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História Ácidos e Bases - Incontrolável sede, a lenda do sangue negro


Escrita por: Misukisanlover

Notas do Autor


Comentar não faz cair dedo, nem faz mal gente.
Poxa vida gente, estou me esforçando de verdade pra fazer essa fanfic, preciso da ajuda de vocês tudo bem? Posso contar com vocês? Digam o que estão achando, se tem algum erro, o que preciso melhor, eu aceito criticas e elogios. Preciso deles aliás.

PS: Kai na capa

Esse capitulo me deu trabalho. Espero que gostem. Boa leitura

Capítulo 3 - Incontrolável sede, a lenda do sangue negro


Fanfic / Fanfiction Ácidos e Bases - Incontrolável sede, a lenda do sangue negro

 

Capitulo 2 – Incontrolável sede, a lenda do sangue negro.

 

O Lobo teve dificuldade para abrir os olhos naquela noite.

Com cuidado abriu o caixão e quando saiu de dentro dele caminhou até a janela do quarto. Encostou os braços na borda da abertura e apreciou a última fina e modesta luz do sol que já estava dando adeus àquela metade do mundo. Já fazia cento e trinta e quatro anos que namorava a noite, que abandonara a bela luz do alvorecer para se tornar uma criatura das trevas. O que fazer para se arrepender? Ele já não conseguia mais entender o que seria arrependimento, se não fosse sua imortalidade teria deixado de viver muitos momentos ruins, muitos momentos de tragédia, mas sem ela não teria vivido coisas que jamais teria vivido sendo um simples humano, coisas boas.

A escuridão se consolidou e ele percebeu que já era hora de se preparar para trabalhar. Um vampiro trabalhando? Incomum, mas depois de tantos anos vagando pelo mundo sem fazer nada, resolver servir para alguma coisa além de sugar a vida das pessoas parecia uma boa ideia.

A ilha de Goyang era um lugar tranquilo para viver. As pessoas não eram pobres, mas também não eram lá muito providas de dinheiro, era até difícil conseguir prosperar em alguma profissão naquele lugar. As pessoas viviam tão calmamente que deixavam as portas destrancadas, as crianças dormirem de janela aberta para que o calor não lhes incomodassem no verão. A brisa gélida da noite podia lhes refrescar ou lhes trazer algo mais indesejável. A morte.

Kai não matava pessoas naquele lugar com frequência. Com tanta pouca violência ficava difícil matar sem chamar atenção. Só matava uma vez ao mês, o resto do tempo sobrevivia com sangue que encomendava de grandes hospitais.

Pelo menos os mortais haviam criado algo de muita utilidade para ele, o banco de sangue. Com ele podia beber sangue humano sem precisar matar por anos.

Seu emprego? Era algo envolvido com mortes.

Um emprego que ninguém conseguia fazer melhor do que ele, já que apenas com um olhar era possível entender o motivo de uma morte, ele era um tipo de ‘voz da experiência’ que os mortais nunca iriam entender.

Um legista, aquele que descobria o motivo da morte das pessoas. Seus colegas de trabalho eram mais velhos que ele e sempre se surpreendiam com sua maturidade, o chamavam de ancião de vez em quando, mas era ótimo dividir aquele espaço com eles. Não era um trabalho ruim, às vezes até conseguia dormir tranquilo pensando que havia conseguido descobrir a causa da morte de pessoas de bem. Pessoas que não morreram sem saber o que diabo aconteceu.

A ilha Goyang não tinha um necrotério muito movimentado, a criminalidade era baixa e na maioria dos casos eram de mortes naturais, pragas ou acidentes. Não tinha muito que fazer.

Kai pegou as chaves do carro – uma criação que um dia lhe fez tremer de medo – e fechou as portas de seu pequeno apartamento. Desceu as escadas dando boa noite a seus vizinhos que, aliás, eram mais simpáticos possíveis e subiu em sua BMW série 2 Cabriolet. Olhou para o vido retrovisor e sorriu de canto. Colocou os óculos escuros e ajeitou seus fios macios de cor negra. Abriu a boca e escovou rapidamente, com uma pequena escova, seus dois caninos brancos.

