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História Falling in love for the last time. - Quem foi que disse?


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Boa noite, meninas. <3 Vou explicar uma coisa rapidinho, não quero ninguém confuso. Bem, vou começar a colocar umas data nos capítulos, mas é só para marcar os dias que Lauren vai ficar em Miami. Estou explicando para depois não ter ninguém se perguntando "wtf?". Enfim, quero indicar uma música para o cap, bom, para o POV da Lauren. A música é "Queens of the Stone Age - Make It Wit Chu." Aproveitem bem o capítulo, escrevi com todo o cuidado para agradar. UHASUHSAUSHA Boa leitura. ♥

Capítulo 28 - Quem foi que disse?


 

27 de Setembro.

 

Camila POV.

 O dia amanheceu, o começo da tarde chegou e meus olhos não se fecharam por mais de dois minutos. A primeira noite sem Lauren foi insuportável, passei em claro. Rolei por sua cama vezes seguidas, cheirei seus cobertores, andei por seu closet e acabei passando as horas agarrada com um casaco preto que ela usava com frequência. O cheiro natural do corpo dela grudado nele me fez ficar mais agitada ainda. Depois de passar semanas dormindo agarrada com ela, dormir sem pela primeira vez era um martírio.

Depois de almoçar com as meninas e meus pais, sentei na varanda enquanto observava Sofia correr de um lado para o outro atrás de Dinah no jardim, que parecia mais uma criança grande. Eu estava sentindo calor e a única explicação para estar usando casaco era o fato de ele ser de Lauren. Peguei meu Iphone e comecei a vasculhar nossas fotos de Paris, parando em uma especial. Sorri nostálgica e deslizei a ponta do meu dedo indicador pelo visor. Na foto, Lauren tinha seus olhos fechados e um sorriso aberto, minha mão em seu pescoço, seu cabelo esparramado pelo travesseiro, nossos ombros nus, meus lábios depositados suavemente em um pequeno beijo sobre aquele sorriso maravilhoso que ela exibia. Ela havia tirado aquela foto em um de nossos momentos de carinho, onde nuas apenas nos tocamos, nos idealizamos. Suspirei de saudade, meu coração acelerado denunciava o quanto eu queria voltar para aquele país, para aquele hotel.

 Mordi o lábio inferior e abri o whats, digitando rapidamente uma mensagem.

 Estou desejando Paris mais do que nunca. Desejando Paris, acordar com as pernas enroladas nas tuas, aquele frio gostoso que o teu corpo nu fazia passar da melhor forma possível, o lençol de seda da cama, a vista que tínhamos da Torre Eiffel do nosso quarto, desejando a nossa bolha que estourou tão de repente. Estou com saudades, Lo, espero que esteja tendo uma tarde agradável. Eu estou aqui pensando em você. Eu te amo muito, não se esqueça.

 Enviei a mensagem e reli a que ela me mandou na noite passada pela milésima vez. Saudade dói, não é mesmo? E dói fisicamente. Suspirei entediada enquanto via Normani se aproximar de mim, seus pés descalços e seu corpo molhado por conta da água da piscina.

 : - Você está doente? Um calor desses e você de casaco.

 Ela perguntou aterrorizada se sentando ao meu lado, na beirinha para não molhar o resto da poltrona. Sorri triste enfiando minhas mãos no boldo do casaco.

 : - Doente de saudade, serve? – Fiz uma careta e ela riu.

 : - Se você se deixar ficar triste assim vai acabar ficando doente mesmo, Mila.

 Repreendeu-me com um olhar preocupado. Dei de ombros, naquele momento eu não estava ligando muito para o meu bem-estar, só queria cuidar para que minha namorada ficasse bem.

 Desviei meus olhos de seu rosto e olhei para frente, todos estavam na piscina, quer dizer, Sofia e Dinah praticamente rolavam na grama, estavam molhadas e com folhas grudadas em seus corpos. Eu ri negando com a cabeça, não sabia dizer quem era mais criança. Puxei o casaco de Lauren e dobrei os joelhos sobre a poltrona para cobri-los, meu short jeans apertando minhas coxas com o movimento. Ergui as mãos para prender os cabelos no alto da cabeça, ao menos iria aliviar o calor um pouco.

 : - Mila, posso fazer uma pergunta que está me matando de curiosidade?

 Mani me perguntou um pouco... Corada? Sorri para ela.

 : - Duas, se quiser.

 Ela me olhou por alguns segundos, ajeitou o biquíni, olhou para Sofia e Dinah, olhou para mim de novo e quando achei que ela não fosse perguntar mais, finalmente se pronunciou.

 : - Como é transar com a Lauren? Com uma mulher? – Ergui as sobrancelhas. – Vocês já transaram, né?

 Pelo incrível que pareça eu não senti vergonha com suas perguntas, acho que nem tinha o por que sentir, era Normani ali. Suspirei algumas vezes antes de responder, minha cabeça automaticamente resgatando as lembranças das vezes que Lauren e eu estivemos juntas em cima de uma cama, ou fora dela. Não me contive e mordi o lábio inferior por alguns segundos.

 : - Uhum, já transamos.

 : - E como é?

 Normani sentou-se de lado para me encarar melhor, podia ver em seu olhar um surto de curiosidade, suas mãos estavam agitadas em seu colo.

 : - Lauren é perfeita na cama. Eu nunca transei com alguém além dela, mas tenho certeza que nada pode ser melhor, nada e nem ninguém.

 Eu disse usando de toda a minha sinceridade, não estava dizendo aquilo de Lauren apenas por amá-la e desejá-la mais do que tudo, mas sim porque ela realmente era uma loucura.

 : - Não é estranho sentir um corpo com os mesmos atributos colado ao seu?

 Ela riu sem graça e eu ri achando graça.

