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História Falling in love for the last time. - I see fire.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Boa noite, meninas. Não tenho muito para dizer, apenas agradecer aos comentários, ao apoio de sempre e pelo carinho... Obrigado. ♥ Quero indicar uma música para o cap, que no caso é "I See Fire - Ed Sheeran." Façam uma boa leitura e qualquer coisa falem comigo no Twitter. E ah! Qualquer erro... Já sabem. Amo vocês. <3

Capítulo 37 - I see fire.


 

A viagem para o Estado vizinho não durou muito, logo já estávamos pousando. Lauren foi todo o percurso sem trocar uma palavra comigo, sem olhar na minha cara. Não dobrei a língua para dizer nada, não queria deixá-la ainda mais irritada por um descuido, se ela queria ficar em silêncio, eu a deixaria em silêncio.

Pousamos em São Paulo as 23:40 da noite, aquele seria o segundo Estado onde daríamos uma coletiva de imprensa, os show’s começariam em breve. O aeroporto estava lotado, assim como no Rio de Janeiro, nós ficamos um bom tempo conversando com os fãs e tirando fotos. Me emocionei vezes seguidas, todo aquele amor era tão intenso... Realmente brasileiros sabem como demonstrar, como te fazer sentir na pele o que é ser amada por alguém que você nunca viu na vida, um alguém que se torna tão essencial como qualquer outro membro da sua família. Amor de fã é incondicional, nunca duvide disso.

Depois de mais alguns minutos no meio daquela euforia, entramos na van que nos aguardava e seguimos para o hotel. Ninguém dizia nada, acho que o cansaço já pesava os olhos de todas nós. Eu abri os meus com preguiça quando meu Iphone vibrou no meu colo, indicando a chegada de um sms. Destravei o visor e abri a mensagem, me deixando sorrir ao ver de quem era.

Estou com saudades de você, Camila, quando voltar para Los Angeles me liga, me procura. Vamos marcar um jantar ou algo do tipo, precisamos colocar os assuntos em dia. Espero que estejas bem. Te amo.

Era da Ariana. Acho que esqueci de comentar isso, então vamos esclarecer algumas coisas. Ariana e eu nos aproximamos muito no último ano, com a distância de Sandra e Marielle, ela havia se tornado um refúgio. Sabíamos quase tudo uma da outra, antes da minha vida sofrer essa mudança drástica, vulgo antes da minha viagem para Paris, Ariana e eu estávamos juntas sempre quando tínhamos tempo. Com sua agenda lotada de show’s e a minha do mesmo jeito, nos encontrávamos nos bastidores de algum evento ou arranjávamos um domingo para almoçar. Ela era uma amiga e tanto, quase como uma segunda mãe. Por ela ser mais velha quatro anos, eu sempre acabava abaixando a cabeça para seus conselhos, 98% das vezes cobertos de razão. Levando tudo isso em consideração, eu sabia que assim que voltasse para L.A a procuraria, precisava contar tudo o que estava acontecendo na minha vida, não que ela não tenha sido informada pelas revistas, mas estava apostando que queria ouvir a história da minha boca. Ariana sabia da minha paixão por Lauren e todas as coisas que ela envolvia, nunca escondi e nem tinha o por quê esconder. Sinceridade é à base de qualquer relacionamento.

Sai de meus pensamentos e corri o dedo pela tela, digitando rapidamente uma resposta.

Também estou morrendo de saudades, com toda a certeza irei atrás de você quando voltar para casa, vamos jantar assim que eu pisar em Los Angeles. Preciso te contar tantas coisas, quando tiver um tempo me liga, podemos conversamos um pouco. Se cuida, sim? Eu te amo.

Enviei a mensagem e sorri sozinha enquanto tornava a fechar meus olhos, Lauren bufando incansavelmente ao meu lado enquanto fuxicava o Twitter. Eu estava orando para que ela não twittasse nada, ninguém era obrigado a lidar com aquela TPM fora de hora. Bom, ninguém além da minha pessoa... Namorada na saúde e na doença, não é mesmo?

Entramos no hotel pela entrada dos fundos, já que a parte da frente estava lotada por fãs. Fiquei me perguntando se eles não dormiam, será que ao menos sentiam sono? Se eu pudesse ia sair distribuindo comida e água para todo mundo, me preocupava muito vê-los ali sozinhos àquela hora da noite. Será que comiam? Que bebiam água? Que usavam o banheiro?