- Agora sim eu sou um médico legista bem... Como é que elas dizem mesmo...? Bonitão? – Piscou para o próprio reflexo e ligou o carro, pisando no acelerador para engatar logo depois.    

 

***

 

Todos poderiam ter considerado Taemin um herói naquele momento, mas a verdade é que ele fora feito de idiota. 

Assim que ele agarrou o corpo da ‘fera’ percebeu que não era uma fera. Seu corpo despencou junto com o daquele que ele pulou em cima. Percebeu que era apenas um rapaz, um rapaz alto e que fora pego de surpresa enquanto estava indo para mais uma noite de trabalho.

Minho teria gritado de susto se a mão do garoto não tivesse coberto sua boca. Quando saiu do cemitério e começou a realizar sua caminhada matinal em direção ao necrotério, não esperava receber uma voadora. Assustou-se assim que viu uma luz se movendo no meio do bosque e procurou apressar o passo, mas acabou sendo pego pelo garoto maluco.

Os cabelos de Taemin se desprenderam. Ele se viu deitado sobre um macio e quente peitoral masculino. Levantou o olhar para saber em quem tinha dado sua voadora e seus olhos se encontraram com os olhos negros e gentis do rapaz.

- É crime tentar ir para o trabalho agora? – Ele perguntou rindo e Taemin voltou à realidade. Tentou se levantar e acabou pisando na cocha do mais velho com o joelho – Aaai!

- Desculpe! – Gritou completamente envergonhado e se levantou. Estendeu a mão para o moreno se levantar e viu os seus companheiros se aproximarem – Ah, desculpa cara acho que me deixei levar demais pelo clima, a gente tava caçando uma fera, sabe?

- Ah... – Minho olhou para cada um com cuidado -... Vocês não vão achar nada de interessante por aqui. Não vejo nada de anormal por aqui há anos. Vocês são repórteres, certo? Luna! – Ele exclamou indo abraçar a amiga. Ela estava soluçando tanto que parecia ter engolido farinha – Nossa, o quê aconteceu?

- Ela ficou com medo – Jinki murmurou – Ela fica soluçando por pelo menos uma hora... Você não engoliu o seu chiclete não, não é?

- Não – Ela murmurou ficando mais aliviada – cuspi na hora que... Ic... Percebi que o clima estava ficando... Ic...Tenso. Desculpe, Minho.

- Tudo bem, só avise para o seu amigo ter mais cuidado, mesmo que eu fosse uma fera, seria muito idiotice fazer isso que ele fez. Ela poderia ter te mordido ou até ter te engolido inteiro com essa investida que você deu nele – O moreno riu e fez o mais baixo corar – Vou indo se não vou me atrasar. Se vocês quiserem boas histórias, passem no necrotério ou no cemitério. O coveiro e o legista chefe são os melhores contadores de história dessa cidade.

- Eu sei – JongHyun murmurou como se já soubesse muito bem do que ele falava.

- Até mais! – Minho disse voltando a fazer o seu caminho.

- Que mico! – Taemin murmurou.

- Relaxa Pinóquio... Ic... Você vai passar muita vergonha estando com a gente. Vai acabar se acostumando a virar vergonha alheia – Ela começou a rir e todos começaram a voltar para a vãn – Melhor nos apressarmos, parece que vai chover.

 

***

 

Quando Taemin entrou em casa, Amber faltou ter um ataque cardíaco. O rapaz estava todo encharcado e estava sujando tudo o que ela havia limpado com tanto carinho durante o dia. Ela correu para a porta carregando três toalhas secas, preferia ter que lavar as toalhas do que ver a casa toda molhada. Enquanto ajudava o primo a se enxugar olhou para a janela. Seria muito difícil chegar ao necrotério com aquele pé d’água. O primo começou a tremer de frio e Amber fez um esforço para tirar a roupa dele.

