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História Falling in love for the last time. - Maldito banheiro.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Bom, demorei? Não sei, acho que não. u-u AUSHUAHS de qualquer forma o cap está ai, não briguem comigo, por favor.

Capítulo 18 - Maldito banheiro.


 

Ela ainda continuava imóvel no mesmo lugar, as mãos ao lado do corpo e seus lábios separados. Segurei o choro na garganta e me sentei na cama com muito custo, me movendo o mínimo que eu podia para não despertar Lauren. Puxei o cobertor e cobri meus seios, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha antes de erguer meus olhos e encarar Dinah. Abri a boca mil vezes para dizer alguma coisa, as mil vezes eu fraquejei.

: - Eu acho... Eu acho que eu volto depois, Mila.

Ela disse apontando para a porta sem tirar seus olhos dos meus. Respirei fundo.

: - Dinah, eu...

Tentei falar de novo, mas novamente fraquejei. Lauren se remexeu atrás de mim, espreguiçando-se. Fechei meus olhos com força e pedi a Deus para que ela não me tocasse, não com uma terceira presença naquele quarto. Mas como nem todas as nossas orações são atendidas...

: - Já está acordada, amor? – Ela disse toda manhosa subindo sua mão por minhas costas. Ela não podia ver Dinah, pois eu estava tampando sua visão com meu corpo. – Eu não quero levantar agora, fica agarradinha comigo mais um pouco.

Pediu arranhando minhas costas e aquilo foi o tapa que faltava para que eu soltasse o choro que estava prendendo na garganta. Levei as mãos ao rosto e comecei a chorar, meu corpo tremendo de um jeito que eu pensei que iria colocar meu coração pela boca. Lauren sentou-se o mais rápido que pode para envolver meus ombros com os braços, mas recuou da mesma forma rápida da qual se levantou.

: - Dinah?

Ela praticamente gritou, sua voz assustada e nervosa.

 

Lauren POV.

.Tomei o maior susto da minha vida ao ver Dinah parada perto da porta com a cara mais fantasmagórica possível. Camila chorava na minha frente, tudo o que fiz foi puxar o cobertor para cima e cobrir meu corpo nu. O que Dinah estava fazendo ali? O que diabos estava acontecendo? Ela pegou a gente de uma forma que nem em sonho poderia pegar. Meu rosto ardia, eu podia sentir todo o meu corpo tremendo.

: - Dinah, o que você está fazendo aqui?

Foi a primeira coisa que me veio à cabeça, meu braço segurando o cobertor grosso na minha frente como se eu precisasse daquilo para viver.

: - A porta estava aberta e... Eu vim acordar vocês já que são quase meio dia. Eu ia chamá-las para almoçar, quando... Ah, meu Deus! Me desculpem. Eu não sei o que dizer, eu estou morta de vergonha, me desculpem. Eu volto depois, eu... Merda! Eu não queria ter entrado assim sem bater, eu sei que errei, mil desculpas.

Ela disse gesticulando da forma mais rápida que podia, eu estava me sentindo tonta por causa da situação, meu estomago enjoado, meus olhos pesados. Se eu desmaiasse ali mesmo não seria novidade nenhuma.

: - Não era para você ter descoberto assim.

Fui tudo o que eu disse antes de abaixar a cabeça e passar meu braço livre ao redor de Camila, puxando-a para mim. Independente de que Dinah estivesse ali, de que o papa estivesse ou até mesmo meu pai, eu jamais deixaria Camila chorando daquela forma longe dos meus braços. Ela escondeu o rosto na curva do meu pescoço, chorando mais ainda quando comecei a nos balançar para frente e para trás na tentativa de acalmá-la.

: - Não era para você ter nos visto assim. – Eu continuei enquanto abraçava Camila. – Nós íamos contar pra você em um futuro próximo, íamos te chamar para conversar e contar tudo o que está acontecendo, eu te juro que íamos. Não era para acontecer dessa maneira.

Meus olhos ficaram molhados, eu estava com vontade de chorar por puro desespero, nervoso. Camila passou a mão pelo rosto e suspirou, seus lábios trêmulos e seu nariz vermelho. Me dava vontade de morrer vê-la daquele jeito.

