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História Falling in love for the last time. - Heroes and Saints.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Oiiii, lindas. ♥ Bom, voltei cedo hoje, glorifiquem. UHSUHSUHS Agradecendo já os últimos comentários, não sei o que seria de mim sem vocês. O cap está ai, se puderem ouvir "Heroes & Saints - Nicolaj Grandjean" enquanto fazem a leitura, ótimo. <3

Capítulo 23 - Heroes and Saints.


 

"Forever on, these sacred given vows will sit around by me. They're stronger than anything, than anything."

(Para sempre e sempre, esses votos sagrados que demos descansarão a minha volta. Eles são mais fortes que qualquer coisa, qualquer coisa)

 

Minhas mãos estavam suando, minhas pernas trêmulas e minha mente parada enquanto eu assistia a um vídeo, um vídeo meu da Camila nos beijando no show do Ed Sheeran. Estava um pouco escuro, mas dava para enxergar claramente que éramos nós, pois não tinha apenas a cena do beijo, também tinha cenas de quando chegamos e de quando saímos. Comecei a me perguntar como foi que não vi aquilo, como não percebi que alguém estava filmando? Oh! Mas é claro, eu estava ocupada demais beijando a boca de Camila para me dar conta de algo.

Minhas menções estavam uma loucura, uma confusão de marca maior. Não era apenas eu quem estava surtando ali de pé, todo mundo estava surtando, inclusive os “Camren shippers”. Balancei para trás e abaixei a mão que segurava o Iphone, erguendo a cabeça para respirar fundo. Aquilo só podia ser um pesadelo, comecei a pedir na minha cabeça que toda a minha manhã voltasse, que as horas parassem quando eu estava no meio daquele bosque com Camila em meus braços sem ter que me preocupar com nada. Um pânico demasiado me atingiu em cheio, uma vontade absurda de me esconder embaixo da cama. Eu sabia que uma hora ou outra aquilo iria acabar acontecendo, mas tinha mesmo que ser daquele jeito?

: - Meu Deus!

Exclame em choque enquanto escorregava pelo vidro até me sentar no chão.

: - O que foi, amor? Quem era?

No fundo eu ouvia a voz de Camila, mas estava alheia demais para formular qualquer coisa que pudesse respondê-la, ou talvez eu não conseguisse falar. Eu estava afundada em perguntas sem respostas, dúvidas, desespero. Por que a pessoa que filmou isso demorou tanto para jogar a merda no ventilador? Por que esperou todo esse tempo? Será que ela havia pensado se colocava ou não na internet? Será que parou para pensar se fodia mesmo a minha paz e a de Camila? Encostei minha testa em meu joelho direito quando senti uma mão tocar meu braço.

: - Amor? - Não ergui a cabeça para olhá-la. Minha garganta estava seca, a sensação era de que tudo rodava. – Lauren, o que aconteceu? Quem era no telefone?

A voz de Camila tornou-se mais exigente, um tanto preocupada. Ergui minha mão com o Iphone e a olhei, seus olhos intensos me fuzilando.

: - Olha... – Pedi baixinho. Podia ver Dinah de joelhos sobre a cama nos observando. Camila segurou nossos olhares por alguns segundos antes de pegar o celular da minha mão, abaixando seus olhos para o visor. – Dá play.

Firmei minhas mãos trêmulas no chão ao meu lado em uma tentativa fracassada de que toda aquela tremedeira parasse. Fechei os olhos quando a vi dar play. Eu não me lembro de ter escutado a voz de Camila em nenhum momento enquanto o vídeo durou, era como se ela tivesse parado de respirar. Tive que abrir meus olhos para me certificar de que ela continuava ali. E continuava, estática.

: - Onde... Onde você achou isso?

Perguntou-me com a voz sufocada, seu olhar fundo e escuro, eu podia ver o mesmo medo que eu sentia naqueles olhos que mais cedo me mostravam que nada e nem ninguém no mundo poderia nos machucar.

: - Tá no Twitter. – Respondi levando minhas mãos até a minha cabeça. – Está no Twitter, no Youtube, em todo lugar.

: - O que aconteceu? O que está no Twitter?