 : - Estranho? Não, Mani, é mágico e delicioso. Posso te dizer que é uma das sensações mais fascinantes, instigantes. Claro que para quem nunca fez e nunca se imaginou tocando uma mulher dessa forma possa parecer um pouco estranho, mas não é.

: - Eu fiquei pensando depois que vi as fotos de vocês na revista que talvez eu tenha curiosidade, quer dizer, eu tenho. Nunca senti que tinha vontade de ficar com uma mulher, mas nunca disse que não ficaria se me interessasse. Lauren sempre namorou garotos, mas hoje está completamente apaixonada por você e te olha com um olhar de... Fome, desejo, sabe? Eu sinto um pouco de inveja, queria sentir isso por alguém também. – Mani começou a desabafar olhando para o nada, eu ouvia cada palavra atenta. – Fiquei me perguntando se seria estranho demais dormir com uma mulher, sentir desejo descomunal por uma garota, se sentir quente por ver... Peitos.

 Nós rimos juntas, ou melhor, gargalhamos. Normani era demais, hilária.

 : - Você é uma hétero curiosa, Mani, apenas isso. Você nunca desejou uma mulher, então isso não te faz bi, apenas curiosa. – Eu disse firme, porque era a verdade. Ela me olhou séria. – A partir do momento que você desejar uma, ai sim, ai sim as coisas serão vistas com outros olhos.

 : - Como você se sente quando vê a Lauren sem roupa?

 Normani abaixou um pouco seu tom de voz, levando em consideração a presença de Sofia bem perto. Passei meus olhos rapidamente por minha irmã antes de responder.

 : - Como eu me sinto? Excitada, muito excitada. Extremamente molhada. – Eu suspirei lembrando do corpo de Lauren, dos seios empinados e fartos, da barriga lisinha, das coxas grossas, do sexo bem desenhado e saboroso. Respirei fundo. – Me sinto arder, sabe? É uma visão e tanto. Mas isso para mim é diferente, pois sou lésbica. Se não fosse com Lauren, sentiria a mesma coisa por outra garota.

 : - Isso é tão interessante. Eu nunca tive a chance de conversar com uma lésbica antes, acho que estou obcecada.

 Eu ri da cara que ela fez e a dei língua.

 : - Um dia você vai descobrir que é mais interessante do que pensa, interessante e muito gostoso.

 : - Obrigada por aumentar a minha curiosidade, Camila, muito obrigada.

 Normani rolou os olhos e riu em seguida, sacudindo as mãos em minha direção para fazer pingos de água gelados caírem em meu rosto.

 : - Dinah disse que ainda vai transar com uma mulher antes de morrer, ou não se chama Dinah Jane.

 Fofoquei para Normani procurando Dinah com os olhos, não queria correr o risco de levar um tapa na cara.

 : - E você duvida disso, Mila? Eu tenho certeza que vai.

 : - Eu não duvido de nada, ela é a Dinah, a pessoa que deu tapa na cara da Lauren quando a mesma era um poço de grosseria e chatice. Nada será surpresa.

 Balancei a cabeça negativamente e suspirei.

 : - Nada é surpresa se tratando de Fifth Harmony, Mila, nada.

 Mani disse com uma voz tão profunda que quase fiquei séria, quase, porque começamos a rir logo depois. Ficamos um bom tempo ali conversando. Ela fazendo perguntas, eu respondendo e matando sua curiosidade sobre o assunto.

 A noite caiu e nos reunimos na sala para assistir um filme, filme esse que eu nem sabia qual era, para você ter a noção da minha falta de interesse. Minha mãe estava abraçada com meu pai, Normani com a cabeça no colo de Dinah, Ally com Sofia entre suas pernas e eu? Eu com os pensamentos em Lauren.

 Acredita que eu ainda vestia o casaco dela? Pois é. Tomei banho no banheiro dela, usei o shampoo dela, o sabonete dela, a toalha dela e tudo isso em uma tentativa falha de senti-la um pouco mais perto. Além de ser apaixonada por Lauren eu era dependente, o que tornava as coisas muito piores. Ficar longe era permanecer longe da vontade de comer, de beber água, de usar o banheiro ou de levantar da cama. O amor é feito de coisas boas e coisas ruins, as boas incluem a felicidade, o prazer de se sentir protegido e valorizado. As ruins incluem a saudade, a dependência (o que ocorre na maioria dos casos) e o desespero de não saber lidar como a intensidade do que ele te oferece. O resumo disso é que o amor é mesmo uma merda para corações fracos e mentes confusas. Naquele momento eu era um corpo fraco de coração confusão e angustiado, ou seja, eu estava na merda.  

 : - Kaki, eu estou com sono.

 Sofia disse baixinho para mim enquanto bocejava, chamando minha atenção. Sorri para ela e acariciei seu cabelinho.

 : - Quer que eu te coloque na cama?

 Perguntei já sabendo a resposta, ela apenas sacudiu a cabeça em positivo. Estava cansadinha, passou o dia todo brincando com Dinah.

 : - Então vamos, vai dar boa noite para o papa e para a mama.

 Eu disse baixo para não atrapalhar as meninas. Ally beijou a bochecha de Sofi antes que ela pulasse sonolenta de seu colo. Me levantei. Sofia caminhou com toda uma preguiça até meus pais, dando boa noite e avisando que eu a colocaria na cama. Minha mãe me olhou e agradeceu silenciosamente, dando um abraço apertado na pequena assim como meu pai antes que ela viesse se agarrar em minhas pernas. Perdi licença para eles e para as meninas e fui caminhando com Sofia em direção as escadas, para que pudéssemos ir até o meu quarto, já que minha mãe e meu pai estavam dormindo lá com ela.

