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História Ácidos e Bases - A equipe bizarra


Escrita por: Misukisanlover

Notas do Autor


Primeiro capitulo bem light. Por enquanto nada de vampiro. Esse capitulo foi feito para vocês conhecerem melhor a equipe bizarra. <3 Espero que gostem desse maluquinhos.

Caso não estejam entendendo nada, não se apavorem é normal. Estou deixando varias coisas em aberto porque tudo vai ser explicado nos próximos capitulos <3

Ps: Josephine na capa.
Boa leitura

Capítulo 2 - A equipe bizarra


Fanfic / Fanfiction Ácidos e Bases - A equipe bizarra

 

CAPÍTULO 01 – A EQUIPE BIZARRA

 

Lee Taemin tinha apenas duas opções, nenhuma delas lhe agradava. Opção um: dar um jeito na sua alergia bizarra por mentiras; ou opção dois: mudar do departamento de reportagens sérias para o departamento de reportagens de entretenimento frustradas. Traduzindo: fazer parte da equipe maluca de caçadores de histórias de terror que a cada dia perdia mais audiência no horário nobre da emissora e estava sempre sendo rebaixado por programas novos.  

Enquanto colocava suas coisas dentro da caixa, se preparando para a mudança de departamento, pensava no quanto havia sido difícil entrar naquela emissora, o quanto havia lutado por um espaço ali dentro. Como uma pessoa que não conseguia mentir poderia se sobressair em uma profissão onde quase tudo era omitido? Ele conseguiu fazer tudo direitinho nos primeiros dois anos. Quantas vezes sua mãe não lhe falara que aquilo era loucura? Quantas vezes seu pai lhe avisara que um dia iam lhe dar um pé na bunda e mandá-lo para um trabalhinho humilhante só para não dizer que o demitiram?

Todos eles estavam amargamente certos.

Taemin caminhou até sua nova área de trabalho. Dando passos curtos querendo adiar sua decadência, querendo esperar mais um pouco até sua careira ir para sarjeta. Quando ficou cara a cara com a porta de madeira mais desgastada do prédio, suspirou. "É hora de cair na realidade, nem sempre temos tudo o que queremos", ele pensou.

"Equipe Bizarra". Duas palavras que estavam pintadas com uma tinta para madeira bem vagabunda. As letras tão mal feitas, que estava na cara que era uma porta improvisada. Taemin apertou os lábios e bateu na porta três vezes. Bastou isso para a porta se inclinar para o lado, ele viu que uma das dobradiças estava tão enferrujada que cedeu.

- Ah... – Ele pigarreou abrindo a porta com cuidado. -Tem alguém aqui? – Ele entrou com cuidado para não correr o risco de derrubar a porta.

Quando passou os olhos pelo lugar pensou em sair correndo ao banheiro e vomitar. Ou a emissora deixou que o escritório ficasse muito sucateado, ou os funcionários estavam tentando fazer a réplica de um lixão.

No canto esquerdo, ele pôde ver três mesas pequenas e acabadas de computador, cada uma mais cheia de lixo que a outra. Uma delas estava acumulando uma pilha de copos de café, a outra tinha como secretário uma pilha de papel picado e a última um computador velho que parecia não funcionar há séculos de tão empoeirado. A pintura estava desgastada e descascando. O que um dia foi branco estava cinza, os objetos de madeira colecionavam buracos esculpidos por cupim e o ventilador tentava, com muito esforço, girar.

- Merda! – Ele escutou uma voz feminina dizer entrando na sala pela porta do fundo da mesma. – Eu devia... – A baixinha percebeu que havia alguém dentro da sala e se ajeitou. – Oi... Eu... Você é...

- Taemin... Lee Taemin. – Falou com a voz baixa. Ainda estava muito abalado com a aparência de seu novo ambiente de trabalho.

 - Assustador, não é? – Ouviu a garota perguntar muito próxima de si e se afastou assustado. Ela riu enquanto mascava um chiclete. – Eu sei. Todos nós daqui sabemos. Deixe-me adivinhar... Você foi demitido do departamento de reportagem e eles te enxotaram pra cá?

- Está tão na cara assim?

Ela riu pegando nos ombros do mais alto com tanta força que ele achou que iria quebrar.

