouvi sua risada completamente desorganizada, a excitação oscilando no topo. Como era gostosa aquela mistura de seu corpo embriago e excitado.

: - Minha boca encheu de água... Lauren. – Resfolegou e cravou suas unhas na minha nuca, me fazendo fechar os olhos. – Não me provoca desse jeito.

: - Provocar? – Soltei uma risadinha depois de morder seu pescoço. – Mais um pouco e eu faço coisa pior aqui mesmo. – Tirei minha mão de sua barriga e a deslizei por meus cabelos, tirando os fios grudados da minha nuca. Parei ao seu lado e passei meus olhos por Dinah antes de sussurrar. – Eu volto já, não saia daqui.

Camila me olhou com um ponto de interrogação no meio da cara, a mão colocando o cabelo para o lado, as pernas travando uma batalha impiedosa para manter seu corpo firme sobre os pés. Eu ri do jeito que ela estava e me afastei, eu não me encontrava em uma situação muito atrás. Caminhei em passos apressados e desajeitados até Dinah, a puxando pelo braço até um cantinho.

: - Vai fazer um favor pra mim.

Eu não perguntei se ela poderia fazer, eu apenas disse que ela faria. Dinah bebeu um pouco de sua bebida e se apoiou na parede ao lado, as sobrancelhas erguidas.

: - O que quer de mim? Espero que não seja a minha bebida, vai pegar uma pra você no bar.

Ela riu mordendo o lábio inferior e segurei em seus ombros, chegando um pouco mais perto para sussurrar em seu ouvido.

: - Vigia a Jodi pra mim, sei que ela está tão bêbada quanto nós, mas passe os olhos por ela. – Dinah me encarou séria, minha dificuldade para falar só aumentando. – Eu vou sumir por um curto tempo com a Camila.

Avisei roubando o copo de sua mão para beber um pouco mais de álcool.

: - Vai pra onde com ela, sua puta? Eu vou dar na tua cara, solta a minha bebida.

Dinah resmungou brigando comigo enquanto tentava arrancar o copo da minha mão. Depois de alguns tapas, bebi mais um pouco e a entreguei, soltando uma risada.

: - Vigia a Jodi, ok? Não a deixe sair daqui. Eu volto logo.

: - Vai pra onde, caralho?

: - Vou foder.

Eu disse piscando um dos olhos antes de sorrir para ela, virando as costas e erguendo a borda do meu vestido com as duas mãos um pouco mais para cima. Ouvi Dinah gargalhar e gritar logo em seguida. 

: - Estou morrendo de inveja, Jauregui, estou me cortando de inveja.

Eu ri perdida na minha própria ironia e ergui o dedo do meio para ela por cima do ombro, pegando a mão de Camila assim que cheguei perto o bastante.

: - Vem comigo.

Eu disse praticamente a arrastando para a saída do salão, as pessoas na festa nem sabiam mais da nossa existência, todos iguais ou piores que a gente.

: - Aonde vamos?

Ela me perguntou correndo um pouco para alcançar os meus passos, sua fala arrastada me fazendo sorrir por encantamento.

: - Dar uma voltinha.

Foi tudo o que respondi enquanto avançava com ela pela área das piscinas, ultrapassando os coqueiros alinhados até pisar na areia macia e quente da praia. Cacei com os olhos algo que pudesse fazer de apoio, o que me obrigou a puxar Camila novamente pela mão quando observei três grandes pedras em um local mais afastado.

: - Eu sei lá para onde você está me levando, mas eu já estou amando essa maluquice.

Camila riu tropeçando na areia, seu corpo indo para frente onde eu rapidamente a segurei pela cintura, colando meu peito em suas costas.

: - Sua bêbada. – Eu disse gargalhando junto com ela.

: - Olha quem fala.

Seu cabelo voando contra o meu rosto, um vento gostoso e leve soprava em direção oposta da que estávamos indo. A praia estava completamente deserta, por ser uma praia quase exclusiva do Resort, não se via uma alma viva. Sorri abertamente por conta daquilo quando puxei Camila para o meio das pedras, a areia um pouco mais úmida do local grudando nos meus pés.

: - Lauren, o que esta...

Ela começou a dizer, mas eu não deixei que terminasse quando a empurrei contra uma das pedras, colando meu corpo ao dela sem pausa para pensar. Estava ávida, queimando, choramingando de desejo, uma palpitação irritante no meio das minhas pernas não me fazia medir atos e muito menos a calma. Eu a queria, e queria ali e naquele momento. Todo o álcool que corria em minhas veias deixando os meus sentidos três vezes mais aguçados, logo a minha excitação acompanhava o ritmo. Eu estava fodida, ou seria fodida, tanto faz.

