História Ácidos e Bases - Declínio

Capitulo 20 – Declínio

Dois dias depois da explosão, a ilha já estava quase toda esvaziada.

Depois do que ocorreu, a ilha começou a ter atenção mundial de autoridades e imprensa. Era comum ver, na entrada da cidade, muitos carros de emissoras de vários cantos do mundo querendo entrar na ilha para saber o que acontecia. Os médicos já estavam quase terminando o processo de retirada das pessoas de dentro da ilha e a polícia começava a se envolver naquele assunto bizarro. Era preciso descobrir o que estava acontecendo com uma cidade tão pacata.

Ela já não se importava com a presença deles, aliás, ela tinha a impressão que ninguém se importava. Tudo já estava tão ruim que ninguém tinha mais expectativa de que voltasse a ficar bom de novo, todos estavam apenas esperando a hora de ir embora, porque aquela terra jamais seria um lugar de paz que era a dois meses atrás.

Naquela manhã, Amber havia amanhecido melhor das feridas e por isso cuidou em ir para a casa de Chanyeol começar o treinamento necessário. Ela não iria precisar de mais nada além de aprender a usar uma arma ou uma flecha, Amber não pretendia sair correndo atrás de Sulli, muito pelo contrário, ela pensava em matá-la com seu próprio veneno, de surpresa ainda mais.

- Está vendo o alvo, você deve mirar um pouco abaixo dele... – Baekhyun explicava como ela deveria acertar o alvo perfeitamente, infelizmente não era algo que se aprendesse na teoria e sim na prática. Considerando as suas últimas flechadas, Amber até podia dizer que estava melhorando. Ela arqueou as sobrancelhas e deu de ombros -... Não foi tão ruim assim – O garoto sorriu – Você melhorou bastante para uma manhã, mas precisa correr, os médicos logo irão a sua casa para te levar para fora daqui, soube que já estão terminando de esvaziar tudo e ouvi falar que o EUA estão querendo jogar uma bomba atômica aqui para acabar logo com essa maldição. Eles são tão idiotas... Durante toda a história, sempre tomando atitudes inconvenientes... Aish... – Ele revirou os olhos e suspirou.

- Tudo bem – Amber sorriu – O médico simpatizou comigo, enquanto eu disser que estou bem, ele colocará pessoas com mais necessidade que eu na fila para ir para a quarentena... – Amber abaixou a cabeça e ficou pensativa – Obrigada por me ensinar o que sabe, mesmo que eu não vá permanecer na caça com vocês... – Ela se sentiu um pouco tonta e procurou um lugar para se apoiar.

- Você está bem?

- Nada demais, é só o enjôo de grávida, você não entenderia – Ela sorriu e se sentou no banco que estava ao lado da mesa das flechas – Você é um pouco estranho eu tenho que confessar. Tem coisas muito óbvias no nosso mundo atual que você não sabe... É estranho, você realmente morava no... Mato? Como disse Chanyeol?

Baekhyun fez um muxoxo enquanto pensava na resposta.

- Era mais ou menos isso. Era um lugar muito ruim e chato... Tão solitário e paralisante que me deixava triste por muitas vezes. Eu não desejaria aquele lugar para ninguém... Era como uma prisão – Baekhyun olhou nos olhos da garota – Uma prisão fria... E solitária. Como uma rocha... Escuro... – Ele fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente – Não quero falar disso.

- Imagino que tenha ficado lá a força. Eu não ficaria em um lugar assim por querer, nunca. Mesmo que eu nunca tenha pensando em sair desta ilha para viajar pelo mundo inteiro como o cara que eu amava... Eu não gosto de uma vida presa e fria. Gosto do simples, uma vida tranquila e calorosa... Engraçado que é tão difícil ter isso hoje em dia.

- Você tem razão, eu não fiquei lá porque eu quis... Mas ainda bem que consegui fugir assim que pude, vim para o primeiro lugar que veio na minha mente_

- Para as asas de Chanyeol? – Amber perguntou rindo e Baekhyun ficou vermelho – Ah não fique envergonhado, descobriu que romantizou demais o cara? Ele é um porre não é?

- Não... Não é isso... Ele só é diferente do que eu idealizei – Os dois começaram a sorrir. Os risos de Amber eram os mais altos, então Baekhyun pegou nas bochechas da mulher fazendo-a parar – Não se assuste, apenas olhe nos meus olhos – Os olhos de Amber olharam para os pequenos olhos castanhos do garoto por alguns segundos – Você é tão forte que chega a me dar inveja sabia? Seus olhos tremem de tristeza enquanto consegue sorrir para um garoto rabugento. Eu acho que você deveria chorar mais, ou vai acabar explodindo...

O telefone de Amber tocou e isso fez o garoto se afastar. Amber respirou fundo quando viu o nome no visor e atendeu ao telefone.

- Oi Kang-woo... Está tudo bem? Você me disse que não tinha problema ficar em casa sozinho, se for a comida, eu deixei algumas sobras na geladeira_

- Amber... Eu preciso falar com você... Agora – A voz do garoto estava tão séria que ela chegou a jurar que era a voz de um homem.

- Certo... Estou indo – Ela desligou o celular e olhou apreensiva para Baekhyun – Vou ter que voltar para casa, o garoto de quem em tomo conta está me chamando, disse que tem um assunto sério para conversar comigo – Amber colocou a mão em cima do peito esquerdo -... Estou com um pressentimento ruim... Acha que eu devo ir?

