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História Cinderela às Avessas - Então aparece uma estrela


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 4 - Então aparece uma estrela


Creuzodete olhava o céu com um olhar distante.

- A estrela vai aparecer hoje, madame?
- Sim. Agora é só esperar.
- Será mesmo que ela fará algum pedido?
- É muito difícil resistir. É quase hipnótico.
- Fico só pensando como as coisas vão ficar depois desse pedido. Tudo ficará de pernas para o ar!
- É preciso um pouco de caos para que tudo se ajeite.
- Nesse caso, será um grande caos. Estou com pena dela. Bom... quase.

A outra só deu aquele sorrisinho misterioso. Ah, se aquela garota soubesse o que lhe esperava! Sua vida nunca mais ia ser a mesma depois daquela noite.

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Carmem assistia a tudo com grande deslumbramento. Eram as roupas mais lindas que ela tinha visto em toda sua vida! Como era possível alguém criar algo tão fabuloso assim?

- Ai meu santo! Esse vestido é a minha cara! Nossa, essa blusa é tudo de bom! E esse biquíni? Olha esses sapatos! Ai meu coração!

O desfile tinha sido um sucesso, mostrando a coleção de verão feita pelos melhores estilistas do país e alguns do exterior. Carmem assistiu a tudo maravilhada e se apaixonou por cada peça de roupa que foi apresentada, imaginando como ia ficar deslumbrante caso elas fizessem parte do seu guarta-roupa.

No final, ela olhou o relógio. Eram seis e meia, hora de ir embora. Mas aquelas maravilhas não a deixavam sair do lugar. Todas as peças pareciam lhe chamar pelo nome, implorando para serem compradas. Era impressão sua ou tinha se formado uma aura de luz ao redor daquelas roupas? Céus, ela ouvia até um coro angelical!

- Será que eles vão ficar zangados se eu comprar só essa minissaia? É tão linda, eles nem vão perceber. Isso mesmo, só essa minissaia e eu vou embora! E todos ficam felizes!

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No céu noturno, uma estrela apareceu repentinamente, brilhando mais do que as outras. Ela piscava sem parar, como se estivesse aguardando algo. E realmente estava
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Carmem suspirava de felicidade ainda saboreando o dia mais feliz da sua vida. Ela pretendia comprar somente aquela minissaia, mas viu uma blusa que ia combinar divinamente. Depois sapatos, acessórios, bolsas, lenços... então ela viu uma linda calça, depois um vestido e uma coisa foi levando a outra até o carro ficar totalmente abarrotado por causa das suas compras. O que era para ter levado alguns minutos durou três horas, mas ela não se importou com o tempo. Não se importou com nada.

Eram quase dez da noite quando o carro estacionou na entrada da mansão. O casal Frufru estava na sala esperando a filha chegar para lhe dar uma grande bronca pela demora e tiveram um choque quando Carmem entrou seguida pelo chofer que segurava uma imensa quantidade de embrulhos, pacotes e sacolas como se fosse um carregador de safári.

- Céus, Carmem! Você enlouqueceu? – sua mãe perguntou com os olhos arregalados. Nem ela comprava daquele jeito.
- Você quer nos levar a falência? Quer nos arruinar? – seu pai estava quase infartando.
- Ai, que exagero! Foi só umas comprinhas de nada! Nem estourei o limite do cartão!
- E você ainda fala isso como se fosse um grande feito? Carmem, você me prometeu que não ia comprar nada nesse desfile!
- Er... prometi? Uia, eu não lembro!

Os dois olharam para ela com a pior cara possível. Por que seus pais estavam aborrecidos com algo tão bobo? Só porque ela comprou algumas roupas? O que havia de errado nisso? Ela era de família rica, podia pagar por tudo. Não dava para entender por que eles estavam tão chatos daquele jeito sendo que antes nem ligavam para essas coisas.

- Espero que você tenha guardado as notas, porque amanhã mesmo vamos devolver tudo!
- Devolver? Mãe, a senhora não pode estar falando sério! Isso não!
- Sim, ela está falando muito sério e eu também! O que você fez foi totalmente errado! Não demos autorização para fazer essas compras!
- Então por que deixaram o cartão de crédito comigo?
- Porque achamos que seria útil em caso de emergência, mas vejo que foi muita imprudência deixar algo assim em suas mãos e já estou totalmente arrependido!
- Eu também! Carmem, você tem noção do quanto isso é absurdo?
- Absurdo? Desde quando comprar algumas roupinhas é absurdo? A senhora nunca ligou pra isso!
- Agora eu ligo! Quero ser uma pessoa melhor, cansei dessa vida de futilidades! E você vai ter que mudar também!
- E se eu não quiser mudar? Estou muito bem assim, obrigada!