 

Camila POV.

Eu gemi de surpresa quando Lauren me empurrou de encontro à pedra, minha cabeça girando por conta da embriaguez. Saímos da festa tão rápido que eu mal raciocinei, só me dei conta do que aconteceria ali no meio daquelas rochas, naquela praia deserta, quando suas mãos afoitas foram subindo a minha blusa.

: - Nós vamos transar aqui?

Perguntei com o pingo de sanidade que me restava, seus olhos verdes me fuzilando. A lua estava bem em cima de nós, era a única iluminação do local, o que dava para Lauren um brilho intenso no olhar que me lançava.

: - Vamos. Aqui e agora.

Ela disse apressada me segurando pelo cabelo, meus olhos se fechando para sentir o contato. Eu estava mole, meus pés afundando na areia molhada embaixo deles.

: - Mas...

: - Eu estou bêbada e excitada, não com receio. – Rebateu correndo a ponta da língua por meu pescoço, meus pelos se eriçando automaticamente. – Portanto nós vamos foder aqui mesmo.

Eu não tinha mais o que falar, por isso xinguei um “foda-se” antes de puxá-la pela nuca para enfiar minha língua dentro de sua boca quente logo depois. Gemi em deleite quando começamos um beijo intenso, nossas línguas se embolando sem restrições. Quando estamos bêbados, o álcool nos manda uma adrenalina inimaginável, ficamos sem medo, sem receio, sem vergonha, sem pudor. Nós só queremos fazer o que dá na telha e acabou, não importa a dificuldade.

E olha que a nossa dificuldade naquele momento era muita, para retirar a blusa de veludo que eu vestia foi um sacrifício, estava suada, por isso Lauren demorou mais do que o tempo esperado para passá-la sobre a minha cabeça. Quando eu estava livre da peça importuna, ela tornou a juntar nossos corpos, descendo seus lábios molhados por meu pescoço, lambendo, chupando, mordendo. Seu quadril roçava no meu gostosamente, ela se esfregava em mim de uma forma tão deliciosa que minhas costas subiam e desciam na pedra fria atrás de mim.

Eu estava gemendo enlouquecida, a sensação de estar bêbada me fazendo sentir tudo cem vezes mais. Enfiei minhas mãos embaixo do seu vestido vermelho e me agarrei em sua bunda, a puxando mais para mim, aumentando o nosso contato. Lauren gemeu na minha pele e alcançou o fecho do meu sutiã, abrindo e o arrancando do meu corpo com certa raiva. Se eu estava me importando em ficar pelada no meio de uma praia? Não, eu me importaria se permanecesse com roupa. Olhei para baixo e enxerguei com olhos turvos sua língua circular o meu mamilo esquerdo, para logo depois toda a sua boca se concentrar ao redor do biquinho sensível. Eu joguei a cabeça contra a pedra e gemi um tom mais alto, minhas mãos se enfiando entre os cabelos dela, minhas costas escorregando, podia sentir os arranhões que se formavam. Lauren começou a chupar meu seio, sua mão livre da minha bunda trabalhando com a mesma intensidade no outro mamilo. Ela chupava com tanta devoção que eu podia ouvir o barulho da sucção, o que me deixava ainda mais molhada.

Puxei seus cabelos embolados entre os meus dedos e curvei a coluna.

: - Eu amo a droga dessa... Sucção. – Gemi olhando para baixo quando ela passou para o outro, seus olhos verdes me fitando ferventes sob seus cílios. – Eu amo o jeito que você me chupa, é tão... Gostoso.

: - Hmmm.

Lauren gemeu sem parar os movimentos de sua língua sobre meu mamilo, pequenas lambidas, pequenas mordidas, ora rápido, ora devagar. Eu gozaria se ela continuasse, mas perdi o raciocínio quando sua boca foi descendo pela parte descoberta da minha barriga, suas mãos parando na parte de trás das minhas coxas assim que ela se agachou na minha frente. Me deu um sorriso safado pelo canto dos lábios antes de aproximar seu rosto do meu quadril, o que me fez prender a respiração.

Lauren segurou entre os dentes o zíper frontal da minha calça, mantendo seu olhar preso ao meu durante todos os longos segundos que demorou para descê-lo com a boca até o final. Eu tremi sobre as minhas pernas com a cena, tão erótica que apertei as coxas para aliviar a pressão. As ondas do mar quebravam tranquilas na beira da areia, o que contrastava completamente com a nossa situação no meio daquelas pedras.

