História Black Morphine - Dazzle

Não pelo dinheiro, apenas buscando pela emoção

Vivendo o momento, pagando pela morte

Grade dourada de tristeza

Cheira como a juventude despedaçada

Sempre acaba assim

Pela primeira vez Yoongi estava notoriamente vislumbrando a noite de Seul. Sempre fora perspicaz, mas de fato não havia prestado tanta atenção em como as luzes cintilavam de maneira ligeira e única na cidade, unificando-se em borrões iluminados à medida que o carro se distanciava delas.

Gostaria de poder ficar mais, de aproveitar o que podia ter naquele momento: uma boa miragem diante de seus olhos cansados e pesadamente sonolentos.

Seul era enobrecida de paisagens bonitas, de lugares confortáveis, de ambientes apaziguantes. Mas Yoongi não usufruía tanto quanto gostaria. Não tinha alguém para levar a tantos lugares bonitos, nem para conversar sobre como a cidade era verdadeiramente rica em cenas quase desenhadas.

Mas não se importava em deslumbrar a vista da janela de seu quarto. Podia perfeitamente sentir-se confortável vendo a Lua acobertar o céu e calmamente colocar a cidade grande para dormir.

Porém no fundo, sentia a ausência do calor de ter um amigo de verdade. Não tinha dentro da grande casa a presença familiar, não tinha um ambiente saudável em seu lar mesmo rico.

Então se perguntou o motivo o qual em completo um ano, ainda não havia o conhecido.

Se perguntou por que após um ano feito em que sua família havia se aliado aos Park para a criação da empresa, ainda não havia pensado em conhecer o filho do casal vindo de Busan.

Queria ter antecedentemente se aproximado de Park Jimin. Pensou ser talvez uma ideia benéfica à sua ausência de amizades.

Talvez.

**

Já fazia exatos quarenta minutos que os presentes esperavam pelo faltante e atrasado filho do casal Park. Yoongi batucava silenciosamente os dedos na beirada da mesa comprida de vidro raso. O silêncio fora mantido após uma ultima breve conversa patriarcal entre Sr. Min e Sr. Park, que discutiam a repercussão bem sucedida da mais nova Loja de Departamento da cidade. As mulheres de ambas as famílias mantinham-se caladas, apenas tendo cumprimentado uma a outra na chegada.  Sra. Min preocupava-se em não estar tão deslumbrante quanto à renomada arquiteta a sua frente.

Min Yoongi pelo contrário, afundava a si mesmo em seus pensamentos. Questionava como deveria se aproximar do filho do casal aliado a seus pais. Deveria agir naturalmente, sendo o de sempre? Talvez tivesse de ser mais refinado, afinal vindo de uma família tão reconhecida, o garoto deveria ser muito bem educado e consistente em suas palavras.

Talvez nem mesmo devesse se aproximar.

- Devo subir e chamá-lo? – Sra. Park já se oferecia, se não fosse à chegada do tão esperado.

- Boa noite.  – o garoto jovial, de pele pouco bronzeada e altura semelhante à de Yoongi, sentou-se ao lado da mãe, posicionando-se diretamente a frente do loiro que se intrigava com a aparência do denominado mais novo.

Então era ele.

O então Park Jimin era mesmo exageradamente bonito aos olhos de Yoongi, que, envergonhado, não queria assumir para si mesmo estar tão encantado com o semblante do desconhecido.

De fato vergonhoso. Pecado.

Jimin também se viu pregado no rosto branquinho e aparentemente inocente do outro. Os olhos eram felinos e escuros, fendas desenhadas alinhadamente na face do mais velho. A boca fininha quase sem tom algum de rosa presente.

Aos olhos do moreno, Min Yoongi era impecável.

- Park Jimin, é um prazer.

- Yoongi. Min Yoongi. – o moreno sorria incansavelmente, transparecendo confiança ao ouvir o nome do outro.

- Eu sei. – Yoongi se perguntara como.

Sua mente estava bagunçada. Não tão cedo pararia de afogar-se num mar de dúvidas.

**

Você tem diamantes em seus olhos esta noite

Atirando fogo, tentando fazer direito

Você está ficando maior do que as luzes do teto

Sempre acaba assim

O jantar corria tipicamente tedioso, se não fosse os indiscretos olhares de Jimin no garoto quieto a sua frente. Sentia-se intrigado, achava a timidez do outro um fato curioso, bonito de se ver.

Ele de fato era plausível.

- Pois então, Min Yoongi. – o pai de Jimin, dono de cabelos pouco grisalhos penteados num corte totalmente moderno, vestido em um smoking cinza fumê, chamou pelo filho da família oposta.  Yoongi tirou os olhos concentrados em seu prato de Japchae e levou-os de encontro ao Park. – O que você pretende fazer agora que terminou a escola?

- Eu não sei. – Yoongi pressionava-se em seu interior. Sentia-se um fracasso por ainda não conseguir determinar seu futuro que já lhe batia na porta. Tivera anos de adolescência para sonhar com algo sentimentalmente único para si, mas não conquistara isso.