 Quando chegamos no corredor eu senti meu celular vibrar no bolso do short. Sorri de ansiedade, levando a mão para trás sacando o Iphone rapidamente. Era Lauren no wpp, depois de um dia todo sem noticias ela finalmente me deu sinal de vida. Abri a porta do meu quarto deixando Sofia passar enquanto lia.

 22:51 “Ei, meu amor, desculpe a demora para te responder, mas é que acabei de chegar em casa, passei o dia inteiro com meu pai. Foi maravilhoso e eu estava mesmo precisando. Vou tomar um banho e te esperar no Skype, quero passar o resto da noite falando com você, estou morrendo de saudades. Espero que não esteja dormindo. Eu te amo. Por favor, me responde, odeio falar sozinha. ): “

 Fiquei sorrindo que nem uma retardada, estava tão perdida com a mensagem de Lauren que tropecei no tapete que cobria o chão do meu quarto, fazendo Sofia rir.

 : - Você já ia cair, Kaki. – Ela coçou os olhinhos. – Você é muito desastrada.

 : - Ei, não fale assim da sua irmã. – Fiz bico e coloquei as mãos na cintura. Ela riu antes de bocejar. – Corre já para o banheiro e escove esses dentinhos, não quero sentir nenhum cheirinho ruim nessa boca.

 : - Ah, não...

 Sofia fez beicinho e eu me segurei para não apertá-la.

 : - Anão é um homem bem pequeno. Vamos, vou contar até três.

 Antes que eu pudesse começar a contagem, Sofia saiu batendo o pé para o banheiro. Ri dela e me sentei na cama, olhando o visor do Iphone novamente. Corri os dedos para digitar uma resposta.

 22:54 “Eu estou aqui, acordada e nostálgica. Que bom que passou o dia com seu pai, amor, fico feliz. Deve ter sido muito bom esse passeio, se formos levar em consideração o horário que você chegou em casa... Ai já são quase duas da manhã. x-x”

A diferença de horário entre Miami e Los Angeles é três horas. Em Los Angeles naquele momento era 22:54 da noite, então em Miami era 1:54. Não que eu estivesse com ciúmes ou algo do tipo, mas era só curiosidade mesmo para saber o que eles fizeram. Lauren não demorou para responder, logo aquele “escrevendo” apareceu. Sacudi as pernas ansiosa pela resposta.

 22:55 “Nós fomos a um jogo de futebol dos amigos do teu sogro, ciumenta, depois de lá paramos para comer e só chegamos agora. Fiquei pensando em você o jogo inteiro, o tempo todo. Comemos pizza e eu lembrei de quem? Pois é. >< “

 Mordi o lábio inferior reprimindo um sorriso, adorava quando ela me dava explicação sem eu pedir, aquilo significava que ela se importava com o que eu pensava.

 22:56 “Futebol, né? Que bom então, ao menos não tinha mulher. Haha. Sou ciumenta mesmo, minha namorada está em Miami sem mim, como vou dormir em paz? ): Vai logo tomar o teu banho, quero ouvir a tua voz urgentemente. Eu estou tipo que sufocando de saudades.”  

 Eu estava sorrindo quando Sofia brotou na minha frente, os olhos curiosos e pequenos por conta do sono.

 : - Por que você fica sorrindo sozinha?

 Aquela menina já não tinha que estar dormindo? Suspirei rindo e a puxei pela mão.

 : - Sobe já nessa cama para dormir, vamos, vamos, chega de perguntas. – Sofia bufou e subiu na cama toda desajeitada, deitando a cabeça sobre meu travesseiro. Coloquei o celular de lado e puxei meu edredom para cobri-la, dando um beijinho em seus cabelos.  - Boa noite, kaki.

 Ela bocejou pela milésima vez, fechando seus olhos.

 : - Boa noite, Sofi, eu amo você. Tenha bons sonhos.

 : - Também te amo.

 Disse já com a voz profunda. Aquele era o bom de Sofia, ela pegava no sono rapidamente. Eu a invejava. Liguei o abajur ao lado da minha cama e me levantei para desligar a luz, voltando para pegar meu celular. Olhei o visor e Lauren tinha respondido, duas mensagens.

 22:59 “Vai dormir em paz porque tua namorada só tem olhos para você. Seus olhos, lembra? <3 Eu fiquei ouvindo seu solo em Don’t Wanna Dance Alone todo o caminho de volta para casa, voltando toda hora só para ouvir tua voz arranhada.”

 22:59 “Eu já estou indo, amor. Eu já volto pra você.”

 23:00 “Para de me dizer essas coisas, eu fico com a boca dolorida de tanto sorrir. Estou esperando. <3”

 Foi tudo o que respondi antes de fechar a porta do meu quarto devagar e sair.

 

Lauren POV.

 Andei até o banheiro com pressa e fui retirando as roupas pelo caminho, depois eu me preocuparia em guardar. Tomei um banho quente, quase pelando, queria sentir meus músculos relaxarem de qualquer jeito. Passei o dia com meu pai e Chris, saímos para almoçar, fomos ao cinema e depois a um jogo de futebol dos amigos do meu pai. Foi divertidíssimo, por mais que minha cabeça tenha ficado em Camila durante todos os segundos, eu consegui me divertir.

O pessoal do futebol era legal, a maioria daqueles caras sabiam o que estava acontecendo, mas ninguém ousou tocar no assunto e fizeram com que eu me sentisse muito bem. No final chegamos em casa pra lá de uma da manhã, o que me fez agradecer a Deus, pois só assim eu evitaria ouvir a voz da minha mãe ao menos por uma noite.

Terminei o banho e me sequei quase correndo, estava ansiosa para ouvir a voz de Camila. Vesti uma daquelas cuecas femininas que deixam metade da bunda de fora, na cor azul bebê, e uma blusa de manga branca com o rosto da Lana estampado nela. Eu amava aquela blusa, comprei na porta de um show que eu fui dela em Nova York. Joguei a toalha em qualquer canto e voltei correndo, peguei os fones do meu celular sobre a mesinha do not, acendi a luz do abajur e apaguei a luz do quarto.