- Você cuida dele, deve ir sim. Deve ser algo importante... A não ser que você já esteja desconfiando do que posso ser.

Amber ficou calada.

- Eu... – Ela apertou os lábios – Acho que sei exatamente o que ele vai me dizer. Só não quero ouvi-lo, tenho medo do que pode acontecer comigo...- Baekhyun franziu a testa -…Mas… Não se preocupe, vai ficar tudo bem comigo, sou forte, já aguentei tanta dor nesses últimos dias que acho que se aguentar mais um pouco não vai fazer muita diferença – Ela deu de ombros rindo e se levantou – Preciso ir. Obrigada por tudo, voltarei mais tarde... – Ela começou a se afastar - … Se eu ainda estiver viva.

***

- Kang-woo! – Ela exclamou assim que entrou em casa. Ela suspirou enquanto olhava para o mais novo porta-retrato da família. Amber e Kang-woo, desta vez eles não fizeram questão de sair sorrindo na foto. Amber apenas abraçou o menino e esperou que a câmera registrasse aquele momento – Kang-woo! – Ela voltou a gritar enquanto subia as escadas. Na medida em que ia se aproximando do andar de cima, começava a ouvir murmúrios parecidos com os de uma televisão.

Quando chegou ao primeiro andar da casa, percebeu que o barulho vinha do antigo quarto de Josephine, o quarto que Kang-woo estava dormindo. Ela andou devagar até a porta, ainda estava com medo do que poderia encontrar ao chegar lá.

- Kang-wo_ - A fala de Amber foi interrompida quando ela viu o que acontecia dentro do quarto.

Quando Amber viu aquelas imagens sendo projetadas na parede branca do quarto, seus olhos paralisaram antes que ela entrasse nele. A porta rangeu enquanto se abria quando ela a soltou, a mulher ficou ali, paralisada observando as cenas que o projetor materializava na parede e a caixa de som dava vida.

- Tio Tae! O que eu faço? Por favor! – A menina puxava os braços do primo  que estava deitado em uma espreguiçadeira e depois juntou as mãos na frente do rosto como se fosse rezar e Taemin revirou os olhos.

- Aish! Que garota chata! Quantas vezes eu vou ter que dizer pra você que não sou seu tio?! Hã? Sou tão velho a ponto de você achar que sou seu tio? Não tem olhos?

Josephine fez um muxoxo.

- Eu gosto de você mesmo sendo um velho chato – Taemin ficou boquiaberto com a resposta da menina.

- Essa garota! Eu vou pegar você e te amassar inteira! – Ele se levantou e a menina começou a correr antes mesmo de começar a ser perseguida. Começou a rir enquanto fugia do primo mais velho.

- Omoni – Amber apareceu na câmera balançando as mãos para que a tia parasse de gravar – Pare de gravar isso! São apenas idiotices de dois idiotas, não vale a pena gravar.

 - São idiotices que amamos e que vamos guardar na memória por muito tempo, Amber. Essa fase de diversão acaba e eu quero gravar cada momento dela... Falando nisso, seu cabelo fica ainda mais bonito curto...

- Obrigada – Amber corou sorrindo.

Amber colocou as mãos no rosto, sentiu lágrimas encherem os seus olhos e sua garganta apertar. Colocou as mãos nas bochechas e tentou controlar os soluços que estavam chegando junto com as lágrimas. A dor no peito veio forte e maçante, ela teve que se esforçar para não gemer.

- Amber... – Kang-woo apareceu com a expressão séria de um adulto -…Eles te amam muito e pelo bem deles você tem que se proteger – Os joelhos dela se dobraram e ela caiu no chão já exausta de fingir que está tudo bem e que ela era forte quando na verdade tudo estava desmoronando – Josephine contou para mim que essa era a fita que ela mais amava e que gostaria que fosse guardada por muito tempo, porque essa é a única que ela era de verdade, e ela quer que mesmo depois de um século vivendo como um demônio essa pessoa que ela foi seja preservada na memória dela – Kang-woo suspirou – Eu preciso te dizer uma coisa_

- Que você sente muito por mim, que me adora como uma cuidadora, mas na verdade é um vampiro que só fingiu ser humano para se aproximar da minha prima? Não precisa dizer, eu já sei de tudo isso.

Luhan ficou calado, Amber realmente sabia como lhe surpreender. Demorou pouco e ela já estava se levantando, mesmo que se apoiando na cômoda de Josephine.

- Você é a mulher mais forte que eu já conheci. Posso parecer ser jovem, mas já tenho quase noventa anos, e eu juro... Jamais alguém que conheci suportou tanta dor como você suporta_

- Porque está me falando tudo isso? Não é o suficiente tudo o que tenho passado? Então você vem e me diz isso tudo sendo que você era a única pessoa ao meu lado? Não sofri o suficiente pra você? – Ela perguntava enquanto lágrimas grossas escorriam pelo seu rosto, mesmo que sua expressão fosse de raiva.