- Normalmente a sociedade coreana não vê isso como uma boa coisa... – Yoongi havia percebido o olhar pesado do Park em seu filho, que o encarava indiferente.

- Eu estou me esforçando.

- Não seja mais um derrotado. – os olhos do grisalho atacavam Jimin, que consequentemente arrastou com os pés a cadeira e se levantou, tocando nas costas do loiro para que o seguisse.

Só então Yoongi pôde perceber a grandeza daquela casa. Não que a sua própria fosse pequena, mas aquela era mais que aquilo. Era bonito como as poucas luzes deixavam o clima da casa igualável a um cenário de filme. Havia vasos de plantas muito bonitas em todos os cantos. Ao fim da sala havia uma espécie de cascata artificial, que jorrava água sobre pedras escuras e eram iluminadas por neon laranja.

Jimin então abriu uma porta de quina dupla, esperando pelo mais velho que saciava sua curiosidade observando qualquer canto.

- Você é engraçado. – a voz doce do Park não era compatível ao seu físico quente e seu rosto viril.

- Eu deveria perguntar por quê? – Yoongi ajeitava os fios descoloridos na testa, confuso ao formular uma resposta a qual não sabia se deveria ter sido dita. Jimin deu mais alguns passos, mantendo o silêncio e dando espaço ao som da fonte em formato de peixe jorrando água para dois lados.

- Você apenas é. – o moreno abriu um portão de pedra esverdeada, dando acesso a uma área consideravelmente enorme. Yoongi parou na entrada e admirou ainda mais o local. Ao fundo havia uma piscina iluminada, algumas espreguiçadeiras de mármore com algumas almofadas marrons. Havia quatro portas para cada lado do espaço e mais vasos de plantas vivas. O lugar possuía uma iluminação azulada e Yoongi se perguntava quem era o gênio criador daquilo.

- Isso é incrível. – o moreno encarava as expressões do outro que admirava tudo boquiaberto. Jimin queria descobrir de fato quem era mesmo Min Yoongi.

Estava curioso. Interessado.

Jimin sorriu ao pensar que talvez descobrir Yoongi seria uma tarefa difícil. Ele parecia incompreensível de relance. Mas Park sabia que, com tempo, descobriria como era jogar com o mais velho, que aos seus olhos, era uma jóia.

Não sabia que tipo de jóia, mas poucos minutos foram o suficiente para fazê-lo querer desvendar seu valor.

Deslumbre-me

Deslumbre-me

**

- Você não vai falar nada? Só fica se arranhando com as unhas. – Jimin abraçava os joelhos enquanto sentado no chão. Observava Yoongi na beira da piscina, coçando repetidamente os pulsos.  O mais velho fazia aquilo há quase dez minutos.

Jimin o observou por cada um dos mesmos.

Tentou formular diversos motivos para aquilo, tentou mais uma vez, entender aquele presente a sua frente.

Yoongi por outro lado, não havia percebido o que acabara de fazer.  Não podia em hipótese alguma contar à Jimin.

Aquilo não acontecia há meses.

- Ah, desculpa. – o loiro afastou as unhas curtas dos pulsos e se encontrou sangrando. Jimin de joelhos se aproximou de Yoongi e pegou com as duas mãos pequenas o pulso pálido com algumas frestas de sangue. O moreno mergulhou o braço do mais velho na piscina, que arfou em protesto contra o ardor da pele fininha. Jimin colocou a mão sobre o pulso de Yoongi, pressionando-o um pouco e deixando a mesma por ali.

- Acho que você pode me contar sobre isso depois. – passou os dedos curtos pela pele sensível do outro, que observava intacto o que o mais novo estava fazendo. – Mas não continue. – Yoongi podia sentir as linhas digitais do polegar de Jimin entrarem em contato com sua pele.

Era curioso sentir aquilo.

Sentir Park Jimin perto de si, desde o começo, era curioso.

- Por favor, diga alguma coisa! – Jimin parecia uma criança birrenta. Os dois riram da atuação do mais novo e Yoongi suspirou.

- Eu tinha seis anos. – começou e Jimin se ajeitou em sua posição, concentrando o olhar no loiro.  – Eu costumava treinar no time infantil de basquete do colégio. Eu era bom, muito bom. Mas alguns colegas de time não gostavam de mim. Eu era sempre ganho como o destaque.  – os dedos magros e compridos de Yoongi tremulavam apoiados em sua coxa. Suspirou mais uma vez antes de continuar. – Um dia alguns deles me pegaram indo embora pra casa. Eu apanhei feio, tipo, feio pra caralho. Então um deles me deixou ir, na condição de não voltar mais a treinar. – Yoongi apertava o tecido da calça jeans anil com força. Senta ódio e repulsa ao falar daquilo.

- Você vai sumir de tão branco. Não precisa continuar. – Jimin levantou e fez sinal com o polegar para que saíssem dali. Yoongi levantou com dificuldade e sentiu sua cabeça doer.

- Mas qual era o nome dele? – Jimin andava na frente e perguntou por uma última vez.

- Jung Hoseok. – o moreno pausou seus passos.