Dinah estava de pé atrás de Camila, uma expressão preocupada. Eu nada respondi, Camila apenas largou o celular ao lado de seu corpo e Dinah logo o pegou, andando até a cama para poder se sentar e então dar play.

: - Lauren...

: - Eu sei. – Minha garganta queimava, eu estava sentindo um frio que antes não estava ali. – Eu sei que estamos perdidas. Eu sei, porra.

Sem intenção nenhuma eu me exaltei, me levantando para andar até o meio do quarto. Não olhei para Dinah, sabia que ela estava com a mesma cara que nós, apenas envolvi meus braços em torno de mim quando comecei a andar de um lado para o outro.

: - Eu não acredito que isso está acontecendo.

Acho que ela disse mais para ela do que pra mim, sua cabeça estava baixa, sua voz da mesma forma, sua expressão desolada e amedrontada. Podia ver seus olhos molhados.

: - Todo mundo já sabe, Camila. – Deslizei minha mão esquerda por entre meus cabelos enquanto andava mais rápido. – Nossos pais, os fãs, a imprensa. Eu aposto que todo mundo já viu esse vídeo.

: - O que... Vamos fazer?

Eu estava de costas para ela, mas pude ouvir claramente o choro em sua voz. Naquele momento eu não sabia onde meu coração estava batendo, meu corpo todo jogado em um mar de nervoso e desespero que mal me dava brecha para chorar, e chorar era tudo o que eu queria.

: - Eu não sei. – Quase gritei. Olhei para Dinah que tinha as mãos no rosto, seus olhos assustados. – Eu não sei o que pensar, eu não quero sair daqui. – Comecei a falar sem parar, meu tom de voz cada vez mais alto, minha mão estava segurando meu cabelo perto da minha nuca tão forte que eu podia sentir a dor se concentrar ali, mas não me importava, nada me importava. Todo aquele medo de quando começaram a falar sobre nós voltou com toda a força, todo o medo que me fez fugir de tudo por tanto tempo. – Eu não quero ouvir o que eles têm para dizer, eu não quero ver nada, eu não quero me pronunciar sobre nada. Eu não tenho cabeça pra isso. Eu...

: - LAUREN. – Só parei de falar quando Camila gritou comigo. – Você não pode surtar agora, você não pode pirar agora, não pode.

: - Eu não vou sair daqui. – Eu repeti em um fio de voz. – Eu não posso. Eu não quero sair daqui.

Em questão de segundos as mãos de Camila estavam em meu rosto, onde tudo o que vi foram suas lágrimas descendo furiosas. Aquele sorriso que eu tanto amava não havia deixado nem vestígios em seu rosto. Eu não estava nem mais sentindo minhas pernas.

: - Por favor, você não pode surtar agora e me deixar sozinha. – Ela começou a dizer dolorosamente, suas mãos trêmulas afagando meu rosto, seu hálito doce me deixando mais tonta ainda. – Você prometeu que iríamos passar por isso juntas quando chegasse a hora, você disse que ia me proteger, você prometeu, Lauren. Você não pode fugir de novo, não pode pirar. Olha pra mim, você me ama, eu amo você. Por favor Lauren, não surte agora, não faça isso comigo.

Foi como se eu tivesse levado um tapa na cara, meu rosto ardeu quando me dei conta de que estava magoando Camila novamente, de que poderia machucá-la insanamente se continuasse. Eu prometi, eu disse a ela que passaríamos por cima de tudo juntas, então por que estava me deixando ser fraca de novo? Por que estava agindo como uma criança? Respirei fundo e a puxei contra o meu corpo a abraçando forte. Camila escondeu o rosto no meu pescoço e se deixou chorar, meu coração estava esmagado, eu não suportava a dor que sentia ao ouvir seu choro.  

: - Me desculpa. – Pedi baixinho contra seus cabelos, mantendo seu corpo pressionado ao meu como se quisesse me fundir a ela. – Me perdoa. Eu só estou com medo, eu... – Fechei meus olhos para aspirar o cheiro de seus cabelos a fim de me acalmar. – Eu estou aqui. Eu prometi que iríamos lutar juntas e nós vamos. Eu vou proteger você, não vou deixar que nada te machuque. Por favor, não chora. – Beijei sua testa enquanto erguia uma de minhas mãos para secar sua bochecha. – Não chora, Camz, eu não posso suportar.

