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História Ácidos e Bases - A morte do inverno aos meus olhos


Escrita por: Misukisanlover

Notas do Autor


Eu juro pra vocês que eu não sei o que aconteceu comigo. Não sei explicar, mas escrevi esse capitulo em um prazo de dois dias, de sábado pra domingo, posso dizer que bati o meu recorde, nunca tinha feito um capitulo tão rápido, o problema mesmo foi pra corrigir. Hoje eu acordei com muita dor - não vou especificar onde porque é coisa crônica minha - e eu não estava conseguindo nem mesmo sentar na cadeira para corrigir. Deitar era um sacrifício, sentar mais ainda e ficar de pé impossível. Por isso tá explicado a demora de um dia pra corrigir.

Quando ao motivo da minha rapidez eu acho que tem nome: Yussara.

Quando a gente é autora de uma fanfic com poucos leitores, apesar de fazer porque gosta sempre quando uma pessoa chega comentando e animando a gente de todas as formas, é como um estimulante poderoso e eu gostaria muito de agradecer a ela e a todas vocês que continuam aqui comigo lendo e comentando. Eu agradeço por vocês existirem porque tem dias que eu acordo e me pergunto porque estou viva. Sinceramente.

Enfim, vamos lá nós a este capitulo deprimente.
Boa leitura minhas lindas.

Capítulo 18 - A morte do inverno aos meus olhos


Fanfic / Fanfiction Ácidos e Bases - A morte do inverno aos meus olhos

Capitulo 17 – A morte do inverno aos meus olhos

 

Quando Amber parou de bater na porta do quarto de Kang-woo, a voz já estava começando a falhar e a garganta já doida de gritar por explicações. Ela encostou a mão fraca na madeira velha e olhou para uma pequena cômoda com um vazo de flor no meio do corredor, as flores já mortas por falta de cuidado, ela engoliu em seco e chutou a porta com toda a força que tinha.

A porta se abriu rangendo. Ela entrou correndo e preparada para gritar com Kai perguntando o que ela queria com o garoto, mas assim que entrou no quarto, não havia nada. Apenas o vazio, uma cama desarrumada e uma janela aberta.

Ela andou devagar até a janela e percebeu que logo se daria uma tempestade de neve, os ventos estavam fortes e frios demais. Ela fechou a janela e começou a arrumar a cama do menino pensando no que faria. Não poderia ficar ali esperando uma noticia ruim chegar, precisava agir, precisava saber o que estava acontecendo, e porque Kai estava metendo Kang-woo naquilo.

Ela observou todo o quarto e resolveu mexer em algumas coisas do garoto, ela havia pedido que ele trouxesse algumas de suas coisas para morar ali, mas ele não trouxera nada além de uma pequena pasta com seus livros e uma sacola com duas mudas de roupa. Ela não olhou dentro da sacola, apenas pegou a pasta e retirou tudo que tinha de dentro dela.

- Ele é apenas um garoto... Um garotinho... Aquele que gostava da minha Josephine... – Ela sussurrava para si mesma enquanto vasculhava tudo com as mãos trêmulas -... Apenas um garotinho... Um humano.

Ela achou apenas livros no início, retirou cada um deles e alguns lápis que estavam espalhados pela pasta,  foi só quando ela sacudiu bem, que um medalhão caiu de dentro do bolso da frente dela.

Assim que o medalhão de ouro caiu em cima do colchão, Amber sentiu uma pontada forte no peito. Sentia-se mal por estar mexendo nas coisas do menino daquela forma, mas em alguns momentos, desconfiava um pouco de Kang-woo, apesar de um bom menino, ele tinha uma melancolia no olhar que às vezes a assustava, como se ele carregasse mil quilos dentro de si e fosse incapaz de demonstrar isso na frente dela, e isso começou a incomodar ela de verdade.

O medalhão parecia ser algo assustador, quando ela olhava para ele, sentia um sinal de alerta máximo, por isso demorou um pouco para pegá-lo. Ela suspirou e pegou o pingente com cuidado.

Era de ouro maciço, brilhante amarelo e denso. O pingente tinha a forma artisticamente bem desenhada de um coelho. Ela franziu a testa sem entender porque Kang-woo carregaria algo assim dentro de suas coisas, seria presente de sua mãe?

Foi ai que ela lembrou.

Todas as vezes que ela, Minho e Jong In iam entrar na sala de necropsia, Amber e Minho faziam o sinal da cruz, mas o vampiro apenas tirava um medalhão de dentro da camisa e beijava o pingente, que tinha a forma da cabeça desenhada de um lobo.

Amber deixou o medalhão cair com as mãos trêmulas.

- Não – Ela sorriu sem humor e negando com a cabeça – Nem pensar – Ela pegou o medalhão e começou a jogar tudo dentro da pasta novamente. Quando terminou colocou tudo no lugar e saiu do quarto o mais rápido que podia.

Quando chegou à sala escolheu o casaco mais quente que tinha – por incrível que pareça o frio havia aumentado drasticamente naqueles dois minutos de distração – e se agasalhou. Pensou por dois segundos por onde iria começar a procurar o primo e abriu a porta.

Assim que levantou o olhar teve uma surpresa. Já tinha duas pessoas esperando por ela antes que ela abrisse a porta.

- Olhe só – O homem sorriu simpático – Nem precisamos bater a campainha e ela já atendeu.

Era um homem e uma mulher.

Ele tinha cabelos brancos como a neve e uma pele perfeita um pouco mais bege do que o cabelo. Olhos profundos que insistiam em ficar alternando entre o azul-gelo e o preto. A mulher do mesmo jeito a diferença é que ela tinha longos cabelos que chegavam até a cintura e tinha um olhar rígido de quem não entende a situação o suficiente para estar ali. Amber conhecia porque vivia com aquele olhar.

- Quem são vocês? – Ela perguntou já começando a fechar a porta.

- Estava de saída? Precisamos falar com você, Amber Josephine Liu – O homem falou o nome inteiro dela quase soletrando.

- Primeiro preciso saber que são vocês e o que querem comigo.

- Eu sou o rei e está é a rainha do clã Urso. Você terá a honra de poder fazer um acordo amigável com nós dois sobre o filho que você carrega.

Amber revirou os olhos e tentou fechar a porta, mas Suho colocou o pé e parou de sorrir para olhar para ela com os olhos azuis-gelo já sem paciência.

- Eu acho melhor você nos ouvir.

 

***

 

Quando Sehun chegou à sede estava cansado, se sentia tão exausto que poderia passar a semana inteira dormindo. Não parava de bocejar e todos os seus ossos estralavam com um simples movimentos.  Ele fez caretas e olhou para JongHyun sorrindo.

- Então é isso que os humanos chamam de preguiça? – Ele bocejou e se espreguiçou – Nossa... Estou mesmo cansado – Sehun enxugou as lágrimas que apareceram e JongHyun continuava a olhar para ele com aquela cara incredulidade – JongHyun se você continuar olhando assim para mim, todos vão desconfiar que eu fiz alguma coisa hoje. Acho melhor você ir descansar, a viagem não foi nada fácil. Nem para mim e nem para você.

- É que eu ainda... Não acredito no que aconteceu agora pouco... E você... Vai ficar bem?

- Claro que vou minhoca – Ele sorriu batendo nos ombros do garoto devagar – Você está falando com a Raposa – Sehun bateu no pingente do medalhão – Sempre estarei bem. Agora pode ir descansar.

JongHyun assentiu e começou a andar calado para o andar de cima.

Assim que Sehun chegou ao meio da sala olhou para a pintura da mulher loira e sorriu.

- Voltei querida! – Ele estralou o pescoço e quase viu o sorriso malvado daquela figura aparecer de novo – Estou com tanta fome, daria tudo por sangue jovem agora – Ele fez um muxoxo e começou a andar até sua cadeira.

