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História Ácidos e Bases - Efeito colateral


Escrita por: Misukisanlover

Notas do Autor


Gente eu vou falar pra vocês. Eu não postei antes porque eu estava doente de uma doença chamada: Bloqueio de criatividade.
Juro pra vocês que passei quatro dias na cena do Taemin com o Kai. E não é brincadeira, quando eu olhava para as outras cenas que ainda tinham pra serem feitas meus dedos chegavam a se contorcer de raiva, eu não conseguia escrever nenhum palavra! Fiquei desesperada, mas graças a deus eu consegui concluir agora. Espero que não fiquem bravas.
Boa leitura

Capítulo 20 - Efeito colateral


Fanfic / Fanfiction Ácidos e Bases - Efeito colateral

 

Capitulo 19 – Efeito colateral

 

Taemin não conseguia respirar direito, mas logo que o ar começou a entrar em seus pulmões, ele percebeu que não havia necessidade dele. O que estava acontecendo com seu corpo? Porque estava se sentindo tão estranho? Porque não se sentia quente? Porque não sentia que estava... Vivo?

Olhou ao redor daquele quarto, onde estava? Porque não conseguia se lembrar de nada? Porque sentia que seu coração nem ao mesmo batia, algo estava extremamente errado. Seus olhos se arregalaram quando percebeu que ainda estava com a roupa da noite de sua morte... E que ela estava suja de sangue... Mas o que fez ele se assustar mesmo, foi perceber que seus dois dedos perdidos estavam de volta no lugar.

- AAAHHH!! – Ele gritou e saltou da cama dando vários passos para trás até se esbarrar na parede. Assim que percebeu que havia alguém sentando na cadeira olhou para ele – S-sehun?

O vampiro respirou fundo e se levantou. Ficou olhando para a parede por um tempo, só depois ele se virou para olhar nos olhos de Taemin. Os olhos de Sehun ficaram azuis e só então Taemin percebeu o que estava acontecendo.

- Isso pode ser um choque para você, Taemin... – Taemin se aproximou do espelho caminhando vagarosamente -... Mas espero que compreenda... – Taemin colocou a mão no espelho e prestou atenção no próprio cabelo branco -... Eu precisava de um urso traidor para lutar ao meu lado.

- NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO! – Ele gritou arranhando o próprio rosto ao perceber no monstro que havia se tornado.

 

Kai abriu os olhos assustado. Estava sonhando com alguma coisa, disso ele sabia, só não conseguia se lembrar do quê. Ele olhou para o relógio de pulso e abriu o caixão sem medo. Depois que saiu dele observou o seu reflexo em todos os espelhos que estavam grudados na parede daquele quarto secreto. Uma imagem que veio com um flash passou diante de seus olhos rapidamente.

O momento mágico que o lobo aceitou que Taemin tocasse sua cabeça e lhe fizesse um carinho.

O sorriso aliviado de Taemin, o modo como ele se ajoelhou e abraçou o seu corpo sem medo algum.

Aquele abraço que ele jamais voltaria a sentir.

- Isso é estranho – Ele sussurrou – Eu não costumo me lembrar das minhas noites de lua cheia.

Ficou ali parado olhando para os seus reflexos por um tempo. Não conseguia parar de pensar no que faria dali para frente, havia feito mais um humano morrer por sua causa, o que ele esperava? Nada entre um humano e um vampiro jamais deu certo, porque daria daquela vez? Foi apenas uma ilusão que ele e Taemin criaram de propósito, já sabendo que em algum momento... Acabaria.

Kai escutou passos vindo da sala e franziu a testa, não estava esperando ninguém. A única pessoa que sabia seu endereço e estava viva era Amber, e ela não tinha motivos nenhum para ir até ele.

- Kai? – Escutou a voz de Luhan e relaxou. Colocou as mãos nos bolsos e andou até a sala sem tentar esconder seu esconderijo – Kai... É aí que você se esconde? – Ele sorriu, mas o mais velho não retribuiu - Ainda não está bem... Eu posso imaginar – O sorriso do mais novo sumiu e os dois ficaram em pé na frente um do outro, não havia mobília no apartamento para que os dois se sentassem, o que restava para Luhan era falar o que tinha de falar ali mesmo.

- Porque está aqui? Amber mandou algum recado, ou você pediu o meu endereço para ela, para poder falar comigo?

- Segunda opção – Luhan colocou as mãos nos bolsos – Amber e eu vamos embora da ilha daqui a alguns dias em quarentena e eu não posso ir embora sem te falar uma coisa.

- O quê?

- Entreguei o corpo de Taemin a Sehun.

 

Sehun se surpreendeu com tamanha força de vontade de chorar de Taemin. Ele sabia mais do que ninguém que chorar depois que se torna um vampiro era algo muito difícil de fazer, algo extremamente ruim teria que acontecer para que lágrimas brotem dos olhos de um vampiro. E naquele momento várias delas escorriam pelo rosto do garoto até o queixo e depois pingavam no chão.

Taemin apertava tanto o chão de madeira que ele já estava se partindo. Os dentes do rapaz estavam cerrados e chorar sem fazer barulho era um sacrifício.

- Eu não pedi isso – Ele murmurou de repente – Eu disse claramente, que não queria voltar, quem você pensa que é para me trazer de volta? – Ele não se dava nem mesmo o trabalho de olhar para o mais velho que ainda o estava olhando com a mesma cara sem expressão – QUEM VOCÊ PENSA QUE É! – Olhou para o maior com ódio no olhar.

- Sua alma quis voltar comigo, se não quisesse, você não estaria aqui agora – Os olhos de Taemin se encheram de lágrimas, ele levantou e andou até ficar frente a frente com Sehun. Sehun olhou nos olhos azuis-gelo do garoto o encarando sem ter medo nenhum.

- É duro aceitar a verdade, de que você queria voltar?

Taemin cerrou o punho e socou o rosto de Sehun.

 

- FILHO DA PUTA! – Kai gritou arrastando Luhan até que se encostasse à parede  - NO QUE ESTAVA PENSANDO?! EM?! – Ele apertou ainda mais o garoto contra a parede, mas a expressão séria não saiu do rosto dele.