Foi pensando nisso que chamei Jodi antes de entrar em meu quarto, as meninas trocando um rápido aceno de cabeça antes de sumirem atrás das portas. Não procurei por Lauren, fazer aquilo com Jodi ali era pedir pelo pior.

: - Quer alguma coisa?

Jodi me perguntou bocejando rapidamente. Ajeitei minha mochila em minhas costas e suspirei.

: - Não vamos poder mesmo ir lá fora falar com eles?

: - Nem pensar, se vocês colocarem os pés lá fora os hospedes desse hotel não dormem mais.

Rolei os olhos e ela bocejou de novo, parecia impaciente pela forma que movia os joelhos para frente e para trás.

: - Então você vai me fazer um favor.

: - Diga.

Ela disse categórica, a mesma expressão séria de sempre.

: - Compre água de copinho ou garrafa, não importa, apenas compre e peça para nossos seguranças distribuírem lá fora para eles. Por favor.

Não íamos poder descer, não é mesmo? Mas eu jamais faria pouco caso deles, não deles. Eles me amavam, nos amavam, então eu faria o que fosse possível para cuidá-los mesmo de longe.

: - Camila, olha a hora que você está me pedindo isso. – Jodi ergueu o braço e verificou as horas, suas sobrancelhas erguidas. – Estou cansada, todo mundo está.

: - Eles também. – Soltei uma lufada de ar pelo nariz, já estava começando a ficar com raiva. – Eles também estão cansados, Jodi, aposto que estão lá fora desde cedo esperando por nós e agora que chegamos não vamos até lá? Já não é sacanagem o bastante? Preocupar-me com eles é o mínimo que posso fazer. Tenho certeza que as meninas iriam querer o mesmo.

Jodi rolou os olhos e bufou, esfregando o rosto com as mãos antes de se pronunciar.

: - Tudo bem. – Sorri. – Onde vou achar essa quantidade de água? Olha o que você arruma, Camila.

: - Aposto que no restaurante do hotel tem de sobra, compre o quanto puder. Eu vou autografar alguns pôsteres novos e já lhe entrego. Amanhã as meninas farão o mesmo.

Retirei o cartão de acesso da minha mochila e passei na porta, destravando.

: - Faça isso rápido, tenho que estar de pé às cinco.

Ela ia saindo quando a chamei, onde me olhou com cara de poucos amigos.

: - Não se esqueça de dizer a eles que é preocupação nossa, diga claramente que eu e as meninas mandamos, que é para beberem. Ok?

Ela não disse nada, apenas um breve sinal de positivo com a cabeça antes de me dar as costas e sumir no longo corredor. Fiquei me perguntando se Jodi não tinha um namorado ou uma namorada, estava sempre com aquela cara de falta de sexo ou coisa pior. Ri sozinha e tranquei a porta do meu quarto, jogando minha mochila na cama e sentando-me na beira para retirar o all star dos pés.

Depois da satisfação de pisar descalça no piso gelado, corri para autografar alguns pôsteres da nova tour que eu trazia na mochila, não eram muitos, mas seria o suficiente. Trabalho feito, chamei Jodi e a entreguei, estava louca para vê-los surtar no Twitter, não fiz muita coisa, mas foi de todo coração, fiz por mim e pelas meninas.  

Tomei um banho longo, vesti um pijama e prendi o cabelo em um rabo de cavalo. Peguei o Iphone para chamar Lauren no whatts, queria me certificar de uma coisa.

“Posso ir dormir ai com você?”

Mandei e esperei a resposta enquanto abria o frigobar para vasculhar o que tinha. Coca-cola. Sorri abertamente e peguei uma latinha, abrindo para beber um gole logo depois. Meu celular vibrou em cima da cabeceira da cama. Corri até lá e olhei o visor, o que me fez rolar os olhos com um pequeno sorriso.

O que você acha? Já era para estar aqui.”

Grossa. Ri sozinha.

“Abre a porta, estou indo.”

Terminei de beber a latinha de coca rapidamente, o gás fazendo meus olhos lacrimejarem e meu nariz arder. Balancei a cabeça algumas vezes e dei passos longos até que estivesse fora do quarto, trancando a porta com agilidade para saltitar até o quarto de Lauren. Empurrei a porta destrancada e entrei, a avistando deitada de bruços na cama.