- Bem-vindo ao clube dos incompreendidos. Todos aqui estão na mesma situação que você, enxotados para o departamento onde os programas quase não têm audiência alguma. Escolheram o pior deles para te colocar. Chamam-nos de equipe bizarra. Quase ninguém entra aqui com medo do que podemos fazer com eles. Ela falou emocionada.

- Eu achei que era porque a sala fede.

- Hum... Você é espertinho. É exatamente isso.

- Quem é o novato, Salsicha? – Um rapaz de voz baixa e melodiosa entrou na sala observando com cuidado o mais novo.

- Ele ainda não me falou o nome, estava muito ocupado admirando a beleza de nosso Escritório Real.

- E como... – Taemin disse sorrindo sem humor.Meu nome é Taemin, tenho vinte e três anos e fui transferido para Equipe... Bizarra... Ontem à noite.

- Meu nome é Luna. – Luna cuspiu na própria mão e estendeu. – Mas todos me chamam de Salsicha.

- Por quê?

Ela deu de ombros.

- Logo você vai descobrir, quando você também tiver um apelido. – Ela estendeu a mão com mais força e semicerrou os olhos em uma forma de desafio. Taemin sorriu tentando esconder o nojo e apertou a mão da nova colega de trabalho.

O garoto baixinho, quase da mesma altura que Luna, se aproximou.

- Meu nome é JongHyun. Mas todos aqui me chamam de Sherlock. A gente deixa a porta assim para dar um ar fantasmagórico.

- Ah...

- Mentira, eles não se importam com a gente mesmo, é isso. Teríamos que tirar do nosso bolso pra concertar a porta e eu sou muito pão duro, se eles querem sucatear a nossa área de trabalho esperando que nós mesmos demos um jeito, estão muito enganados. Pra falar a verdade ninguém daqui dá um centavo para consertar a porcaria dessas dobradiças, você daria?

- Ah... Não sei. – Taemin respondeu inserto.

- Ele é como nós. – JongHyun sorriu satisfeito com o novato. – Venha, queremos saber porque está aqui. – Ele começou a andar na direção da porta donde Luna havia surgido.

Taemin ficou morrendo de medo de entrar em uma sala pior do que a de boas vindas, mas até que o escritório não era tão ruim assim. Era pequeno, mas aconchegante. Tinha ar condicionado, luzes brancas na medida certa, uma mesa redonda com três notebooks em cima dela e um canto com uma estante onde guardavam todos os equipamentos de edição e filmagem. O que mais lhe chamou atenção, no entanto, foi a grande quantidade de extintores de incêndio que havia naquela sala tão pequena.

- É aqui que a gente se aconchega. Não dá pra ficar lá fora nem a pau. – JongHyun puxou uma cadeira para Taemin e o convidou para sentar. – Vamos começar. – Ele se sentou e cruzou os dedos. – Para podermos te dar um apelido precisamos saber por que motivo você está aqui.

Taemin sorriu.

- Eu não consigo mentir. – Luna franziu a testa – Eu sei, parece estranho, mas é como uma alergia. Quando eu minto começo a espirrar, as pessoas sabem na hora quando estou fingindo, é quase impossível fazer uma reportagem relevante.

- Já sei! – Luna cochichou alguma coisa no ouvido de JongHyun e ele assentiu.

- Seu apelido vai ser Pinóquio. – Ele sorriu e Taemin corou – Porque não consegue mentir. Eu sou Sherlock porque meus companheiros dizem que eu prevejo o futuro, eu sempre descubro o que está por trás de alguma coisa, e sempre estou certo. É por isso que fui expulso do outro departamento, porque às vezes eu tinha teorias tão malucas que os meus chefes achavam que eu estava ficando louco. – JongHyun olhou para Luna. – Essa aqui, chamamos de Salsicha por causa do personagem do ScoobyDoo. Ela tem medo até de abrir os olhos. – Taemin sorriu. – E temos o nosso câmera, que não está aqui, mas nós o chamamos de Tocha.

- Tocha?

- Sim. Bem, isso você só vai entender quando conhecer ele melhor.

- Por acaso esse nome tem a ver com esses extintores? – Taemin perguntou apontando.

- Tem sim.

- Do que vocês estão falando? – Taemin olhou para trás e viu um garoto de cabelos castanho claro, entrar. Sua dicção era ruim porque ele falava com cigarro na boca. – Vish, temos um novo fracassado? – Ele falou colocando a câmera em cima da mesa e olhando para os outros dois como se perguntasse o que diabo estava acontecendo. – Olá novato, eu sou Lee Jinki, mas todos me chamam de Tocha. Que nem no quarteto fantástico sabe?