- Eu estava devendo um favor a Sehun, e não importa o que diga para mim, os motivos que ele me apresentou são muito maiores do que a nossa vontade de ver Taemin descansando em paz – Kai soltou o pescoço de Luhan e andou dois passos para trás – Eu não podia deixar que ele matasse Amber para transformá-la depois e muito menos podia deixar que todas as pessoas desta ilha morressem por nada.

“Maldito” Kai pensou de punhos e dentes cerrados.

 

Sehun ainda estava de rosto virado depois do soco. Já esperava, mas se surpreendeu com a força do garoto que havia acabado de acordar. Sehun suspirou e voltou a olhar para o garoto.

- Você mesmo percebeu que existem pessoas que precisam de você. Não conseguiria descansar em paz sem voltar e resolver os assuntos inacabados, a sua alma estava simplesmente vagando pelo nada – Taemin cerrou os punhos e teve vontade de socar o maior de novo.

- Isso pouco me importa, quem é você para me provar alguma coisa? Você pode muito bem estar me enganando! Só para que eu fique ao seu lado, mas eu não sou os outros, eu não vou ficar ao seu lado, nunca! Ou pensa que eu não sei o que quer comigo? – Ele praticamente cuspiu as palavras no rosto de Sehun e esperou que ele respondesse.

- Eu sou uma raposa, e é verdade, eu poderia estar mentindo para você agora, não tenho provas do que vejo, só uma raposa como eu poderia provar o que digo, mas não tenho motivos para mentir para você, apesar de achar que eu só minto... Eu na verdade quase nunca preciso fazer isso. Raposas não tem muito talento para manter mentiras, elas preferem os fatos. E eu sou uma delas.

- Você é um filho da puta! Agora eu sei porque Kai te odeia! Quando ouvia as histórias que Kai contava, sinceramente lá no fundo eu achava que você na verdade só queria o bem da sua família... Mas agora eu sei, você é cruel! Só pensa nos seus objetivos – Aquelas palavras doíam, mas era uma dor que Sehun não podia se dar o luxo de deixar transparecer, afinal ele não estava tão errado assim, só estava equivocado – Eu te odeio!

- Pode me odiar o quanto quiser, isso não faz diferença, agora você está ligado a mim. Eu sou o seu pai.

 

- Me desculpe, Kai... – Luhan falou ainda observando o irmão que não parava de olhar para o céu fora da janela, estava começando a nevar -... Mas desta vez a vitória foi dele. Só não sabemos o que Taemin vai fazer quando acordar, eu quero que fique de olho, provavelmente ele irá repudiar Sehun e virá atrás de você, disso eu não tenho nenhuma dúvida, é por isso que preferi te avisar, o choque seria muito grande se o encontrasse aqui vivo sem saber de nada.

- Você acha que não há mais tempo de impedi-lo?

Luhan olhou no relógio que já marcavam oito horas.

- Não. Se a alma de Taemin aceitou, uma hora dessas, ele já deve ter acordado – Luhan se aproximou do mais velho e colocou a mão em seu ombro – Tudo bem?

- Eu queria poupá-lo...

- De participar dessa batalha?

- Não... – Ele murmurou com a voz quase inaudível -... Do fardo de ser um... Um... Um...

- Eu sei, mesmo depois de anos, eu mesmo ainda não consigo aceitar, fico imaginando como será para ele. 

 

 

- Meu pai? – Taemin sorriu sem humor – no que está pensando? Meu pai morreu quando eu era adolescente. Aquele que morreu no acidente de carro, ele é meu pai. Não você, eu não sou filho de um demônio.

Um sorriso sádico saiu dos lábios de Sehun.

- Não, Taemin. Você é um demônio – O menor paralisou e segurou o choro cerrando os lábios – Por mais duro que seja para você, eu não posso deixar de falar. Se você está achando que é filho de um demônio... Você é mesmo. Todos nós vampiros somos filhos de Satã, e é por isso que eu quero derrotar o clã urso, para nos libertar dele. O que o clã urso faz é prender todos os vampiros a ele, para que nenhuma alma que volte como vampiro se salve. Eu trouxe você de volta, mas você não está condenado, deve confiar em mim, eu sei o que estou fazendo.

- Eu? Confiar em você? Desculpe-me, eu não sou a Josephine. Eu não vou confiar em você_

- Eu preciso que você lute ao meu lado na batalha – Taemin entendeu aquela frase como uma ofensa grave, como ele ainda tinha coragem de pedir aquilo? – Pode parecer sínico da minha parte, mas foi pra isso que eu trouxe você de volta, para que lute no mesmo lado que eu na batalha e_

- Eu não vou lutar de jeito nenhum! Nem no seu lado, nem no lado de ninguém! Eu odeio você e nada do que você me disser vai me convencer a ficar – Taemin começou a andar para fora do quarto e Sehun segurou o seu braço.

- Se você sair por aquela porta agora, eu vou considerar que está me declarando como inimigo, e então eu terei que usar outros métodos para que você fique ao meu lado. Eu vou avisando que eu não pego nada leve – Sehun falou de cabeça baixa e Taemin se soltou.

- Tente fazer algum mal a Amber ou a Kang-woo, e eu acabo com a você. Não vai nem poder dizer oi ao rei dos ursos na batalha – Taemin andou até a porta e saiu correndo por ela.

 

- Ser filho de Satã é um fardo muito grande, muitos humanos entram neste mundo pensando que terão vida eterna e que não vão precisar se preocupar com suas almas depois disso, mas a verdade é que o vampiro mais velho que eu sei da existência, vive no clã urso e não tem nem quatrocentos anos de idade. Entregar a alma ao demônio significa condenação e dor eterna e é isso que fazemos com a nossa alma ao aceitarmos voltar, tanto quando aceitamos antes de morrermos, quanto por através de uma Raposa – Kai fechou os olhos – Não sei como ele irá reagir a isso.

 

Sehun suspirou e ouviu uma mini explosão ao seu lado.

- Estava ouvindo tudo JongHyun? – A serpente assentiu.

- Como esperado, ele não aceitou. Nem mesmo deixou você explicar, tirou as próprias conclusões pelo que Kai já havia dito para ele.

- Sim – Sehun colocou as mãos nos bolsos e fez uma cara sem expressão típica dele – Exatamente como eu disse a você que aconteceria. Confia em mim agora?