- Estou falando tudo isso porque quero o seu bem – Amber franziu a testa como se não fizesse sentido – Sim eu sou um vampiro e entrei na sua vida apenas porque me interessei o suficiente em Josephine para querer vê-la crescer, mas eu devo avisá-la que apesar de tudo, alguns vampiros ainda têm coração e você é uma das pessoas que faz o meu sangrar sempre que está sofrendo – Luhan se aproximou da maior até que pegou em suas mãos -  Espero que me desculpe por ter sido egoísta e não ter pensado na sua dor, mas nesse momento eu quero que vá embora da ilha. Proteja você e o seu filho, me deixe porque eu sei como me proteger_

- Eu não posso fazer isso – Ela disse com voz embargada – Não vou conseguir ficar sozinha... Não vou suportar! – Exclamou com a voz rouca.

- Eu imaginei que diria isso... E imaginei que não iria te convencer por isso... Perdoe-me por ter sido egoísta... – Amber não entendia porque ele estava repetindo aquilo de forma maçante até que uma sombra apareceu logo atrás dele.

Era Minho.

A visão dela desapareceu completamente antes que ela pudesse realmente ter certeza de quem era ele.

Luhan suspirou enquanto colocava compressa fria na testa de Amber, que havia começado a ter uma febre alta de repente. Ela suava e tremia os dentes enquanto murmurava coisas sem sentido. Minho estava ao lado dela segurando sua mão e tentando se manter um pouco confortável apesar da culpa.

- E se ela perder o bebê? Eu nunca vou me perdoar se isso acontecer! – Luhan deu um tapa na cabeça de Minho e ele gemeu – Aish! Porque você fez isso? – Luhan deu outro tapa.

- Para parar de me amolar, ela só teve um susto, vai ficar bem! Eu espero... Afinal é o segundo susto que ela leva nessa semana, eu sabia que ela ia ter uma má reação, ela chorou muito a sua morte, você é o pai do filho dela e virou uma criatura sugadora de sangue. Até eu ficaria assustado. Você terá que ter calma quando for explicar.

- Minho...? – Os dois escutaram a voz rouca da mulher, uma voz embargada e cheia de mágoa – Acho que vou morrer de dor, mas você está ai?

- Estou.

Amber ficou calada por alguns instantes.

- Desgraçado. Como você tem coragem de aparecer aqui. Como tem coragem de não saber que precisei de você esse tempo inteiro? Desgraçado.

- Sinto muito, mas eu não podia pelo seu próprio_

- Desgraçado... Nem mesmo consigo ter raiva de você – Ela continuava falando de olhos fechados – Como tem coragem de aparecer dessa forma que eu tanto odeio quando eu ainda amo você? Você é um porco, estou com raiva de você, quando me levantar dessa cama vou socar a sua cara.

- Eu também te amo, Amber.

A menor começou a chorar colocando as mãos trêmulas no rosto.

***

Assim que a lua cheia subiu e ficou alta, o suficiente para que todo mundo a visse, o clã urso começou a segunda festa em favor da fertilidade da rainha depois do casamento. Acontecia a cada lua cheia e todos do clã se uniam no salão do trono para cantar, dançar, comer e beber para torcer pela fertilidade da rainha. Era uma festa um pouco inútil já que vampiras só conseguiam engravidar com muita sorte e força de vontade, mas já era uma tradição, não havia porque quebrá-la.

“Se eles soubessem como Suho é na cama nem estariam aqui” Krystal deixou um riso escapar com seus pensamentos. Suho parecia tão entediado quanto ela, com queixo encostado na mão parecia querer logo voltar para o seu quarto e terminar a sua pintura.

Krystal havia se surpreendido, aquele pedaço de tela com tinta havia conseguido livrá-la de pelo menos quatro noites de sexo selvagem. Só que o problema é que Suho idolatrava tanto aquela imagem que chegava a ser irritante.

“Ou será que você está com ciúmes?” Seu subconsciente sussurrou e ela balançou a cabeça negativamente “Nunca!” Ela pensou em resposta.

- No que está pensando? – Suho perguntou ainda olhando para os casais que dançavam uma mazurca clássica – Está pensativa hoje... Tem algo lhe incomodando?

- Só o fato de termos que passar a noite transando de novo. Às vezes eu desejo seriamente engravidar logo de uma vez – Ela sentiu um frio na espinha só de imaginar e negou com a cabeça, era ainda pior pensar naquilo – Não sei o que é pior.

- Como eu sou um cara que tenho uma auto-estima muito alta, vou considerar que não gosta das nossas noites juntos porque são longas e cansativas e não porque não sou bom o suficiente para você  - Suho piscou o olho e Krystal sorriu.

- Você é bastante ativo e quente na cama Suho. O problema é que eu acho que você poderia estar realmente utilizando isso com outra pessoa, não me sinto adequada para você, às vezes acho que vou rasgar de cansaço e você continua lá firme e forte, é um rei bastante forte, mas você sabe muito bem que o prazer de alguém que nasce vampiro é difícil de conseguir não sabe? E sabe que sou fértil apenas uma vez no mês não sabe? – Suho deu de ombros – É claro que sabe, mas usa de mim como se eu fosse um brinquedo... Como se quisesse provar que o rei é soberano em tudo inclusive na cama.

- Você não acha que pode ser outra coisa? – Ele arqueou a sobrancelha e ela pensou por alguns segundos.

- Bom... A outra opção é improvável. Você poderia estar querendo provar para mim alguma coisa a mais... – Ela semicerrou os olhos tentando adivinhar o que seria – só não consigo imaginar o quê.

- Pense um pouco mais sobre isso – Ele falou em voz baixa – Pode ser que você ache a resposta certa para o fato de eu exigir tanto de você.