: - Desculpa por esse constrangimento, Dinah. – Camz disse baixinho. – Lauren falou a verdade quando disse que não era para você descobrir assim. Só nos desculpe. Se você não puder entender toda essa situação, tudo bem, nós vamos compreender. Só nos perdoe por essa cena, eu não sei onde enfiar a minha cara de tanta vergonha.

Vergonha. Era essa a palavra que eu queria usar, apenas vergonha. Não vergonha do que Camila e eu passamos a noite fazendo, não vergonha do nosso amor, não vergonha de nossos corpos nus, não vergonha por sermos duas garotas, mas sim vergonha por Dinah ter nos visto de um jeito que não precisava. Ela nos viu nuas dormindo de conchinha. Imagina você o que deve ter passado pela cabeça dela quando viu Camila e eu daquele jeito. Ela convivia conosco há muito tempo, por mais que sacasse as coisas, tenho certeza que nunca se imaginou passando por uma situação daquelas. Era realmente muito constrangedor, era complicado para nós três. Talvez se tivéssemos contato para ela desde que chegou teríamos evitado tudo aquilo.

: - Não, vocês não precisam me pedir desculpa por nada, eu que tenho que me desculpar pela forma que entrei, sai invadindo como se o quarto fosse meu. – Ela dizia calma, mas ainda com o rosto pálido enquanto se aproximava. Pressionou os lábios e sentou-se na ponta da cama. – Desculpe causar todo esse desconforto para vocês. Quero que saibam que se não quiserem me contar, eu entendo e espero o tempo de vocês, que mesmo com o silêncio eu estarei aqui para ouvir quando estiverem prontas. Não precisam me explicar nada.

Como ela podia ser tão... Perfeita? Como? Por que ela não estava gritando e cobrando explicações? Por que ela não estava nos julgando como todo mundo iria fazer? Mordi o lábio inferior com força quando senti as lágrimas descerem por meus olhos, meu corpo relaxando em um alívio demasiado. Camila a encarava como se ela fosse um bicho de sete cabeças.

: - Você está falando sério? – Camz perguntou se desgrudando de mim, voltando para sua posição anterior. Sua voz estava falhada por causa do choro retido, seus cabelos bagunçados. – Digo, você não está brava e nem decepcionada?

: - Brava e decepcionada? – Ela sorriu tímida. – Com o que, Mila? O que há aqui para me decepcionar? Vocês? O que vejo nos olhos das duas? O que vi em cima dessa cama quando abri aquela porta? – Dinah abaixou a cabeça e fez um rápido sinal de negação antes de voltar a nos olhar. – Não existe nada de errado aqui, Mila, não existe nada para me decepcionar.

Ah, Dinah... Expressei um leve sorriso entre algumas lágrimas, abaixando a cabeça para encostar minha testa perto do ombro de Camila. Estava tonta demais.

: - Acho que lhe devemos uma explicação.

: - Não precisa explicar nada se não quiser, eu vou saber esperar o momento certo.

: - Não. – Camz interrompeu um pouco mais alto, sua respiração agitada. Levei minha mão do braço livre até a sua parada em cima de sua coxa, apertando de leve. Queria que ela soubesse que eu estava ali com ela, que iríamos passar por aquilo e por todo o resto juntas. – Nós precisamos explicar, precisamos compartilhar com alguém, por favor, nos deixe fazer isso.

: - Já que querem, eu sou toda ouvidos. – Dinah sorriu animada enquanto dobrava as pernas em cima da cama. – Estou curiosa mesmo. Podem começar, quero saber de tudo e mais um pouco.

Funguei enquanto ria e ergui minha cabeça para encará-la. Iríamos começar a longa história. Ficamos um bom tempo contando e explicando tudo o que rolava para ela, com todos os detalhes e vírgulas desde o começo. Dinah não nos interrompeu em nenhum momento, ouvia tudo calada e atenta. Seu rosto ia suavizando um pouco mais a cada instante, ora sorria, ora ficava surpresa, ora ria, ora sorria de novo. Eu imaginei que ela teria uma reação boa quando contássemos para ela, mas eu não havia me preparado para o momento. Quando Camila finalizou nossa história, respirou fundo e apertou minha mão. Dinah sorriu de canto nos encarando.