: - Chega o quadril para frente.

Ela pediu ansiosa, seus cabelos voando contra o seu rosto por causa do vento que soprava. Eu fiz o que ela pediu e logo minha calça descia por minhas coxas, junto com minha calcinha. Ergui um pé, ergui o outro e em questão de segundos estava nua, necessariamente nua. Lauren jogou minha calça em qualquer canto daquela areia e subiu suas unhas por minhas pernas, me arrepiando mais ainda. Fechei meus olhos e corri meus dedos por entre seus cabelos, praticamente puxando sua cabeça de encontro ao meu quadril, mal podia esperar para ter aquela língua brincando entre as dobras do meu sexo. Sua boca quente correu o meu ventre, a língua molhada a minha virilha, as mãos habilidosas se fixando em minha bunda para logo depois colocar minha perna esquerda sobre seu ombro direito, meu calcanhar batendo em suas costas.

: - Me chupa.

Eu pedi antes mesmo dela pensar em me provocar, eu não tinha mais controle para aquilo. Lauren riu completamente tonta contra a pele da parte interna da minha coxa, se segurando na perna que me mantinha em pé.

: - Só se você rebolar bem gostoso na minha boca.

E ela lá precisava pedir aquilo? É claro que eu iria, ou melhor, eu já estava, só faltava a boca. Meu sexo encharcado, eu podia sentir parte daquela excitação escorrendo pelas minhas coxas.

: - Na sua boca, na sua língua... – Lambi os lábios. – Nos seus dedos, aonde você quiser. Agora me chupa.

Eu não precisei pedir mais uma vez, gemi alto quando sua língua atrevida invadiu a região molhada e pulsante entre as minhas pernas.

: - Porra.

Eu xinguei erguendo a cabeça para puxar o ar, uma de minhas mãos a segurando pelo cabelo, a outra espalmada na pedra fria, me apoiando. Lauren começou a arrastar suas unhas na minha coxa sobre seu ombro, sua língua faminta girando incansavelmente em cima do meu clitóris rígido. Eu gemia sem pausa, meu peito se expandindo para receber o ar que não entrava, o cheiro da maresia me deixando tonta, o álcool me fazendo enxergar mais estrelas do que o céu me mostrava.

Você que nunca transou bêbada, sinto muito em lhe dizer que sua vida é muito frustrante. Aquele barulho de sucção que antes era ouvido em meus mamilos, naquele momento se fazia presente um pouco mais embaixo, onde Lauren trocou os movimentos circulares de sua língua por seus lábios fechadinhos em um perfeito biquinho ao redor do meu clitóris. E ela sugava, chupava, eu gemia, me contorcia, rebolava. Sua língua deslizando para dentro da minha entrada molhada, deslizando para fora, para dentro, para fora, correndo para cima, correndo para baixo. Eu me vi louca quando gritei, o som ecoando no meio daquelas rochas quando ela deu um mordidinha nos pequenos lábios do meu sexo pulsante, o chupando no segundo seguinte. Eu não aguentava mais, precisava explodir, precisava do alívio que estava procurando desde quando começamos a dançar juntas naquele salão. Olhei para baixo e ela me fitou sem parar seus movimentos, podia ver sua língua deslizando na minha carne. Tremi fincando ainda mais meu pé na areia, precisava de apoio.

: - Eu vou gozar.

Avisei sem desviar nossos olhares, enxerguei pela piscadela rápida que ela deu que faria a mesma coisa que eu, sem nem ao menos ter se tocado. Seus olhos queimavam, meu corpo vibrava. Como resposta Lauren desceu um tapa na minha coxa, com força o bastante para enviar uma vibração assustadora por todo o meu corpo. Joguei a cabeça para trás e gemi alto quando achei o que procurava, vibrações musculares dolorosas sacudindo o meu corpo, meu quadril buscando cada vez mais contato com a boca de Lauren, que não parava de gemer e me chupar, não se intimidava. Eu estava gozando maravilhosamente nos lábios dela, para ela, só para ela. Uma pressão desgraçada na entrada no meu sexo me fazendo revirar os olhos, era com se todo os meus músculos estivessem se apertando e se embolando naquele canal estreito. Um prazer tão intenso que eu senti lágrimas em meus olhos enquanto tentava cessar os meus gemidos, estava literalmente chorando de prazer. Eu não conseguia parar de pensar quando Lauren pararia de se superar.