Krystal ouviu a música confortável parar de tocar, ela olhou por entre os casais e viu que Chanyeol estava dançando com uma vampira tão jovem quanto ele na aparência.

- Aish... Quem é essa vadia? – Ela se perguntou com a voz quase inaudível tentando ver de quem se tratava.

- O quê? – Suho perguntou e ela olhou para ela – Não vai responder? – Ele arqueou a sobrancelha.

- Aish... Tenha paciência – Ela revirou os olhos e se encostou preguiçosamente na cadeira – Não posso mais pensar que você já quer saber o que estou pensando... Ainda bem que você não é uma coruja. Coisa chata.

Suho riu e olhou para as pessoas no meio do salão novamente.

- É aquela festa irritante de novo? – Sulli perguntava em cima da cama. A vampira estava com os olhos fundos e cheio de olheiras escuras, seu cabelo estava emaranhado e caindo por todos os cantos, suas unhas quebrando e toda a sua beleza indo embora, até mesmo sua pele estava se enchendo de manchas roxas e varizes por todos os lados .

- Sim é – Lay falou. Estava ao lado da sua protegida como sempre fazia, sentado na cadeira ao lado da cama de casal onde os dois dormiam juntos – Está cansada.

- Minha sede consegue ser pior do que a minha falta de energia – Ela fechou os olhos e sorriu amarelo – Verdade.  Krystal venceu desta vez, me atingiu no meu ponto mais fraco, a única coisa que me faz realmente sentir dor... A sede de sangue humano, a sede do sangue daquelas crianças... – Sulli lambeu os lábios – Estou com muito ódio, sou capaz de fazer uma grande besteira, produzir uma grande catástrofe. Talvez a sede disso seja ainda maior do que a de sangue... Eu vou me vingar, nem que eu tenha que me levantar dessa cama morrendo para descobrir um podre daquela infeliz, mas eu vou destruí-la em pedaços.

- Eu acho que você tem que parar de pensar na Krystal um pouco e dormir, já faz três noites que você não dorme, vampiros precisam concentrar a energia.

- Que energia? – Ela riu – Deixe de ser bobo,  estou ótima_

- Você mal consegue falar e seu corpo está entrando em declínio, não discuta comigo, você está mal e precisa descansar, se eu descobrir que você tentou alguma coisa, ai sim vou ficar muito bravo com você, já bastou a besteira de ter matado aquele humano por pura pirraça. Chegará um dia que não vou mais acolher você e então você terá que sobreviver sozinha aqui dentro, tentar encontrar o sangue tão precioso pra você por conta própria.

- Pare de falar – Ela falou se cobrindo mais com o lençol – tão irritante. Por hoje irei descansar, mas eu não irei desistir de me vingar, ela vai pagar caro, eu tenho certeza que por trás daquela rainha perfeita, existe uma grande falha.

- Não procure confusões, não sabe as consequências que isso pode ter para o nosso clã.

 - Eu estou pouco me importando com ele, Lay. Eu me lembro muito bem de ter ouvido Suho falar para D.O. que jamais conseguiria perdoar Krystal. E eu preciso descobrir do que se trata. 

***

O coração congelado chegava a arder dentro de seu peito, tudo o que ele via enquanto dormia não passava de pesadelos, onde aparecia tudo o que ele odiou enquanto ainda era vivo, os momentos ruins que ele pensou claramente que iria se vingar. Vários rostos apareciam lhe perturbando como espectros do mal, e o que ele mais via era o de Kyungsoo e de Sulli.

Tudo em sua mente se aliviou quando ele abriu os olhos e o pesadelo finalmente teve fim. Parecia ter durado uma eternidade, mas na verdade foram apenas duas noites. Quando ele acordou naquele lugar escuro quase teve um surto, achou que se tratava de outro pesadelo, mas então lembrou que Kai dormia imprensado em um caixão.

Suspirou aliviado e empurrou a porta com força suficiente para fazê-la se abrir e quebrar. Taemin fez careta e tentou sair dali o mais delicadamente possível. Assim que colocou os pés no chão encarou os vários reflexos que apareceram na parede de espelhos. A casa estava vazia de um jeito que ele não esperava e não gostava.

Caminhou até a sala na esperança de encontrar Kai em algum lugar ali fora, mas assim que entrou na sala e viu o reflexo da luz da lua cheia, percebeu que naquela noite, não veria Kai a não ser em forma de lobo.

- O lobo deve estar no comando – Ele suspirou fechando os olhos se sentindo um pouco mais aliviado, se esquecendo por um breve instante o que aquilo significava. Quando finalmente percebeu um frio tomou conta de seu corpo e ele olhou de súbito para trás – Espera... Se hoje é lua cheia porque o Kai não está na jaula?

Ele correu até o quarto e entrou na jaula na esperança de encontrar o lobo pelo menos um pouco encolhido no canto, mas isso não aconteceu. O que aconteceu foi que ele escutou um uivo alto aquele que ele acreditava ser Kai, mas não era um uivo comum.

Era um uivo de dor.

Quando Taemin chegou fora do prédio, a neve cobria quase tudo. Tudo estava extremamente frio, triste e doente, nem um sinal de vidas humanas naquele local e logo que seu corpo entrava em contato com aquela neve, ele se sentia estranho, cada passo em cima dela era sensível aos olhos dele, como se estivesse tocando uma parte delicada do seu corpo, ele sentia que podia controlar cada grão daquela areia gelada e apesar do incômodo que era ouvir cada gota de neve que se derretia, sentir que toda aquela neve estava lhe seguindo.  Ele procurou não se importar com isso, apenas continuou correndo na direção de onde os uivos vinham.