: - Eu sempre soube que rolava algo entre vocês, eu não postava indireta Camren no Twitter por nada. – Ri sem graça. – Acreditem, vocês não sabem disfarçar. Todo o problema começou quando acharam que se afastando parariam os rumores, o que vocês não sabiam é que tudo só piorou. Aonde na cabeça de vocês chegaram à conclusão de que os fãs, ou quem quer que fosse iriam levar a sério esse afastamento de vocês do nada? Vocês eram unha e carne, meninas, eram Camren vinte e quatro horas por dia e todo mundo via isso, até que começaram a falar e vocês praticamente se empurraram para longe. Todo mundo sabia que se vocês não tivessem nada para esconder tudo continuaria igual, nada mudaria. Vejamos Camila e Ariana, não tem o que esconder e brincam super de boa, até filhos já tiveram. – Camila riu e eu rolei os olhos. Desnecessário comentar isso, Dinah. – Mas vocês tinham o que esconder e só deixaram isso mais nítido quando se afastaram. Foram burras.

É, ela tinha razão, essa foi fodidamente a burrada mais épica que Camila e eu já fizemos. Bom, mais eu do que Camila. Ok, na verdade eu. Eu que me afastei, ela só me respeitou, mas Dinah não sabia disso.

: - Você acha que os fãs sabem? Digo, acha que eles sabem tudo o que rola?

Perguntei passando meu dedão pela mão de Camila.

: - Você ainda duvida? – Dinah levou sua cabeça para trás e deu uma risada alta. – Lauren, eles sabem de tudo. Eles fingem que acreditam que vocês não têm nada apenas para não te magoar, porque sabem a ídola que tem. Eles fingem que acreditam que vocês são só amigas pra depois não terem que aturar teu mau humor no Twitter com Twitlongers, ou teus textos de moral no Tumblr.

Dinah rolou os olhos e eu sorri sem graça, minhas bochechas ardendo.

: - Lauren era mesmo muito radical antes de acontecer tudo o que aconteceu com a gente aqui em Paris. – Camila resmungou me olhando rapidamente. – Ela se estressava mais tentando explicar que não tínhamos nada do que se assumisse que tínhamos tudo.

Ela riu toda gostosa depois de fungar um pouco. Eu queria enterrar minha cabeça na primeira vala que achasse. Como não me toquei o quão idiota fui?

: - O fato é que isso nunca foi segredo para ninguém. Nem para mim, nem para Normani, tirando a Ally porque vocês sabem...

: - Infelizmente.

Torci os lábios. Eu tinha muito medo da reação da Ally, por isso o quanto pudesse enrolar para contá-la toda a verdade, eu faria.

: - Eu quase desmaiei quando abri e porta e... – Dinah levou a mão até a boca para esconder uma risada. Tinha como ser mais constrangedor? – Não fiquei assustada pelo fato de serem as duas em si, mas sim porque nunca imaginei que iria pegá-las nuas na cama depois de uma maratona de sexo.

: - Dinah!

Camila negou com a cabeça e levou o rosto as mãos, rindo completamente envergonhada.

: - Sabia que não iria demorar para você começar com as piadinhas, eu sabia.

Eu disse rindo enquanto ajeitava o cobertor na minha frente.

: - Desculpe, mas não posso mais me segurar. Jesus! Preciso me desculpar por todos os dias que fiquei aqui empatando a foda alheia. Sério, perdão.

: - Eu quis te matar durante toda a semana, eu confesso.

Confessei pressionando os lábios, as bochechas de Dinah ficando vermelhas pela primeira vez em séculos. Camila me deu um tapa na coxa.

: - Amor, para de ser indiscreta.

: - Ué, mas é a verdade.

Fiz cara de nojo e elas começaram a rir.

: - Que merda, sério. Nunca vou me perdoar por ser empata foda. Aquele dia no banheiro, vocês...

: - Não. – Camila se alterou. – Não, não transamos.

: - Quase transamos. – Fui sincera de novo e ganhei outro tapa. – O quê? Quase transamos mesmo, só não fomos até o final porque Dinah Jane estava aqui.

: - Gente, sério, estou com vontade de me tacar na frente do primeiro carro que passar. E eu aqui falando do sexo lésbico do filme e vocês duas quase fazendo no banheiro. E no Pub? Ah, meu Deus! – Dinah pegou o travesseiro que estava ao seu lado e tacou em cima de nós fazendo com que Camila caísse de lado sobre mim. Segurei-a enquanto ria. – Por isso quando estávamos falando de sexo oral eu percebi certos olhares entre vocês, por isso dona Lauren cheia de piada interna falando do gosto como se soubesse. Jesus Cristo!