- Não tenho porque não confiar. Agora vou poder me vingar.

Sehun sorriu.

- Sim JongHyun, é hora de pensar no plano B.

 

***

 

Amber já quase dormindo quando escutou a porta bater. “Parece o inferno” pensou. Imaginando que Kango-woo já estava dormindo ela vestiu um casaco, rápido e desceu as escadas o mais rápido que pôde. Ela sentiu o frio aumentar na parte de baixo da casa e quando abriu não ficou surpresa com quem viu do outro lado.

- Chanyeol? – Procurou ver se não estava com nenhuma falha, para não pagar mico – O que você está fazendo aqui em hora dessas, já deveríamos estar todos dormindo e.... Quem é esse garoto? – Ela perguntou olhando para o menino ao lado dele.

- Oi, sou Baekhyun – Ele acenou com a mão e ela achou estranho.

- Sou Amber – Ela se curvou e olhou para Chanyeol sem jeito.

- Ele não é daqui, não sabe dos nossos comprimentos – Chanyeol deu nos ombros.

- Sério? – Amber franziu a testa – Nem parece, ele tem feições coreanas muito claras, sua família se mudou daqui para o lugar que morava?

- Não sei dizer, senhorita.

- Eu acho que ele morava dentro do mato porque pra não saber o que é internet... – Chanyeol falou fingindo estar tentando fazer Baekhyun não escutar.

- Ei! Channie... Eu não tenho culpa se sou desatualizado! – O garoto ficou vermelho e Amber riu.

- Tudo bem – Amber acenou com a mão – Você ainda não me disse o que veio fazer aqui, Chanyeol.

- Ah é mesmo. Preciso conversar com você um pouco, daria para você vir com a gente? Prometo que não vai demorar muito e você logo poderá voltar para o seu sono – Amber percebeu que deveria estar com uma cara de preguiça enorme, mas ainda assim aceitou. Olhou para as escadas pensando em conferir se Kang-woo estava dormindo, mas percebeu que não tinha necessidade. Apenas fechou e trancou a porta.

- Aonde vamos?

- Vamos fazer algumas compras – Chanyeol sorriu.

 

Ele não estava brincando quando falou que eles iriam fazer compras. Os três foram caminhando até o supermercado mais próximo, o único da cidade que não fechava antes das dez horas. Não era tão longe, afinal, nada naquela ilha conseguia ser tão longe um do outro.

O supermercado era um prédio que ficava quase ao lado da emissora que Taemin trabalhava. Isso deixou Amber com o coração apertado, mas logo ela procurou se acalmar. Os três entraram no lugar

- Uou... – Baekhyun disse surpreso tremendo os dentes -... Aqui dentro consegue ser quase tão frio quanto lá fora – Amber sorriu.

- Não vai me dizer que você não sabe o que é ar-condicionado.

- É claro que eu sei o que é – O menino falou com a voz trêmula – Deve ser um tipo de superventilador.

Amber gargalhou alto e isso chamou a atenção das poucas pessoas que estavam trabalhando no lugar.

- Baekhyun você consegue ser muito mais engraçado do que muitas pessoas por ai – Ela deu leves tapinhas no ombro do menino e logo percebeu que Chanyeol estava estranhamente calado – O que foi Chanyeol?

- Não estão vendo? – Ele perguntou ainda olhando para frente.

Assim que ela olhou, viu do que ele estava falando.

As prateleiras estavam praticamente vazias, não havia praticamente quase nada para comprar, comida era o que mais faltava, o máximo que eles encontravam de qualquer produto eram cinco unidades.

- Se eles não estivessem esvaziando a ilha, eu diria que morreríamos de fome – O caçador suspirou e começou a selecionar os alimentos que iria comprar. Amber fez o mesmo e Baekhyun ficou apenas observando. Ouviu um som estrondoso que assustou até mesmo Chanyeol – Baek... Isso foi a sua barriga roncando? – Ele perguntou e o garoto assentiu – Ai meu deus... Vai ser difícil manter você. Você come demais – O maior balançou a cabeça negativamente.

- Chanyeol – Amber chamou olhando os enlatados – Você ainda não me disse o que queria falar comigo.

- Ah sim, eu quero saber a sua resposta – Chanyeol se virou para olhar para a mais velha – Não estou pressionando, mas é como eu disse, se não se decidir logo pode ser tarde demais. Baekhyun se juntou a caça hoje – Amber olhou para o garoto pensando no quanto ele era corajoso – É, eu também acho que ele é doido, mas fazer o quê? Estou precisando de doidos assim.

- Ah... – Amber suspirou olhando para a cesta quase vazia – Olha eu... Eu pensei muito na sua proposta, principalmente nesses últimos dias. Eu acho que não ficou sabendo, mas... O meu primo faleceu ontem, não... Ele não faleceu, ele foi morto! Morto por uma vampira – Ela falou a última parte mais baixo – Eu já decidi que vou embora daqui, mas não vou embora até que eu me vingue dessa mulher. E se vou precisar de sua ajuda para conseguir matá-la, que seja. Só não prometo permanecer na caça, até porque uma mulher grávida nela só iria atrapalhar.

- Então você quer receber alguns treinamentos para matar essa tal vampira.

- Sim.

- Bom, eu posso aceitar, mas você sabe quem é essa vampira?

- Na verdade eu nunca a vi. Quando eu vi o meu primo no enterro, todo machucado da forma que ele estava... O ódio tomou conta de mim, eu consegui arrancar o nome dela de alguém que estava presente, mas eu nunca a vi.

- Qual é o nome dela? – Chanyeol franziu a testa – Eu tenho espionado vampiros... Pode ser que eu saiba quem é.

- O nome dela é Sulli – Chanyeol tentou se lembrar de alguém com aquele nome, mas não conseguiu se recordar de ninguém – mas Jong In me disse que ela é chamada de Hwa Young.

O caçador arregalou os olhos se lembrando de quem se tratava. Amber arqueou a sobrancelha e ele assentiu.

- Eu sei quem é, e onde encontrá-la. Amber Liu, você quer caçá-la?

- Sim – Ela sorriu.