 Eles não paravam, eram uivos de muita dor e era alto o suficiente para todos os humanos ouvirem, o lobo normalmente não faria aquilo constantemente se estivesse correndo e caçando livremente.

Ele estava preso.

“Se for quem eu estou pensando... Sou capaz de matar” Ele pensava sentindo todos os seus nervos quererem explodir de raiva.

Antes que conseguisse chegar ao lugar onde o lobo estava preso ele parou de correr porque viu algo que não parecia real.

Cercas elétricas cercavam uma grande bola no meio da ilha, onde deveria estar o centro da cidade, ele não sabia dizer se havia chegado à sua casa, mas estava tudo no chão, todas as construções estavam em pequenos pedaços e cimento e escombro no chão daquele pedaço de terra que um dia deu espaço a onde ele cresceu, estudou e trabalhou a vida inteira.

- O que... – Ele ficou sem palavras e ficaria ali sem saber o que fazer se Kai não tivesse uivado com mais dor ainda do que todas as outras vezes – Ai meu deus... Eu vou ficar louco – Começou a correr com as mãos na cabeça.

Os uivos do lobo levaram Taemin até uma grande casa no estremo oeste da ilha, bem próximo ao cemitério, perto do balcão onde ele participou da equipe bizarra pela primeira vez, onde ele havia pulado em cima de Minho pensando que era um lobo feroz.

Era uma casa enorme, de provavelmente, três andares e a largura de duas quadras americanas. A porta estava aberta, e os uivos do lobo ecoavam pelos corredores. Ele não teve medo, na verdade teve raiva porque sabia quem estava com ele e odiaria de verdade se ele estivesse fazendo alguma coisa de errado com Kai. 

Correu para dentro da casa e foi seguindo os sons até chegar à sala em que Sehun ficava.

- Eu vou matar você – Ele disse com a voz relaxada – Acho melhor você soltar logo ele antes que eu faça alguma besteira.

Sehun sorriu.

- Acredito que está com muita raiva. E com razão – Ele se levantou e andou até ficar frente a frente com Taemin – Eu não queria fazer isso, mas você me obrigou, tenho interesses a defender e eu acho que você sabia que se não me ajudasse por bem, teria que ajudar por mal. Você deve ter dormido bem, já que faz duas noites que eu prendi Kai, mas foi bom você ter percebido só hoje, afinal foi bem mais fácil de encontrar, não é?

- Eu vou matar você. – Taemin suspirou.

- Nem vai precisar fazer isso – Sehun sorriu e Taemin franziu a testa, apesar do rosto sínico ele não parecia estar mentindo – Vamos, eu vou levar você até o seu protegido – Assim que o maior se virou colocou as mãos na boca e começou a tossir. Taemin franziu a testa e tentou ver o que acontecia enquanto seguia o mais velho até o primeiro quarto o corredor A no primeiro andar.

A porta estava fechada.

- Espero que não fique muito surpreso – Ele disse antes e girar a maçaneta e abrir a porta.

O que podia ser visto dentro daquele quarto, calou Taemin. Ele deu três passos apenas para que entrasse no quarto e depois não se mexeu mais, apenas continuou olhando e ouvindo o que acontecia. Não havia muito que fazer, JongHyun já havia acabado.

Kai estava dentro de uma jaula de prata, mais espaçosa do que a sua própria, mas ele não estava mais em forma de lobo, seu corpo estava deitado no chão, sem roupas e com marcas de queimaduras profundas por todos os cantos.

JongHyun acabava de trancar a jaula e se aproximar dos dois.

- Ele está se vingando o lobo, eu achei bem justo.

- Foi pra isso que você se tornou um vampiro? Pra se vingar de alguém que nem mesmo tinha consciência de seus atos no dia em que uma fatalidade aconteceu? Eu achava que você era muito mais inteligente o que isso, JongHyun – As palavras do garoto eram verdadeiras e dolorosas, mas JongHyun não demonstrou isso, apenas continuou andando até sair do quarto, não podia se dar o luxo de demonstrar fraquezas, aquilo estava muito longe de acabar.

Depois que Sehun acordou do mal súbito que ninguém conseguiu explicar – nem mesmo ele – JongHyun foi chamado até o quarto dele. Sehun havia pedido para que ele fechasse a porta e escutasse o que ele tinha a dizer.

Sehun explicou todos os detalhes de seu plano, dos mais sórdidos até os mais agradáveis e dignos. Quando Sehun falou que ele se surpreenderia e que precisaria ser forte, ele achou que não tinha mais nada que Sehun pudesse fazer para que lhe surpreendesse, ele estava errado. Havia muito que fazer. E para que tudo aquilo não fosse em vão, ele teria que fazer o mal, para que no final o bem vencesse. Ele só não sabia se conseguiria arcar com o peso daquelas palavras, não entendia porque havia sido escolhido para ser o único a entender TUDO.

Era complicado demais.

- E então? Como ele está? – Onew perguntou segurando o braço de JongHyun.

- Está mal. Está desacordado, e a Luna?

- Fiz como ela disse, prendi-a em uma jaula parecida com aquela, no começo ela ficou bastante irritada, uivou bastante, mas agora ela está calma, adormecida. Eu me sinto mais aliviado vendo ela calma ao invés de solta procurando alguma coisa para estraçalhar.