Quando esbocei um sorriso nos lábios completamente fraca, ela subiu por meu corpo, me beijando com avidez, me fazendo sentir meu próprio gosto em sua língua deliciosa. Me agarrei em seus cabelos e antes que ela pudesse pestanejar, virei nossos corpos e a apertei contra a pedra, puxando as alças de seu vestido com força por seus ombros, deixando seus seios de fora. Gemi quando tomei os dois entre as mãos, massageando e estimulando os mamilos já rígidos. Seu corpo tremia, seus olhos fechados, suas unhas descendo por minhas costas. Aproximei a boca de sua orelha para sussurrar o que consegui formular, se já estava complicado falar antes, depois do orgasmo que ela me deu se tornou mil vezes pior.

: - Você gozou enquanto me chupava?

Perguntei lambendo o pé de seu ouvido, sua coxa direita subindo pela lateral de meu corpo.

: - Gozei. – Lauren confessou em um fio de voz. – Gozei com você.

Sorri descendo meus lábios por seu pescoço, beijando e mordendo.

: - Então vai gozar de novo, mas dessa vez... – Tirei minhas mãos de seus seios e as enfiei embaixo de seu vestido, me curvando um pouco para abaixar sua calcinha até seus tornozelos, onde ela ergueu os pés para que eu retirasse. Grudei nossos corpos outra vez e segurei sua coxa direita erguida na minha cintura, deslizando meus dedos por baixo do pano vermelho de sua roupa até encontrar o que eu queria. Seu sexo melado e quente. Lauren gemeu, eu arfei completamente grogue. Parecia que havia ficado mais bêbada. – Dessa vez vai gozar comigo te fodendo.

Mordi seu queixo e corri minha língua para dentro de sua boca, retirando rapidamente quando percebi seu desespero por um beijo. Beijo só depois que gozar pra mim, Jauregui, lhe dou um bem gostoso como prêmio. Antes vou ocupar minha boca com outra coisa. Foi o que eu pensei enquanto deslizava minha boca para baixo, meus dedos circulando a entradinha apertada que Lauren me oferecia. Ela gemia entorpecida, era como se eu tivesse a estuprado, seu vestido estava amassado e uma das alças arrebentadas, seus seios de fora, o pano leve erguido até a sua cintura, seus cabelos bagunçados e sua expressão quase dolorosa, mas eu sabia que aquele doloroso não era nem perto do sentido literal da palavra.

: - Camila. – Ela rosnou me puxando pelos cabelos. – Me come logo.

Sorri contra a sua pele e mordi a lateral de seu seio, lhe arrancando um gemido. Lauren bêbada era a coisa mais alucinante desse mundo. Me lembraria de deixá-la bêbada uma vez no mês para que pudéssemos transar daquele jeito outra vez.

: - O que? Pede de novo.

Deslizei a ponta do meu dedo indicador para dentro, tirando logo depois. Ela se mexeu inquieta contra o meu corpo e praticamente ronronou, me fazendo gemer.

: - Enfia logo esses dedos em mim, Camila. – Tremi sobre as minhas pernas. – Fuck me.

Aquele “fuck me” saiu com tanto tom de atriz de filme pornô que eu não resisti e deslizei com força dois dedos para dentro. Lauren gemeu alto, sua cabeça se curvando para trás, minha boca aconchegando seu mamilo direito entre meus lábios enquanto meus dedos trabalhavam um pouco mais embaixo. Comecei a penetrá-la rapidamente, indo fundo, tirando os dedos quase por completo para tornar a enfiá-los até onde podia. Estava louca, tonta, minha cabeça girava acompanhando os movimentos da minha língua em seus mamilos deliciosos. Suas mãos me puxavam o cabelo, me marcavam os ombros, as costas, a bunda.

: - Isso... C-camila. – Sua voz falhou quando ela gemeu o meu nome. Eu gemi junto. – Com força... Assim. Puta merda.

Desgrudei minha boca de seus seios e fui subindo com minha língua por seu colo, seu pescoço, seu queixo. Grudei nossas bocas e apertei sua coxa erguida, seus gemidos cada vez mais altos, podia sentir seu rebolar intenso em meus dedos.

: - Amo quando você geme igual a uma vadia.

Eu disse puxando seu lábio inferior entre os dentes, meus dedos aumentando o ritmo arduamente. Os seios de Lauren roçando contra os meus, nossos corpos suados ganhando arrepios por conta do vento que soprava um pouco mais forte.