- Nossa, isso é muito legal, eu posso te ensinar a atirar com arco e flecha – Baekhyun disse animado

- Não, eu não posso perder tempo com isso – Amber disse e isso desanimou um pouco o garoto – Desculpe Baekhyun, eu não tenho muito tempo e sinceramente sou ótima com armas de fogo. Se houver alguma forma de matá-la usando-as, é assim que vou fazer.

- Tem sim – Chanyeol colocou tudo o que tinha na prateleira de enlatados e se virou – Vamos logo.

 

***

 

As copas das árvores ficavam tão altas que tudo o que Sehun conseguia fazer quando era criança era olhar para elas achando que elas eram o limite, o céu, sendo que um brilho primordial tentava ultrapassar por elas fazendo com que todo aquele chão alcatifado de folhas secas brilhasse e tremesse ao sentir a força dos ventos que sopravam cada parte daquela floresta.

Era como um lar, onde ele conhecia cada parte e já havia se acostumado com o canto majestoso dos passarinhos que ali viviam. Ele adorava caçar naquele lugar, mesmo sendo apenas uma criança de dez anos, já era sua paixão explorar. Era um sonho, ser explorador.

A caça? Era apenas uma diversão, ele e seu melhor amigo jamais caçaram uma criatura e a mantiveram presa. Sempre soltavam e observavam a natureza voltar ao seu devido lugar.

Ele ainda se lembrava muito bem, talvez fosse o acontecimento de sua infância que voltava mais clara em sua mente, depois de duzentos anos... Era difícil se lembrar, mas ele fazia questão de manter suas memórias, serviam para que ele se lembrasse do que estava fazendo.

Em uma manhã ensolarada, Sehun encontrou um passarinho machucado no meio da floresta enquanto explorava. Era uma espécie rara, ele sabia dizer por que conhecia bem os pássaros da floresta, provavelmente era uma ave que estava migrando, por isso a primeira coisa que fez foi chamar seu amigo.

- Tobias! – Ele exclamou e colocou o pequeno passarinho em sua mão em forma de concha. Ele correu até onde o mais velho estava e mostrou a pequena ave que estava dentro de suas mãos fechadas – Olha, o passarinho está machucado!

- Abra as suas mãos – Tobias pediu e ele abriu as mãos mostrando a ave pequena e ensanguentada.

- Eu gostaria muito de poder curá-lo – Ele murmurou cabisbaixo e um sorriso iluminou o rosto de Tobias.

- Mas você tem esse poder! – Tobias bagunçou o cabelo de Sehun – É só cuidar dele todos os dias que ele vai ficar bom, aposto que se levarmos ele para sua mãe ela vai te ajudar – Sehun encarou o rosto daquele garoto de cabelos negros, ele era como um herói para ele e quanto mais o tempo passava mais ele o admirava.

- Sim – Ele disse sorrindo.

 

- Appa? – Josephine perguntou tirando Sehun de seus sonhos. Só então fazendo ele perceber que estava cochilando – Você está bem Appa? Parece cansado... Eu nunca te vi assim – Sehun revirou os olhos algumas vezes para tirar o sono da cara e depois esfregou os olhos.

- Rose... – Ele falou com a voz fraca -... Desculpe, nem percebi que estava dormindo.

- Desde a viagem, você anda muito cansado, não vai mesmo me falar o que aconteceu nela? – Ela perguntava por que fazia um tempo que tentava ler a mente dele, mas não conseguia ver nada de interessante.

- Não... Não há necessidade querida. Primeiro porque não é um assunto para nenhum de vocês se preocuparem, depois porque uma hora você vai saber mesmo, não a necessidade de falar para você, no momento certo, todos saberão.

Josephine teve que se esforçar mais para disfarçar a sua impaciência.

- Okay, Appa – Josephine suspirou – Na verdade o que eu queria falar com você era outra coisa. Tem um vampiro do lado de fora da sede querendo permissão para entrar e falar com você – Sehun arqueou a sobrancelha querendo saber um pouco mais – Ele é um urso, disse que veio em missão de paz.

- Tudo bem, peça para ele entrar – Sehun respirou fundo e fechou os olhos. “O que é isso?”

Assim que o garoto entrou na sala ele teve uma vontade estranha de gargalhar. Era muita ousadia da parte de Suho mandar o cúmplice do assassinato de Taemin para lhe mandar algum recado, era quase uma piada. Uma piada sem graça que fazia ele ter vontade de espremer Suho até virar suco.

- Eu acho que não deve estar gostando muito de me ver aqui – Kyungsoo falou se curvando – Perdão, eu não queria vir aqui, mas o meu rei insistiu.

- Eu acho que o seu rei tem motivos para querer me mandar logo você para vir até aqui.

Kyungsoo inclinou a cabeça e franziu a testa.

- Eu não acho que seja por causa de Taemin, se você quer saber, Suho não gostou nada do que fizemos e só não me castigou por causa de Hwa Young, ou Sulli, como você gosta de chamar. Eu acho que ele tanto quanto você não queria que aquele garoto tivesse morrido. Pra mim não faz diferença, mas ele sendo um urso é mais complicado, fazer o quê? – O garoto deu de ombros.

- O que Suho faz ou deixa de fazer pouco me importa, quero que fique logo sabendo. Eu sei muito bem como ele governa e não quero ter vislumbres disso novamente. Fale logo o que quer e vá embora, sua presença aqui só me deixa mais cansado.

Kyungso revirou os olhos.

- Suho disse que chegou a hora de prepararmos o local da batalha, e o clã urso não pode fazer isso sozinho, deve ser feito por um urso escolhido para a batalha e a fênix, e eu acho que você deve imaginar o porquê.

- Sim – Sehun cruzou os dedos e assentiu – Onew! – Ele exclamou e em poucos segundos Onew já estava ali – Está vendo esse garoto? Esse filho da puta matou Taemin – Onew olhou para o garoto com ódio – então se você for batalhar com ele já sabe que teve derrotá-lo até quebrar todos os ossos – Sehun piscou e riu da cara de nojo do garoto – Onew, o clã urso solicitou que a fênix vá com outro urso preparar o lugar da batalha na ilha. Eu creio que depois desses dias de treinamento você já é capaz de realizar uma explosão, não é mesmo? – Onew ficou pensativo.

 - Acho que sim, posso tentar.