- Sehun! – Ele ouviu a voz de Onew e olhou para trás para ver que incêndio teria que apagar – Sehun! – Ele corria sem parar e só parou quando ficou de frente para o mais velho – Eu... Ele... Ah...

- Quando você estiver correndo, não use seus pulmões isso te poupará de ter o trabalho de ‘recuperar o fôlego’. Fala logo, o que foi? Você explodiu o quê agora?

- Nada... É que... Eu estava andando pela cidade procurando pela Luna e eu vi algo estranho... Como você falou para nós alguns dias atrás que estava interessado... E ele é meu amigo... Eu acho que não sou bom o suficiente para salvá-lo, que merda!

- Fala logo! – Sehun gritou já ficando estressado.

- Taemin! – Sehun arregalou os olhos – Eu estava procurando a Luna e eu vi aquela garota que você disse pra gente que era a serpente... Como era mesmo o nome dela...? Eu esqueci...

- Sulli.

 - Isso!

- FALA LOGO O QUE ELE ELA FEZ PORRA! – Sehun gritou e Onew balançou a cabeça confuso.

- Eu vi ela com outro urso eles estavam levando o Taemin para algum lugar, eu poderia até achar que eles estavam fazendo algum programa interessante, mas Taemin estava apavorado.

- Aiiissshh! – Sehun afastou Onew do seu caminho e começou a correr para fora da sede – Merda, merda! Ele não pode morrer antes de eu falar com ele de jeito nenhum! – Sehun achou que os ossos se quebrariam, não paravam de fazer cócegas, aquela mesma sensação de quando se vai escorregar – Caralho, tinha que ser logo hoje? Estou tão cansado... – Ele olhou para um lado e para outro quando saiu da sede e inalou o oxigênio daquela ilha até não aguentar mais, só poderia saber onde ele estava pelo cheiro – Já sei.

 

***

 

Receber aqueles dois em sua mesa da cozinha não foi fácil. Para ela nenhum tipo de vampiro era bem vindo em sua casa, e queria continuar achando que todos eles eram um perigo a ter aceitar que alguém que lhe faça bem seja um deles. Seria assinar atestado de óbito. Ela se arrepiou ao pensar nisso, afinal, Taemin estava desaparecido, e ela não podia sair dali para ver o que acontecia com o primo.

Quando mais o silêncio ficava mais o frio aumentava, e ela logo começou a entrelaçar os dedos tentando não congelar os dedos. Pensou logo em fazer um café, mas jamais gastaria seu tempo fazendo um café para eles – estava na cara que eles nem iam aceitar.

Os dois vampiros frios como gelo ficaram calados até que ela resolveu quebrar o gelo.

- O que vocês querem? De verdade? Será que aquele garotinho não avisou pra vocês que eu não estou a fim de falar sobre esse assunto com ninguém? Nem com meus médicos? – Amber arqueou a sobrancelha se sentindo irritada com aquela calma falsa daquele homem.

- Você não tem muito o quê gostar, senhorita – Suho falou enquanto Krystal desviava o olhar – A nossa proposta é simples. Ou você gera este filho e nos entrega... Como o meu mensageiro já tentou lhe avisar, talvez de uma forma impactante demais, não sei – ele deu de ombros – e outra opção é gerar a criança e se tornar uma de nós – O ódio começou a ficar nítido no rosto de Amber – Pode parecer até chocante para você que ainda está no dilema idiota de ainda não saber se gosta ou não de vampiros, mas...  – Ele revirou os olhos – Você é um Urso, não vejo problema nenhum em você ser uma de nós, afinal, faz um tempo que estamos com dificuldades para ter novos subordinados – Suho tocou na coxa de Krystal.

- Eu já estou querendo é matar os vampiros que aparecem ao meu redor e você vem me fazer uma proposta infeliz dessas? – Amber se levantou e bateu na mesa com força – Pois a resposta é NÃO! N-Ã-O! NÃO! Eu nunca vou ser um de vocês, nunca! Se um dia eu morrer e um vampiro idiota me ressuscitar, eu cuido em acabar com a minha eternidade na primeira noite. Eu odeio vampiros, e vou cuidar para que aqueles que me incomodam desapareçam.

- Cuidado senhorita, você está escolhendo um caminho difícil de trilhar, posso dizer que a taxa de mortalidade de pessoas como você é de... – Ele sorriu largo -... 100%. Todos morrem e sabem por quê? Porque não sabem medir o poder daqueles que declaram serem seus inimigos_

- Dane-se! Saiam daqui! – Ela andou até os dois e começou a expulsa-los de dentro da cozinha, indo direto para a sala – Se querem o meu filho, TENTEM tirar ele de mim, porque eu garanto que não vai ser fácil – Ela empurrou os dois para fora da casa e deu uma última olhada para aquela mulher – E você? Vai ficar aí de enfeite ou vai fazer alguma coisa? Idiota! – Ela bateu a porta com força e colocou as mãos no rosto começando a soluçar alto. Correu até a parede que ficava de frente para a parede dos retratos e se sentou no chão.

O choro dela se tornou tão profundo que ela se tornou incapaz de se levantar. A dor no seu peito só aumentava e logo ela sentia algumas pontadas na barriga. Ela abraçou a barriga com medo e frio ao mesmo tempo, tentou parar de chorar o máximo que pôde para dizer:

- Não fica com medo... A mamãe está com medo, mas não vai deixar nada acontecer com você – Ela olhou para o primeiro retrato da família e abraçou as pernas para molhar seus joelhos com suas lágrimas – Eles vão tirar tudo de mim... – Ela soluçou alto -... Eu não posso permitir... Não posso deixar, você não... Eu não posso ser capaz de salvar Taemin, mas a você eu tenho a obrigação_

Ela parou de falar para se lembrar de algo que certo caçador havia lhe falado alguns dias antes.

 

“Depois do desabafo de Amber, Chanyeol ficou calado por alguns minutos. Ela estava se abrindo, falando o que sentia com tudo o que estava acontecendo, e ele teve que analisar cada detalhe para saber como falar a sua proposta.

- Esse seu pensamento é a base da nossa caça – Assim que Chanyeol disse aquilo Amber relaxou os ombros – acho que você pode achar meio loucura, mas milhares de pessoas já pensaram como você e todas elas conseguiram realizar os seus desejos sombrios através da caça. Os vampiros têm feito maldades terríveis desde antiguidade e muitos dos caçadores que abraçavam a causa da minha família, já tinham sofrido algum trauma por causa deles. Você está cansada... Acha que pode fazer uma besteira a qualquer momento, e não sabe se isso te fará bem ou mal. Eu te entendo, não sei muito bem como é na prática do seu ponto de vista, mas li muitas situações onde a minha família viveu coisas horríveis, perdas horríveis. Olha só para mim, sou o único da caça porque os vampiros se esconderam tão bem que minha família não precisou mais chamar ninguém para a causa e ela diminuiu bastante. Enfim, você entende o que eu quero dizer?

- Está me chamando para ser caçadora? Caçadora de vampiros?

- Não precisa decidir agora, Amber. Você ainda está muito confusa, as coisas ainda estão recentes na sua mente. Eu mesmo demorei um monte para acreditar nas coisas estranhas que o meu avô Park falava, sempre achei que vampiro era coisa do passado, mitos do passado, até que eu ouvi o que acontecia em Goyang e percebi que tudo o que meu avô estava dizendo, estava voltando a acontecer... Enfim, eu só peço que não demore muito, porque com a velocidade que tudo está acontecendo, é capaz de ser tarde demais quando você decidir.”

Amber olhou para cima, o rosto todo sujo de maquiagem e lágrimas, ela se levantou e andou devagar até o retrato em que estavam: ela, Taemin e Josephine.