- É bem melhor mesmo, agora acho que consigo entender Kai – Onew arqueou a sobrancelha – Ele se prendia porque sabia das coisas que podiam acontecer, o fato da minha mãe ter entrado no caminho dele naquela exata noite foi uma fatalidade, talvez até mesmo azar, e não consigo mais ter raiva dele.

- Acha que foi porque descarregou toda a raiva que tinha dele enquanto batia?

- Não, não foi por isso, eu tenho certeza. Eu achei sinceramente que sentiria prazer ao me vingar daquele lobo, sentiria que a justiça finalmente havia sido feita, mas enquanto eu o torturava, o que eu mais desejava a todo o momento, era que tudo aquilo acabasse logo. Eu desejava que Kai não fosse tão forte e que desmaiasse logo de uma vez. Estava doendo fazê-lo sofrer daquela forma, e quando Taemin entrou...

Taemin tentou tocar na jaula, mas não conseguiu ficar nem dois segundos tocando nela, ele havia se esquecido que naquele momento era tão indefeso á prata quanto Kai. A queimadura era dolorosa, e agora ele entendia porque eles temiam tanto.

- A dor foi tão intensa para ele que o lobo cedeu a noite ao vampiro – Sehun comentou ficando ao lado de Taemin – e continuará sendo assim se você não colaborar comigo.

Taemin fechou os punhos.

- Você parece que não sabe resolver as coisas sem trapaça. Deveria ter vergonha.

- Já joguei limpo por muito tempo, agora isso não é mais necessário. Porque qualquer deslize meu, tudo será colocado a perder, e eu não pretendo deixar que isso aconteça. Você lutará ao meu lado e vencerá, pelo seu bem e o do Kai. Tenho muito carinho por ele, por ser meu primeiro filho, mas não vou hesitar em me livrar dele para que isso tudo dê certo.

- Quando isso tudo acabar, eu realmente vou te matar.

- Eu já disse, não será preciso.

- Porque não? É tão confiante para achar que eu vou simpatizar com você não vou querer te matar? Está muito enganado, eu não esqueci de ninguém que fez mal a mim ou a minha família, você está na minha lista negra, vou matar todos que estão nela.

- Você fala de JongHyun, mas está o mesmo jeito dele.

- Não é verdade, eu não estou querendo matar ninguém que fez algum mal para mim inconscientemente, todos fizeram porque quiseram, e se divertiram com isso, esses sim merecem uma lição.

- Vai lutar do meu lado ou não garoto? – Ele perguntou com o rosto entediado.

- Vou, por isso pode soltar Kai.

Sehun sorriu.

- Claro que não, ele vai ficar ai dentro até o dia da batalha, assim que você entrar no campo de batalha eu mandarei JongHyun, ou quem estiver vivo, vir soltá-lo.

- Está maluco? Quer deixar Kai preso até... Até sei lá quando... Eu não_

- A batalha não vai demorar Taemin. Se faltar uma semana até ela, é muito. Está mais próxima do que nunca. Só falta esses humanos intrometidos saírem daqui, por bem ou por mal. Ele não ficará ai por muito tempo, e é por isso que você tem que começar o treinamento.

Taemin olhou indignado para Sehun.

- Eu pedi a Suho que me enviasse um os seus melhores vampiros para vir até aqui treinar você. Ele virá hoje, por isso nem vá para casa, se é que você tem uma. Você ficará aqui e treinará com ele até descobrir o seu poder, apesar dos Ursos controlarem a neve cada um tem uma especialidade.

- Era só o que me faltava.

- É verdade! Kyungsoo por exemplo – Só de ouvir aquele nome Taemin sentiu a raiva correr em suas veias – ele consegue mover a neve com a mente e provocar avalanches terríveis. Krystal consegue transformar o gelo em cristais em forma de estalactites de gelo que se movem e matam tão rápido quanto uma estaca de madeira... Enfim, você terá que descobrir o seu.

- Eu vou é enfiar uma estalactite no seu peito – Taemin revirou os olhos e saiu o quarto.

Sehun sorriu e olhou para Kai.

- Desculpe, você também será recompensado.

***

Quase já se passavam da meia noite, a campainha da sede tocou e Taemin finalmente despertou de seus devaneios. Ele estava sentado no chão da sala principal, encostado na parede abraçando as próprias pernas, sentindo um frio estranho começar a tomar conta de seu ser. Não era um frio físico e sim psicológico, ele não conseguia parar de pensar nas pessoas que tinha raiva, não conseguia parar de pensar que não sabia como proteger as pessoas que amava mesmo sendo uma criatura horrenda.

“Filho de Satã” Sehun havia dito na sua cara. Aquilo estava deixando ele ainda mais aflito, como Sehun não tinha escrúpulo algum antes de entregar uma alma ao diabo? Ele se perguntava e pensava na prima mais nova. Ela não havia ousado se aproximar, e ele havia agradecido profundamente por isso, era quase como se ela lesse seus pensamentos, como se ela soubesse que ele não queria que ela se aproximasse, pois seria capaz de desmoronar com isso. Josephine ficava observando de longe, ele em um lado da sala e ela de outro.

Ele queria conversar com ela, mas ainda não se sentia forte o suficiente. Apensar sorriu sem humor e acenou.