 - Que merda Taemin. Além de chegar na hora errada, ainda chega nessa situação – Ela disse passando a toalha pelo peito magro e branco do primo. Estava nervosa, não só por estar atrasada ou por Taemin estar molhando a casa, mas por outra coisa – Tae... – Ela murmurou com a voz trêmula -... Eu estou preocupada com a Jose.

- O que aconteceu? – Ele perguntou preocupado.

- Você tem que levar ela no médico, faz dias que ela tenta esconder, mas não dá mais pra ignorar. Não sei se você reparou, mas ela anda tossindo. Não é uma tosse repetitiva, mas já faz duas semanas que ela abafava a tosse com o lençol e hoje eu percebi que piorou, não sei se foi por causa da chuva, mas ela está ali no quarto insistindo que é apenas um resfriado.

- Acha que ela está com...

- Eu já vi vários casos nas ultimas semanas, Taemin. O meu chefe disse que nossa ilha tem que tomar providências porque as pessoas estão morrendo. É uma praga.

O mais novo suspirou mordendo o lábio inferior tentando ter uma ideia.

- Eu vou levá-la no médico amanhã mesmo, não se preocupe – Sorriu abraçando a prima – Agora vá para o trabalho – Taemin pegou as chaves do carro e entregou para Amber – Vá no meu carro, de manhã cedo você o trás – Beijou a testa da prima.

- Está bem. Eu fiz sopa de alho para o jantar, ela está no quarto esperando você chegar – Falou e saiu de casa tentando se esconder da chuva com o pequeno guarda-chuva.

 

***

 

Tudo estava limpo para mais uma noite de trabalho. Minho deu um jeito de arrumar e esterilizar tudo antes que os outros chegassem. Os corpos que chegaram durante o dia estavam na geladeira e eram dois. Não precisariam fazer muita coisa já que estavam na mesma situação dos corpos que vieram nos dias anteriores.

- Praga... – Minho bateu a cabeça no teto da geladeira com o susto que levou -... Deve ser uma gripe desconhecida... Os médicos que diagnosticaram os pacientes não sabem explicar o porquê de um avanço tão rápido – Kim Jong In olhou para os formulários – Sabe o que as vítimas têm em comum, Choi? – O ancião perguntou.

- Todos morreram com aproximadamente dois dias depois dos avanços dos sintomas – Respondeu fechando a porta da geladeira com calma – Estou preocupado, se for contagiosa pode liquidar a população da nossa ilha em menos de três meses.

- Não se preocupe... O departamento de saúde da cidade já reivindicou biólogos especialistas em pragas, eles virão aqui e vão descobrir o que está ocasionando tantas mortes – Os dois ouviram a porta bater e viram água entrar como se um balde de água tivesse sido despejado no chão. Mas era apenas Amber – Olá, Josephine.

- Não me chame assim – Amber murmurou tirando a roupa molhada.

- Ei! – Os dois gritaram em protesto.

- Que é? Estou usando roupa por baixo – Os dois respiraram aliviados.

- Porque sua namorada não gosta quando a chamo de Josephine? É o nome dela, não é? – Jong In sussurrou para Minho.

- Ela não é minha namorada! – Exclamou sussurrando e tentando esconder a vermelhidão de suas bochechas – Ela não gosta porque ela tem uma prima com o mesmo nome que o dela.

- Oh... – O mais novo ficou pensativo -... Agora eu entendi. Ela é linda, você é um cara de sorte – Jong In deu um tapa leve nas costas do faxineiro e saiu andando.

- Ela não é minha...! – Quando Minho se virou Amber estava olhando para ele com sobrancelhas arqueadas – Oi... Vamos trabalhar, não é? – Minho correu na direção das pias para começar a se limpar.