- Eu vou nos proteger. Eu prometo.

 

***

 

Já fazia pelo menos duas horas que Luna estava olhando para a Lua na beira do penhasco. As pernas balançavam no ar e os cabelos eram levados pelo vento frio que indicavam a chegada de uma tempestade. Ela abraçou o próprio corpo, apesar do frio não lhe incomodar de verdade. Ela ainda tinha hábitos humanos difíceis de tirar.

Ela sorriu e sentiu um friozinho se aproximar com mais intensidade atrás de si. Ela franziu a testa e olhou para trás.

Luna levantou as sobrancelhas e lançou um olhar de incredulidade para o garoto que estava a sua frente, a primeiro momento ela só pôde pensar que era impossível, ele estar ali, depois apenas deduziu do que se tratava.

O enfermeiro que cuidara de Onew do hospital, aquele que Onew havia salvado no incêndio, era um vampiro.

Xiumin se aproximou da garota e se sentou ao lado dela sem dizer uma palavra. Procurou controlar o frio, que acabava trazendo, o máximo que podia. Mesmo que ela fosse uma loba e que o calor já estivesse dentro dela, ele queria não incomodá-la ao máximo.

- Kim Minseok... – Ela sussurrou e ele ficou sem graça.

- Me chame apenas de Xiumin.

- Ah sim, esse deve ser o seu nome de vampiro – Ela olhou para as águas que quebravam nas rochas e Xiumin a olhou surpreso – Ah, não me diga que achou que chegaria aqui com esse frio todo, no único lugar da ilha onde humanos evitam ir durante a noite e achou que eu não saberia que você é um vampiro? – Luna sorriu – Eu não sou tão lerda.

- Pelo menos me poupou de explicar uma parte da história – Os dois sorriram.

- Quer dizer que o meu namorado entrou dentro do fogo para te salvar, e você poderia ter feito isso sozinho? – Ela ficou séria e Xiumin apertou os lábios.

- Não, ele realmente salvou a minha vida. Eu iria morrer se ele não tivesse me salvado, pelo menos ele cumpriu um objetivo, só não posso dizer que ele salvou uma vida que merecia ser salva – Xiumin cruzou os dedos das mãos – Faz um tempo que venho te observando.

- Eu sinto a sua presença. Não sabia que era você, mas eu sentia alguém sempre de olho em mim, digamos que os meus sentidos ficaram dez vezes mais aprimorados depois que me transformei, mas eu posso saber por que estava me seguindo? Não vai me dizer que se apaixonou! – Ela brincou e ele conseguiu sorrir.

- Não. Desde muito tempo sou contratado para espionar pessoas do interesse pessoal de outras pessoas, mas você foi um motivo especial meu – Ele suspirou e criou coragem para dizer – Quando você estava no hospital, eu me lembrei muito de quando a minha mãe morreu, eu sabia como você estava se sentindo, perdendo aquele alguém que era o seu suporte, a sua outra metade, aquele que completava você. Era como eu me sentia com minha mãe. Eu realmente senti algo com isso, e posso dizer que é raro um Urso ter sentimentos por humanos, e isso me surpreendeu, mas ainda assim fui eu quem matou Onew.

Luna ficou sem reação. Seus olhos se arregalaram e os olhos paralisaram.

- Onew morreria de qualquer jeito,ele estava sofrendo, estava sentindo muita dor e não parava de me pedir para dar um remédio para a dor dele, nem que isso fosse resultar em um sono... Um sono profundo. Eu achei que era o mínimo que eu podia fazer por ele depois de ele ter salvado a minha vida, acabar com o sofrimento dele.

- Foi você quem me consolou quando ele morreu lembra? – Ela não parecia furiosa, mas tinha uma pontada de mágoa no olhar.

- Sim eu lembro, me desculpe. Eu segui você por todos esses dias porque não conseguia esquecer isso... Eu precisava pedir desculpas... Precisa me explicar e sem falar que... Vamos estar de lados opostos na mesma guerra.

Luna suspirou e olhou para as ondas.

- Sim – Ela sorriu sem humor – Eu perdôo você Xiumin – Xiumin levantou o olhar sem acreditar – se eu fosse humana agora, provavelmente tentaria te matar, mas agora eu posso saber mais ou menos como você se sentiu. Sem falar que você já é imortal há anos, nunca teria a parcialidade de um humano em uma decisão como aquela... Eu te entendo... E agradeço por ter pensado em Onew naquele momento. Obrigada.

- Espera... Só isso? Não vai me bater? Pode bater, eu deixo.

Luna sorriu.

- Não é necessário. Quanto a guerra... – Ela cruzou s pernas e ficou séria -... Não pretendo vencer a minha batalha – Xiumin ficou sério.

- Você está louca? Tem que vencer, uma batalha só acaba quando um dos oponentes morre...

- Eu sei – Ela olhou para Xiumin séria e ele percebeu que ela estava decidida, não adiantava falar mais nada. Isso o assustou um pouco, mas ele não conseguiu dizer mais nada. Ela voltou a olhar para lua que já sumia por trás das nuvens grossas de tempestade – O tempo está estranho hoje... Como se algo fosse acontecer.

 

***

 

Kai não conseguia parar de olhar para o chão que recebia as lágrimas de Luhan. Era difícil para ele ouvir, era difícil para ele ver a tamanha dor com que o menor confessava tudo de ruim que havia feito, a voz dele era tão dolorosa que Kai teve vontade de tampar os ouvidos para não ouvi-la. Não queria saber, não queria ter que saber daquilo que realmente havia acontecido, não depois de tantos anos. Nem mesmo conseguia sentir raiva do irmão mais novo, só conseguia sentir pena.

O garoto pequeno e gentil que Sehun tanto admirava, era um assassino de almas.

Os músculos de todo o seu corpo o faziam ter vontade de uivar, de gritar e de quebrar tudo o que visse pela frente, odiava tudo aquilo, toda aquela situação, tudo criado pela aquela vida miseravelmente imortal. A vida de alguém condenado a viver sozinho pela eternidade.

Sulli fazia uma careta de nojo, ainda em seu lugar. Havia virado a cadeira de Taemin, para que ele não visse o espetáculo, para ela, ele não era digno de ouvir. Ele era apenas um humano intrometido, não importava para ela se ele estava morrendo ou não.

Kai segurou os ombros de Luhan e os balançou para que o irmão parasse de falar e olhasse em seus olhos.

- Para de falar... – Ele sussurrou quase sem voz -... Se continuar falando eu não vou aguentar... Isso dói sabia? – Luhan quase fechou os olhos e lágrimas começaram a cair sem que ele percebesse, tampou o rosto com as mãos e começou a soluçar – Você conta essa história... Como se fizesse questão de me fazer te odiar... Eu não consigo mais fazer isso.

- Por quê? – Ele perguntou rouco de tanto falar – Por que não consegue?! – Luhan o empurrou – Era o que você deveria fazer seu idiota! Agora vai doer ainda mais! Como você ousa me perdoar? Você deveria me castigar! – Kai segurou o rosto do mais novo e encostou a testa na dele para que pudesse olhar bem no fundo dos olhos castanhos do menino.

- O que você fez foi horrível, mas olhe para você agora... Acha mesmo que eu preciso castigar você? Todos esses anos com isso corroendo você por dentro... Eu já teria morrido – Kai se afastou e Luhan ficou imóvel, sem palavras.

- Eu ainda acho que ele merecia um castigo seu – Sulli falou olhando para as unhas – Sabia que você ia amarelar, você é um idiota. Sempre perdoando as pessoas. Odeio caras assim... – Ela suspirou – Ah é mesmo... O garoto, já deve estar morto, essa melação de vocês deve ter matado o coitado – Ela sorriu.

- Solte-o agora! Você não vai querer me ver com raiva, de jeito nenhum.