- Muito bem, podem ir. E por favor, não briguem, se tentarem brigar antes do dia da batalha eu nem sei o que os ancestrais são capaz de fazer com vocês – Disse vendo os dois saindo da sede um ao lado do outro - pra falar a verdade, eu acho que nem Suho sabe.

- O que eles vão fazer? – Josephine perguntou preocupada.

- Vão preparar o lugar onde as batalhas acontecerão, vão exterminar qualquer vida que exista no espaço em que elas acontecerão é muito perigoso para uma vida humana ou qualquer outra, uma batalha como essa não pode ser vista por ninguém... Por que quem estará assistindo, será Satã – Josephine engoliu em seco, odiava aquela palavra – Não se preocupe, provavelmente o lugar escolhido já foi evacuado e ninguém ficará ferido_

Sehun se levantou da cadeira e sentiu o joelho fraquejar, soltou um gemido, involuntariamente os dois joelhos se dobraram e ele caiu de joelhos no chão.

Ele franziu a testa sem saber o que estava acontecendo e viu por um momento sua visão ficar turva e o mundo ao redor girar em um ângulo de trezentos e sessenta graus. ”Isso é o que os humanos chamam... De... Tontura?”

- Appa! Luna?! LUNA! – Ela gritou tentando segurar Sehun pelo braço para que ele não caísse de cara no chão, Sehun tentava fixar o olhar no que estava a sua frente, mas estava difícil, logo seus olhos começaram a ficar trêmulos e pesados – SOCORRO!

- Josephine?! – Luna entrou na sala perguntando pela menina que pedia por socorro e logo percebeu o que acontecia – Sehun? – Ela se perguntou sem conseguir acreditar. Ela correu até o mais velho e ajudou Josephine a segurar o vampiro pai - Sehun! Olha pra mim! – Ela teu tapas no rosto do garoto que não conseguia manter os olhos abertos – Sehun! Você consegue me ouvir?

- Luna? – Ele perguntou ainda sem conseguir olhar diretamente para ela.

- Quantos dedos têm aqui? – Luna levantou quatro dedos.

- Seis?

- Aish! O que vamos fazer Josephine? A única pessoa que sabe dizer o que está acontecendo com ele, é ele mesmo! Pensei que vampiros não tinham esse tipo de coisa! – Josephine olhou com o olhar angustiado para o maior.

- Cansado... – Ele sussurrou – Eu quero... Dormir...

- Acabamos de acordar...

- A cura... É cansativa... – Ele fechou os olhos e o corpo leve de Sehun caiu nos braços de Luna.

- Sehun? – Ela tentou fazê-lo se mexer – Sehun! – Ele não acordou. 

 

Luna e Josephine fecharam o caixão pesado de Sehun e saíram do quarto sem fazer barulho. Assim que fecharam a porta Luna suspirou e olhou para Josephine apreensiva. A menina estava ainda mais assustada do que ela. Sehun havia adormecido na sala, mas enquanto elas o levavam para dentro do quarto, ele não parava de chutar o ar e gritar palavras sem sentindo nenhum.

- Kristin... Servo... Sinos... Guilhotina... Vestido verde... T-o-b-i-a-s... – Eram as palavras que ele murmurava repetidamente, mesmo que de modo aleatório.

- Precisamos ficar calma querida – Ela sussurrou e abraçou a menina para confortá-la – Não se preocupe, Sehun já tem quase ou mais de duzentos anos, deve saber o que está acontecendo, quando ele acordar eu prometo não deixá-lo escapar, eu vou descobrir o que aconteceu.

- Eu estou com medo Luna! – Ele exclamou começando a choramingar, mesmo que lágrimas não caíssem de seus olhos, ela sentia uma dor horrível dentro de si. Apertou a blusa de Luna e escondeu o rosto no peito da mais velha – Eu estou com muito medo!

- Hey... – Ela ficou surpresa com a reação repentina da garota -... Espere, porque está entregando os pontos desse jeito, até parece que Sehun tem uma doença incurável! Ele é um vampiro, não existem esse tipo de coisa.

- Eu confio muito no Appa, Luna... Mas agora eu me pergunto se ele sabe mesmo o que está fazendo – Ela confessou com a voz embargada -... Eu tenho a impressão que isso tudo está tirando todas as forças que ele tem... Ele se preocupa tanto conosco, diz que temos que treinar para que não corramos o risco de morrer na batalha... Mas a impressão que eu tenho... É que ele mesmo não vai conseguir lutar quando chegar na hora... E pior... ELE SABE DISSO!!! – Ela exclamou e ficou de joelhos. Os olhos de Luna se arregalaram e ela não soube mais o que dizer.

Sehun era um mistério, e não era só para ela. Todos ali sabiam que ele era uma caixinha de surpresas, e que dificilmente alguém conseguiria entendê-lo, naquele momento que ela viu a única pessoa que parecia entendê-lo de verdade dizer que ele mesmo estava se entregando a morte...

- Pare com isso Josephine! – A menina parou de fazer barulho e olhou para Luna – Eu posso não ser perita no assunto, Sehun pode não ter piedade com os humanos como eu ou você, mas ele não mataria tantas pessoas por nada, ele não nos transformaria por uma causa perdida! Isso nunca! Se ele está fraco agora, devemos levantá-lo porque foi isso que ele fez quando estávamos fracos... De uma forma errada pra cacete, mas foi do jeito dele! Levante-se! – Luna pegou as mãos da menina e a levantou – E olhe para mim. Agora sou eu que digo... Confie nele.

Josephine abaixou o olhar.

- Eu confio, noona. Só não quero que ele se sacrifique... Porque é isso que está parecendo que vai acontecer.

 

***

 

Kai tinha ficado dentro do quarto secreto por um tempo depois que Luhan havia ido embora. Olhar para o seu reflexo que não mudava nada durante os tempos, era a única coisa que o fazia pensar direito. A melancolia tomava conta de todo o seu corpo, e ele não tinha vontade de fazer mais nada, apenas continuar ali parado, até o mundo acabar.

Ele fechou os olhos imaginando como seria se voltasse no tempo e matasse Sulli antes que ela visse Taemin. “Isso não iria dar certo... Eu sinto” Ele bagunçou um pouco os cabelos e voltou a olhar para seu reflexo.