- Sei...

- Você já deve saber por que tenho esse apelido, não é? – Os olhos do mais velho encaravam o mais novo com tanta profundidade que Taemin se viu obrigado e desviar o olhar.

- Seus olhos... – Taemin pegou na própria nuca, sentindo um leve torcicolo. – Por favor, não me olhe assim de novo, eu... Sinto-me desconfortável. – Jinki arqueou a sobrancelha. – Seu olhar... Ele é diferente, é quase como se estivesse em chamas. Você é piromaníaco?

- Exatamente.Jinki se abaixou e olhou nos olhos do mais novo novamente. – Está com medo? – Sussurrou.

- Não tenho medo de você, tenho medo do que pode fazer, e eu sei que não seria capaz de fazer nada contra seus amigos.

O mais velho se afastou com o olhar um pouco vulnerável. De repente seus olhos cheios de chamas se apagaram e começam a se lubrificar... Ele estava... Lacrimejando? O mais velho se virou e encostou a mão na parede.

- Pinóquio... – Luna se aproximou do mais novo com calma e falou baixinho – Ele não gosta quando falam sobre isso... Ah... A família dele... Morreu por causa dele. – Taemin arregalou os olhos e olhou para o mais velho que ainda estava tentando se controlar, socando a parede e murmurando coisas sem sentido. É difícil para ele. Ele ainda não... Consegue se controlar muito bem, sabe? Não se preocupe, desde que começamos a ajudá-lo, nunca mais precisamos de extintores.

Taemin se levantou e caminhou até o mais velho. Ele estava com os dois braços encostados na parede e parecia estar fixado em outro mundo de tão longe que seu olhar parecia estar. Taemin suspirou e entrou no meio dos dois braços, assustou o mais alto com sua ousadia e sorriu.

- Não se preocupe, eu não tenho medo de você, vamos nos dar muito bem, tenho certeza. – Taemin pegou os braços de Jinki e o fez se sentar em sua cadeira. – O que vamos fazer hoje? Tenho certeza que devem ter alguma coisa planejada para investigarmos.

JongHyun olhou para sua prancheta e sorriu.

- Quem gosta de galpões que dão acesso ao único e assombrado cemitério da ilha?

 

***

 

- Josephine? – Amber perguntou olhando para as escadas. Querida, desça logo, por favor, vai se atrasar, seu amigo deve estar chegando. – Ela continuou a fritar os ovos enquanto bocejava.

Passara a noite inteira acordada trabalhando. Estava quase desistindo de ter dois empregos, mesmo que cuidar de Josephine não fosse trabalho algum, a menina era um anjo e só dava trabalho mesmo na hora de fazer as tarefas, era bastante impaciente.

Durante a noite Amber trabalhava como legista no necrotério e de dia ajudava o primo a cuidar da pequena Josephine, que na verdade não era mais tão pequena assim. Ela se lembrava, muito bem, de como fora difícil para Taemin lutar pela guarda da prima sendo tão jovem. Preferia virar um pai aos dezoito anos do que deixar a prima ir para um orfanato.

- Estou pronta. – A menina disse já descendo as escadas. Amber olhou para a prima com carinho, sorriu pensando no quanto ela havia crescido desde o acidente que mudara a vida de sua família.

A menina de cabelos negros e rosto angelical já era uma mocinha, tinha onze anos e já havia pulado duas séries do fundamental, inteligente e esquentadinha. Oh sim, Jose era muito explosiva quando conseguiam irritá-la, ficou assim desde o acidente que matou seus pais e os pais de seu primo, Taemin. Uma cicatriz que seus cabelos escondiam eram a prova de que ela havia sobrevivido por um milagre.

- Está linda... – As duas ouviram a porta bater – Deve ser o Kangwoo. Vá atender.

Josephine saiu correndo e atendeu a porta. Amber viu quando ela abraçou o amigo com força, sabia muito bem no que aquela amizade ia dar no futuro, e ficava feliz pela prima. Os dois se aproximaram e sentaram-se à mesa.

- Me deixa adivinhar... Sua mãe esqueceu-se de fazer seu café de novo? – Amber perguntou sorridente e Kangwoo assentiu.