Sulli começou a gargalhar freneticamente.

Não conseguia parar de rir e os dois ficaram desconfortáveis, Luhan mais do que já estava. Ela só parou de sorrir quase um minuto depois quando parou virou a cadeira.

Vazia.

- Vocês estavam tão concentrados aí que nem perceberam quando o Kyungsoo o levou daqui, não foi? – Ela riu – Bobinhos. Eu gosto de diversão. Espero que também gostem do showzinho que preparei, espero vocês na ponte. Onde tudo começou, não é Kai?

Sulli desapareceu deixando apenas uma nuvem de poeira, que desapareceu, segundos depois.

- Filha da puta! – Kai gritou começando a metamorfose de forma humana para lobo. Colocou as patas no chão e empurrou o traseiro nas pernas do mais novo para que ele acordasse, era uma aviso para que ele subissem em suas costas.

Luhan tocou no pelo quente do lobo com as mãos trêmulas, ainda esperava pelo seu castigo, ainda tinha fé que Kai lhe puniria, ele precisava de uma punição, ou jamais conseguiria se perdoar.

 

Kyungsoo corria com Taemin nas costas. Foi fácil tirar Taemin da cadeira sem que eles percebessem, estavam centrados demais na história para perceber, e Taemin era extremamente leve, não conseguia nem falar direito. Para chegar até a ponte não demorou, eles estavam dentro do farol abandonado, que por sorte ficava muito perto dela. Kyungsoo precisou apenas fazer algumas ondas de gelo para se mover mais rápido.

Enquanto se movia, podia escutar o choro do garoto, a mão que faltava dois dedos tremia muito mesmo que estivesse toda enfaixada e ele parecia sentir muita dor e frio.

- Está com frio? – Ele perguntou e o outro não respondeu – Infelizmente disso eu não posso cuidar, não sou um lobo para esquentar você – Kyungsoo colocou Taemin encostado nas barras de proteção da ponte. Aquelas que um dia deveriam ter impedido que o carro da família de Taemin caísse no rio, mas não resistiram. Taemin olhou de soslaio para o vampiro que se fixava a sua frente de braços cruzados.

- Porque ela mandou me trazer até aqui?

- Só ela sabe.

Lagrimas caíram e molharam o sangue seco que sujavam o rosto do garoto.

- Apenas... Beba o resto do meu sangue e me deixe morrer seu infeliz – Ele sussurrava com os olhos quase se fechando.

- Proposta tentadora, mas não posso fazer isso, prometi a Sulli que ajudaria a acabar com você.

Taemin sorriu sem humor, exausto demais para se mover.

- Se eu escapar, juro que dou um jeito de te matar, e não vou ser delicado.

 

***

 

Luhan se segurava nas costas de Kai com dificuldade, o vampiro lobo corria rápido, estava a ponto de fazer uma besteira de desespero, e Luhan não conseguia concentrar suas forças, não conseguia nem mesmo segurar o pelo grosso do mais velho. Estava tão centrado em sua dor que nem percebeu que estava chorando, chorava muito e chorava alto, isso fazia Kai ficar ainda mais nervoso, não gostava de ver o irmão daquela forma de jeito nenhum.

“Todos esses anos com isso corroendo você por dentro... Eu já teria morrido” Luhan abraçou e apertou com força a pelagem cinza do maior.

A dor havia sido terrível, sozinho durante todos aqueles anos, ele só não havia acabado com sua existência por um motivo: Ele achava que não merecia simplesmente morrer depois de todo que aconteceu. Não tinha o direito nem de julgar Sulli pelos seus atos de alguém que não é capaz de sentir nada pelos outros ou por si mesmo.

O choro dele só parou quando eles finalmente avistaram a ponte. O lobo começou a correr mais rápido e assim que ficaram próximos de Sulli, Luhan desceu das costas de Kai e ele voltou ao normal aos poucos. Taemin estava encostado no corrimão da ponte e Kyungsso estava ao lado dele. Seria difícil tirar ele dali antes que congelasse.

- Não vai me ouvir para depois fazermos um acordo sobre a sua bonequinha? – Sulli perguntou, mas Kai não esperou que ela falasse novamente. Saltou para cima dela e a agarrou pelo pescoço.

Kai puxou os cabelos de Sulli e a jogou para fora da ponte. Assim que olhou para trás já estava esperando ela devolver o golpe, Sulli reapareceu bem onde Kai calculou e ele aproveitou para chutar o rosto dela sem ter pena nenhuma. Luhan fez uma careta ao ouvir o estalo que os ossos dela fizeram quando encontraram o chão.

O próximo ataque foi dela, ela agarrou as pernas dele e puxou para que ele caísse deitado. Ela subiu em cima dele e cravou as unhas das veias do pescoço dele. Luhan parou de apenas olhar e agiu, lançou luz o suficiente para segar os olhos de Sulli parcialmente e chutou a cara dela para que ela saísse de cima de Kai. O corpo da serpente saiu rolando pelo asfalto da ponte vazia. Luhan puxou Kai pela camisa e logo ele estava de pé ao seu lado.

Sulli desapareceu e Kai se preparou, mas não foi a ele que ela atacou. Ele escutou um gemido e olhou para o lado vendo Luhan sendo mordido por Sulli pelas costas novamente. O garoto estendeu a mão e projetou um raio de luz aos olhos da serpente, mas ela estava de olhos fechados, já esperando que ele fizesse aquilo. Kai não aguentou de ódio e puxou Sulli com suas garras rasgando a roupa e a pele dela facilmente, quando ela soltou Luhan ele já estava branco e gritava de dor.

- O que você fez?! – Ele gritou começando a socar a cara da mulher até que a mesma deformasse.

- Você sabe que ela não é capaz de sentir dor não é? – Kyungsoo perguntou já agoniado com a situação – Por mais que vocês façam alguma coisa com ela, ela pode até morrer, mas ela não sente – Kai parou com o que estava fazendo arregalando os olhos. Era tudo verdade, ela podia machucar a todos sem piedade, ou sem medo de levar de volta, tudo porque ela era uma serpente e não era capaz de sentir. Os olhos de Kai estavam horrorizados, ao ver que mesmo com o rosto deformado, ela ainda conseguia sorrir sem soltar nenhum gemido de dor.

- Idiota... – Ela sussurrou rindo -... Agora percebeu? Eu posso ser cruel com você, mas você não consegue ser cruel comigo... Existe tortura melhor do que essa? – Kai escutava os gemidos altos de Luhan, se alguém não fizesse nada ele morreria.

- Eu vou matar você! – Kai começou a arrancar a pele de Sulli com suas garras de lobo, camada por camada, tão vidrado no que estava fazendo que nem percebia o quanto Taemin estava horrorizado.

- KAI! – Ele escutou o grito do rapaz e finalmente parou, Kai olhou para ele com os olhos azuis de raiva. O menino estava exausto, estava pálido e quase não conseguia falar, olhava para ele com lágrimas nos olhos, com decepção no olhar – SEU IRMÃO ESTÁ MORRENDO! LARGA ESSA PORCARIA E VAI SALVAR O SEU IRMÃO!

Kai finalmente se tocou. Era isso que ela queria, queria que ele se distraísse, queria que a raiva do lobo tomasse de conta dele para que nada impedisse que Luhan morresse. Ele teve ainda mais raiva, mas a voz de Taemin, o fez voltar a sanidade. Ele soltou Sulli e cambaleou até Luhan que não parava de gemer, a pele já estava se deteriorando e o rosto dele já era quase irreconhecível.

- Solte-o – Kai olhou para cima e viu Sehun com aquele rosto sem expressão – Eu cuido dele, salve Taemin.