 Puxei o edredom para baixo e me deitei na cama, encaixando os fones de ouvidos no Iphone e o travesseiro embaixo da minha cabeça. Olhei a mensagem de Camila no wpp e comecei aquela sessão de sorrisos. Respondi rapidamente.

 2:16 “Voltei, amor. Já estou deitada e entrando no Skype, anda logo.”

Enviei a mensagem e abri o app do Skype, a luz do visor quase me cegou por alguns instantes, tive que estreitar meus olhos para não ter que desviá-los da tela. Esperei longos e intermináveis quatro minutos até que Camila respondesse.

 2:20 “Pronto, Lo. Desculpa a pequena demora, estava dando boa noite para as meninas e meus pais. Bom, me chama logo lá.”

 Não hesitei mais e cliquei sobre o nome dela no Skype. Coloquei os fones de ouvido e larguei sobre meus seios o fio branco onde o pequeno microfone era embutido.

 L.Jauregui chamando Camz...

 Ela não demorou mais que cinco segundos para atender.

 “Pronto, apressada.”

 Ela riu baixinho, aquela risada fazendo o meu coração vibrar dentro do peito.

 “Ansiosa é a palavra certa para ser usada, sabe?”

 Sorri fechando meus olhos ao largar o Iphone ao meu lado, onde posicionei meus braços em cima da minha cabeça sobre o travesseiro com uma preguiça sem tamanho.

 “Tanto faz, o que importa é que estou morta de saudades. Dormir essa noite sem você foi terrível. “

 Camz suspirou triste e eu suspirei da mesma forma. As lembranças da madrugada que passou voltando com força. Passei a noite rolando de um lado para o outro com o baby doll de Camila no nariz, o cheiro dela me perturbou tanto que senti minha cabeça latejar em angustia. Consegui fechar os olhos lá pelas seis da manhã e mesmo assim se dormi duas horas foi muito.

 “Essa foi a pior madrugada da minha vida, confesso. Quando toda essa merda acabar eu juro que não vamos dormir separadas por nem um dia. Quando tivermos que vir para Miami vamos dormir juntas na sua casa e juntas na minha.”

 Eu ri no final da frase, mas eu estava falando sério. Paga para ver se aquilo não aconteceria.

 “Se sua mãe não me deixar dormir ai nós dormimos em um hotel, pronto.”

 Ela riu sem graça, pude ouvir sua respiração fraquinha contra o fone. Que vontade interminável de beijá-la.

 “Não importa onde, se estivermos juntas, tudo bem.” Dobrei meus joelhos sobre a cama, meus pés plantados no colchão. “Você comeu direito hoje? Eu vou ligar para Dinah amanhã e perguntar se você está fazendo todas as refeições e bebendo água direito. Você prometeu.”

 Eu disse autoritária, não era a minha intenção, mas ficava nervosa ao imaginar que ela poderia não estar se alimentando direito. A minha preocupação com Camila era quase maternal, se eu pudesse a dava água na boca só para ela não deixar de beber.

 “Amor, eu estou comendo.”

 Não sei por que, mas senti um pingo de mentira naquela frase. Ergui a sobrancelha.

 “Se você estiver mentindo pra mim eu vou descobrir, e sabe que vou arrumar uma briga feia por causa disso, não sabe? Odeio mentiras, ainda mais com algo sério.”

 “Eu não estou mentindo.”

 Ouvi sua respiração longa e preguiçosa. Rolei os olhos, se ela estivesse mentindo eu iria descobrir de qualquer forma, resolvi mudar de assunto, não queria me estressar com aquela possibilidade. Só resolvi, mas não falei nada, ficamos em silêncio por uns dois minutos. Eu ouvia sua respiração em meu ouvido, fechei os olhos novamente para escutar melhor. Era como se ela estivesse ali, sabe? A boca grudada na minha orelha, o hálito quente soprando. Suspirei quando ela se pronunciou.

 “Está brava?”

 Perguntou sussurrando. Sorri fitando o teto.

 “Não.”

 “Está sim, está brava.”

 Insistiu com um pequeno riso. Nem se eu quisesse ficar brava com Camila por muito tempo eu iria conseguir, ela me desarmava fácil, fácil.

 “Não estou brava, considerei ficar, mas não ia conseguir de qualquer forma.”

 Soltei uma risada pelo nariz enquanto abaixava um braço para enfiá-lo por debaixo da minha blusa, repousando a mão em minha barriga.   

 “Eu gosto quando fica brava, você fica com uma carinha linda. Da ultima vez que ficou brava quase me bateu no banheiro, lembra? E eu confesso que gostei muito.”

 Ah, filha da puta. Respirei fundo ao lembrar da nossa cena no banheiro. Respirei fundo porque a raiva voltou com força e uma outra coisa também. Eu ri nervosamente e mordi o lábio inferior.

 “Como eu poderia esquecer? A minha mão coçou para te dar uns tapas, Camila. Eu deveria ter dado, sinceramente. Deveria ter dado uns tapas e depois ter lhe fodido na pia do banheiro usando da mesma força. Talvez você aprenderia como se comportar ao lado da sua mulher.”

 Praticamente cuspi as palavras para ela, minha garganta queimando. Ciúmes é algo que fode com a pessoa mesmo, não importa o tempo que passe, você vai se doer com a mesma coisa sempre. Camila riu do outro lado, um riso tão cínico e safado que me fez tremer levemente. Camila é cínica desde que se conhece por gente, o problema era quando ela juntava a safadeza ao cinismo, ai o buraco ficava mais embaixo.