Eu não estava aguentando mais rir tanto, minha barriga doía e Camila escondia o rosto entre gargalhadas no meu pescoço.

: - Vocês duas não prestam, vocês não valem nada.

Passei a mão no meu cabelo e os joguei para trás. Ficamos rindo mais um pouco por segundos que pareceram minutos. Depois ficamos em silêncio por um bom tempo, minha mão na mão de Camila, suas costas no meu peito, meu queixo em seu ombro e os olhos de Dinah em nós duas. Era como se ela estivesse assistindo um programa na TV do qual gostasse muito. Um pequeno sorriso no canto de seus lábios.

: - Vocês se amam mesmo, não é? – Ela quebrou o silêncio com sua voz grave. – Eu consigo ver nitidamente nos olhos das duas.

: - Sim. – Respondi sorrindo dando um beijinho na bochecha de Camila. – Eu a amo de um jeito que nunca amei outro alguém, Dinah. Nunca senti nada igual e nem parecido. É tudo tão novo pra mim que me assusta.

: - Posso dizer o mesmo. – Camz sorriu se apertando mais contra mim. Queria fechar os olhos e cheirar seu pescoço, mas lembrei que não estávamos sozinhas. – Eu nunca estive tão feliz antes.

: - Isso é lindo. – Dinah sorriu sincera, seus olhos brilhantes e molhados? Suspirei. – Isso que vocês têm é puro e bonito, não deixem que tentem estragar. Vocês sabem que nem todo mundo vai apoiar e amar do jeito que eu estou apoiando e amando, tenho certeza que sabem disso. Mas eu quero dizer que independente do que falarem e pensarem sobre vocês, permaneçam juntas sempre, sempre. Amor por cima de qualquer coisa, lutem juntas por tudo isso, é tudo o que vale a pena. Eu vou estar ao lado de vocês o tempo todo, não vou deixar que maltratem minhas meninas.

Ah, caramba! Camila e eu já estávamos chorando de novo. Ou estávamos sensíveis por conta do que Dinah disse, ou iríamos entrar no ciclo menstrual, porque não era possível todo aquele choro.

DJ se ergueu na cama e se aproximou de nós, abrindo os braços nos convidando para nos aconchegar ali. E foi o que fizemos. Ela nos abraçou com força, dando dois pequenos beijos em nossas testas.

: - Estamos nuas.

Camila disse fungando, me fazendo rir.

: - Eu não me importo. – Dinah disse risonha, acariciando nossos braços. – Nem Siope. – Rimos. Não estávamos com o corpo nu colado no de Dinah, que fique claro, estávamos enrolados no cobertor, mas estávamos nuas de qualquer forma. Foda-se. – Eu amo vocês.

: - Nós também te amamos.

Eu disse ao fechar meus olhos, entrelaçando meus dedos nos de Camila e permitindo minha mente de vagar a procura de um pouco de descanso. Nada melhor do que os braços de Dinah para nos proteger do mundo e toda sua ignorância. Bom, ao menos era daquele jeito que eu me sentia, e tinha certeza que minha Camz também. Estava aliviada por poder compartilhar tudo com alguém de perto, não estávamos mais sozinhas.

 

Camila POV.

Eu ainda estava um pouco afoita por conta da reação que Dinah teve a tudo o que contamos a ela. Eu não conseguia parar de sorrir. Quando a vi na porta aquela manhã pensei que fosse o fim, mas estava enganada, muito enganada.

Depois de ficarmos longos minutos abraçadas, nós três, Lauren e eu levantamos e tomamos um banho, nos arrumamos e chamamos Dinah para poder irmos almoçar fora. Ela negou, é claro, disse que comeria no hotel e que merecíamos um passeio sozinhas como casal, já que ela atrapalhou a “foda alheia” durante toda a semana. Depois de muito insistir e ela negar, a demos beijos nas bochechas e saímos para comer.

Andar em Paris com Lauren ao meu lado nunca foi tão divertido, estávamos animadas e aliviadas, ao menos alguém perto o bastante sabia de nós e nos apoiava. Trocamos um rápido selinho antes de entrarmos no restaurante, aquele mesmo restaurante que almoçamos da primeira vez que fizemos turismo pela cidade. Sentamos-nos na mesma mesa, olhamos o cardápio e fizemos nossos pedidos.