O que ela vestia? Nada mais que um conjunto rendado de calcinha e sutiã em um tom de rosa, a cor combinando perfeitamente com sua pele quase leitosa. Mordi o lábio inferior e me aproximei devagar, ela mexia no celular completamente concentrada e mal notou minha presença. Deslizei as mãos pelo lençol de seda que cobria a cama e subi de joelhos, chamando sua atenção. Lauren virou a cabeça para me olhar, não arrisco dizer que ela sorriu, foi apenas um rastro.

: - Odeio quando você demora. O que estava fazendo?

Me perguntou largando o celular de lado, o tom de sua voz baixo e rude. Sorri timidamente e deitei meu corpo em cima de suas costas, nos afundando um pouco no colchão. Ela fechou os olhos, eu corri meus lábios por sua nuca, depois pelos seus fios cheirosos de cabelo. Ouvi um suspiro.

: - Só demorei um pouco mais no banho.

Sorri contra a pele de seu ombro e depositei ali um pequeno beijinho, seu corpo se arrepiando levemente embaixo do meu.

: - Por que não veio tomar banho comigo?

Ela já sorria, ainda exalava grosseria, mas já sorria. Bom sinal, não é?

: - Pensei que quisesse tomar banho e ficar sozinha, já que está me ignorando por algumas horas.

Subi minha mão pela lateral de seu corpo até tê-la em suas costelas do lado direito, onde iniciei uma pequena carícia.

: - Ficar em silêncio não quer dizer que quero ficar sozinha, Camila.

Ri baixinho e grudei meus lábios em sua orelha.

: - Shiu! Tudo bem, desculpe. – Dei um beijo no pé de seu ouvido. Ela se arrepiou de novo. – Dá próxima vez eu faço diferente, agora para de ser grossa e me trata direito.

Pedi baixinho, minha mão direita descendo por seu braço até alcançar sua mão, onde entrelacei nossos dedos.

: - Estou lhe tratando direito.

Sua voz deu uma pequena falhada quando corri os lábios separados por seu pescoço.

: - Não está não. – Mordi o final de seu ombro. – Está grossa e chata. Nem sorriu quando me viu entrar e está se segurando para não me tocar. Sua TPM é insuportável.

: - Você é insuportável.

Ela disse com uma risada sem humor ao se virar rapidamente embaixo de mim, meu corpo se ajeitando no meio de suas coxas separadas. Fitei a coloração de seus olhos para ter uma prévia do que deveria esperar, o que achei lá foi um tom escuro de verde, forte e brilhante.

: - Seus olhos estão escuros. Devo me preocupar?

Perguntei sem tirar o sorriso do rosto enquanto erguida o dedo indicador direito para acariciar a extensão de seu nariz.

: - Talvez.

Lauren suspirou sem tirar o aperto firme de seus braços ao redor do meu corpo, suas pernas automaticamente envolvendo a minha cintura, me encaixando de um jeito sem escapatória.

: - Eu não vou fugir, não precisa me prender desse jeito.

Soltei uma risadinha pelo nariz e abaixei a cabeça para depositar um beijo no volume de seu seio esquerdo, por cima da renda do sutiã.

: - Está incomodando?

: - Não, muito pelo contrário.

Senti quando as mãos de Lauren subirem por minhas costas, uma parando na minha nuca e a outra trabalhando no elástico do meu cabelo. As mechas logo caíram livres sobre meus ombros, seus dedos ágeis as jogando para o lado.

: - Então não reclame. E seu cabelo é perfeito demais para ficar preso em um elástico, não faça isso de novo, não quando estiver comigo.

: - Rabugenta demais.

Me movi um pouco para cima e juntei nossos lábios, sem dar tempo para uma resposta malcriada. Se ela queria ocupar a boca dela, que ocupasse com algo melhor do que reclamar de tudo e de todos. Segurei seu queixo com a mão direita e deslizei minha língua sedenta por entre seus lábios, sem resposta. Ela se manteve imóvel, sua respiração furiosa banhando o meu rosto. Suspirei mordendo seu lábio inferior com força.

: - Me beija. – Tentei outra vez. Era totalmente irritante procurar o que eu mais queria e não achar. – Lauren, me beija, para de pirraça.