Victoria era uma funcionária calada, era quase como se ela não existisse. Sempre fazia seu trabalho em silêncio. Tirava os corpos da geladeira, colocava-os na maca e os levava para a sala de necropsia. Ajudava os legistas a se vestirem com a roupa verde de T.N.T. e ajudava Minho a limpar tudo depois. Era uma boa funcionária, seria melhor ainda se falasse mais.

Jong In chutou o botão embaixo da pia e a água começou a limpar suas mãos. Amber nem precisou prender os cabelos porque eram curtos. Colocou a touca de T.N.T. e chutou o botão de sua pia, sem nem mesmo olhar para Minho um único minuto. O que não era comum. Jong In colocou suas luvas e caminhou para dentro da sala de necropsia.

- Está com raiva de mim? – Minho perguntou a o mesmo tempo que chutou o botão da sua pia – Não falou direito e... Está com o olhar longe...

- Não é nada com você, só estou preocupada – Amber olhou para o mais velho com a expressão séria – Não me pergunte por que, ou vou ser obrigada a chutar o seu saco – Minho levantou as mãos e um esboço de sorriso tomou a boca pequena de Amber – Vamos trabalhar, preciso esquecer um pouco de mim. Kai já bebeu aquele suco vermelho nojento?

- Não.

- Só espero que ele não pare no meio da autópsia para beber aquela nojeira – Suspirou – Precisamos descobrir onde essa praga realmente ataca, não podemos deixar que ela se espalhe ainda mais. Estou confiante que o chefe vai descobrir – Minho pensou em perguntar se havia alguém próximo de Amber doente, mas acabou desistindo – Vamos?

Minho assentiu e colocou as luvas de borracha.

 

***

 

Os trovões quebravam o céu à medida que os raios iam rasgando a escuridão com sua eletricidade. O quarto estava escuro, mas dava pra ver tudo pela janela de vidro, e espetáculo da natureza através de uma janela que ficava entre o bosque e o cemitério. A casa de Kim Kibum.

JongHyun olhou para o corpo quente do rapaz ao seu lado, era o suficiente para lhe esquentar naquela noite de frio. O inverno estava chegando e ele sabia que o inverno era cruel com os coreanos, o fato de estarem muito próximos, só piorava a situação. Ele se levantou e começou a vestir suas roupas.

Os dois haviam feito sexo alguns minutos mais cedo, era extremamente normal que Kibum passasse pelo menos alguns minutos adormecido. JongHyun caminhou sem rumo pelo quarto procurando alguma coisa para observar.

Adorava o velho piano que havia no quarto de Kibum. As teclas já estavam se quebrando e o som que ele produzia já não era mais o mesmo, mas ainda assim era algo que gostava de apreciar com os olhos. Não conseguia entender como Kibum conseguia viver sozinho tão isolado das outras pessoas da ilha. Claro, ele tinha um irmão que criou desde criança, mas ainda assim era solitário demais. Os únicos eventos que ele participava eram os velórios e as pessoas nem sequer perguntavam qual era seu nome

JongHyun cerrou os punhos, se lembrando, como ninguém, da noite que conhecera o coveiro.

Era tarde, as folhas secas das árvores estavam ficando douradas, refletindo a luz alaranjada do poente. O vento era forte e ele ainda era jovem demais para compreender porque alguém era tão cruel a ponto de matar sua mãe por simples capricho, era cruel demais, não conseguia nem pensar em como seria tal sentimento. Tudo o que queria naquele dia era ir embora com sua mãe, e foi o olhar do coveiro que lhe chamou atenção. Aquele olhar de “Eu sei o que está prestes a fazer, não vale a pena

- Pensando no passado de novo? – Kibum apareceu ao seu lado e ele sorriu – Tem que parar de ficar remoendo essas coisas.

- Você salvou a minha vida, não posso esquecer-me disso.

- E você me faz companhia – O coveiro beijou e afagou com os lábios a boca macia do mais baixo – Eu é que deveria te agradecer.

- Não é esforço nenhum – JongHyun revirou os olhos – Eu estava pensando em reformar o seu piano. Gosto muito dele.