: - Também estou com medo. 

Disse fungando repetidas vezes, a voz abafada contra a minha pele.

: - Eu sei, meu amor. – A abracei mais forte, minha mão direita entrando em seus cabelos para afagar bem ali. – Mas olha, nós vamos enfrentar isso juntas, eu não vou soltar a sua mão em nenhum momento, eu prometo. Eu estou aqui. – Beijei sua cabeça. – Shiu! Não chora.

Em uma mudança da água para o vinho, comecei a sentir orgulho de mim mesma, comecei a sentir orgulho do que eu sentia por Camila, do que ela me fazia ser, da força que me fazia ter. Eu sabia que enquanto eu estivesse por perto, ninguém, ninguém a machucaria, eu daria a minha sanidade para protegê-la.

Fiquei tão perdida em meus pensamentos e no abraço que compartilhava com ela que mal percebi quando Dinah deslizou a mão pelo meu braço, meu Iphone em sua mão livre.

: - Lauren, atende.

Ela disse baixo me fazendo olhá-la. Meu celular estava tocando e Dinah chorando. Pois é, Dinah Jane estava chorando. Suspirei e peguei meu telefone de sua mão, sorrindo triste para ela que retribuiu. Não larguei Camila, continuei a mantendo em mim com um braço e com a mão livre levei o celular até o ouvido.

: - Alô?

: - Lauren, sou eu, Simon.

Ok, ouvir a voz de Simon naquele momento fez todo o meu corpo tremer mais ainda. Era só o que faltava para ficar tudo melhor. Preparei-me para ouvir o que quer que fosse, me concentrei no corpo quente de Camila contra o meu para conseguir a força que precisava para continuar de pé.

: - Oi, Simon.

Minha voz falhando, não estava dando para manter a firmeza que queria.

: - Pela sua voz posso afirmar que já entrou na internet e viu o que rola por lá.

Ele estava sério, o tom sério e profissional de sempre.

: - Já sim.

Foi tudo o que respondi, as lágrimas de Camila molhando a minha blusa.

: - Então, quero que preste bastante atenção no que vou lhe dizer, certo?

: - Tudo bem.

: - Quero que pegue Camila e embarque com ela em um avião de volta para L.A ainda hoje, quero as duas aqui o mais rápido possível. Levando em consideração que aqui ainda não passam nem da 13:00 da tarde, as coisas estarão bem piores quando cair a noite. Está tudo de pernas para o ar, Lauren, e eu preciso de vocês aqui para resolver isso. Você é a mais velha ai, então estou colocando o controle da situação nas tuas mãos e confiando.

Respirei fundo erguendo a cabeça um pouco para puxar o ar com mais facilidade. Voltar para L.A e enfrentar tudo e todos. Voltar para L.A, vulgo, para a realidade e passar por cima de todo o desespero e preconceito. Voltar para L.A significava o fim do sonho que vivemos ali em Paris, o fim do sossego, o fim da minha paz anterior. Mas se era preciso voltar para L.A e enfrentar todo mundo para ficar com Camila, eu voltaria, voltaria sem pestanejar.

: - Certo. Vou ajeitar umas coisas por aqui e estaremos no aeroporto em pouco tempo.

: - Isso, faça isso. – Acariciei as costas de Camila. – Eu vou mandar alguém buscar vocês no aeroporto de L.A, a imprensa está abarrotada na porta da minha casa esperando que eu saia para dizer algo sobre, e com certeza estarão esperando na porta da casa de vocês. Em hipótese alguma se pronuncie, Lauren, apenas confie na pessoa que mandarei buscar vocês no aeroporto que ela saberá o que fazer e para onde trazê-las.

: - Ok. Eu vou fazer tudo certo, não se preocupe.

Eu iria mesmo, ser irresponsável em momentos como aquele não era algo para mim.

: - Boa viagem de volta, lembre-se de manter o controle, sim? Eu ainda não sei o que está acontecendo, Lauren, tudo o que sei é por alto e pelo o que vi, mas tenho certeza que Camila precisa de você, portanto, segure as pontas. Quando chegar, iremos conversar sobre.