 “Deveria ter batido, Lauren, eu não iria reclamar. Depois eu daria pra você de qualquer jeito, em pé ou em cima da pia, não importa. Você faria gostoso em qualquer lugar. Eu amo quando você fica desse jeito, e olha que eu mal flertei.”

 Qual era o problema dela? Por que ela me respondeu assim? Eu não esperava por aquilo. Eu usei aquele tom e ela me devolveu de mão cheia, meu corpo todo se arrepiou ao tentar imaginar a cena. Camila era mesmo uma caixinha da mais gostosa surpresa. Sorri em um misto de raiva e tesão. Sim, tesão. Se você pudesse ouvir a rouquidão da voz dela ao dizer aquilo, você me entenderia.  

 “Eu estou com raiva, era isso que você queria?”

 Perguntei completamente rouca, meus olhos fechados com força, não conseguia parar de lembrar da cena dela flertando com aquela... Aquela... Porra!

 “E excitada? Eu sei que você está começando a ficar. Posso sentir isso na sua voz e na forma como respira. Eu te conheço perfeitamente bem para saber disso. Sei todos os teus sinais.”

 Ela queria me descontrolar, e se achava que aquilo funcionaria, ela estava certa. Abaixei uma das pernas e a estiquei sobre a cama, minha mão parada em cima da minha barriga suando. Meu coração estava batendo acelerado, meu corpo alertando um sinal de perigo eminente, alerta vermelho saindo pelos poros.

 “Eu não vou perder o meu controle com você, não vou cair nessa tua pressão psicológica.” Eu ri nervosa. “Você queria me deixar com raiva, não é? Pois bem, conseguiu.”

 Camila tinha o incrível poder de fazer com que quaisquer pessoas pensasem o que ela queria que elas pensassem. Ela conseguia desviar todo o assunto até que ele chegasse a um ponto que não tinha mais como voltar para trás. Ela era o tipo de pessoa que controla a sua mente em parcelas, usando de charme ou palavras para te convencer de que ela estava certa, mesmo que estivesse errada. O tipo de pessoa que te faz pedir desculpas antes dela, o tipo de garota que consegue te deixar excitada de uma forma assustadora ao mesmo tempo em que te faz sentir raiva. Camila era mesmo uma mulher e tanto, e posso dizer com todas as letras que adorava e matava por aquele controle que ela mantinha sobre mim e meus sentimentos.

 “Qual controle, amor? Esse que você já perdeu?” Sua risada saiu um tom mais alto. Mexi-me inquieta na cama. “Queria te deixar com raiva porque é muito mais excitante ter você morrendo de tesão assim. Você fica grossa, rude e isso me deixa louca.”

 “Louca como?”

 Perguntei mordendo o lábio inferior. Meu controle já tinha ido pra merda, negar para quê? Recuar para quê? Eu sabia que passar a madrugada no Skype com Camila não daria certo. Eu estava carente, ela estava carente e bastava uma provocação para tudo explodir em uma intensidade bem maior do que o normal. Ela respirou fundo antes de responder, notei milhares de falhas naquela respiração. Se ela queria me provocar, acabou por provocar a si mesma junto.

 “Excitada.”

 Deliciei-me demasiadamente ao ouvir aquilo, meu corpo respondendo à aquela informação automaticamente. Podia sentir os pelos da minha nuca arrepiados, aquele jogo estava ficando muito, muito interessante.

 “Eu quero beijar você.”

 Sussurrei para ela, um sussurro carregado de malícia. Minha voz irreconhecível. Ouvi Camila suspirar, um barulho rápido e imaginei que ela estivesse se virando na cama.

 “Eu acho que eu posso sentir a sua boca perfeitamente se você detalhar isso pra mim. Diga como você me beijaria. Eu quero poder fechar os olhos e sentir.”

 Você não tem noção do estado que aquilo me deixou. Eu vibrei, minhas unhas se cravando na pele da minha barriga sem que eu percebesse. Ergui um pouco o queixo e puxei o ar com força, a respiração de Camila não dava trégua e muito menos a minha. Separei os lábios depois de umedecê-los para começar a falar. Fechei os olhos para imaginar junto, se íamos jogar, que fosse de verdade.

 “Eu ia deslizar meus dedos pela sua nuca, enfiá-los no teu cabelo e te segurar com força, daquele jeito que você gosta.” Eu estava usando um tom baixo, firme e rouco. Ia imaginando cada detalhe com uma riqueza de cores e nitidez. “Colocar a pontinha da língua para fora e desenhar o contorno dos teus lábios, morder o inferior de leve antes de deslizar a língua para dentro da tua boca a procura da sua.”

 Engoli a saliva que se formou em minha garganta, as coisas que eu dizia mandando rapidamente um palpitar intenso para a minha virilha.

 “Continue, Lauren...”

 Lauren. Puta que me pariu. Eu nunca havia escutado um “Lauren” tão gostoso na minha vida. Resfoleguei, dobrei o joelho direito, estiquei o esquerdo. Inquieta demais.

 “Ia começar a te beijar bem gostoso, Camila, chupar sua língua com calma e te manter presa contra o meu corpo. Seus seios nos meus, meu quadril roçando-se no seu bem devagar. Eu ia te ouvir suspirar por isso e mudar a posição de nossas bocas apenas para aprofundar mais o nosso beijo. Ia puxar seu cabelo com vontade, enrolar as mechas nos meus dedos, afastar meu rosto do seu por segundos apenas para ter a chance de olhar nos teus olhos e comprovar que você está tão excitada quanto eu.”

 “Eu estou.” Camila arfou arduamente, era como se sua respiração tivesse ficado presa em sua garganta. “Eu podia sentir a tua língua dentro da minha boca, e eu quero mais.”