Kibum suspirou como se estivesse pensando se o piano realmente merecia uma segunda chance.

- Eu não sei Jong... – Apertou os lábios -... eu vi que você gosta desse piano, mas ele está muito velho, acho que sairia mais barato comprar outro. Você toca piano?

- Não muito – Mentiu.

- Você tocava antes da sua mãe falecer, estou errado?

- Não. Mas eu não quero lembrar disso, ou vou acabar desistindo de voltar a tocar – Jong pegou Kibum pela cintura e abraçou – Eu quero que me conte uma história... Uma lenda de terror. Você é uma das melhores pessoas para isso – O mais velho sorriu – por favor?

- Tudo bem.

 

***

Apesar de quando pequena ter sentido pavor de sangue, havia se acostumado muito bem a ser uma legista. Mortos não sangram isso é um fato, mas ainda era difícil para ela perceber que uma única pequena e minúscula coisa pode causar a morte de uma pessoa. Já havia se acostumado a ver Jong In abrir vários corpos, presenciava aquela cena quase todos os dias.

Depois que o corpo era lavado, primeiro ele fazia um corte em ‘I’ que começava no pescoço e terminava no púbis. Rasgava a pele e tinha acesso à caixa torácica e ao abdome. Fazia um corte parecido com um triangulo sem base no meio das costelas e começava a retirar todos os órgãos para a análise. Pode até parecer um longo processo, parecer que ele demorava minutos para fazer isso, mas a verdade é que se tratava de um cadáver, não exige o mesmo cuidado que um ser vivo exige. Normalmente esse processo levava segundos para ser terminado e logo os três começavam a examinar os órgãos internos.

- Esses corpos não são indigentes, não é? – Minho perguntou tirando fotos do coração.

- Não – Jong In respondeu rapidamente enquanto analisava o pulmão – os familiares permitiram a realização da necropsia. Acho que eles sabem que se não descobrirmos logo onde essa doença ataca, ela pode muito bem devastar a ilha en poucos meses. É importante termos esse acesso... – Ele franziu a testa.

- Alguma descoberta? – Amber questionou ansiosa.

- Sim... – Ele suspirou – E muito parecido com tuberculose . Veja que tem cavernas que, aliás, pelo que percebi nessas duas noites tem um predomínio preferêncial no pulmão direito. É uma infecção que ataca o pulmão e... – Jong In olhou para os outros órgãos – se espalha de uma forma devastadora para os outros. Realmente vamos precisar da ajuda de médicos legistas muito bons para poderem descobrir.

- Você não consegue descobrir?! – Amber exclamou decepcionada – Pelo amor de deus eu sei que você consegue, deve haver alguma evidência, abrimos dois corpos desse tipo desde ontem, quantos mais vamos ter que abrir para descobrir?! Eu não aceito... Eu não quero... Eu...

- Pare... – Minho sussurrou segurando os ombros da mulher.

- Desculpe, Amber. Eu sou bom, mas nem tanto. Não posso dizer as causas de uma doença desconhecida sem ter certeza, ao fazer isso posso matar mais pessoas do que salvar – Amber cerrou os punhos ameaçando deixar uma lágrima cair – Eu sou muito mais novo que você, me formei cedo... Você tem mais experiência que eu... Pode me dizer o que está passando para agir assim?

- Você está estranha mesmo – Minho sussurrou.

- Vamos terminar nosso trabalho. Depois eu explico.

 

***

 

Taemin percebeu que Amber estava certa logo que chamou Josephine para jantar. A menina estava sorridente como sempre, mas ao contrário dos outros dias carregava um lenço, estava mais pálida e caminhava mais devagar. Parecia estar se poupando. Ele ficou apreensivo quando a viu descer as escadas, parecia estar prestes a despencar.

A menina se moveu com passos curtos até a mesa e sentou na cadeira parecendo ter corrido uma maratona. Olhou para Taemin e sorriu.