Foi minha vez de reclamar e soltar um tapa pesado em seu braço esquerdo. Quando ela queria ser criança, conseguia ficar pior que uma. Inalei inquieta e me movi entre suas coxas, sugando seu lábio inferior em uma vontade louca de ganhar algo em troca. Ela suspirou, seus olhos se fechando e suas mãos possessivas se agarrando em meus cabelos.

: - Se você não parar de pirraça agora, eu...

Não consegui terminar a frase, pois fui interrompida por sua boca quente e apressada. Um som alto de satisfação saindo da minha garganta quando ela buscou a minha língua. Tão macia e experiente, ia fazendo vibrações prazerosas subirem por meus dedos dos pés. Suas mãos se perdiam sem dó em meus cabelos, puxando e maltratando, suas coxas me forçando para baixo, criando um atrito delicioso de nossos sexos por cima das roupas finas. Arranhei a carne de sua cintura e chupei sua língua saborosa até onde consegui, um gemidinho gostoso saindo de sua garganta.

Nos beijávamos sem calma, Lauren não estava com paciência para isso, e quem disse que eu queria que ela estivesse? Separei nossas bocas pela falta de ar depois de um tempo, queria respirar e ela não ajudava. Eu ri perdida em um misto de sensações quando ela deslizou sua língua para dentro de novo, me deixando sem chances para pensar em outra coisa. Eu iria corresponder à intensidade se meu celular não tivesse vibrado três vezes ao nosso lado, fazendo com que Lauren parasse o que fazíamos ferozmente.

Por me encontrar um pouco tonta, apenas sacudi a cabeça algumas vezes e a deitei sobre seus seios, me acomodando melhor. Lauren tateou a cama para achar meu Iphone, erguendo assim que o tinha em mãos. Eu iria pedir o celular para ver quem estava me chamando, mas ela foi mais rápida, o que me acarretou um único problema. Eu havia esquecido que troquei sms’s com Ariana mais cedo, e esqueci também que provavelmente ela responderia o que enviei. Apenas fechei meus olhos com força quando ouvi sua voz.

: - Quer dizer então que você vai jantar com a Ariana?

Cacete, Camila. Me condenei mentalmente por ter esquecido de apagar aquela merda, não por temer algo ou que quisesse esconder as coisas dela, mas sim por quê não queria causar exatamente aquela reação.

: - Vou, amor. – Ergui a cabeça para olhá-la, seus olhos... Queimavam. – Você sabe que Ariana e eu somos amigas, sabe que sempre quando temos tempo nos encontramos.

: - E você sabe que eu odeio isso.

Ela frisou o “odeio” quando me empurrou para trás pelos ombros, jogando as pernas para fora da cama e se levantando. Preciso deixar claro que Lauren nunca foi com a cara de Ariana, nunca. Ela sempre fazia cara feia quando eu avisava que iria almoçar com ela ou qualquer coisa do tipo, às vezes fazia de tudo para que eu não fosse, chantagem era o seu forte. Rolei os olhos entediada e me sentei, puxando seu travesseiro para o meu colo.  

: - Lauren, você tem que entender que não é só porque você não vai com a cara da Ariana que eu não posso ser amiga dela. – Bufei. – Ela é uma pessoa maravilhosa, não sei por que toda essa sua implicância.

: - Não sabe? – Ela riu ironicamente enquanto parava com as mãos na cintura no meio do tapete. – Não sabe mesmo, Camila? A garota te chama de esposa em pleno Twitter, fala de filhos, faz o cacete à quatro e você acha que não tenho motivos?

Suspirei buscando no fundo da minha consciência a minha paciência, iria precisar.

: - Aquilo foi só uma brincadeira e você sabe, amor. – Deslizei os dedos pelo cabelo a observando morder o canto da boca nervosamente. – Ariana é muito hétero.

: - Hétero? – Lauren riu de novo. – Hétero que é hétero não fica fazendo brincadeirinha gay com a amiga, por favor. Não quero você sozinha com ela, eu aturava antes porque não tinha o direito de falar nada, mas agora... Agora você é minha namorada e posso opinar quando bem entender. Não quero que vá.