- Nem pensar, você não vai estragar a minha brincadeira! Kyungsoo! – Sulli gritou e o Urso apontou uma arma para Kai – Se você se aproximar desse coelho fedido eu juro que mando atirar no Kai. Nessa arma existe duas balas de prata, balas de prata que podem matar humanos e vampiros. Por isso, não faça nenhuma besteira – Sehun revirou os olhos suspirando.

- Atire – Assim que Sehun falou aquilo e começou a andar até Luhan, todos ficaram tensos, até mesmo Kyungsoo.

- Pare! Pare de andar! Agora! – Mas Sehun não parou e com raiva Sulli deu o sinal para que Kyungsoo atirasse – Não nele, nele! – Ela apontou para Taemin que conseguira por um milagre ficar de pé.

Kyungsoo revirou os olhos e apontou a arma para Taemin.

O garoto não disse mais nada, apenas abriu os braços e esperou que a bala atravessasse o seu peito, era isso que ele queria mesmo, entrar na frente de Jong In talvez não funcionasse mesmo.

- Taemin! – Kai gritou.

Sehun parou de andar entrando em um dilema. O mais velho cerrou os punhos pensando em mil coisas ao mesmo tempo. Várias partes de seu plano teriam que ser mudadas se aquele garoto morresse...

“Que poder inútil em uma batalha” Sehun falou estralando os ossos do pescoço “Vou morrer nessa guerra sem dúvida alguma... Tão cansado...” Ele sussurrava dentro de sua mente.

- Não precisa atirar, já parei de andar, não está vendo? – Sehun disse olhando para Sulli que ainda mantinha uma expressão de ódio.

 

***

 

Sehun não estava brincando quando disse que JongHyun estava cansado, porque ele estava exausto. A concentração que teve que ter para ir e voltar de tão longe foi enorme e isso havia deixado ele esgotado, assim que entrou no caixão, nem precisou ver a luz do sol chegando para querer dormir. Apenas fechou a porta do caixão e adormeceu quase de imediato.

O problema foi que ao invés de relaxar, o que aconteceu foi que pesadelos estranhos começaram a lhe perturbar, pesadelos com sangue, guerra e gente morta. Pesadelos que sempre tinham ele no meio, e ele não fazia nada para impedir, parecia estar, ajudando? Ajudando a acabar com tudo? O que ele estava fazendo?

Era tudo muito sangrento, muito pesado e ele não gostava nem um pouco de estar ali, mas o eu do sonho dele adorava, e queria mais sangue, queria mais guerra, queria destruir tudo.

- Gostou do que viu? – Tudo seu redor desapareceu e ele reapareceu em um lugar infinitamente branco. Ele não estava sozinho, havia um ser idêntico a ele em pé a sua frente. Ele era da mesma altura, usava as mesmas roupas, e tinha o mesmo rosto, mas o sorriso era maligno e os olhos eram cinzas, cheios de maldade.

- Não – Ele respondeu sem ter nenhuma dúvida.

- É uma pena porque eu adorei – Ele bateu palmas como se fosse um belo espetáculo clássico – E gosto ainda mais de ver como você reagiu a todas aquelas imagens, todos vocês são do mesmo jeito, sempre hesitando, mas acabam cedendo. É irresistível ser uma serpente.

- Irresistível é resistir – JongHyun revirou os olhos – Pode ir saindo do meu sonho, não quero nada com você.

- Ah pare de besteiras, eu sei que no fundo você ama tudo o que eu te mostrei, não estaria aqui te perturbando se não fosse verdade. Você é perfeito, e juntos poderíamos dar um fim a essa família idiota e criar o nosso próprio reinado, os Ursos não são nada contra nós serpentes, e muitos deles sabem disso.

- Não adianta tentar me manipular, se tem uma coisa que eu sei é que serpentes são sorrateiras, e que mentem. Você está mentindo, não tem vergonha de fazer isso, mas eu não caio porque eu sei que tudo o que você me fala não é verdade.

- Eu? Olhe para você, você é apenas um assassino que não se importa nem com as pessoas que ama, ser egoísta é uma qualidade de serpente, e você é uma.

- Não eu não sou nada disso que você está falando! E nem vou ser!

- Não é? – Ele fez uma careta e depois riu com escárnio – Pois eu diria que é sim, sua sede de vingança e determinação de realizá-la são coisas que só existem em uma verdadeira serpente. Você deveria usar tudo isso ao seu favor, usar esse seu ódio... Para fazer coisas grandiosas. Coisas que só pode fazer se estivermos juntos.

- Saia daqui! – Ele gritou e se teletransportou para até atrás do espectro onde fez questão de morder o pescoço dele até arrancar a pele.

 

JongHyun abriu os olhos assustado. Ainda estava escuro, mas ele não estava mais dentro de seu caixão. Estava dentro de um quarto... Um quarto extremamente familiar. Ele se sentou e sentiu uma dor de cabeça estranha. Ficou tonto por um tempo até que finalmente se lembrou onde achava que estava. Era o quarto de Kibum. Ainda era noite e Kibum estava na penteadeira escovando os cabelos negros sedosos. Como sempre fazia antes dele chegar.

O mais velho olhou para JongHyun e sorriu.

- Key? – Ele perguntou se sentindo estranho, olhou ao redor pensando se era alguma coisa da serpente de novo – Estou sonhando, não estou? Não tem como eu estar aqui, você já teria dado um chute em mim, e eu já teria voltado para o meu caixão quase morto... O que estou fazendo aqui?

- Você está atrasado – Kibum disse fazendo um laço no roupão e se levantando da cadeira. Ele também parecia cansado, mas estava sorridente, se aproximou e se sentou nas pernas de JongHyun – Eu cheguei a achar que não viria.

- Você não me respondeu... – JongHyun ainda tentava pensar racionalmente, mas os lábios de Kibum estavam convidativos, estavam próximos como ele desejou durante quase um mês depois de sua morte -... Eu... – Ele fechou os olhos e deslizou os dedos pelo braço do mais velho -... É você mesmo?

- Você está me tocando ou não? – Kibum perguntou colocando um joelho em cada lado de JongHyun e se sentando nas pernas dele de novo – Não está com saudades? Vai ficar com só olhando como se eu fosse uma serpente venenosa? Vai ficar ai pensando nos seus pesadelos ou vai aproveitar que estou aqui hoje para se lembrar de quem é que te ama de verdade?

JongHyun não precisou de mais nenhuma palavra, desistiu de racionar, não importava para ele se era ou não Kibum ali na sua frente, apenas escolheu aproveitar que ele estava ali e que estava lhe confortando depois de um pesadelo, como sempre fazia quando ele ainda era humano.

Kibum beijou os lábios de JongHyun sendo delicado, apenas para deixar um gostinho de quero mais, depois retirou o roupão e começou a desabotoar a camisa social do menor.

- Eu estava com saudades – JongHyun disse encarando os olhos do mais velho – Eu só não vinha atrás de você porque eu tinha prometido a mim mesmo não desobedecer nenhum pedido seu, nunca mais.

- Sério? – Ele sorriu – Então acho que algo vai entrar na sua lista hoje. Quero que me prometa que não vai ligar nem um pouco para as coisas que os seus pesadelos dizem, prometerá que não cairá na tentação nem por um segundo, que jamais se esquecerá de quem você é, jamais se entregará a serpente. Porque ela quer o seu mal, e eu quero o seu bem.

- Claro que sim. Está duvidando da minha personalidade? – JongHyun sorriu – Ninguém jamais... – JongHyun se deitou na cama e aproximou o rosto de Kibum do seu para beijá-lo – Jamais tomará posse do meu corpo, a não ser que seja você. 

 

***

 

- Me parece que Taemin é mais importante para você do que seu próprio filho, deve ter algum interesse nisso tudo – Sehun lançou um olhar indiferente para a serpente – certo então, só pra não deixar o D.O. sem diversão, pode atirar no Kai.