: - Eu estou com tanta fome que você não está entendo, amor.

Lauren disse esfregando uma mão na outra e eu sorri enquanto a olhava. Estava linda naquele sobretudo cinza e com aquela touca branca nos cabelos. Seus olhos mais verdes que o normal aquela tarde.

: - Não é pra menos, essa madrugada foi muito desgastante pra você.

Lhe dei uma piscadela e ela me presenteou com um sorriso de canto, o lábio inferior preso entre os dentes.

: - Coloca desgastante nisso. – Ela curvou-se um pouco sobre a mesa para dizer baixinho bem próximo ao meu rosto. – Você acabou com todas as minhas energias, Cabello. Estava uma loucura ontem.

Eu ri corando e passei a língua pelos lábios cheia de vontade de beijar sua boca.

: - Você me deixa descontrolada. – Confessei coçando o queixo. – Nunca conheci alguém que me fizesse perder tanto o controle assim.

Coloquei as mãos sobre a mesa e Lauren logo pousou as suas sobre as minhas, acariciando. Seus olhos estavam cheios de carinho.

: - Eu amei você daquele jeito, amei tua atitude, amei o que me fez sentir. Para resumir, amei a noite de ontem. Obrigado por ter sido perfeita.

Aproximei-me para afagar seu rosto rapidamente, pincelando seu nariz com a ponta do dedo indicador.

: - Você que é perfeita, e eu te amo muito. – A disse baixinho.

: - Eu também te amo.

Sorriu daquela forma que me fazia perder o ar. Não dava para acreditar que aquela criatura perfeita era minha.

A comida estava demorando bastante, e eu estava com uma vontade de fazer xixi insana. Levantei-me da cadeira e Lauren ergueu as sobrancelhas me olhando.

: - Vou fazer xixi, amor, não estou aguentando.

Eu disse frustrada e ela riu docemente.

: - Vai lá, mijona.

: - Me respeite.

A dei um leve tapa no ombro e sai apressada em direção ao banheiro, estava quase fazendo xixi na calcinha. Entrei esbarrando em uma mulher que saía do banheiro e nem me preocupei em pedir desculpas, apenas a ouvi murmurar algo como “Esses jovens de hoje em dia, tudo sem educação.”

Sai procurando uma cabine vazia igual a uma maluca, abri a porta, desci o zíper da calça, abaixei a mesma e forrei a tampa do vaso com muito papel higiênico antes de sentar e soltar quem estava me matando. Jesus! Suspirei de alívio. Passei a mão pela testa e me deixei ficar ali sentada fazendo xixi por tempo indeterminado. Quando terminei, ajeitei minha roupa e abri a porta da cabine, saindo e indo em direção da grande pia de mármore para lavar as mãos.

Estava concentrada no que fazia quando senti alguém parar ao meu lado, abrindo a torneira e enfiando as mãos embaixo da água assim como eu. Não olhei para o lado, mas ergui meus olhos para o espelho dando de cara com a última pessoa que eu poderia topar naquele restaurante. A loira. É, aquela mesma loira que estava olhando pra mim da primeira vez que estive naquele estabelecimento. Lauren não poderia nem sonhar que ela estava ali.

Desviei meus olhos e esfreguei o sabonete na mão da forma mais rápida que consegui, tinha que sair dali logo.

: - Camila, não é? – Ela perguntou enquanto secava as mãos virando seu rosto para me olhar. – Camila Cabello.

: - Como você sabe?

Perguntei erguendo uma sobrancelha e logo me amaldiçoei pela pergunta idiota que fiz. Rolei os olhos e enfiei minhas mãos embaixo da maquina de vapor quente.

: - É meio óbvio que saiba quem é você se formos levar em consideração que minha irmã mais velha é completamente fã louca de Fifth Harmony.

Ela disse rindo suavemente e pude notar que ela tinha covinhas nas bochechas. Não que me interessasse, mas...

: - Mande um beijo para a sua irmã por mim, então. Se quiser posso dar um autógrafo, posso pegar um de Lauren também, ou posso chamá-la aqui para dar ela mesma.

Eu disse rápido, estava nervosa. Estava temendo que Lauren fosse me procurar e topasse com ela ali no banheiro comigo. Seria o fim do mundo.

: - Eu quero sim, obrigada. – Ela agradeceu entre sorrisos.