: - Mas eu vou. – Rebati pacientemente, o sorriso nunca deixando o meu rosto. Ela estava estressada e eu entendia, toda mulher tem seus dias iguais, portanto eu não a trataria de forma diferente. – Você precisa confiar em mim, não se preocupe. Nunca aconteceu nada antes, por que aconteceria agora?

: - Eu confio em você, não confio é nela. – Negou com a cabeça. – Olha a merda desse sms “Estou com saudades de você, Camila”. – Lauren imitou a voz da Ariana e uma vontade de rir me atingiu, onde levei a mão até a boca para impedir a risada de sair. – Não fode. Não sou obrigada a aturar isso, não sou. Não quero ela dizendo que sente tua falta e toda essa melação. E o pior é você dando moral e respondendo.

Respirei fundo e ergui uma das mãos para massagear minha têmpora esquerda, estava começando a ter uma pequena dor de cabeça com aquela situação desnecessária.

: - Eu não estava dando moral, Lauren, eu estava dizendo o que sinto para uma pessoa que é importante pra mim, uma amiga. Eu sinto falta dela assim como sinto a falta de Marielle e Sandra. Você não sente saudades da Vero? Da Lucy? Da Alexa? Então...

: - Não compara as minhas amigas com a Ariana, por favor.

Seu rosto estava com um leve tom de vermelho, podia enxergar a veia saltando em seu pescoço.

: - Por que não? O que elas têm de diferente da Ariana? Deve ser porque diferentemente das suas amigas, as minhas não dão em cima de mim.

Eu disse de olhos fechados enquanto tentava me concentrar para não perder o controle. Não queria brigar, prometi para mim mesma que não iria mudar o meu tom com ela e não mudei, mas aquilo pareceu afetá-la.

: - Está dizendo que minhas amigas dão em cima de mim?

: - Estou, porque eu sei que dão. – Umedeci os lábios. – E se não dão mais, algum dia deram. Mas o que isso importa? Eu confio em você e só quero que você confie em mim. Eu sei que está dizendo essas coisas com essa raiva toda porque está de TPM, vai ver que todo esse estresse é desnecessário quando ficar melhor.

: - Eu não concordaria com você saindo com a Ariana sozinha nem se estivesse ajoelhada dentro de uma igreja, pode tirar essa ideia da cabeça. – Ela bateu o pé firme e sorriu ironicamente, tacando meu celular em cima de mim. – Se você for eu não vou me responsabilizar para o que vai ouvir quando voltar.

: - Lauren... Por favor. – Tentei.

: - Por favor o caramba, Camila, queria ver se fosse eu marcando jantares com o Keaton enquanto você fica em casa me esperando voltar. Talvez ele também pudesse me servir como um bom amigo. Ou quem sabe ele daria em cima de mim no Twitter assim como Ariana fez com você. Nunca se sabe, não é mesmo? E olha que eu nem dou moral para isso, não mais.

Keaton. Sorri ironicamente enquanto colocava as pernas para fora da cama. Ela tocou em um ponto que não deveria tocar, na verdade, em um nome.

: - Eu nunca fiquei com a Ariana, Lauren, ela não é praticamente a minha ex. – Calcei meus chinelos e peguei o meu Iphone, me sentia... Chateada. – Infelizmente não posso dizer o mesmo sobre o Keaton, infelizmente. Vocês fizeram de tudo um pouco, não é mesmo? Pois eu e Ariana nunca nem chegamos perto, e não vamos.

Qual era a necessidade dela tocar em um assunto que me machucava? Eu estava ali com toda a minha paciência depois dela me tratar mal à metade do dia, de mal olhar na minha cara, de praticamente ignorar a minha presença e ainda tinha que escutar aquilo? Aquele nome era altamente proibido e ela tinha noção, era completamente incomparável.

: - Aonde você vai?

Me perguntou segurando o meu punho quando eu passei por ela para ir em direção à porta.

: - Para o meu quarto.

: - Por que?

Seu aperto estava forte, eu tinha certeza que seus dedos ficariam marcados em minha pele. Olhei o local onde nossos corpos se uniam para logo depois fitar seus olhos.

: - Porque você precisa dormir sozinha essa noite.

Tentei puxar meu braço, em vão. Torci o nariz pelo incômodo, sua respiração estava agitada e seu rosto banhado no mesmo avermelhado.

: - Eu decido se preciso dormir sozinha ou não, não você. E eu não quero.