Eu ri completamente excitada, aquela umidade familiar se instalando na minha calcinha, podia sentir nitidamente. Imaginei tão bem que quase acreditei que estava mesmo a beijando. Deslizei minhas unhas por minha barriga embaixo da blusa, minhas pernas tremeram. Eu queria acabar logo com aquilo, jamais desligaria o Skype com Camila para ir dormir frustrada depois de toda aquela provocação. Ela começou, não é? Pois então eu terminaria, e terminaria com prazer.  

 “Camila...”

 Chamei em um sussurro, a ponta do meu dedo indicador deslizando ao redor do meu umbigo.

 “Hmmm”

 Ela murmurou. Suspirei de ansiedade ao morder o lábio inferior, minha cabeça rodando.

 “Se toca pra mim.” Eu não pedi, praticamente ordenei. “Eu não quero ver, só quero ouvir teus gemidos e imaginar a cena na minha cabeça. Me faz gozar desse jeito.”

 Pudor para quê? Por que ficar de melação quando você pode ser direta? Fazer amor é gostoso, mas foder, diga-se de passagem, é mais gostoso ainda. E se fosse para foder via Skype, quem é que diria que não? Eu estava louca para experimentar tal coisa.

 “Pensei que você fosse demorar mais para tomar uma atitude.”

 A voz de Camila estava um poço fundo daquele arranhado que eu tanto amava. Fechei os olhos para imaginar o sorriso em seu rosto. Cínica toda uma eternidade.

 “Eu não quero esperar mais nada.” Dobrei os dois joelhos e separei as coxas levemente, mantê-las pressionadas seria um problema. “O que você está vestindo?”

 Perguntei baixo.

 “Regata e o short daquele meu pijama preto.”

 Comecei a imaginar Camila vestida naquele micro short que tanto me fazia suspirar. Desejei tocar suas coxas.

 “Tira a blusa.”

 Mandei autoritária, eu sabia que ela gostava daquele tom, então eu abusaria dele. Ouvi o colchão mexer novamente, a respiração de Camila ficando um pouco mais distante e eu percebi que ela havia se sentado para fazer o que mandei. Ela demorou mais um pouco, ouvi no fundo o barulho da porta trancando e sorri abertamente. Ela era esperta e jamais cometeria o mesmo erro que cometeu em Paris, ao deixar a porta destrancada. Mais alguns segundos de espera antes dela voltar a falar.

 “Pronto. Eu não tenho mais nada para tirar.”

 Como não tinha mais nada para tirar? Abri meus olhos e fitei o teto, com certeza a coloração deles deveria estar bem escura tamanho era o meu desejo naquele momento.

 “Você está nua?”

 Repeti a pergunta que fiz a ela naquela falada Twitcam que fizemos no final do ano passado. Naquele dia eu sabia que ela não estava, perguntei apenas para provocar. Mas ali, naquela hora, naquela hora eu tinha quase certeza que...

 “Estou. Estou nua no teu quarto, deitada na tua cama, no teu lençol, olhando as tuas fotos na parede, sentindo o teu cheiro no travesseiro e imaginando a expressão que você está fazendo agora.”

 “Porra!”

 Não aguentei e exclamei, meus dedos livres correndo para se agarrarem as mechas do meu cabelo. A imagem de Camila nua na minha cama me fez ferver. Comecei a imaginar o jeito, a posição, a temperatura, completamente tudo. Eu estava louca, ela conseguiu me deixar maluca por ela à quilômetros de distância.

 “Eu gosto quando você xinga.”

 E ela não iria parar. Mas quem disse que eu queria que ela parasse?

 “Você está molhada?”

 Perguntei entre os dentes, meu dedos vagando pelas minhas costelas, barriga, quadril. Nervosismo era um dos sentimentos que me dominavam. A sensação de ouvir e imaginar era maravilhosa. Camila gemeu baixinho e eu sabia exatamente o que ela estava fazendo. Prendi o meu próprio gemido. Podia enxergar nitidamente seus dedos correndo por seu sexo para sentir o que eu queria sentir.

 “Estou...”

 “O quanto?”

 Mordi meu lábio inferior, um calor descomunal brotando naquele quarto. Ou seria o meu corpo pegando fogo?

 “Muito. Mais do que o necessário para que você pudesse enfiar os seus dedos em mim com facilidade.”

 Se eu ainda tinha um pingo de sanidade, ela foi embora com o rabo entre as pernas depois daquela frase de Camila. Não contive o gemido e pressionei as coxas uma na outra para aliviar o que sentia entre as pernas. Não aguentava mais esperar, precisava ouvir e me deliciar com os sons que ela era capaz de fazer o mais rápido possível.

 “Me deixe te ouvir, Camila, se toca pra mim.” Separei os lábios para arfar, o pequeno microfone sobre meus seios subindo e descendo por conta da minha respiração agitada. “Eu vou me tocar pra você, eu quero gemer com você. Por favor.”

 E eu não estava mais mandando, eu estava implorando. Lembra quando eu disse que Camila tinha o poder de contorcer tudo para o ganho dela? Pois é.

 “Oh, baby, eu já estava...”

 Ela gemeu, eu gemi. A sensação foi maravilhosa, ouvir aquele gemido foi como se alguém muito mais forte do que eu empurrasse minha mão para baixo. Afastei as coxas mais um pouco e deslizei dois dedos por cima da minha calcinha. Eu estava encharcada. Mordi o lábio com força enquanto sorria, mexendo meu quadril levemente sobre o colchão, minha mão livre agarrada em meus cabelos com força, eu estava quase arrancando os fios do meu couro cabeludo.

 Camila começou a gemer pra mim, gemidos curtos e falhados. A respiração ofegante e longa, me fazendo fechar os olhos para imaginar a cena. Sem conseguir mais me conter eu driblei a borda da minha calcinha, correndo meus dedos para dentro. Encontrei meu sexo quente e pulsante, molhado e convidativo. Como eu queria que fossem os dedos dela ao invés dos meus. Gemi curvando um pouco a coluna quando comecei a movimentar meu dedo indicador e o dedo do meio por cima do meu clitóris, movimentos circulares e lentos, bem lentos.