Josephine sorriu de volta e acenou também, depois de ficar satisfeita saiu da sala e entrou para um corredor escuro.

Sehun se levantou de sua cadeira e foi até a porta ver quem estava querendo entrar. Assim que ela se abriu, Sehun suspirou ao ver um jovem de pele um pouco mais escura, alto e de cabelos brancos de costas admirando a paisagem do bosque.

Quando o mais novo percebeu que a porta estava aberta se virou e se curvou.

- Boa noite, meu nome é Tao, vim aqui porque o rei mandou que eu viesse treinar o seu urso para a batalha, ele já está aqui? – Ele foi direto o suficiente para que Sehun não precisasse dizer nada. O mais velho assentiu e se afastou para que o garoto entrasse.

Tao subiu os degraus da escada que ainda faltavam e entrou na casa observando tudo ao redor, teto, paredes, piso, tudo. Era completamente o oposto da sede dos ursos. Nada era frio como o congelador real. Ele andou até se aproximar do jovem de cabelos brancos que estava abraçando as próprias pernas em um canto da sala. Não precisava perguntar quem era o urso, porque ele podia sentir.

Assim que ficou de frente para o garoto, o pequeno levantou os olhos chorosos, para saber quem estava lhe incomodado.

Taemin franziu a testa sem entender, por alguns segundos, o que acontecia. Não conhecia aquela pessoa, o garoto moreno de cabelos brancos tinha olhos severos e olhava com desdém, carregava nas costas longas espadas e instrumentos de luta. Foi o que bastou para ele deduzir que se tratava de um urso.

- Já deve estar sabendo que eu viria, não é mesmo? – A voz do garoto era baixa e Taemin teve que se esforçar para ouvir.

- Sim... – Taemin se levantou e ficou sem saber para onde olhar – O meu nome é_

- Taemin. Eu sei. Houve muitas turbulências na sede por sua causa, era um humano que não deveria ter sido morto por alguém do clã, é proibido.

- Sério? – Ele disse sarcástico arqueando a sobrancelha – É que as pessoas que me mataram não pareciam estar preocupadas com regras, talvez o seu rei não seja tão relevante assim...

- Nosso rei é extremamente relevante, o problema é que você foi morto por uma serpente que mora conosco e que não tem alma, ela não tem medo de ser punida porque não é capaz de sentir dor e o outro não tinha conhecimento da sua tendência ao nosso clã. Digamos que você só teve muito azar. 

Taemin riu sem humor e assentiu.

- Claro, super comum isso que você está me falando – Revirou os olhos.

- Não zombe das minhas palavras, eu odeio isso. Posso arrancar a sua cabeça sem que você nem mesmo perceba já estará em chamas.

- Eu não tenho medo – Ele semicerrou os olhos e se aproximou o suficiente para que os dois pudessem se encarar.

- Parem de conversar – Sehun disse sentado preguiçosamente em sua cadeira – Não quero que percam tempo começando com picuinhas desnecessárias, treinem que é o melhor que fazem.

- Certo – Os dois disseram em um uníssono.

- Antes de começarmos eu preciso saber umas coisas sobre você – Taemin não falou nada apenas esperou – Sehun, eu não quero que interfira em nada que eu fizer, porque tudo o que estou fazendo é treinamento, inclusive essa ‘picuinha’ que irritou você, não interfira ou eu darei meia volta e o seu urso lutará sem nenhum treinamento. Muitos vampiros liberam seus poderes na hora da raiva, no impulso, e eu quero testar esse garoto para saber até onde ele é capaz de aguentar.

- Depois de tudo o que eu passei, não sou capaz de aguentar muito, disso você pode ter certeza.

- Muito bom – Tao retirou a sua bagagem das costas e a colocou no chão da sala – Pode nos deixar a sós? – Ele perguntou à Sehun.

- Claro – Sehun se levantou e começou a andar para fora da sala, nada teria chamado atenção se ele não tivesse caído de joelhos no chão quando já estava sumindo nos corredores. Quando Taemin pensou em ajudar ele começou a se levantar – Não precisam se preocupar – Ele abafou a tosse com uma mão enquanto a outra o ajudava a se levantar – Continuem o treinamento de vocês – Ele sumiu mancando no corredor.

- Não sei por que ele ainda insiste – Tao balançou a cabeça negativamente – Essa batalha será inútil se ele não vencer o nosso líder. E pelo que eu pude ver dele até agora, é um fraco que está doente.

- Doente? – Taemin franziu a testa olhando para o corredor e Tao assentiu.

- Doente. Só um tolo não perceberia que os dias dele estão contados. Eu vou te dizer uma coisa que você deve levar pela sua eternidade: Raposa é o único tipo de vampiro que tem limites vitais.

***

Krystal não parava de olhar para Chanyeol, fazia de tudo para disfarçar, mas sempre acabava olhando para ele de novo. Tentava se convencer que estava preocupado que alguém tocasse em sua pele e descobrisse que ela era quente, não fria, mas na verdade era tudo por ciúmes mesmo. Ela se odiou por isso, estava se deixando envolver demais, poderia acabar ferindo a ele e a si mesma.

“Devo parar de olhar, mas não consigo despregar os olhos dele” Foi quando Chanyeol parou de dançar e olhou para ela sorrindo. Ela ficou tensa, sem saber se sorria ou se ficava séria, a cara que ela fez foi algo estranho e isso fez o garoto rir. Chanyeol fez sinal para que ela o seguisse e ela negou com a cabeça. Ele insistiu fazendo gestos com as mãos, mas ainda assim ela continuava a negar a cabeça.