- Josephine? – Perguntou com o olhar rígido e Jose sorriu ainda mais.

- Desculpe, estou cansada. Acho que peguei alguns pingos de chuva... Vou acabar gripada, fazer o quê? – Ela deu de ombros e pegou a colher para começar a beber a sopa – Sopa de alho? – Perguntou e Taemin assentiu – Deve estar uma delícia.

Taemin se lembrou da primeira vez que foi a um hospital (ou a primeira vez que se lembrava de ter ido a um hospital). Era pequeno, estava no quarto de hospital recebendo sangue doado por alguma boa pessoa.

Desde pequeno tinha problemas com isso. Os médicos não sabiam explicar como, mas seu corpo, apesar de produzir sangue suficiente, sempre estava com deficiência de sangue. Um tipo de anemia nunca identificado na medicina moderna. Como o sangue ‘sumia’ de seu corpo? Ninguém sabia explicar.

Ele se lembrava de ouvir os pais conversarem enquanto fingia que dormia. Eles tinham muito medo de perder o filho para uma doença que nem mesmo era conhecida. Ouviu também muitos médicos pedirem para sua mãe autorizar o estudo da doença caso seu filho viesse a falecer. Lógico que ela não aceitou, nunca aceitaria, ele sabia disso.

Agora ele sabia como ela se sentia. Josephine podia estar doente de uma praga que ninguém conhecia. Ele sentiu um aperto no coração. Conseguira marcar uma consulta, mas só para mais dois dias à frente.

- Jose? – Perguntou enquanto bebia a sopa – Não tem algo a me dizer? – Perguntou sério.

- Não sei do que está falando Minnie.

- Eu não acho que seja normal você estar tossindo tanto. Amber disse que já está assim há algum tempo...

- Não se preocupe, Tae. É só uma gripe, vai passar.

- De qualquer forma, iremos ao médico depois de amanhã – Anunciou mesmo que a prima parecesse nem estar ouvindo.

- Minnie... Posso te perguntar uma coisa e você me responderá com toda a sinceridade do mundo? – Ela olhou com seus olhos curiosos para o primo.

- Claro.

- Como sobrevivemos a aquele acidente?

Todas menos essa, ele pensou. Com ele conseguiria explicar algo que ninguém conseguia explicar, principalmente ele que nem estava acordado para contar história? O que ela perguntava era impossível de ser respondido, pelo menos por ele...

- Sinto muito. Mas não posso.

- Por quê? – Ela pareceu brava – Tae, por favor, eu fico remoendo isso todas as noites antes de dormir, porque só nós dois? Porque não mamãe e papai? Ou então o tio e a tia? Por quê?

- Eu não sei! – Exclamou – Eu não sei...  Se eu tivesse a resposta para essa pergunta, eu dormiria todas as noites sem precisar tomar nenhum medicamento! Desculpe... Desculpe... Eu não tenho essas respostas que você está me pedindo.

Josephine abaixou a cabeça. Pensou por alguns segundos em silêncio, parecendo estar mais longe do que os pais dos dois naquele momento.

- Estou cansada... Obrigada pela sopa – Levantou da cadeira e começou a subir as escadas.

- Você não comeu quase nada... – Tae murmurou sem ter muito que fazer.

 

***

 

- Sinto muito – Jong In falou abaixando o olhar – para provar que é a praga basta o quadro dela se agravar eu... Nem tenho como te esconder isso.

- Sinto muito, Amber – Minho disse tomando um gole de cappuccino.

O clima ficou pesado por pelo menos dois minutos até que Minho decidiu que deveria fazer alguma coisa para animar o resto da noite pelo menos um pouco.

- Ah, já que já terminamos o trabalho que tínhamos para fazer... Que tal uma lenda? – Ele perguntou olhando para o chefe que bebia o seu líquido vermelho pelo canudo do copão – Sempre que estamos sem fazer nada você conta uma lenda, não é mesmo?