: - Mas vai. – Rebati sem me alterar, iria cumprir a promessa que fiz para mim, e era exatamente para não quebrá-la que iria dormir em meu quarto. – Se eu ficar aqui vou acabar perdendo a minha paciência contigo, e não quero isso. Durma sozinha essa madrugada, amanhã quando estiver melhor nos falamos.

: - Eu não preciso ficar melhor, Camila. Eu não quero dormir sozinha.

: - Solta o meu braço.

Pedi sem quebrar nossa troca de olhares, ela me fuzilava, eu apenas a encarava.  

: - Vai ficar brava pelo o que eu disse sobre o Keaton? Para de ser idiota. Eu estou contigo, não estou? Então o que importa?

: - Eu estou contigo, não estou? Então o que a Ariana importa? – Repeti sua pergunta e novamente tentei puxar o meu braço. – Agora solta o meu braço... Está machucando.

: - Camila, Keaton não significou nada pra mim, já a Ariana... Você lá sabe se ela não pensa em você de outra forma?

O que? Aquilo era hilário.

: - SOLTA. – Aumentei o meu tom de voz rapidamente, a assustando um pouco. Quando ela soltou o meu braço eu rapidamente coloquei a mão por cima para massagear meu punho, estava dolorido. – Não me importa se ele significou ou não significou, você não tinha o direito de tocar no nome dele tendo a noção de que a simples menção desse nome me chateia. Eu sei que você está estressada, mas eu passei o dia inteiro do teu lado mesmo com o teu capricho em ignorar a minha presença. Eu corri atrás de você, pedi para dormir contigo, você leu alguns sms’s e está fazendo tempestade em copo d’gua por isso. Mas mesmo assim não lhe dá o direito de me cutucar dessa forma.

: - Às vezes você fica muito dramática.

Ela rolou os olhos e se afastou um pouco.

: - Eu fico muito dramática? – Eu ri incrédula e neguei com a cabeça. – Durma sozinha para ver se cai na real um pouco. TPM é uma coisa, hipocrisia é outra. Acho que não mereço isso.

A lancei um último olhar chateado antes de me virar em meus calcanhares para abrir a porta.

: - Camila...

: - Durma bem. – Engoli a saliva que se formou em minha boca. – Eu amo você.

Usando de toda a sinceridade, acho que nunca disse um “Eu te amo” tão magoado como naquele momento, e ele nunca foi tão desnecessário. Em sã consciência eu deveria apenas ter saído dali ligando o foda-se, mas não, fraquejei em meus sentimentos e disse com todas as letras.

Não esperei que ela respondesse, apenas bati a porta atrás de mim e corri para o meu quarto, me jogando na cama assim que estava lá dentro. Ainda estava custando a acreditar que a situação se contorceu para aquele caminho, eu deveria ter imaginado que no final me irritaria. Irritação não era a palavra certa, chateação ficava melhor no contexto. Ver a sua namorada incluir o ex ficante no meio de um assunto de vocês duas, sendo que esse mesmo ficante teve metade da culpa no seu sofrimento por quase um ano... É incômodo, doloroso. Tudo o que ela não teve comigo foi consideração, e consideração foi tudo o que eu passei o dia tendo com ela. Eu fui para o quarto dela disposta a fazê-la relaxar, deixar de lado tudo o que a estava irritando, a rir e sorrir até que o sono nos vencesse. E olha só onde eu me encontrava naquele momento, sozinha em uma cama grande demais para mim. Lauren poderia ser bem rude quando queria, acontece que eu estava sensível demais com toda a nossa situação recente para aguentar mais do que 30% de desaforo. Será que ela tinha consciência?

Levei a mão até a garganta e esfreguei enquanto respirava fundo, uma leve falta de ar fazendo meus pulmões arderem. Meu celular vibrou do meu lado, eu sabia que era ela, por isso demorei mais do que o necessário para abrir a mensagem no whatts.

Camila, volta. Eu não quero dormir sem você, para de ser idiota e ligar para o que falei, você sabe que é tudo passado.

Comecei a me perguntar quando que ela pararia de ser grossa, aquilo me irritava profundamente. Não respondi, se respondesse provavelmente brigaríamos feio, então deixei que falasse sozinha.