Amber colocou bacon e ovos no prato para os dois e os observou comer. Sabia que a mãe de Kangwoo, apesar de amar demais o filho, trabalhava muito para poder sustentá-lo da melhor forma, por isso quase nunca tinha tempo para fazer café para o menino de catorze anos. Um menino tão lindo, que mais parecia um anjo, filho de uma mulher tão simples. Amber sempre perguntava em sua mente quem seria o pai dele, mas ninguém nunca descobriu.

- Amanhã é seu aniversário, não é? – Perguntou e Kangwoo levantou o olhar. – Que bom, acho que vou dar um jeitinho de sair com vocês amanhã, pra comemorar.

- Sério? – Os olhos do rapazinho se iluminaram e ela assentiu. – Obrigada, noona! – O garoto correu para se curvar diante da mulher.Já disse que você é muito linda hoje?

- Não, Kangwoo.– Respondeu rindo.

- Você é muito linda! – Ele a abraçou com força e sorriu correndo para sentar ao lado de Josephine de novo.

- Ele é bobo assim mesmo, unnie.– Josephine sorriu.

- Vou te levar na garupa hoje. – Kangwoo disse e Josephine riu – Não se preocupe, você já não é mais tão pesada quanto antes. Eu aguento, cresci muito nos últimos meses.

- Pra mim, você continua do mesmo tamanho – Josephine jogou uma migalha de pão em cima de Kangwoo e riu.

- Parem com isso. Daqui a pouco estão namorando.– Amber comentou e viu o que os dois ficaram envergonhados.

 

***

 

O sol já estava se pondo quando a Equipe Bizarra chegou ao tal galpão perto do cemitério. Na frente da equipe, estava JongHyun, com seus ouvidos superapurados conseguia captar qualquer ruído estranho, por isso sempre liderava as caçadas, sempre prevendo se estavam em perigo. Logo atrás ia Jinki com sua câmera a postos e seu cigarro queimando no canto da boca. – Taemin percebeu com o tempo que dificilmente ele tragava o cigarro, parecia estar ali só para que ele pudesse ver alguma coisa virando cinzas sempre. Logo atrás vinha Luna segurando os dentes – que não paravam de tremer. – e o microfone.

Taemin ficava atrás apenas observando a equipe em ação. JongHyun sugeriu que ele apenas observasse para depois saber como agir. Além de seus passos que faziam barulho ao pisar nas folhas secas de outono não havia nada, nem mesmo um simples ruído, nem os dentes de Luna tremendo faziam qualquer barulho além do silêncio. Ele começou a achar que não havia nada para ser achado ali. Parecia mais um bosque abandonado.

- Sherlock... – Ele sussurrou O que na verdade, estamos procurando?

- Uma fonte confiável disse para mim que há cinco anos um lobo matou e mutilou três homens neste bosque. – O baixinho se virou para contar a história. – foi um dia trágico, houve muitas mortes e de acordo com ele, foi tudo culpa de uma única criatura. Um lobisomem. – Luna colocou as mãos na boca e tentou se acalmar. – Eu sei que você deve estar achando que estou louco, mas... Se não era um lobisomem... Era uma fera muito poderosa.Um tigre comum não deixaria os corpos de suas vítimas esquartejados e espalhados pela trilha de um bosque com cada pedaço a exatamente cinco metros de distância do outro. E detalhe: Ele deixou tudo para que as minhocas e os insetos comessem, ou para que os próprios pedaços entrassem em estado de putrefação, porque a fera... Não comeu um pedacinho sequer, levou apenas uma única coisa, um único item valioso.

- O quê? – Jinki perguntou tossindo.

- Sangue. Ele deixou os corpos sem sangue algum e depois mutilou. Imaginem ver as partes de um corpo humano espalhados sem nenhuma gota de sangue... – Os três ouviram Luna vomitar mais ao fundo. -... Eca... – JongHyun revirou os olhos. – Bom, seria muito sinistro. Interessei-me muito por essa história e decidi que seria uma boa investigarmos. Se conseguirmos algumas provinhas básicas de que algo estranho aconteceu aqui, poderemos conseguir uns pontos a mais na audiência.

Taemin olhou ao redor e respirou decepcionado.