- Sim – Jong In olhou para os lados e pensou no que iria contar – vamos torcer para sua prima ficar bem, não se preocupe, o que tiver de acontecer, acontecerá. Tudo há seu tempo – Ele bebeu mais um gole do líquido vermelho e encostou o copão de plástico em cima da mesa de mármore – Vocês conhecem vampiros, certo?

- Claro – Os dois responderam dando de ombros.

- Eu vou contar para vocês, uma lenda que dizem ser a lenda mais temida pelos sugadores de sangue. Muitos nem acreditavam ser real, mas alguns acreditavam e tinham esperanças que ela fosse real. Só pelo fato de se tratar de uma lenda vampiresca vocês já devem saber que não existe – Jong In riu com um pouco de sadismo no olhar – O nome da lenda é, a lenda do sangue negro. O sangue que nenhum vampiro resistiu tomar, alguns morreram porque sugaram o sangue até que o humano estivesse morto, ficariam ali eternamente, achando que ainda estavam apreciando aquele sabor, mas era tudo ilusão. O sangue era mais assassino do que os próprios vampiros. Estão preparados para ouvir?

- Sim.

 

A lenda do sangue negro; contada por Kai e Kibum

 

“Também conhecido por sangue vivo. O sangue negro é o sangue que se alimenta do próprio sangue humano para se viver. O sangue mais poderoso na verdade sempre dependeu do mais fraco, afinal, até as grandes criaturas precisam de sua fonte de vida, mesmo que um simples susto seja sua fonte de energia. Eles não vivem eternamente por nada ou a troco de nada. Com o sangue negro também é assim. Ele não mata porquê quer, mata porque quer viver”

“Um anjo noturno que plana sobre nós, trazendo desespero aos vivos e desgraça aos mortos. Cuidado com seus corpos! Aquela coisa quer seu sangue. Não fiquem sozinhos, ele sempre te observa com aqueles olhos demoníacos e mortais. A criatura mais perfeita entra a mortalidade e a imortalidade. A necessidade de matar sem receber a imortalidade em troca”

“Além de ser muito raro nascer um humano com esse tipo de sangue, é quase impossível ele sobreviver aos cinco primeiros anos. A necessidade que o sangue tem de se alimentar de mais sangue faz o bebê ficar anêmico e muitos deles morrem antes mesmo de algum vampiro desconfiar que essa maldição existia”

“Aconteceu que a medicina avançou, os humanos desenvolveram métodos que davam vida as pessoas com deficiência sanguínea. A primeira pessoa a conseguir chegar à idade adulta com essa maldição foi uma mulher. Ela necessitava de sangue doado para sobreviver, e com a perseverança dos médicos e da família conseguiu ficar viva até os vinte e um anos”

“Até que um vampiro a encontrou e a matou”

“Desde então, nunca mais se ouviu falar de alguém com tamanha falta de sorte. Ter sangue negro, não é uma vantagem. Nem para os mortais, nem para os vampiros. A sede é incontrolável, um vampiro chegar perto de alguém com essa maldição significa estar com o pé na cova, a sede é tão incontrolável que como já disse... Ilude e mata”

 

- Nossa... – Minho piscou os olhos depois de vários segundos com eles vidrados -... Isso é... Sinistro. Mas... Tirando essa loucura toda de vampiro e etc... Você acha que existe esse tipo de sangue? O sangue que se alimenta do próprio sangue?

- Não sei dizer – Jong In parecia esconder a verdade. Como se conhecesse aquilo mais do que ninguém e não quisesse comentar – O que foi, Amber? – Kai perguntou arqueando a sobrancelha. A garota não estava mais com a cara de velório, estava com os olhos perdidos, como se estivesse desconfiando de mais alguma desgraça – Está desconfiando de algo?

- Eu... – Ela pensou em falar sobre seu primo, mas desistiu. Negou com a cabeça e soltou um riso sem humor -... Nada demais.

 


Notas Finais


Entendedores entenderam (aquele sol infeliz do whatzapp)
Beijo.


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