 “Eu quero lamber o teu pescoço, aperta as tuas coxas e afastá-las para me esfregar em você.”

 Um gemido. Uma palavra. Um gemido. Uma palavra. Aquela era a voz de Camila. Eu estava derretendo, tirei a mão esquerda do meu cabelo para subir a blusa com o rosto da Lana estampado nela até a altura dos meus seios, sem deixá-los de fora.

 “Mais o que, Camila?”

 Corri o dedo do meio para baixo, senti a umidade na entrada pulsante do meu sexo, voltei com ele para cima completamente molhado para que pudesse recomeçar os movimentos circulares em meu clitóris. Eu era só gemidos sussurrados, gemidos abafados, gemidos aumentando, gemidos falhando. Loucura. Se você ai nunca experimentou isso, não sabe o que está perdendo. Seja por telefone ou por Skype, não importa, era deliciosamente prazeroso.

 “Descer a minha boca pela tua clavícula, enfiar minha mão embaixo da tua blusa e apertar um de seus mamilos entre meus dedos.” Gememos juntas. Eu podia sentir que ela estava aumentando o ritmo de seus movimentos pelo barulho que eu ouvia de fricção no cobertor. Era como se sua mão estivesse se esfregando nele enquanto ela se masturbava pra mim. Aquilo só aumentou ainda mais o meu tormento, me deu um detalhe a mais para imaginar com clareza. “Imagina que a minha língua está descendo pela tua pele, a tua blusa erguida acima dos teus seios, meus lábios começando a sugar sem calma e com força o seu mamilo direito”.

 “Eu gosto disso.” Eu disse completamente perdida nas palavras dela, estava praticamente sentindo seus atos sobre mim. “Fica tão gostoso quando você faz desse jeito. Você é tão deliciosa, Camila.”

 Corri minha mão esquerda por dentro da minha blusa para alcançar meu seio direito, meus mamilos estavam doloridos por conta do tesão incontrolável que eu sentia. Apertei com força, minhas coxas se afastando cada vez mais, minha calcinha esticada por conta da minha mão que se movimentava por dentro dela.

 “Você... Me deixa muito, muito molhada.” Ela gemeu um tom mais alto, a respiração ficando presa para logo depois soltar lufadas rápidas pelo nariz. “Hmmm.”

 “Eu queria estar fodendo você.”

 Aumentei o ritmo de meus movimentos um pouco, meus dedos massageando meu clitóris inchado com habilidade. Para o lado esquerdo, para o lado direito, em fricções para baixo, para cima, eu me satisfazia com meus próprios dedos de uma maneira como nunca havia feito, tudo aquilo ao som dos gemidos de Camila, acompanhada do som mais celestial que eu já escutei na vida. Imagina você, sentada onde está agora, imagina Camila gemendo. A voz dela é rouca falando, arranhada cantando e agora imagina só gemendo. Oh! God.

 “E quem disse que você não está me fodendo? Eu posso sentir seus dedos dentro de mim... Lauren. Saindo e entrando sem parar, bem fundo, com força.” Ela gemeu alto, estava mais agitada, mais nervosa. Eu queria tanto tocá-la, tanto, tanto. Estava desesperada pelo alívio, desesperada. “E você está fazendo isso tão gostoso, sabia? Eu posso até mesmo rebolar pra você, se quiser.”

 “Eu quero.”

 Eu gritei, eu gemi, eu senti o gosto metálico do sangue na minha boca por conta da mordida forte que dei em meu lábio. Meu corpo vibrando, estava completamente suada, um calor intenso. Abri meus olhos e olhei para baixo, fiquei observando com olhos turvos de prazer meus dedos movendo-se. Eu queria ter uma visão melhor, então rapidamente me ocupei em tirar a calcinha, a tacando nos pés da minha cama. Afastei as coxas mais um pouco e coloquei toda a atenção de meus dedos novamente em meu clitóris. Observei aquilo entorpecida, era como se pudesse ver Camila, os dedos dela, o olhar dela sobre mim. Caramba! Joguei a cabeça para trás e gemi mais alto, empurrando meu quadril ao encontro da minha mão. Para frente e para trás repetidas vezes.

 “Você gosta, Lauren?” Ela disse gemendo sem pausa, ronronando, murmurando. “Você gosta de me ter rebolando desse jeito nos seus dedos, gosta?”

 Puta merda! A situação era tão inebriante que eu podia sentir o que ela estava dizendo, podia senti-la rebolando em cima de mim, meus dedos dentro dela saindo e entrando cada vez mais fundo, mais rápido. Seus gemidos entrando no meu ouvido de uma forma intensa por conta dos fones bem colocados, minha boca abrindo e fechando em incansáveis O’s. Eu não duraria muito tempo. Tirei a mão que estava em meu seio e agarrei o cobertor da minha cama, o puxando de encontro ao meu corpo.

 “Eu amo. Porra!” Imitei o gesto que havia feito há minutos atrás e corri meu dedo do meio para baixo, dessa vez o deslizando pela minha entrada rapidamente, até que o tivesse todo dentro de mim. Apertei as coxas, afastei de novo e tirei o dedo da mesma forma rápida com a qual coloquei. “Você me deixa louca, você... Oh! Camila.”

 “Você é tão gostosa. Eu amo quando você geme assim.”

 Eu ouvia com nitidez o som de seus movimentos, a forma rápida de seus dedos ao encontro de seu sexo. A fricção no cobertor aumentou, o barulho arranhado me fazendo pirar em uma imaginação sem limites.