- Desculpe decepcionar, mas... Sinceramente eu acho que se tiver acontecido alguma coisa aqui, dificilmente vamos achar uma prova concreta. Faz cinco anos, esse bosque já passou por pelo menos quatro invernos, quatro outonos e enfim... Qualquer prova que tenha ficado o vento ou a chuva já deve ter levado.

- Ah, que droga. – JongHyun fechou os olhos tentando raciocinar. – Você tem razão,Pinóquio... Mas... Algo me diz que vamos encontrar alguma coisa aqui.

- Eu não quero ficar para descobrir, vamos embora, tá? A gente conta essa história bonitinha como se fosse uma lenda bem legal e se dá muito bem. Vamos embora! – Luna disse já colocando o pé para sair dali.

- Não podemos. – Jinki sussurrou – Não podemos contar esta história sem provas. Não é uma lenda comum, envolve assassinatos que aconteceram há muito pouco tempo. As famílias das vítimas podem ficar muito bravas se fizermos uma declaração de terror tão sem nexo envolvendo os desgraçados.

- É verdade... Sem falar que eu não iria conseguir fazer essa reportagem sem ter uma crise alérgica.– Taemin suspirou tentando pensar em uma solução.

- E agora. O que a gente faz? – Luna perguntou depois de estourar uma bolha de chiclete.

 

***

 

Minho trocou de roupa o mais rápido que pôde, quase parando. Estava cansado, passara o dia trabalhando como carteiro. Como todos os dias sua luta era ser carteiro de dia e tentar ficar acordado limpando o necrotério à noite, apesar de fazer muito mais do que limpar graças ao seu chefe. Precisava dos dois empregos, não era muito estudado, sem falar que naquela ilha quase ninguém conseguia se sobressair em nada. Ele queria sumir dali, juntar o dinheiro que podia, fugir dali e levar Amber junto com ele. Fugir daquela cidade com pessoas de mente pequena, ser livre.

- Eu acho que a roupa mais apropriada para você, seria um jaleco. – Kibum disse se aproximando de seu reflexo no espelho.

- Desculpe – Minho abaixou a cabeça.

- Não precisa pedir desculpas, Minho. Eu entendo a sua vontade de ganhar o mundo, não é só porque passarei o resto da minha vida enterrando os mortos que eu vou te puxar para o mesmo caminho, eu quero mais é que você voe mesmo. Voe e leve sua borboleta [DM1] junto.– Kibum sorriu se referindo a Amber. – Sei o quanto a ama e ela te ama também, eu vejo nos olhos dela. Já está mais do que na hora de você se confessar.

Minho sorriu lembrando-se do passado. Key, como ele gostava de chamar o pai, fora a única pessoa que o enxergara. Um invisível social, aqueles que as pessoas passam e nem mesmo percebem que existe, um mendigo, alguém sem status, sem capital, sem vida. Minho estava morrendo de frio em um beco quando Kibum apareceu e lhe estendeu a mão, disse que iria cuidar dele a partir daquele momento. Ele, ainda criança, ficou muito confuso, mas acabou se acostumando com o novo pai.

- Quem vai cuidar de você quando estiver caducando? – Brincou com um sorriso forçado e fez Kibum ficar com o olhar mais frágil. – Eu devia retribuir tudo o que você fez por mim... Eu vou voltar e vou vir te pegar. Eu prometo.

- Não prometa algo que você não consegue cumprir, Minho. Você me ama, mas não me ama o suficiente para voltar nesse lixo de novo. Eu sempre vou ser seu irmão mais velho, e vou morrer enterrando os mortos. Não se preocupe, eu peço para alguém me enterrar, não vejo problema. – Sorriu e abraçou o rapaz, que já estava muito mais alto. Não se sinta nem um pouco culpado, porque vai ser um sentimento à toa.

- Certo... – Minho sorriu sem jeito - Estou indo para o necrotério. Quem sabe não te adianto alguns trabalhos.

- Sou só um coveiro, não sou um funerário. Se bem que o funerário daqui é um artista. Parece até que os mortos que compram caixões nele estão indo para uma exposição de arte ao invés de ir para sete palmos abaixo da terra.

 

***

 

Josephine observava o modo como Kangwoo caminhava. O garoto estava mancando, os dois haviam levado uma queda feia porque o mais velho havia perdido o controle da bicicleta no meio de uma ladeira. Ele fora quem mais sofrera, a bicicleta o castigou bem no meio das pernas, e quanto a Jose, levou apenas uma pancada leve na cabeça. Mesmo sangrando não sentia dor.