Era uma bala de prata. A arma foi apontada para Kai tão rápido que nem Sehun teve tempo de reagir, mas Taemin sabia, sabia que se aquilo atravessasse o peito de Kai, era o fim dele.

Por isso ele entrou na frente dele antes de ouvir o tiro.

Taemin sentiu um impacto no seu ombro direito, um impacto forte que o fez cambalear para o lado até que seu corpo não conseguiu se equilibrar e tombou para fora da ponte. Kai arregalou os olhos e teve o reflexo rápido de segurar a mão esquerda de Taemin – a que não estava machucada.

Taemin olhou para baixo quase não conseguindo respirar de tanta dor e medo. Sentia uma mão firme segurar a sua, mas ainda assim sentia que iria morrer só pelo impacto com a água, aquela ponte estava a pelo menos trinta metros da água e a água deveria estar tão congelante quanto o vento.

Ele engoliu em seco e olhou para cima.

- Não se preocupe... – Kai sussurrou tentando sorrir -... Eu estou segurando você.

Taemin quase conseguiu sorrir, mas quando viu o rosto daquela mulher sorrindo, ele percebeu que ainda não tinha acabado. Ela faria alguma coisa, e ele teve certeza quando Sehun tentou impedi-la e ela se teletranportou agilmente para o lado esquerdo de Kai, onde usou uma adaga de prata para fazer o que queria.

Sulli furou a carne do ombro esquerdo de Kai com a adaga e este gritou dolorosamente, um grito que quase soou como um uivo de raiva. Sangue começou a escorrer pelo braço de Kai, até chegar ao braço de Taemin e pingar no rosto dele, próximo da boca.

- Taemin! Taemin! Pelo amor do que você acha sagrado... Não beba! Não beba! – Ele gritou desesperado, sentia que o braço ia se partir e levaria Taemin junto.

- Solte-o Kai, ou eu vou te obrigar a soltar – Ela disse olhando para Luhan que não conseguia se mover, ele estava agonizando exatamente como antes e Sehun decidiu ajudá-lo primeiro. Ela sorriu – Vamos, não me faça te obrigar.

- Me solta, Kai – Taemin implorou sentindo o braço já dormente de segurar o seu peso. Kai fez que não com a cabeça rigidamente – Você já sofreu muito hoje ao saber da história do seu irmão e da Jinri... Não vai querer carregar um peso morto. Porque é isso que eu sou... – Taemin fechou os olhos tentando controlar toda a dor que latejava por todo o seu corpo, ele mal conseguia pensar, falar era um sacrifício, olhar para Kai, era apenas algo que ele queria fazer enquanto podia -... Solta... – Ele pediu com a voz embargada – diz pra Amber que eu fui fraco demais, ela vai entender, eu sempre perdi dela quando éramos crianças_

- Para de falar essas coisas! – Kai falou com raiva – Eu não vou te soltar – Ele queria muito apenas puxar o braço de Taemin e o levar para cima da ponte, mas sabia que qualquer movimento brusco, o seu braço e o de Taemin corriam risco de quebrar.

Sulli revirou os olhos e aproximou as presas do pescoço de Kai. Taemin arregalou os olhos e começou a tentar fazer algo quase impossível. Fazer Kai lhe soltar.

- Vá com ele – Kai escutou uma voz estranha falar na sua cabeça, era uma voz masculina... Era a voz de Luhan – Sehun já está cuidando de mim, pule com ele.

Com dificuldade, Taemin levantou o outro braço e começou a bater na mão de Kai com sua mão que estava sem dois dedos. Os socos eram fracos, mas o sangue fazia a mão de Kai escorregar. Sangue ameaçava cair perto da boca de Taemin e ele cuspia, chorava porque doía cada movimento, e o desespero estava tomando conta de tudo.

A mão de Taemin finalmente escorregou. E o corpo pequeno do garoto começou a cair para baixo.

- NÃO! – Kai empurrou Sulli e pulou da ponte em um mergulho que o fez cair mais rápido que o mais novo, Kai agarrou o corpo do menino e procurou se virar no ar para que o mais novo não sentisse o impacto da água.

Não adiantou muita coisa. A água estava tão gelada que assim que entrou em contato com a pele do garoto, foi com se milhares de facas estivessem entrando dentro de seu corpo ao mesmo tempo, as feridas pareciam queimar, e logo ele começava a ter dificuldades para sentir várias partes do corpo.

 

Lá em cima Sulli percebeu que se não saísse dali Sehun a mataria apenas com o olhar, por isso agarrou Kyungsoo e se teletransportou para a sede.

Sehun já sabia o que fazer, aliás, ele não precisava fazer nada. Os dias dela já estavam contados. Sehun se virou e correu para o seu filho mais novo novamente, que agonizava já muito perto de morrer, quase não havia carne na pele que já secava com o ácido do veneno. Sehun agiu rápido, mordeu bem no lugar que Sulli havia machucado o garoto e começou a sugar o veneno com dificuldade. Ela havia colocando muito, e ele cuidou em ir curando o menor ao mesmo tempo que sugava. E depois de quase dois minutos ele já estava voltando ao normal.

O garoto colocou a mão pequena no pescoço do mais velho tentando afastá-lo de si, até mesmo soltava alguns feixes de luz para tentar incomodá-lo, mas não adiantava, ele estava decidido no que fazia.

- Desse jeito eu nunca vou conseguir te perdoar – Ele sussurrou com a voz rouca – você fez isso de novo.

- Ainda não está na hora, Luhan. Não é hora de você morrer – Disse já afastando a cabeça do pescoço do menino – Quando realmente chegar à hora, você morrerá.

- Se você quisesse ser perdoado, já teria acabado com meu sofrimento.

- Você sabe que isso depende mais de você do que de mim – Sehun se levantou com Luhan as costas e caminhou até a beira da ponte para olhar no lugar onde Kai e Taemin haviam caído.

- Ele vai ficar bem?

- Taemin já está morto, Luhan – Sehun suspirou e começou a andar para fora dali.

 

***

 

Quando Kai saiu da água, até ele sentia frio. Quando colocou o corpo imóvel de Taemin no chão procurou esquentar o próprio corpo a uma temperatura que o deixava entre o vampiro e o lobo, era o suficiente para aquecer pelo menos um pouco Taemin, por isso ele se sentou e agarrou o corpo do menino em um abraço desesperado, queria concertar as coisas, mas só de olhar para ele já sentia vontade de morrer.

Nem que ele quisesse, Taemin ficaria vivo.

Apertou ainda mais o corpo do rapaz no abraço e logo percebeu que ele havia aberto os olhos. Estava sonolento, mas estava acordado, estava vivo.

Taemin não sabia se estava com as pernas quebradas ou não, não conseguia movê-las ou senti-las. Era a segunda vez que quase morria por causa daquela ponte, e parecia que ela venceria daquela vez, ele sentia tudo dentro do seu corpo começar a parar de funcionar, e não era só a dor que fazia isso, era a falta de sangue que estava lhe matando.

A neve conseguia entorpecer a dor. Era quase como se ela fosse um tipo de anestesia, o corpo de Taemin era feito de dor, mas ele já não via mais motivos para reclamar, seu corpo já estava quase todo dormente, o frio matava silenciosamente como uma mãe que tem medo que o filho sinta dor na hora final.

Taemin não sentia medo, apenas ansiedade, por não saber o que lhe esperava depois da morte.

- Taemin... – Kai sussurrou com a voz embargada -... Acabou, ela não vai vir atrás de nós – Taemin olhou para cima, onde os olhos de Kai lhe deixou aflito, o moreno estava com culpa no olhar, aquela culpa que ele não queria que ninguém sentisse.