 “Eu queria sentir o teu gosto, te chupar bem gostoso.”

 E lá estava eu caminhando com os dois pés para o precipício enquanto me perdia em frases soltas. Minha cabeça girando, minha língua deslizando pelos meus lábios abertos de segundo a segundo, meus dedos movendo-se rápidos em meu clitóris, minha mão livre torcendo o lençol, meus pés deslizando pela cama em uma agonia sem tamanho. Meu quarto naquela casa em Miami havia se transformado em cenário para o conto erótico mais delicioso que eu já havia escutado falar. Era demais pra mim.

 “Lauren!”

 Os gemidos de Camila se intensificaram, os meus também. O som dos meus dedos e dos dedos dela me deixando louca. Eu sabia que ela gozaria em questão de segundos, mas eu queria ouvir, queria que ela dissesse, queria que me puxasse junto com ela.

 “Diz pra mim, diz o que vai acontecer agora. Diga o que você quer.”

 Implorei me contorcendo, ela só precisava dizer, ela só precisa dizer as seguintes palavras e eu explodiria sem dó em um orgasmo junto com ela. E então ela disse, foi como se alguém me puxasse pelas pernas.

 “Eu vou gozar, Lauren.” Aquele ‘Lauren’ gemido, aquele que eu amava, aquele que me fazia delirar. “Eu quero gozar pra você.”

 “Oh, você vai. Na minha boca, na minha língua, junto comigo.”

 Foi tudo o que eu disse antes de fechar os olhos e imaginar as minhas palavras, a cena de Camila de quatro em cima do meu rosto, rebolando na minha boca foi o fim. Eu a ouvi gemer, um grito seguido de mais um gemido. Logo, milhares de gemidos intensos e arranhados. Meu corpo explodiu intensamente, um formigamento subindo por minhas pernas de forma dolorosa enquanto eu convulsionava contra a minha mão.

 “Camila...”

 Eu disse o nome dela uma, duas, três vezes. Meus dedos não pararam, os gemidos dela não acabavam. Estávamos gozando juntas de uma forma tão intensa como se estivéssemos transando, realmente. Aquele prazer interminável partindo do meio das minhas pernas em direção ao resto do meu corpo, me deixando mole, trêmula, as coxas bambas balançando para o lado. Meus dedos deslizando em meu sexo de cima para baixo, de baixo para cima, entrando e saindo, indo fundo, rápido, lento, fraco. Abri os olhos e fitei o teto enquanto aproveitava o resto da sensação que me dominava, estava me sentindo viva, muito viva. Enxerguei uma explosão de cores, estrelas, ou quem sabe cometas? Meus olhos capturavam todos os movimentos no escuro que minha imaginação naquele momento me mostrava.

 Fui gemendo cada vez mais baixo, cada vez mais manhosa, Camila me acompanhando. Sua respiração feroz, meu coração batendo desesperado, meus pés deslizando na cama até que minhas pernas estivessem esticadas sobre o colchão. Ela suspirou longamente, finalizando com um gemido choroso. Abri um sorriso enorme e fechei meus olhos, relaxando completamente na cama. Aquilo havia sido... Eu não tenho palavras para lhe dizer.

 Ficamos em silêncio por longos minutos, eu tinha certeza que ela estava tentando assimilar o que havia acabado de acontecer. Era quase inacreditável o prazer que havíamos sentido juntas mesmo estando longe. Eu não conseguia parar de sorrir, e lembra quando eu disse que ela sacava as coisas no ar?

 “Você está sorrindo.”

 Ela disse manhosa, podia notar o tom cansado em sua voz. Ri pelo nariz.

 “Culpa tua.”

 Umedeci os lábios e puxei o cobertor para cima da minha barriga.

 “Essa foi a coisa mais interessante e mais intensa que eu já fiz na vida.”

 Ouvi sua risada divertida e a acompanhei. De fato aquela foi mesmo a loucura mais interessante do mundo.

 “Eu sei que isso que acabamos de fazer não conseguiu matar a saudade completamente, mas vai me manter relaxada o suficiente até que eu possa voltar para perto de você. É sério, Camz, esse orgasmo vai entrar para o meu top dez.”

 “Quais são os primeiros da lista?”

 Fechei os olhos e mordi o lábio antes de responder. Meu coração banhado daquela felicidade gostosa que só Camila conseguia colocar ali. Eu estava me sentindo feliz de verdade desde que cheguei em Miami.

 “Os que tive com você, em Paris.”

 Aquela era a mais pura verdade, por um momento naquela noite eu senti como se estivéssemos na cidade luz de novo. Ouvi Camila suspirar, sabia que ela estava com o peito banhado pela mesma felicidade que a minha, e muitos pingos de saudade.

 “Você é deliciosa. Eu não sei como parar de desejar estar com você naquele lugar de novo. Eu quero nossas noites de volta, como aquelas, como essa. Eu quero você.”

 “Você me tem, amor.” Suspirei “Eu sou tua, meus orgasmos são teus e Paris foi nossa por dias inesquecíveis.”

 “Eu amo você, Lo.”

 Sua voz era um fio, era como se ela estivesse fechando seus olhos castanhos enquanto dizia que me amava, suspirando sem tirar aquele sorriso lindo do rosto mais bonito ainda.

 “Eu também amo você, Camz.”

 Existem certas coisas na vida que nem mesmo a distância consegue quebrar. Certos detalhes e certos sentimentos são vividos com a mesma intensidade independente do lugar, do horário e dos obstáculos. Camila e eu estávamos juntas naquele momento, desfrutamos juntas de um prazer intenso, ligadas pelo tesão, pela luxúria, pelo amor e pela paixão. Estávamos juntas e não existia ninguém no mundo que pudesse dizer ao contrário, afinal, quem foi que disse que para estar junto precisa estar perto? 



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