Pouco tempo havia se passado quando Kai começou a escutar um choro abafado vindo da sala de estar ecoando por todos os lados. Ele tirou as mãos do rosto e esperou um pouco para saber se não estava ficando louco. Sim, era um choro, e não era um choro comum, Kai olhou para o chão e percebeu que pequenos flocos de neve começavam a congelar os ladrilhos e consequentemente grudaram os seus sapatos ao chão.

O lobo desgrudou os pés do chão congelado e caminhou devagar até a sala de estar. Saiu do armário que escondia a sua sala secreta e seguiu o caminho de gelo que havia o perseguido até o quarto. Ele andou devagar, com medo do que poderia encontrar no final da trilha, talvez porque já sabia o que encontraria.

Assim que ele avistou o final da trilha, seus olhos se levantaram e ele viu a imagem que menos queria ver se materializar na sua frente.

O garoto que amava estava abraçando os joelhos enquanto chorava descontroladamente. Ele até poderia não ter reconhecido por conta dos cabelos brancos que para ele eram totalmente novidade, mas era impossível não reconhecer o choro de uma pessoa que ele amava, principalmente se tratando de Taemin. Kai respirou fundo e andou até ficar de frente para o garoto que nem sequer havia percebido que ele estava ali.

Kai colocou as mãos nos bolsos da frente e observou por um tempo. Escutou o choro do garoto aumentar conforme os minutos iam passando e apenas depois de vários deles foi que Taemin parou de chorar e olhou para cima.

Os dois se encararam por muito tempo, os olhos de Taemin encarando os de Jong In enquanto o maior fazia o mesmo com ele. Os olhos e Taemin cheios de lágrimas e os do outro sem nenhuma gota.

Tic, tac.. Tic, tac... Tic, tac...

Era o som do tempo avisando que estava correndo, mas naquele momento, nenhum dos dois queria falar.

- Você deve ter uma força de vontade e chorar muito grande... – Kai confessou cruzando os braços e apertando os lábios. Taemin abaixou os olhos e novas lágrimas desceram de seu rosto silenciosamente – Eu sinto que meu coração vai explodir de tanta dor... Mas eu não consigo chorar, as lágrimas não vêm aos meus olhos e você... Consegue chorar com tanta facilidade mesmo depois e transformado que me assusta.

- Talvez seja porque a dor é grande... – Taemin abraçou as pernas com mais força e limpou as lágrimas que molhavam o seu rosto na calça suja.

Os joelhos de Kai se dobraram e ele ficou de joelhos na frente de Taemin.

- Eu tentei... – Kai sussurrou e Taemin assentiu -... Desculpa, eu não fui capaz de impedir, já era tarde demais quando descobri – Kai colocou a mão no ombro do menor ainda hesitando – Eu posso te pedir uma coisa? Pelo seu bem?

- Fala.

- É melhor que não tente se aproximar da Amber. Ela está muito frágil, o psicológico dela já está abalado demais, eu nem sei como ela aguenta ficar em pé, eu no lugar dela já teria feito uma besteira, não sei o que pode acontecer se você de repente aparecer na frente dela dizendo que está vivo... Acho que ela teria um ataque cardíaco.

Taemin abaixou os olhos e assentiu.

- Você quer um abraço?

O menor não falou mais nada, apenas abraçou o maior e começou a chorar novamente. Kai fechou os olhos e apertou o corpo do menor com força. Não havia o que dizer, apenas deixar que a dor dele passasse.

Afinal, ele mesmo estava sentindo que iria morrer ali mesmo de tanta dor.

Ele esperou alguns minutos até que Taemin ficasse cansado e adormecesse. Ele não esperava que ele estivesse tão cansado, mas não demorou nada para ele adormecer. Kai se levantou com o garoto no colo e o levou para o quarto secreto.

Lá dentro ele colocou o menino e fechou o caixão. Teria que conseguir outro para ele antes do amanhecer. Não seria fácil, provavelmente já estava tudo fechado, e ele não sabia dizer se Kibum ainda tinha um caixão reserva.

Ele parou e pensou por um tempo no que faria. Respirou fundo e abandonou o quarto e a casa em menos de um minuto. Ao chegar lá fora Kai olhou para os dois lados da rua e olhou para as mãos. Apenas fechou os olhos e começou a sentir aquela dor que ocorria sempre que passava pela metamorfose.

Sentiu seus ossos crescerem e se tornarem presas e seu corpo inteiro se encher de pelos. Sentiu seu coração começar a bater levemente enquanto sua temperatura corporal aumentava e o pouco de sangue que havia dentro de seu sangue começou a circular. Ele estava com fome, mas não conseguia pensar em sangue naquele momento. Apenas colocou as patas no chão e começou a correr.

Correu sem direção alguma, apenas por correr, por querer fugir daquilo, por sentir aquela dor no peito aumentar cada vez mais. Precisava pensar em alguma coisa, ou aquela dor acabaria com ele.

“Porque ele tinha que fazer isso? Eu deveria ter pedido mais? O que eu faço?” Ele pensava dentro do seu corpo dominado pela adrenalina de um lobo faminto. Entrou na floresta ainda correndo com a mesma rapidez, na esperança de encontrar algum animal para se alimentar.

Se ele não encontrasse comida ali, teria que voltar para a cidade. E não seria nada fácil encontrar sangue humano sem chamar atenção...

Espere... O que é isso no chão?” Perguntou sentindo algo parecido com uma rede debaixo de seus pés.

 

***

 

Durante todo o percurso Onew e Kyungsoo permaneceram calados. Ninguém sabia quem iria enfrentar na batalha antes dela acontecer, era bastante provável que os dois tivessem que lutar entre si, mas não era certeza, as diferenças dos dois foi o que fez eles se calarem. Um era amigo da vítima, e o outro, cúmplice do assassinato.

Onew tinha muitas coisas a perguntar a ele, mas não tinha coragem de perguntar nenhuma. Enquanto caminhavam em direção ao centro da cidade o mais novo cerrava os punhos e os dentes se segurando para não começar a gritar. Precisava mesmo perguntar umas coisas para aquele garoto dos olhos grandes e cabelos brancos como a neve que estava no chão.