- Idiota, eu falei pra você que ainda não me aguentava.– Ela revirou os olhos cruzando os braços. O menino olhou para trás e sorriu. – Não me olhe com essa cara escrota, estou brava com você.

- Hum... Desculpe, eu achei que iria conseguir. Na próxima eu não deixo você cair.

O garoto parou de andar e Josephine quase caiu novamente quando esbarrou no garoto.

 - Au! Porque parou? – Perguntou e viu que Kangwoo estava com lágrimas ameaçando cair dos olhos, olhando diretamente para o pôr do sol magnífico que se estendia no horizonte, aquela era a parte mais legal da ladeira, um dos pontos mais altos da ilha. – Kangwoo?

- É que... Amanhã vai ser o meu aniversário e... Bom, eu vou passá-lo sem ver o meu pai novamente. Apesar do jeito peculiar de ver as coisas que ele tinha, eu gostava muito dele e sinto muita falta... – Jose colocou a mão em cima da do amigo.

- Eu também sinto muita falta do meu pai... Nossa, você nem sabe o quanto, ele era um pai perfeito... Daria tudo só para me ver feliz... Eu o amava muito, mas... Eu o perdi... Eu... Sei como você se sente, mas não adianta de nada ficar triste. O jeito é nos lembrarmos dos momentos bons e tentar honrar ao máximo os esforços que eles fizeram por nós. Nossos pais, aqueles que vamos ser quando crescer.

- Você nem parece que tem onze anos, Jose. Obrigado – Kangwoo beijou a testa da amiga e sorriu. – Vamos logo, antes que a noona comece a pirar.

 

***

 

Estavam todos da equipe calados, esperando que alguma ideia desse uma luz a todos. Todos queriam muito aumentar a audiência do programa e ganhar o mínimo de dignidade possível, mas nada parecia ser uma boa e grande ideia. Eles haviam improvisado um lugar para se sentar,um tronco de madeira que parecia ter sido derrubado há muito tempo, estava até mesmo seco e envelhecido.

Taemin estava na verdade pensando em outras coisas. JongHyun havia falado "cinco anos atrás." No mesmo ano que aconteceu o acidente de carro que matou seus pais e seus tios. O mesmo ano que ele e sua prima Josephine haviam sobrevivido de uma forma completamente macabra.

“Era como se... Alguém tivesse parado o tempo e os tirado de lá antes que o carro esmagasse tudo.”

- Se fosse possível acreditar nesse tipo de coisa... – Murmurou com a voz quase inaudível- Se for... Eu vou descobrir a verdade.

Todos ouviram um ruído.

Luna foi a primeira levantar, seus olhos ficaram atentos e sua respiração começou a se descontrolar. JongHyun semicerrou os olhos olhando ao redor e Jinki ligou a câmera. O ruído começou a se mover mais rapidamente, parecendo não ter gostado nada de ver a luz que a câmera de Jinki emitia. Luna agarrou os braços de JongHyun com um braço e o outro continuou segurando o microfone firmemente enquanto mascava o chiclete com mais rapidez.

- Pelo menos você é uma medrosa com atitude, Salsicha. – Taemin sorriu olhando para a colega de trabalho e ouviu o ruído se aproximar ainda mais. Os passos eram pesados, mostrando que o monstro podia ser maior do que eles imaginavam e o vulto era mais alto do que eles haviam cogitado. Taemin observou cada passo e se adiantou. Caminhou rapidamente para o lugar perto da trilha que ele sabia que a fera passaria. Escondeu-se dentro de uma planta. – Não se preocupem... Eu vou pegá-lo. – Sussurrou determinado.

Seria moleza. Ele pegaria a fera pelo pescoço e subiria em cima dela antes que ela resolvesse lhe arranhar. Sim era um plano perfeito. Apesar de maluco, Taemin não se arriscaria se não tivesse participado de muitas gincanas quando era pequeno.

Moleza. Moleza... Era só ele se aproximar mais um pouco. Três passos. Dois passos...

Taemin pulou em cima da fera.

 


Notas Finais


Eita diabo. Capirotagem passou foi longe ai hahahahaha. Espero que tenham gostado do capitulo bem gostosinho e leve.
Até o próximo.


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