: - Bom, eu vou caçar uma caneta, um papel e pegar o de Lauren.

Eu estava andando para sair do banheiro com pressa quando ela me pegou pelo braço com certa força, o choque pela velocidade na qual eu estava e a forma com a qual ela me puxou fez com que nossos corpos ficassem colados. Meu coração quase parou, eu queria gritar por Lauren, mas perdi minha voz tamanho o susto que levei.

: - Me solta.

Foi tudo o que consegui dizer com raiva antes de sentir a boca dela se chocar contra a minha. Todo meu corpo tremeu em desespero, um de seus braços se fechou com toda a força do mundo ao redor da minha cintura enquanto sua mão livre me segurava pela nuca. Ergui minhas mãos com dificuldade e tentei empurrá-la a todo custo, em vão. Que merda era aquela? Que direito ela achava que tinha para fazer aquilo? Estava sentindo vontade de matá-la.

Mantive minha boca imóvel enquanto ela movia a dela, podia sentir meu rosto quente pelo esforço que eu estava fazendo para empurrá-la, minhas mãos doendo tamanha a força que eu colocava sobre seus ombros. Ela não tinha cara de quem era tão forte daquele jeito. Já estava quase chorando pelo esforço em vão de tentar sair daquele aperto quando ouvi a porta do banheiro bater. Enxerguei com os olhos que mantive abertos durante toda aquela merda que Lauren estava parada na frente da porta. Suas mãos caídas ao lado de seu corpo e seus olhos frios como gelo. Meu coração parou. Parei de respirar, meu corpo parou automaticamente de se mover.

: - Que cena comovente, Camila.

Um sorriso irônico estava no canto de seus lábios. Só me senti livre do aperto dos braços daquela maldita quando a voz de Lauren inundou o ambiente. Os olhos azuis daquela loira lutaram por longos segundos, que pareceram intermináveis, com os olhos verdes da garota que eu amava.

: - Lauren, deixa eu explicar...

Eu comecei a dizer, mas ela ergueu uma das mãos abertas pra mim, calando-me.

: - Não se preocupe, eu já estava de saída, não queria atrapalhar.

Nunca ouvi a voz dela tão fria como estava ouvindo naquele momento. Meu corpo doía, meus olhos encheram-se de lágrimas.

: - Lauren, por favor, me deixe falar.

Eu disse de novo dando alguns passos em direção à ela, que recuou de imediato.

: - Não dirija a palavra à mim, Camila, não ouse.

Depois disso ela me deu as costas e saiu do banheiro batendo a porta, me deixando ali de pé como se um buraco tivesse sido aberto sob os meus pés. Levei as mãos ao rosto e comecei a chorar, minha vontade era de virar para aquela garota e dar um tiro na cara dela.

: - Vocês... – Ela se pronunciou, sua voz abafada. – Vocês têm alguma coisa? Eu não sabia, e...

: - Cala a boca. – Gritei apontando o dedo na cara dela. – Não fala, não levante a voz pra mim. Eu quero que você vá se foder, você acabou de estragar tudo o que eu tinha de melhor.

Praticamente rosnei entre lágrimas antes de virar as costas e sair do banheiro correndo. Corri o máximo que pude apara alcançar Lauren, em vão. Ela estava distante, andava com pressa bem mais a frente. Minhas pernas doíam enquanto eu corria atrás dela, as lágrimas me cegando fazendo com que eu esbarrasse em quem entrasse na minha frente.

: - Lauren. – Gritei atravessando a rua. – Lauren, me escuta, por favor. – Gritei de novo, meu choro fazendo meu peito doer. Ela não olhou para trás, tinha certeza de que ela estava chorando, pois uma de suas mãos estava sobre sua boca e a outra entre seus cabelos, eu podia ver de longe. – Lauren...

As pessoas me olhavam assustadas, mas não me importei, continuei correndo, meus pés perdendo as forças para me manter de pé. Eu tinha que dizer a ela que não fiz nada, que tentei empurrá-la, que me mantive imóvel, ela precisava me escutar, precisava me deixar explicar. Ela não podia acreditar no que não era verdade. Eu não podia deixar que alguém que eu não vi mais de duas vezes na vida fodesse com tudo o que demoramos anos para construir. Eu tinha que provar que não tive culpa em nada, que desejei com todas as minhas forças não ter entrado naquele banheiro. 



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