- Você me parece inquieto – Kyungsoo falou enquanto tirava a neve que aparecia no caminho deles do lugar apenas com o poder da mente – Não deseja me perguntar nada? – Ele olhou para o garoto com um olhar sincero – Eu respondo, seja o que for.

- Porque vocês são tão cruéis com as pessoas? Ursos tem um poder enorme, poderiam usar isso para o bem, mas usam para o mal. Porque? – Kyungsoo ficou calado por um tempo, mas logo virou o rosto e começou a rir baixo.

- Aish. Como se nós tivéssemos autonomia sobre nossos atos. Olhe para mim, filho de uma humana que não teve escolha a não ser me entregar nas mãos de um povo que ela nem sequer conhecia direito. Coitada morreu antes de descobrir... Se você quer saber, até o nosso rei é obrigado a obedecer a pessoas ruins. O clã urso não faz todas as maldades que você está pensando porque quer, somos filhos de Satã, e os ursos são os que mais têm que demonstrar isso. Vocês têm sorte de nascerem em um clã pequeno, e azar por terem que participar dessa batalha. Vou dizer uma coisa pra você, Suho disse que essa batalha jamais aconteceu na história dos vampiros. Tentaram muitas vezes, mas ela nunca chegou a acontecer de fato. Eu diria que nunca estivemos tão perto dela. E se você quer saber, acho que sei por que Suho não tenta impedir Sehun de tentar essa batalha.

- Por quê? – Onew franziu a testa sem entender.

- Porque ele não tem nada a perder. Se ele vencer, ótimo. Se não... – Kyungsoo sorriu – Os vampiros voltarão a ser humanos comuns, e provavelmente muitos morreriam de velhice, antes de ter uma nova chance de salvar sua alma.

- Espera...- Onew parou de andar – Você está dizendo que se ganharmos... Sehun vai falecer?

- Não só Sehun. Todos aqueles que já têm idade avançada demais para se tornarem humanos. Vocês que são jovens provavelmente voltariam a ser o que eram antes de morrer, mas Sehun... Kai... Luhan... Sulli... Todos eles, vão morrer.

Onew arregalou os olhos e ficou sem falar por um tempo. Kyungsoo observou o olhar assustado do garoto.

- Eu estou com sorte. Se me tornasse humano hoje, teria apenas 25 anos. Sou bem mais jovem do que todos lá do clã. Não deveria estar tão assustado, Sehun com certeza deixaria vocês conscientes disso antes da batalha.

- Você matou Taemin, porque eu acreditaria em você?

- Taemin? – Kyungsoo riu – Desculpe, mas isso não faz diferença para mim, eu apenas ajudei uma amiga. Se era uma vida importante para vocês... Só lamento, porque não consigo sentir remorso algum – Onew puxou Kyungsoo pela gola da camisa e ameaçou socá-lo – Chegamos ao lugar – Ele franziu a testa – Sim, chegamos ao lugar que temos que limpar.

Onew soltou o menor e olhou ao redor. Não era um lugar especial.

- É apenas o centro da cidade, temos que fazer o que foi pedido. Explodir tudo em um raio de 1 km.

- Mas... Pode haver pessoas aqui.

- Essa parte da cidade já foi esvaziada, se houver alguém aqui, é por pura falta de sorte. Você explode nesse raio perfeito e eu irei controlar as chamas com a neve. Nada sairá deste raio e a explosão terá ser silenciosa, eu vou criar uma cúpula sonora, como um campo de força. Você explodirá e ninguém escutará. Se alguém estiver por aqui é pura falta de sorte.

Onew apertou os lábios e assentiu. Olhou para o prédio da emissora de TV, o hospital... O supermercado.

- Okay, vamos logo acabar com isso – Kyungsoo e Onew deram as mãos.

Kyungsoo fechou os olhos e Onew começou a sentir uma onda diferente e invisível passar por ele e se espalhar ao redor. Era hora de ele agir, Onew também fechou os olhos e se concentrou, nunca havia premeditado uma explosão, mas às vezes sentia que era capaz de explodir o mundo inteiro e ele chegou a pensar se esse era o poder perigoso que não poderia usar, mas o difícil mesmo era fazer uma explosão acontecer em um raio perfeito de 1 km, mas ele se concentrou.

 

Amber ainda estava andando de volta para casa. Chanyeol e Baekhyun haviam se despedido no meio do caminho e ela continuou indo para casa sozinha. O frio parecia menos intenso do que há poucos segundos atrás, como se algo estivesse impedindo o frio de se aproximar. Ela achou estranho, por isso começou a andar mais rápido. As compras não haviam sido muita coisa, afinal não tinha casa nada para comprar e supermercado já estava quase fechando.

Ela ainda estava pensando se era uma boa idéia pedir ajuda a Chanyeol para matar Sulli, pra falar a verdade ela ainda pensava se era boa idéia matá-la. Estava com raiva, sentia que poderia matá-la com as próprias mãos, mas não sabia no que isso poderia acarretar. Não sabia quantos vampiros voltariam atrás dela para vingar a vampira sem alma...

Ela parou de andar. Os enlatados dentro da sacola fizeram barulho e depois se calaram. Ela ficou completamente paralisada por alguns segundos. Havia algo na sua frente, que ela via e não conseguia acreditar. Seus olhos ficaram estavam fixos, vidrados, tremiam porque o que via era inacreditável, tão inacreditável que seus olhos começaram a marejar, lágrimas começaram a escorrer de seu rosto sem que ela nem mesmo percebesse.

- Minho? – Ela se perguntou ainda olhando para o garoto que estava na frente de sua casa olhando para a janela do seu quarto – Não pode ser... – Ela murmurou -... Ele não pode estar... Eu o vi morrer... Eu... – Ela engoliu em seco e apertou a sacola com força. Precisava se manter forte, era mais difícil do que parecia.

Quanto conseguiu se mover ela começou a andar rápido até o garoto. Minho começou a andar para longe da casa e Amber começou a correr. Ela se lembrou do segundo que o frio começou a ficar cortante novamente, como se ela tivesse atravessado uma porta. Correu ainda mais livremente, e quando viu que não o alcançaria, gritou.

- MINHO! – Ela parou de correr e o garoto parou de andar – Minho! É a Amber... É você mesmo?

Amber não sabia explicar o que aconteceu no segundo seguinte. Foi tudo muito rápido.