- Eu acho que você tem que achar a cura para a inveja, porque ela está encarnada na sua família como nunca esteve - Kai conseguiu sorrir sem humor – Estou falando sério, eu ouvi tudo, a inveja está presente em quase todos vocês, o único que eu não vi esse sentimento foi o Sehun e olha que foi você mesmo que disse que ele era o malvado da história, para mim ele não é nada ruim.

- Você não conviveu com ele para saber, Taemin – Kai abraçou Taemin com um pouco mais de firmeza e Taemin já sentia os lábios começarem a grudar. Precisava continuar falando ou congelaria antes da hora.

- Foi aqui que nos encontramos na primeira vez, lembra? – Taemin fez Kai olhar ao redor e perceber que era verdade, estavam na beira do rio, exatamente no lugar cheio de pedrinhas que Kai abandonou Taemin e Josephine depois do acidente – Eu posso estar todo enfaixado, mas ainda estou vivo... – Ele respirou fundo -... Eu gostaria de dizer pra você que vou morrer por causa daquela vadia invejosa, mas... A verdade é que vou morrer de frio e falta de sangue.

- Como não é culpa dela... É claro que é culpa dela... – Kai fechou os olhos e respirou fundo percebendo que não dava para colocar culpa apenas nela – O que estou dizendo culpa é toda minha – Kai chorou com as mãos no rosto e Taemin fez um esforço para colocar a mão esquerda na bochecha do mais velho.

- A culpa não é só sua... Eu conhecia o perigo quando me envolvi com você. Sabia que era algo que poderia se romper a qualquer momento – Taemin sorriu – Eu só não imaginei que seria torturado até a morte, mas fazer o quê? A gente colhe o que planta.

- Como você consegue ser sarcástico em um momento como esse? – Ele falava incrédulo, sentindo a dor da perda começar a apertar seu coração.

- Eu prefiro ser sarcástico a começar a chorar de dor – Taemin voltou a olhar para o céu, onde nenhuma estrela estava ali para que ele pudesse ver e fazer um último pedido, todas estava escondidas pela nuvem de tempestade – Eu quero que beba o resto do meu sangue – Assim que as palavras foram ditas Kai sentiu as mãos começarem a tremer.

- Do que você está falando? Eu não vou fazer isso! De jeito nenhum.

- Você sabe a dor de morrer por falta de sangue? Não sabe! Então pare de reclamar e realize esse último pedido meu, por favor. Eu juro que não comi alho hoje – Se era para ser uma piada, não funcionou, porque tudo o que Kai conseguia fazer era olhar incrédulo para Taemin – Apenas acabe logo com isso... Por favor – Ele sussurrou já exausto de falar.

Kai abraçou o corpo de Taemin e chorou no colo dele. Taemin não sentia quase nada do seu corpo, mas podia sentir as lágrimas do maior caírem sobre a sua blusa, queria conseguir mexer os braços ou as pernas para confortá-lo, talvez até dando tapinhas leves no ombro dele, mas não queria esperar muito mais.

- Vamos... – Taemin suspirou e Kai assentiu, encostou o corpo do menor no chão e olhou nos olhos dele pela última vez -... Estou com frio, você não está? – Ele sorriu e abraçou Kai para que ele se aproximasse, sentindo que seus ossos iam quebrar como gelo se, se movesse de novo.

Kai abriu a boca e passou alguns segundos para tomar a decisão. Não conseguia... Não sabia se era pior deixar Taemin com dor ou realizar o pedido dele. A decisão só veio quando Taemin apertou a sua blusa para que ele fizesse aquilo logo.

Kai mordeu o pescoço de Taemin bem perto de onde o chicote de Sulli havia cortado. Taemin gemeu baixinho e apertou um pouco mais a camisa de Kai, sentindo apenas mais uma dor dentro de tantas.

- Eu te amo – Ele sussurrou sentindo que sua vista já estava ficando escura. Antes que ficasse completamente cego, viu flocos de neve começarem a cair lentamente do céu, franziu a testa vendo eles dançarem como se uma música lenta tocasse, sentiu os primeiros flocos caírem em sua pele e ele sentiu aquela pequenas bolotinhas cobrirem o seu rosto. Taemin sentiu o pulmão parar de funcionar, arranhou as costas de Kai querendo puxar oxigênio, sentindo um desespero enorme lhe tomar, mas não adiantou. Suas forças se esgotaram e sua visão começou a se encher de pontos negros.

“Porque a neve é tão cruel e mata as flores?”

 

***

 

Quando Taemin parou de respirar, Kai se afastou e se deitou no chão por alguns minutos. A neve começou a cair violentamente depois disso, mas ele não se incomodou, porque não havia mais nada o que fazer. Ele não tinha mais quem proteger, mais uma vez, uma história de amor trágica.

“Em todos os meus anos de vampiro, nunca vi uma história de amor que deu certo. Nunca. Nem mesmo a minha” Ele se lembrou do que havia dito ao repórter de algumas décadas antes. Era a verdade, uma verdade que se encaixava mais uma vez em sua vida.

Kai olhou para Taemin novamente. Ele estava de olhos fechados, os lábios que costumavam ser rosados estavam quase brancos e a pele estava pálida e suja pelo seu sangue quase negro. O gosto daquele sangue era único, mas quando bebeu para tirar a vida de Taemin, sentiu o gosto amargar, quase desistiu de tomá-lo, mas não queria que Taemin continuasse sentindo dor.

Kai se levantou depois de perceber que se não saísse dali, Taemin acabaria enterrado pela neve. Colocou o corpo do garoto nos braços e começou a sua longa caminhada. Eles estavam na entrada da ilha e o cemitério era logo no final dela, ele poderia até ir mais rápido, mas precisava de um tempo para pensar.

- Eu prometi a mim mesmo que nunca mais faria isso, Taemin... – Kai sussurrou -... Mas aqui estou eu no mesmo dilema, de novo – Ele percebeu que a cidade seria mesmo esvaziada, durante a caminhada, quase não sentiu presença humana, os médicos já haviam iniciado a trabalho e logo a ilha estaria pronta para receber a batalha – Deveria ter de convencido a ir embora mais cedo.

Quando chegou ao cemitério, só demorou mais chegar à casa de Kibum porque os ventos estavam fortes e a neve acumulada no chão, não ajudava em nada a situação. Assim que ficou na frente da casa, bateu na porta e não demorou quase nada para Kibum atender.

- Kai? O que está_ - Os olhos dele foram diretos para o corpo inerte de Taemin. Os olhos do homem se arregalaram e ele não teve o que dizer ou o que perguntar – O que aconteceu...?

- Isso não importa agora – Ele sussurrou com a voz quase inaudível – Eu só quero que consiga uma vaga para ele aqui. Não quero que Sehun o transforme em vampiro, isso vai estragar tudo. Quero que ele descanse, não que fique dependendo de uma guerra para ficar bem.

- Eu vou cavar o buraco, enquanto isso você vai deixar o Taemin aqui e vai chamar a Amber – Kai olhou para Kibum com os olhos assustados – Kai, não vai adiantar nada você tentar esconder, ela é esperta, vai acabar descobrindo e vai querer decepar a sua cabeça se descobrir que você não chamou ela para o enterro do primo dela.

- Não é isso... É que... Eu não sei se ela aguenta a notícia – Kibum pensou melhor, era verdade – Tenho medo de você ter que enterrar duas pessoas hoje.

 

Bater na porta da casa de Taemin depois do que aconteceu não foi nada fácil. Passou alguns segundos com a mão no ar criando coragem e tentando pensar na melhor forma de dar a noticia... O pior é que não tinha melhor forma de dar a notícia.

Antes que ele batesse na porta Amber abriu. Ela apareceu com o rosto abatido, estava toda embrulhada em um casaco maior que ela e os olhos estavam inchados de chorar. Ele engoliu em seco e tentou colocar as palavras na boca.