Seus pais a olharam de um jeito muito estranho. Sua mãe falou.

- O que me deixa mais triste é que você quebrou sua promessa.
- Ah, desculpa, foi mal!
- Estou muito decepcionado com você. Nós estamos.
- Confiamos na sua palavra e você fez o contrário do que prometeu.
- Ai, também não é pra tanto. Ei, minha bolsa!

Ignorando os protestos da filha, ela pegou a bolsa e tirou de lá o cartão de crédito e também as notas de toda a compra.

- Nós lhe poupamos do castigo porque achamos que fosse capaz de honrar com sua palavra. Já que não pode fazer isso, então terá que arcar com as consequências dos seus atos. De hoje em diante, lhe daremos apenas o suficiente para as despesas pessoais. Você não tem maturidade para andar por aí com um cartão de crédito.

O choro da Carmem ecoou pela casa inteira. Ela gritava, chorava, batia o pé, implorava, ameaçava e fazia de tudo para que eles mudassem de idéia.

- Vocês não podem fazer isso comigo, é crueldade! Droga, por que vocês pegam tanto no meu pé? Nunca fazem nada pra mim, essa vida é uma droga mesmo!
- Vá agora para o seu quarto, mocinha! Nós vamos decidir qual castigo aplicar e você vai aprender a nos respeitar de uma vez por todas!
- Ah, me deixa em paz, tá legal? Vocês são chatos demais!

A moça saiu dali pisando duro e praguejando em voz alta. Sua mãe sentou-se no sofá em prantos.

- Eu não acredito que criei esse monstro! Como pude ser tão burra?
- Nós dois falhamos, querida. Nós dois falhamos. – seu marido falou colocando o braço ao redor do seu ombro.

Reeducar aquela garota mimada e fútil ia ser um grande desafio para eles.

Quando chegou ao seu quarto, Carmem se jogou na cama chorando e lamentando por ter uma vida tão difícil.

Seus amigos tinham lhe abandonado, seus pais resolveram ser horríveis, os empregados eram uns idiotas, ninguém lhe respeitava mais. Será que tinha como as coisas piorar? Naquela hora, tudo lhe pareceu horrível e ela desejou poder sumir dali para nunca mais voltar.

De repente, um brilho forte pareceu entrar pela janela, fazendo-a parar de chorar. Ela pode ver o céu todo estrelado e sentiu uma vontade irresistível de olhar as estrelas.

Desde quando ela se importava com esse tipo de coisa? Bem... Seu estado de espírito não estava nada bom e ela se sentia deprimida. Uma estrela em particular lhe chamou a atenção porque além de ser maior e mais brilhante que as outras, também piscava de forma insistente, como se quisesse ser notada. Até parecia uma grande jóia no céu!

Os eventos daquele dia e dos outros voltaram a sua cabeça, fazendo com que um grande ressentimento surgisse dentro dela. Olhando para a estrela e se deixando levar pelo rancor e vitimismo, Carmem falou em voz alta e sem pensar no que estava dizendo.

- Eu desejo nunca ter nascido nessa família, nem nesse bairro, nem ter conhecido aquele bando de traidores! Desejo nunca ter conhecido ninguém aqui!

A estrela pareceu brilhar mais ainda, fazendo-a ter um sobressalto. Ela esfregou os olhos, tentou olhar direito e viu que tinha sumido.

- Aff, devo estar ficando doida mesmo! Fazer pedido pra estrela? Credo, que coisa mais brega!

Seus olhos estavam pesados e ela bocejou longamente. Um sono irresistível tomou conta dela, fazendo-a dormir imediatamente sem nem ao menos preocupar em trocar de roupa.

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- Está feito, Berenice. – Creuzodete falou olhando para o céu noturno. - Eu disse que nunca falha.
- Que menina tola... ela poderia ter pedido qualquer coisa e desperdiçou com esse pedido idiota. Agora ela vai sofrer muito.
- Não há muito o que fazer. Como ela é muito jovem, vou acompanhá-la por um tempo para garantir que não irá se machucar ou coisa pior. Depois disso, ela terá que arcar com as consequências da sua escolha.
 



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