Simon era mesmo um homem maravilhoso. Poderia ser profissional quase a maior parte do tempo, carrancudo e chato no The X Factor quando sentava-se à mesa e adotava o jurado, mas era um pai perfeito quando tinha que ser. Sempre foi bom comigo e com as meninas, vira e mexe estávamos na casa dele almoçando e fazendo farra sem nos preocupar com nada. Eu devia muita coisa a ele, todas nós, se não fosse por seus olhos atentos e por seu incentivo não seriamos Fifth Harmony, não seriamos a maior girlgroup dos últimos dez anos.

: - Obrigado, Simon, por tudo. Eu nem sei o que te dizer. – Agradeci.

: - Não precisa agradecer e nem dizer nada, apenas me informe o horário do voo quando comprar as passagens. Nos vemos aqui, Lauren. Até.

: - Até.

 

Camila POV.

Deitei minha cabeça no colo de Dinah sobre a cama depois que Lauren desligou a ligação. Fiquei recebendo um cafuné gostoso quando ela se afastou um pouco para comprar as passagens por telefone mesmo, não podíamos arriscar deixar para comprar na hora e não ter. Eu ainda não queria acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo, que tudo foi à tona em um piscar de olhos. Meu peito estava sufocado, estava com tanto medo, tanto medo quanto Lauren, ou mais. Mas tive que manter o controle para fazer com que ela não surtasse, eu não podia perdê-la daquele jeito de novo, precisava dela.

: - Vai ficar tudo bem, Mila.

Dinah dizia baixinho tentando me confortar, seus dedos acariciando entre minhas mechas de cabelo. Funguei me encolhendo mais.

: - Não, não vai. – Esfreguei os olhos com uma das mãos. – Vão separar a gente.

Eu estava me sentindo uma criança de seis anos, mais infantil que Sofia. O medo nos deixa inseguros, o medo nos faz pensar coisas que não devemos, o medo nos deixa vulneráveis. Eu estava a um empurrão de perder todo o meu controle.

: - Não vão, não fica pensando isso. – Dinah acariciou meu braço, sua voz falha por causa do choro retido. – Lauren não vai deixar que separem vocês, eu não vou deixar.

Ela riu baixinho tentando me animar, mas mal consegui mover a boca para sorrir de volta.

: - Eu sou tão hipócrita, eu disse para Lauren que ela não poderia surtar, que não poderia me deixar sozinha nessa e olha só pra mim, Dinah, eu estou quase pirando. – Me sentei para olhá-la. – Como vou cuidar dela assim? Ela precisa de mim o tanto que preciso dela. Eu sei que ela está mantendo a pose de durona por minha causa, sei que está segurando o choro para não me assustar mais, mas tenho certeza que a primeira oportunidade que ela tiver vai chorar por horas sem fim. E eu vou me desesperar. Eu não me sinto boa o bastante.

: - Para, Mila. – Dinah segurou meu rosto entre as mãos, seus olhos me laçando um olhar tão maternal que eu estava pedindo por seu abraço mentalmente. – Para de dizer essas coisas. Você é maravilhosa pra ela. Lauren te ama, todo mundo vê isso, Mila, todo mundo sabe há muito tempo o que ela sente por você, ela nunca disfarçou isso. Vocês sempre cuidaram uma da outra de um jeito bem particular, por que você não faria isso agora? Respira, mantenha a calma, nós estamos aqui com você, Lauren está aqui, ela ficará sempre.

Não aguentei mais e a abracei com força, me deixando chorar nos braços dela, que me embalou por longos minutos de um lado para o outro, me consolando, me confortando. Lauren e eu tínhamos que agradecer a Deus por ter Dinah ali conosco.

 

Não demorou muito e tínhamos as passagens compradas, malas arrumadas e estávamos vestidas prontas para ir embora. Eu estava sentada na beirada da cama com o rosto entre as mãos, não queria ir, não queria deixar os melhores dias da minha vida para trás. Senti o colchão afundar e Lauren sentar ao meu lado, calça jeans, botas pretas, sobretudo bege e aquele gorro branco que eu tanto amava em seus cabelos, se eu não estivesse tão sem forças faria elogios atrás de elogios.