- O garoto do vinho está querendo te levar de mim – Suho sorriu - Deve estar querendo lhe mostrar algo novo, ele fabrica vinhos deliciosos, mas esta noite não. A festa já está quase acabando, não vá sumir, por favor. Quero aproveitar esta noite de um jeito especial.

- Majestade – Os dois se assustaram e olharam para frente vendo o garoto se curvar – Eu sei que parece pedir demais, mas será que eu poderia roubar um pouco a sua rainha? – Chanyeol perguntou aquilo tão naturalmente que não teve como Krystal não se assustar. Suho ficou pensativo.

- Não.

- Por favor, tem algo novo que eu quero realmente que ela experimente esta noite, eu tenho quase certeza que até conseguirá animá-la durante a noite de hoje – Chanyeol fez de tudo para não corar e Suho arqueou a sobrancelha.

- Vai ajudar é? – Ele coçou o queixo – Tudo bem, mas não pode passar de trinta minutos, depois disso eu irei procurá-la.

- É o suficiente. Senhora... – Chanyeol se curvou e estendeu a mão. Krystal mesmo tensa, não negou o pedido do menino, pegou em sua mão e se levantou de seu trono, seu vestido branco começou a arrastar no chão enquanto os dois caminhavam para fora do salão. Era um vestido com decote grande e ao mesmo tempo delicado, o branco do tecido brilhando como cetim, um vestido simples que escorria até o chão. Ela estava esbelta dentro dela, tão esbelta que Chanyeol teve que andar na frente dela para que não pensasse besteira.

- Está louco? O que pretende me chamando em uma noite como esta? Logo em uma noite como essa? – Assim que os dois saíram da vista de todos Chanyeol agarrou a mão fria da garota e saiu correndo com ela pelos corredores – Vamos, eu sinto que hoje eu vou morrer – Ela se assustou com as palavras, mas ele parecia feliz enquanto os dois corriam para o quarto onde ele supostamente desenvolvia os vinhos da rainha.

- C-chanyeol, o que quer dizer?

- Fique calada, quero aproveitar o máximo que posso desta noite.

Os dois correram até entrar na sala onde Chanyeol guardava os vinhos que importava de todos os lugares do mundo com o dinheiro de Krystal. Dava para fingir que ele fabricava por isso ainda estava dentro daquela sede sem que ninguém percebesse.

- O que você quer me mostrar? – Ela ficou curiosa enquanto acompanhava o maior entrando no quarto. Chanyeol escolheu primeiro vinho que viu na sua frente e o colocou no copo para que Krystal bebesse.

- Nada. Apenas queria ficar sozinho com você – Krystal fez careta e ele riu – Vamos, temos trinta minutos – Ele entregou a taça para a rainha e esperou que ela bebesse. Ela suspirou e ficou pensativa por alguns segundos, mas acabou colocando a taça nos lábios e bebendo – Fiquei com saudades de você nesses dias que passei fora, se bem que eu passei a maior parte deles dormindo.

- Imagino, deve ser cansativo passar a noite e o dia acordado.

- É sim, mas não é cansativo quando se é pra olhar para você – Ele sorriu e abaixou a cabeça.

- Fale baixo, as paredes tem ouvidos – Ela estava envergonhada, mas não conseguia demonstrar isso porque não podia corar.

- Eu queria te pedir uma coisa. Quando eu era mais jovem, gostava muito de desenhar, mesmo contra a vontade do meu avô que sempre dizia que eu não deveria perder tempo com isso e que deveria treinar para ser um caçador, mas eu ainda sei desenhar.

- E... – Ela arqueou as sobrancelhas e Chanyeol pigarreou.

- Eu queria saber se você me deixa desenhar você. Seria uma honra para mim.

- Hum... – Ela pensou por alguns segundos – Pode sim, mas consegue fazer isso em apenas trinta minutos?

- Está duvidando na minha capacidade? – Ele riu e pegou o caderno e o lápis que estavam dentro da mochila – Tem aquele lugar cheio de almofadas e tem a poltrona...

- Eu vou ficar com as almofadas – Ela riu e caminhou até o lugar no chão onde estavam espalhadas várias almofadas cor de vinho de veludo. Ela suspirou olhando para elas e se virou – Como você quer que eu fique? Sentada ou em pé?

- Você escolhe – Ele disse começando a preparar a folha. Krystal deu de ombros e desfez o laço que prendia o vestido ao seu pescoço, se virou e deixou que o tecido macio deslizasse pelo seu corpo até cair no chão, ela não usava roupas intimas, por isso não lhe deu trabalho, apenas se sentou e depois se deitou, com a mão apoiando sua cabeça, a coroa de cristais lhe incomodando um pouco, mas ainda assim achou que seria interessante se ela aparecesse no desenho.

- Ah eu vou_ - Assim que Chanyeol olhou Krystal arregalou os olhos – Ah... Isso é... O que... Ai meu deus...

- Apenas desenhe em silêncio – Ela sussurrou rindo – Nesse momento você deve ser estritamente profissional. Não quero ver nenhum... Incidente – Ela riu – Eu sou linda, não sou?

- Não existe palavras para descrever a sua beleza – Ele ficou com o rosto bobo e depois começou a desenhar – Apenas fique quietinha.

- Tudo bem.