- Onde está Kang-woo? – Ela perguntou com a voz rouca e ele ficou tenso, sentia a presença de Luhan, mas não podia dizer onde ele estava.

- Ele está_

- Estou aqui – Kang-woo apareceu atrás de Amber e ela se surpreendeu, abraçou o menino como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo – Está me apertando – Ele sorriu.

- Você está bem? Onde esteve? Fiquei preocupada sabia? Você estava com o Jong In? – Kang-woo fez que não com a cabeça – Ué... E onde você estava?

- Tive que procurar uma coisa que perdi no caminho da escola, quando percebi que ia ter tempestade voltei logo – Amber assentiu se sentindo mais aliviada e logo voltou a olhar para Kai.

- E o Taemin? – Ela se levantou e andou até ficar frente a frente com o vampiro – Onde ele está? Você o encontrou?

- Ele está morto.

O silêncio foi inevitável. Amber ficou paralisada por vários segundos os olhos lacrimejando e ela nem mesmo conseguia reagir. Ela olhou para baixo, olhou para as próprias mãos que não paravam de tremer e depois para Kai, com um olhar que ele só podia ler como sendo um pedido. Ela pedia com o olhar para que ele dissesse que era mentira.

- Kibum está com ele agora e... Vamos enterrá-lo por isso vim aqui_ - Amber caiu de joelhos no chão e Luhan logo cuidou em tentar consolá-la.

- Amber... Eu...

Ela gemeu de dor. Afastou o menino para que ele não se machucasse quase ela tivesse um ataque. Sentia uma dor terrível no peito e outra no ventre.

- Amber? – Kai se ajoelhou para ver com ela estava, mas ela o afastou.

- SAI! – Ela gritou já chorando – Sai... – A dor fazia ela se contorcer, ela chorou sem saber se acreditava ou não no que ele dizia, não queria acreditar, de jeito nenhum – Sai... – Ela fechou os olhos e soluçou – A culpa é sua! É sua! É minha também...! Taemin! Taemin! Como você pôde! – Ela se levantou com dificuldade e andou até o retrato da parede que estava ela e Taemin tentando sorrir depois da morte de Josephine – Como você pode me deixar sozinha! – Kai agarrou Amber e a abraçou a força, mesmo que ela não quisesse, ele tinha que fazer aquilo. Não podia deixar que ela ficasse daquele jeito, ele mesmo já tinha passado por aquela situação – Como ele pôde fazer isso comigo? Eu não posso suportar... Não essa dor... Não... Ai meu deus... – Ela escondeu o rosto no peito de Jong In e chorou agora com mais vontade. Luhan olhou nos olhos de Kai.

“Ele morreu mesmo?” Perguntou em sua mente e Kai assentiu.

 

***

 

Quando Amber chegou ao cemitério com Jong In e Kang-woo, o buraco já estava feito. Kibum tinha quase congelado enquanto tentava abrir o buraco, mas precisava fazer aquilo era pelo bem do pequeno Taemin. Achou mesmo que a noite estava com ares estranhos, e com a tempestade, era óbvio que um humano urso com talento incrível havia morrido, mas não era só isso.

JongHyun apareceu na sua cama mais cedo, o fato do mais novo ter achado que tudo não passava de um sonho, ajudou Kibum a disfarçar, ele estava mesmo pensando em ir até ele, para orientá-lo, os primeiros meses depois da transformação de uma serpente eram cruciais, Kai mesmo havia avisado sobre isso, mas não tinha coragem, não tinha motivos para ir até ele, porque havia sido ele mesmo a expulsar o mais novo da sua vida.

Por sorte o garoto havia desaparecido depois de adormecer de repente, da mesma forma que chegou, e foi quando ele escutou a porta bater.

Quando viu Amber vindo com Kai percebeu que por sorte ela não estava morta, mas estava muito abatida e chorava muito, ele engoliu em seco pensando no quanto ela vinha sofrendo, e tinha medo que Minho rompesse com Luhan e acabasse indo até ela para consolá-la. “Deus proteja a sua criança” Ele pensou. “Uma dor da perda atrás da outra, você é uma guerreira”

Quando Taemin foi colocado dentro do caixão Amber virou o rosto e o escondeu usando o peito de Kai, não conseguia vê-lo daquela forma, não tão machucado, o que haviam feito com ele para deixá-lo daquele jeito?

- Quem fez isso...? – Ela perguntou com lágrimas escorrendo.

- Uma vampira que eu terei o prazer de matar – Kai sussurrou e ela engoliu em seco.

- E qual é o nome dela?

- Porque você quer saber?

- Qual é o nome dela? – Ela insistiu com os olhos tremendo.

- Sulli.

“Eu vou matá-la” Amber decidiu antes de dar uma última olhada no rosto pálido do primo. Kibum fechou o caixão e pediu ajuda para abaixá-lo. Kai o ajudou, não demorou muito e já estavam fechando a cova com terra e neve misturadas. Amber entrelaçou os dedos e os apertou “Ela vai pagar caro... Se ela está pensando que não vai pagar por isso... Está muito enganada” O ódio começava a crescer dentro do coração estilhaçado da mulher. Ela olhou para Kang-woo e balançou o cabelo do menino. Tentando convencer a si mesmo que conseguiria vingar a dor que seu primo havia sentido.

Foi quando eles avistaram Sehun.

Ele vinha andando com as mãos dentro do bolso do casaco, com a maior calma do mundo, como se ele fosse perfeitamente bem-vindo naquele funeral. A neve que caia nos seus cabelos logo escorregava e assim que ele parou de andar todos eles criaram uma cerca humana ao redor da cova de Taemin.

- Se você estiver pensando que irá transformá-lo, está enganado. Eu não vou deixar que faça isso com ele, de jeito nenhum – Kai falou com o ódio fixo em sua voz, Amber estava preparada para falar também, mas não precisou fazer isso.

Sehun continuou com o rosto inexpressível. Ele parecia não se importar com o impedimento daqueles humanos, apenas se curvou em reverencia ao falecido e saiu da frente da pessoa que realmente queria participar do funeral.

Josephine.

Ela estava de cabeça baixa, Amber não podia acreditar que era a sua menina que estava ali. Ela estava tão linda, tão triste, não teve coragem de se aproximar, apenas observou enquanto ela andava devagar até o lugar onde Taemin havia sido enterrado. Kai e Kibum saíram do meio e Josephine passou. Ela se ajoelhou e tocou na terra sendo coberta pela neve.

- Tio Tae... – Foi a única coisa que ela disse antes de começar a chorar e uma terrível tempestade líquida começar a molhar o cemitério, relâmpagos e trovões começaram a perturbar os céus e foi quando Amber não resistiu e correu para abraçar a sua Josephine – Amber... O Tio Tae... – Ela abraçou a mais velha com força sem conseguir se controlar – Que dor terrível é essa? Como vocês conseguiram suportá-la... – Ela gritava com os olhos fechados.

- Somos humanos querida... Nós nunca sabemos o que somos capazes de suportar. 

 


Notas Finais


Capitulo dificil não é meus amores? Espero que ainda confiem em mim, ainda tem muita coisa pra acontecer, muitos segredos a serem revelados, não posso falar muita coisa se não vou acabar dando spoiler.

Flores se vocês gostam do meu trabalho, eu gostaria de avisar que tem uma fic nova no forno. Esta vai ser publicada logo após o fim de ácidos e bases, eu criei um tumblr para postar as imagens teasers e começar a preparar os leitores com mapas do mundo alternativo e etc. Aqui está um tumblr se alguém quiser acompanhar:
http://blackwhitefanfiction.tumblr.com/
Uma nova história de opostos, dessa vez: Preto e Branco muaahahahaha vamos ver do que se trata, não é?

Beijos, amo vocês.


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