Com calma ela colocou as mãos na gola do grande casaco preto que eu usava, ajeitando e enrolando o cachecol vermelho direitinho em meu pescoço. Observei seus olhos com cautela, o verde estava sem brilho, sem vida. Aquilo doeu tanto.

: - Está quentinha?

Perguntou colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

: - Estou.

Disse baixinho sem deixar de encará-la.

: - Não quer colocar uma touca? Está muito frio lá fora e nosso voo só sai 00:30.

: - Não... Precisa.

Engoli a saliva que se formou em minha boca. Ela suspirou, um suspiro cheio de lamento. Ficamos nos olhando por algum tempo, apenas uma troca incansável de olhares amedrontados e cheios de perguntas, perguntas essas que nenhuma de nós sabia responder.

: - Lo, acha que vamos ter que nos separar quando chegarmos lá?

Perguntei sem conseguir manter a dúvida só para mim, precisava ouvir da boca dela.

No mesmo instante, Lauren segurou meu rosto entre as mãos e beijou meus lábios, meu corpo todo reagindo a sua boca, ao seu gosto. Nos beijamos com um desespero sem tamanho, era como se ela quisesse calar a resposta com sua língua, seu desejo. Correspondi a altura, embolei minhas mãos em seus cabelos para mantê-la o mais perto de mim possível. Suspirei já sentindo saudades quando ela mordeu meu lábio inferior, me dando um selinho antes de me olhar nos olhos.

: - Ninguém vai levar você de mim. – Pegou minha mão e deu um beijinho em cima da aliança de prata em meu anelar direito. – Ninguém vai separar a gente, entendeu? Eu não vou deixar, confia em mim.

: - Eu confio mais que tudo. – Coloquei para fora com lágrimas sambando nos olhos. Que merda era não conseguir me controlar, que merda. – Eu amo você.

Eu disse e ela me abraçou, me perdi em seus braços e desejei que tudo voltasse, que fosse apenas eu e ela em Paris, naquele quarto, naquela cama, trocando beijos e gemidos enquanto a neve caia lá fora.

: - Eu também te amo, Camz. – Beijou meu cabelo. – Te amo muito.

Ficamos um bom tempo ali abraçadas até Dinah bater na porta do nosso quarto e avisar que estava pronta. Então, pegamos nossas malas, verificamos se não havíamos esquecido nada e nos despedimos daquele lugar que havia embalado as melhores noites que eu vivi. Olhei ao meu redor, minhas lágrimas caindo sem parar. Corri até a cama e peguei um dos travesseiros, iria levar comigo, o cheiro de Lauren estava grudado nele e seria como uma lembrança daquele local.

: - Vamos, amor.

Lauren me chamou da porta, podia ver que ela estava se segurando para não desabar. Olhei para a vista de Paris uma última vez pela parede de vidro antes de virar as costas e andar até elas, onde apenas ouvi a porta bater atrás de mim indicando que não voltaríamos a pisar ali mais tarde, nem amanhã, nem depois, talvez nunca mais. Lauren entrelaçou nossos dedos e seguimos as três para o elevador, iríamos direto para o aeroporto, faltavam poucas horas para partimos de vez.

Meus olhos ficaram grudados nas ruas de Paris todo o trajeto até nosso destino, cada cantinho daquele lugar me rendia lembranças, sorrisos, risadas, fotos, beijos, Lauren... Eu. Se eu pudesse me mudaria para aquele lugar só pra não ter que ficar longe daquela áurea gostosa, daquela eterna lua de mel. O problema é que a lua de mel havia acabado, a vida depois dela seria bem mais difícil.

Sentei em um dos bancos frios do aeroporto com Dinah ao meu lado enquanto esperava Lauren retirar as passagens. Nenhuma de nós duas dizíamos nada, ela apenas mantinha seu braço maternal ao meu redor, como se quisesse me proteger. Deitei minha cabeça em seu peito e suspirei.

: - Quer dormir um pouquinho, Chancho? Ainda falta quase uma hora e meia.

