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História Cinderela às Avessas - Para descobrir que a salvação não vem


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 13 - Para descobrir que a salvação não vem


Quando todos foram para a mesa, Carmem começou a servir o jantar procurando dar o seu melhor. Será que Afonso e Rebeca sabiam que ela era a filha dos Frufrus? Será que tinham entrado no jogo também? Pensando melhor, era muita coincidência ela ter conseguido aquele emprego com tanta facilidade sendo tão nova e não tendo nem carta de referência, coisa que as famílias ricas costumavam exigir das empregadas.

Realmente, era muito estranho ela ter entrado na agência e encontrado aquela mulher falando com Rebeca que procurava justamente alguém com suas descrições. Era óbvio que seus pais tinham arranjado tudo!

- Até que você está com uma cara boa. – Marlene observou.
- É, está tudo indo maravilhosamente bem! Algo me diz que as coisas vão melhorar muito daqui pra frente.

A outra apenas riu e deu de ombros. Pobre garota, era pouco provável que as coisas fossem melhorar naquela casa.

Quando foi servir a sobremesa, Carmem observava seus pais disfarçadamente esperando que a qualquer momento eles a chamassem para terminar aquele castigo. Depois vieram as frutas, o licor e por último o café para encerrar aquele jantar formal.

- Essa festa será um sucesso total! Vamos arrecadar muito dinheiro para nossas crianças! – Afonso falou oferecendo um charuto para Sr. Frufru.
- Tenho certeza de que tudo dará certo.

Depois que acertaram os detalhes e prometeram divulgar a festa entre seus amigos e conhecidos, a Sra. Frufru quis fazer uma pergunta.

- Essa moça que serviu o jantar...
- Algum problema? Ela fez uma grosseria? – Rebeca perguntou com um sobressalto.
- Claro que não, imagina! Só fiquei curiosa. Ela parece bem novinha!
- Ah, sim! É um dos jovens de nossa instituição. – ela mentiu para impressioná-los - É meio desmiolada, pobrezinha, tem dificuldade para aprender e costuma ser lerda às vezes. Mas é boa pessoa e estamos fazendo de tudo para ajudá-la.   

Aquilo com certeza explicou o comportamento estranho daquela moça no outro dia e eles não fizeram mais perguntas. Pelo menos ela estava sendo bem assistida e não havia mais com o que se preocupar. Quando chegou a hora de ir embora, Carmem ficou de acompanhá-los até a porta. Sua liberdade estava quase chegando!

Assim que os dois saíram, Carmem lhes falou.

- E então? Eu fui bem essa noite?

Os dois estranharam a pergunta e a Sra. Frufru respondeu com toda paciência.

- Sim, você foi bem. Espero que esteja se recuperando e aquele incidente desagradável não aconteça nunca mais.
- Você ainda tem uma vida pela frente, menina. Não desperdice desse jeito. Aproveite a ajuda generosa que os Aguiar estão lhe dando e...
- Não, espera! Achei que vocês tivessem vindo me buscar! Pai, mãe, cansei disso tudo, já chega!

Eles se entreolharam por um tempo e a mulher falou.

- Parece que ela tem mesmo problemas, ainda acha que somos pais dela!
- Pobre coitada! Melhor nem falarmos nada para os Aguiar ou ela pode acabar perdendo o emprego.
- Ei, eu não tenho problema não! Já mudei, aprendi o valor do trabalho! Por favor, não me deixem aqui! Me levem com vocês!

Com medo de um escândalo, eles foram se afastando rapidamente e correram até o carro com Carmem atrás implorando. A Sra. Frufru disse visivelmente aborrecida.

- Por favor, não nos cause mais esse constrangimento! Hoje não falaremos nada aos seus patrões, mas se isso se repetir, teremos que tomar providências!

Eles entraram no carro e o chofer arrancou rapidamente. Carmem ainda tentou correr atrás deles, mas logo parou no meio do caminho chorando como um bezerro desmamado. Será que eles queriam levar aquele castigo por mais tempo? Ou será que aquela história da estrela era mesmo verdade?

Pensar assim lhe encheu de pavor. Seus pais agiram mesmo como se não a conhecessem. Por mais que fossem controlados, eles nunca teriam conseguido agir com tanta frieza. Ou teriam? Ela não sabia de mais nada e voltou para a mansão com o coração em pedaços ao ver seus sonhos jogados por terra. Pelo visto, ela ainda ia ter que passar uma longa temporada vivendo naquela casa, aturando uma patroa neurótica e uma colega de trabalho que fazia de tudo para tornar sua vida pior ainda.

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- Ah, pobre moça! Fiquei com pena dela!
- Também fiquei, querido. Que situação triste!
- Será que ela tem problemas mentais?
- Ou talvez seja muito carente. Essa instituição acolhe crianças órfãs. É possível que ela não tenha pais e isso deve ter mexido com a cabeça dela. Que dó!
- É mesmo. Ela sofre por não ter pais e nós sofremos por não ter filhos. Que vida mais estranha essa!

Sua esposa concordou, suspirando ao lembrar que nunca pode ter filhos. Como seria se ela tivesse uma filha? Uma criança teria alegrado muito a vida deles.

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Carmem voltou para casa, deu um jeito de lavar bem o rosto para que ninguém visse que ela tinha chorado e foi jantar junto com os outros. Depois que todos fizeram sua magra janta, Rafael chegou perto de Carmem e falou.

- A Cascuda te chamou pra ir lá na casa dela domingo. Parece que ela tem uma coisa importante para te falar.
- Mesmo? Ai, tomara que domingo chegue logo! – ela falou esperançosa. Será que Cascuda tinha arrumado uma solução para aquele problema? Quem sabe ela não encontrou Creuzodete para dar um jeito de desfazer aquele feitiço?

Pensar assim lhe deixou mais animada. Depois daquela noite, Carmem finalmente entendeu de que se tratava de um feitiço. Não tinha outra explicação.

De longe, Cassandra via os dois conversando e rindo, o que fez seu ciúme aumentar mais ainda. Aquela loirinha não perdia por esperar!
 



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