História Ressucitada - Estou ferrada

Minha vã me deixou em frente ao portão de minha casa. Enquanto ela se afastava para a próxima entrega, peguei aquele papel laranja e o encarei.

Mas que merda. 

Peguei minhas chaves e entrei em casa, encarei a minha casa e pensei: Estou ferrada.

Destranquei e entrei em minha sala. Minha mãe estava no celular, provavelmente no Facebook. Desde que ela descobriu os smartphones ela não larga mais.

- Mãe... - Tossi, jogando minha mala no chão.

- Hum. - Ela murmurou super prestando atenção.

- Eu me meti numa briga hoje na escola e... Bom, estou suspensa... - Gaguejei. 

Minha mãe me encarou. Lá vêm o sermão. 

Ela se levantou, pegou seu chinelo e começou a me espancar. 

A dor agoniante subia por meu corpo, eu fui uma garota tão boa esse ano, não fiz nada de ruim, e por causa de um erro bobo estou suspensa e levando uma surra da minha mãe.

Ela me xingava e me batia, em meu rosto, meu braço, barriga, perna, o primeiro lugar que viesse, ela batia.

Fiz algo arriscado. Calculei numa velocidade inacreditavel, e assim que ela se afastou um centimetro à esquerda para bater em minhas costas, sai correndo.

Ela começou a berrar meu nome e correr atrás de mim. Subi as escadas rapidamente, entrei em meu quarto e fechei a porta, girei a chave. Respirei fundo. Foi por pouco.

Me concentrei e comecei a me curar, tentando amenizar a dor enquanto minha mãe se jogava contra a porta e berrava meu nome, seguido de um palavrão.

- QUANDO SEU PAI CHEGAR VOCÊ ESTÁ FERRADA. - Ela berrou e parou de se jogar contra a porta. O barulho de porta abrindo alcançou meus ouvidos. Meu pai chegará mais cedo hoje. - Pois bem, Marcos. Chloe está trancada no quarto, se escondendo de meu chinelo. Tire-a de la, agora.

De minha mãe eu consegui fugir, mas de meu pai... Não é tão fácil. Eu preciso me esconder ou sair daqui rapidamente.

Corri até a minha janela. Se eu pulasse, iria quebrar minha perna.

O único lugar seguro era em cima de meu armario. Meu colchão não estava mais atrás do armário para eu escala-lo. E mesmo assim, ele iria me ver e provavelmente derrubar o armário.

Eu preciso dar o fora.

Será que eu...?

Fechei meus olhos. Ouvi as batidas altas e gritos me ameaçando, mas conforme eu mais me concentrava, mas longe os barulhos ficavam. Me concentrei: Quero ir para algum lugar seguro, que eu conheça.

Fiquei repetindo essa frase e fechei meus olhos. Senti meu corpo voar, e uma enxaqueca forte veio, parecia que minha cabeça ia explodir. Uma pancada forte em meu estômago.

As duas primeiras sensações passaram. Abri os olhos, eu estava numa floresta, escura e tenebrosa

Vomitei tudo.