: - Não. – Me ajeitei em seu peito. – Não estou com sono.

: - Tá bom, então.

Beijou meus cabelos e apertou mais seu braço ao meu redor.

Lauren voltou alguns minutos mais tarde, o rosto cansado, havia acabado de desligar uma ligação. Bom, foi o que eu conferi de longe.

: - Ei.

Disse baixinho ao se sentar ao meu lado, guardando as passagens na minha mochila.

: - Quem era, amor? – Perguntei. – No celular...

: - Simon. – Lauren bocejou e encostou as costas no encosto da cadeira, pegando minha mão esquerda para colocar entre as suas em seu colo. – Estava passando para ele o horário certo do voo e essas coisas.

: - Hmmm. – Minha cabeça estava doendo por causa do choro de algum tempo atrás, estava bastante incômodo. Toda aquela luz forte do aero fazendo piorar drasticamente. – E mais cedo? Quem foi que ligou?

: - Ally.

Lauren sorriu triste, meu coração acelerando. Ally, eu temia tanto a reação de Ally, tanto que me impedi de perguntar qualquer coisa a mais, apenas sai dos braços de Dinah para deitar a cabeça no ombro de Lauren.

: - Estou com dor de cabeça.

Eu disse mudando de assunto, dando a mão direita para Dinah, o braço de Lauren me segurando contra seu corpo pela cintura. Eu estava sendo apoiada dos dois lados, por mim ficaria ali pra sempre, sem ter que levantar pra nada.

: - Quer um analgésico? Eu compro rapidinho ali pra você.

Sua voz saiu baixa, seu rosto pertinho do meu, sua mão livre afagando minha bochecha. Suspirei.

: - Não, amor, depois passa.

: - Certeza? Não quero você com dor.

Deixei-me sorrir. Sorrir naquele momento pareceu uma luz no fim do túnel.

: - Certeza.

Acomodei-me mais em seu ombro, afundando meu rosto em seu pescoço, aquele cheiro delicioso que só Lauren tinha me acalmando. Não estava nem ai se tinha alguém olhando ou tirando foto, todo mundo já sabia mesmo, o que iria mudar? Nada.

: - Seus olhos estão tão vermelhos... Odeio isso.

: - Shiu! – Pedi acariciando seu pescoço. – Para de pensar em mim um pouco e pensa em você.

: - Não consigo. – Confessou rindo tristonha.

: - Eu penso por nós duas, então.

Beijei seu pescoço me apertando mais contra ela.

: - Vou fazer uma ligação, meninas, eu volto já.

Dinah avisou se levantando, afastando-se um pouco. Lauren e eu apenas concordamos com a cabeça.

: - Eu vou sentar na poltrona da beirada no avião pra você poder deitar no meu colo, ok? Dormir um pouquinho, até chegarmos em L.A...

Respirei fundo. Ouvir “Los Angeles” fazia meu estômago revirar. Lauren beijou minha testa e acariciou minha mão em seu colo, me sentia tão protegida, tão afastada de todas as porcarias daquela sociedade nojenta.

: - Você pode dormir com o travesseiro que roubei do hotel.

Eu disse tentando parecer divertida, queria que ela sorrisse um pouco.

: - Você é a ladra mais bonita que eu já vi.

Quem acabou sorrindo foi eu. Ah, Lauren...

: - Eu te amo. – Sussurrei. – Não solta a minha mão, por favor.

: - Nunca. – Beijou a pontinha do meu nariz. – Eu disse que não vou deixar te levarem pra longe de mim.

Não dissemos mais nada, apenas ficamos daquele jeito até o horário de nosso voo. Ouvi com o coração na mão quando o anunciaram, acho que Dinah e Lauren estavam temendo o tanto que eu, pois demoraram a agir.

Pegamos nossas malas e fomos andando juntas em direção ao local onde começaria toda a realidade sem volta. Não tinha mais como escapar, era enfrentar ou enfrentar. Paris foi ficando para trás junto com nossa paz e risadas, naquele momento eu só sabia me segurar na mão de Lauren e pedir para que santos e heróis estivessem do nosso lado. 

"God forbid, we'll get ourselves burned! Heroes and saints stand by our side now."



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