Merda, Camila, volta pra cá. Eu não consigo dormir direito sem você, vou ficar rolando na cama até amanhã em claro. Para de ser birrenta e volta logo.

É bom ser ignorada, não é? Pensei comigo mesma enquanto massageava minhas têmporas, uma dor de cabeça infernal me fazendo arfar. Ela não parou, meu celular vibrando sobre os meus seios repetidamente.

Eu sei que você está visualizando, então me responde. Quantas vezes preciso dizer a mesma coisa? Até quando vai se chatear com esse assunto? Porra, eu estou namorando você, eu te amo, o que tive com ele não chega perto do que temos. Para com isso.”

Mordi o lábio inferior com força e dobrei os joelhos, fixando meus pés na cama. Se eu queria chorar? Queria. De dor de cabeça ou de chateação? Eu não sabia. Ela estava sendo tão hipócrita, me pedindo para terminar com uma coisa que ela deixava fluir em relação à Ariana. E a honestidade, onde ficava? Por que fingir a razão que não existia?

Eu vou bater na tua porta agora se você não me responder.

Bufei com lagrimas saltando pelo canto dos olhos.

CAMILA, ME RESPONDE.

“Lauren, vai dormir... Por favor.”

Digitei uma resposta apenas para que ela parasse, aquela pressão estava me tirando do sério. E eu que jurei que na perderia a minha paciência.

Então volta para o meu quarto agora. Não vou dormir sozinha, eu não suporto dormir sozinha, eu quero você aqui.

“Eu não vou voltar, você precisa dormir sozinha para pensar um pouco nos teus conceitos. Estou chateada.”

Respondi me sentando na cama, ficar no escuro estava me dando agonia.

Chateada por merda nenhuma. Você me irrita com todos esses dramas.

“Você está me ofendendo. Já chega.”  

Taquei o celular na cama secando os olhos com as costas das mãos e me levantei, andando até a parede frontal para acender a luz. Olhei ao meu redor, vazio demais para o meu gosto. Dormir sozinha depois de se acostumar a dormir abraçada com alguém é angustiante, mas preciso em algumas situações. Eu estava indo na direção da minha mala no final do quarto para pegar a minha aliança, quando ouvi batidas fortes da minha porta.

: - Camila, abre essa porta. – Não, não era possível que ela estava mesmo no meio do corredor do hotel falando alto daquele jeito, quase derrubando a minha porta. – CAMILA.

: - Merda!

Eu disse para mim mesma enquanto corria para abrir, se Jodi a pegasse ali teríamos um problema a mais quando não precisávamos ter.

: - Eu não estou brincando, abre essa merda.

Ela socou de novo, mas eu abri antes que mais um barulho oco e alto invadisse o corredor. A encontrei vestida em um short jeans desfiado, regata vermelha e rosto na mesma tonalidade.

: - Qual é o seu problema? – A empurrei para trás, colocando a minha cabeça fora do quarto para espiar o corredor. – Está maluca? Sabe que horas são? Se Jodi te pega aqui você vai foder com tudo.

: - Volta comigo para o quarto.

Seus olhos verdes estavam me amedrontando, suas pupílas completamente dilatadas.

: - Eu já disse que você vai dormir sozinha. – Eu estava tentando falar o mais baixo possível, ao contrário dela. – Fale baixo.

: - Não me tira do sério, Camila. - Lauren deslizou os dedos da mão direita pelo cabelo. – Você não precisa levar essa idiotice em frente.

: - Quem usou de idiotice foi você, quem está sendo idiota é você.

Funguei ao colocar a mão em seu peito quando ela avançou, tornando a empurrá-la para trás.

: - Me deixa entrar, então. Não quero ter uma conversa com você praticamente no meio do corredor.

Neguei com a cabeça.

: - Por favor, Lauren, amanhã nós conversamos. Quando você estiver menos irritada com tudo nós falaremos sobre. Só, por favor, para.

: - Por que você tem que ser tão... – Ela dobrou as mãos em punhos e fechou os olhos para respirar fundo, seu peito subindo e descendo com fúria. O que ela não sabia é que quanto mais tentava contornar a situação, mas estava me magoando. – Até quando vai continuar?

: - Até você reconhecer que está errada. – Segurei nossos olhares quando ela abriu seus olhos. –  Você está errada sobre Ariana, errada sobre teu comportamento e errada em falar sobre você sabe quem.