: - Me xinga de novo.

Ela pediu ficando mole, suas unhas cravadas nas minhas costas.

: - Vadia. - Distribuí beijos molhados por sua clavícula até chegar em seu ouvido. – Só minha.

E sabe quando seu coração para de bater por poucos segundos para logo depois explodir em milhares de batidas rápidas e descontroladas? Foi assim que o coração dela reagiu quando seus músculos se apertaram fortemente ao redor dos meus dedos. Ela estava gozando, gozando pra mim. Uma satisfação assustadora me invadiu  enquanto ela gemia sem parar, seus lábios grudados nos meus, seus olhos fechados com força, seu corpo convulsionando em espasmos intensos, seu liquido quente escorrendo por meus dedos. Eu estava bêbada e eufórica, feliz e satisfeita. Selei seus lábios vermelhos por conta de algumas mordidas quando seus gemidos diminuíram, nossas respirações ofegantes se misturando.

Soltei sua coxa que até o momento eu segurava e retirei meus dedos de dentro de seu sexo, erguendo a mão. Lauren sorriu para mim, seus olhos um pouco desorientados banhados por um brilho ofuscante. Suspirei antes de deslizar meus dedos molhados por seus lábios, fechando os olhos quando aquele cheiro alucinante invadiu a minha respiração. Lauren ofegou abrindo um pouco a boca, sugando meus dedos para dentro sem pedir permissão. Ela chupou bem devagar, seus olhos nunca se perdendo dos meus. Depois que me permitiu retirar os dedos, deslizou a língua pelos lábios e me fitou com olhos estreitos. Eu já não sabia quem era.

: - Eu posso estar bêbada, Cabello, mas eu vou me lembrar desse dia como a melhor foda da minha vida.

Eu sorri com o coração na boca, mordendo o lábio inferior antes de começar uma pequena caricia em sua nuca.

: - Alguém me disse há muito tempo que escondido é muito mais gostoso. – Ela sorriu soltando uma pequena risada embriagada. – Acontece que o gostoso chega a ser fútil perto do que realmente é.

Falar aquela frase foi tão difícil que eu acabei rindo de mim mesma. Maldito álcool.

: - Eu quero comemorar todos os nossos aniversários de namoro com uma trepada louca em qualquer canto. Quero correr perigo, quero ficar bêbada outra vez, quero ligar o foda-se e gozar contigo com a adrenalina correndo nas veias, como hoje.  – Lauren me puxou pela cintura e colou nossos corpos. – Eu quero isso por todos os dias 23.

: - Em todos os anos. - Eu disse sorrindo grudando nossas testas, selando seus lábios. – Por muito tempo.

: - Muito tempo.

Foi tudo o que ouvi de sua boca antes do início de um beijo intenso e quente, era quase um pedido silencioso para curar aqueles arrepios por conta do frio que o vento começava a causar. E era exatamente aquela situação que fazia de nós garotas com todas as letras, desfrutávamos de uma boa sacanagem, mas buscávamos o amor entre linhas sempre que o último gemido era dado. Não existia nada melhor que aquilo. 

Estávamos naquele roçar delicioso de línguas quando o meu sentido de bêbada me alertou sobre um ruído. Ergui a sobrancelha e separei meus lábios de Lauren, a empurrando de leve pelos ombros.

: - O que foi?

Me perguntou assustada. Levei o dedo indicador para frente dos lábios e pisquei estática.

: - Shiiiiiu!

Me concentrei para ouvir melhor e tremi dos pés à cabeça quando ouvi vozes se aproximando, duas vozes, talvez três. Meu coração bateu no alto da minha garganta.

: - O que foi, amor?

Lauren tropeçou sobre suas pernas para o lado, se escorando em mim para não cair, rapidamente ajeitando seu vestido, tentando em vão colocar a alça rasgada no lugar.

: - Puta merda, cacete. – Eu exclamei a fitando. – Vozes. Está ouvindo? Tem gente se aproximando.

: - E agora? O que... – Ela arregalou os olhos. – Como vamos sair daqui? Cadê a minha calcinha? Eu não acho a minha calcinha. Eu não... Argh! Camila, e se nos pegarem aqui?

Ela me perguntou em um sussurro quando as vozes já estavam próximas o bastante, atrás da pedra. Tudo o que eu consegui pensar foi: Bom, se nos pegarem aqui nesse estado, estaremos fodidas, mas de outro jeito. 


Notas Finais




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