Ela só se lembra de ter visto o vislumbre do rosto de seu amado assim que a pessoa a sua frente virou o rosto para olhá-la e no segundo seguinte, um clarão intenso e um vento forte cheio de gases quentes e ondas que a empurraram e fizeram-na cair no chão e rolar por pelo menos cem metros de distancia. Durante a queda ela só conseguia ver tudo girando e milhares de luzes e chamas se propagando ao seu redor.

No segundo seguinte ela já estava paralisada no chão com uma nuvem de fumaça e poeira enorme ao seu redor.

Ela percebeu que estava ferida, sentia o corpo inteiro querer explodir de tanta dor, mas o que mais doíam eram suas pernas e seu ventre. Ela começou a chorar de dor. Tentava se levantar, mas nem os dedos das mãos se salvaram, estavam todos ralados e toda aquela fumaça e chão cheio de entulho não ajudavam em nada. Ela conseguiu olhar parar o lugar de onde vinha a explosão. Tudo estava destruído, nada estava em pé. Havia apenas um campo enorme e circular cheio de pedras e entulho no chão, exatamente como acontecia quando engenheiros demoliam um prédio, no lugar ficam apenas os entulhos.

Amber sentiu lágrimas caírem de seus olhos, sem duvida alguma ainda existiam pessoas ali. Ela conseguiu apoiar os joelhos no chão e tentou se levantar, mas logo caiu de lado no chão. Assim que olhou para as pernas viu algo a mais que preferia não ter visto.

- Ahhhhh! – Ela gritou – Ai... Isso não... – Ela fechou os olhos e colocou mão trêmula na boca.

Era sangue.

No meio de suas pernas.

- Socorro! – Ela começou a gritar batendo os punhos no chão, mesmo sabendo que não havia ninguém ali para ajudar. Estava muito perto de casa, mas não conseguia se levantar e tinha medo do que poderia acontecer se fizesse isso – Socorro, por favor! Meu filho! – Ela chorou, nunca esteve tão desesperada em toda a sua vida – Por favor... É a única coisa que eu tenho! – Ela bateu os punhos no chão começando a tossir por conta da fumaça excessiva.

Ela ouviu passos se aproximando e ficou alerta. Não importava quem fosse, só precisava de ajuda.

- Tem alguém ai?! – Ela perguntou tentando encontrar alguém por trás de toda aquela poeira. Os passos ficavam cada vez mais próximos e ela não sabia se ficava feliz ou apavorada.

- Não se preocupe, eu não estou aqui para te machucar  - Aquela mulher de longos cabelos brancos apareceu e a olhou nos olhos – Lembra de mim? Sou a Krystal.

 

Amber quase achou que morreria, mas a mulher parecia mesmo querer ajudar, ela lhe pegou no colo e lhe levou para dentro de casa, Amber sentia que suas costas lhe matariam de dor e suas pernas não estavam logo atrás, mas o que mais lhe preocupava era o sangue que não deveria estar saindo em um momento como aquele.

Krystal levou Amber no colo até a cama e a colocou lá com cuidado.

- Eu vou precisar fazer uma coisa, mas só vou poder fazer isso se você deixar.

- O quê?

- Preciso examinar você – Krystal arqueou a sobrancelha e Amber engoliu em seco – Não se preocupe, eu sou médica, posso resolver, se você deixar – A mais nova demorou um tempo para decidir, depois de alguns segundos assentiu, era pro bem do seu filho – Tudo bem, onde estão o kit primeiros socorros?

- Dentro do armário do banheiro.

Krystal foi e voltou rápido. Amber nem conseguia se mexer de tanta dor nas pernas e na coluna, não pôde fazer nada além de atrapalhar na hora de Krystal tirar sua roupa. A médica pegou gaze e pinça para manuseá-la.

Demorou alguns minutos. Amber ficou apreensiva e sentindo dor durante eles, mas o que estava lhe agoniando mais era saber se seu filho estava bem.

- Parece que está tudo bem com o seu bebê – Amber ficou aliviada e conseguiu respirar novamente – Foi um susto em tanto, mas não chegou a perder o bebê – Krystal se levantou e abriu uma gaveta para pegar uma calçinha. Quando voltou Amber estava mordendo os lábios de dor. Ela colocou um protetor diário da calçinha e vestiu na mulher – Seus ossos estão desmentidos, eu posso ver que não há nada quebrado. Posso dar um jeito – Krystal fez Amber se sentar mesmo que ela gritasse de dor nas costas e tirou a sua camisa. Virou-a de costas e procurou com os dedos onde precisaria concertar.

- Isso vai_ AAAAHHHHHH! – Ela gritou depois de ouvir um estalo alto em suas costas – O que você fez?!

- Coloquei seus ossos no lugar Amber – Krystal sorriu e procurou nas pernas – Não grite tão alto, irá acordar o menino que mora com você – Ela apertou um dos joelhos de Amber e ela segurou muito para não gritar – Você é muito fofa – Ela riu.

- SOU O QUÊ?

- Calma. Está tudo bem. Já terminei, vai ficar dolorido por um tempo, mas é só você fazer massagem e passar pomada que logo vai ficar bom. Você está muito ralada nas mãos, deveria ter usado luvas – Ela disse começando a pegar os curativos.

- Ah ta, como se eu fosse adivinhar que o centro da cidade ia explodir. Acho que vou morrer – Ela colocou as mãos nos olhos – Não sei o que fazer...

- Sabe Amber – A vampira falou de repente – eu pensei no que você me disse. “Pare de ser enfeite e faça alguma coisa “.

Amber olhou para ela de soslaio.

- Pode não parecer muita coisa, mas para mim foi uma forma de abrir os olhos. Pode ter certeza que a partir de hoje, serei uma rainha ativa nas decisões do rei, e eu vou fazer de tudo para te proteger. 

 


Notas Finais


Gente, foi só eu que pensei merda quando fiz a cena da Krystal com a Amber? KKKKKKK deuses como eu sou má.
Gente eu começeia postar os drabbles da fic que vai substituir Acidos e Bases, espero que gostem. Vou ter que fazer uma macumba pra parecer continuação kkkkk
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-bap-os-dez-3628874

Comentem que eu respondo com todo o amor do mundo, beijooos.


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