: - Keaton. – Rosnei. – Qual é o problema em falar o nome? Se você pode falar o nome da Ariana tão facilmente, também pode dizer fácil o nome dele.

Ela não iria parar, reconheci a questão naquele momento, meu coração batendo na minha garganta pronto para explodir. Se existia alguém nesse mundo que com ciúmes encarnava o diabo, esse alguém era Lauren, sem sombras de dúvidas.

: - Me deixa sozinha. – Suspirei exausta mentalmente, levando a mão até a porta para empurrá-la. – Só... Vai embora.

Eu não queria continuar com aquilo, só queria que ela reconhecesse que estava errando, que estava me machucando, que já estávamos vivendo pressões demais para forçar aquela situação.

: - Não vai mesmo me deixar entrar?

O tom rude que a dominou o dia inteiro estava mais presente do que nunca, sua mão esquerda plasmada contra a porta impedindo que eu a fechasse.

: - Não quero dormir ao teu lado hoje, não mais. Se você ainda tem um pingo de consideração comigo, volte para o teu quarto. Me procure quando estiver sem esse tom rude e esse nariz em pé, ai sim iremos conversa de igual para igual. Se amanhã ainda estiver se achando a dona da razão, nem tenta, tudo o que você vai conseguir é me deixar mais chateada. – Minhas pernas estavam fracas, eu só queria me deitar. – Agora, se não for pedir muito...

Fixei meu olhar em sua mão, indicando que queria fechar a porta e ficar sozinha. Lauren me encarou por alguns segundos, observei seus olhos se enchendo de lágrimas e sabia que eram lágrimas salgadas de raiva. Queria que ela fosse embora logo, se continuasse na minha frente daquele jeito eu provavelmente cederia, e não era a minha intenção. Se era preciso sacrificar a minha noite de sono para dar à ela a chance de pensar em seus erros, eu sacrificaria. Amar alguém não significa passar a mão na cabeça em todas as situações, amar alguém também é mostrar o certo, nem que esse certo inclua um pouco de sofrimento e uma boa noite de insônia.

: - Você quem sabe.

Foi tudo o que ela disse antes de tirar a mão da minha porta e fungar levemente, as lágrimas caindo furiosas de seus olhos - meus olhos verdes -. Pressionei os lábios com força quando ela se virou de lado, me olhando por trás de cílios molhados antes de sumir da minha visão. Ainda fiquei ali parada por longos segundos, um minuto, talvez dois. Meu olhar fixo na parede bege do outro lado do corredor, minhas pernas indecisas entre os comandos de correr até a cama, ou correr atrás de Lauren. Respirei fundo quando tomei a decisão certa, a decisão de fechar a porta e me arrastar para dentro.

Me agarrei aos travesseiros assim que meu corpo afundou no colchão, um soluço alto e oco rasgando a minha garganta. Estávamos tendo a nossa primeira briga desde que começamos a namorar, e olha que faríamos um mês de namoro dali a dois dias e provavelmente passaríamos brigadas, se formos levar em consideração a lentidão insuportável que Lauren têm para cair na real. Abri meus olhos ardentes e fitei o teto, eu via fogo em todos os cantos, e eu sabia que as chamas estavam sendo causadas pelo ar do desentendimento, pela brecha aberta na nossa bolha quase inatingível, quase. Naquele momento nós estávamos queimando, por ironia do destino estávamos queimando juntas, consumidas por motivos diferentes, mas sendo queimadas pelo mesmo fogo.

Eu tinha certeza que ele iria me sacudir sobre a cama a noite inteira, minha cabeça dolorida me indicava que teria que correr atrás de um analgésico em breve. Meu coração irritante me dizendo para levantar da cama e correr atrás daquela Lauren arrogante, minha razão me mandando permanecer deitada e esperar pela Lauren coerente e pés no chão. Lutando contra Deus e o Diabo, fechei meus olhos molhados e esperei por algo que não veio, o sono que foi roubado de mim não voltaria para me consolar tão cedo. Montando motivos por motivos, tudo o que me resta é lhe perguntar: Por que não conseguimos dormir quando precisamos? Será que é tão difícil informar ao cérebro que tudo o que precisa fazer é nos jogar na inconsciência para que possamos esquecer? Lembrar nunca me custou tanto. 



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