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História A Faculdade - Campus


Escrita por: trishakarin

Capítulo 2 - Campus


Tric Clac Tric!

O som de chave na porta acabou me acordando. Abri os olhos um pouco perdida, sem saber exatamente onde estava. Não tinha o costume de dormir fora de casa e vivi no mesmo local a minha vida inteira. Estar em um ambiente completamente diferente, assustava um pouco. A claridade no quarto, causava até dor nos olhos. 

Jennifer entrou no quarto, com os olhos quase cerrados e vermelhos. Ela riu ao me ver acordada.

- Bom dia, novata - ela disse com a voz embargada.

- Está tudo bem?

- Olha, os dormitórios masculinos ficam logo ali perto da ala de esportes. Caso você acabe se perdendo por lá também - ela riu e se jogou na cama.

- Que horas são? - perguntei confusa.

- São... - ela olhou para um relógio virado para si ao lado da cama - Seis da manhã, pode voltar a dormir. Eu só tenho aula a tarde.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, ela virou para o outro lado e adormeceu instantaneamente. Como a senhora Gregor havia alertado, Jennifer fazia o tipo de garota que não perdia uma noite com o sono. Levantei da cama e peguei uma toalha e minha caixinha de higiene pessoal. Sai do quarto, tranquei e atravessei o corredor em direção ao banheiro.

Estava bem silencioso, todos dormiam naquela manhã. As aulas costumavam começar as oito da manhã, e como moravam praticamente ao lado do Campus, não havia a menor necessidade de acordar mais cedo. Estava quase alcançando o banheiro quando senti um corpo bater no meu ombro direito quase me jogando ao chão. Estiquei o braço e estabilizei o equilíbrio com a parede oposta. 

- Ai, perdão - uma garota correu para me ajudar a não dar de encontro com o chão. 

A porta aberta mostrava que ela saiu apressada e nem olhou para ver se alguém vinha pelo corredor. Voltei os olhos para a garota e perdi um pouco o fôlego ao constatar tamanha beleza. Quase esqueci que estava na faculdade por um segundo e não em um hotel de luxo. A garota, de olhos intensos na cor verde, os cabelos dourados amarrados em um rabo de cavalo no alto da cabeça, o sorriso branco, de dentes tão perfeitamente alinhados que quase pensei estar assistindo um comercial de creme dental. O corpo atlético, vestidos em roupas de academia no tom azul turquesa. 

- Você está bem? - ela perguntou preocupada e me trazendo de volta a realidade.

- Estou, desculpa, eu não te vi e nem ouvi a porta... eu - tentei me desculpar.

- Não, eu que peço desculpas, estou acostumada de ninguém estar acordado a essa hora e acabei não tomando cuidado. Perdoe-me. 

Me levantei, pegando minha toalha que havia caído no chão e fiquei de frente pra ela.

- Está tudo bem né? - perguntou novamente.

- Sim. Obrigada.

Ela sorriu, piscou delicadamente e saiu pelo corredor sem dizer mais nada. Eu fiquei por alguns instantes parada, observando-a desaparecer pela escada. Dei as costas e fui tomar meu banho. 

* * * * *

Bati na sala da diretoria e uma mulher jovem, de mais ou menos trinta anos abriu com um sorriso encantador nos lábios, me permitiu a entrada, ofereceu um café e informou que o diretor Alves estava em uma reunião, mas logo iria me atender. E realmente não demorou, quando a porta de seu escritório se abriu, uma garota saiu apressada e ele sorriu abrindo espaço para que e entrasse. O fiz e sentei-me na poltrona frente a sua mesa.

- Senhorita Ashley München, correto? 

- Exatamente, senhor.

- Primeiramente, seja bem vinda ao Campus - ele sorriu e pegou uma pasta com meu nome - Trouxe sua ficha? - entreguei a pasta que a senhora Gregor me entregou - Muito bem. Então, os estudantes que preenchem a vaga através da bolsa, têm algumas regras diferentes, como você deve imaginar. Quando oferecemos uma bolsa, vale de acordo com a competência e comprovação que esses alunos vão levar a sério e você, tanto no teste, como na entrevista, demonstrou as características que procuramos e aqui está você. Bom, primeiramente, temos uma nota mínima, temos frequências mínimas e trabalho de duas horas na biblioteca, diariamente. O seu curso é...

- Música.

- Canta? Toca?

- Toco piano, senhor.

- Brilhante. Deixe-me ver... - ele abriu a gaveta e pegou uma pequena caixa e dela tirou uma chave - Essa é chave da sala de música, lá temos os instrumentos, pode ir lá praticar o quanto quiser, mas seria essencial que marcasse horários juntamente com outros alunos que também praticam lá. Por fim... aqui estão as regras de bolsistas, a chave, neste papel tem as informações sobre seu trabalho na biblioteca, procure por Amanda. Tudo bem? 

- Obrigada mais uma vez pela oportunidade, senhor Alves, eu não sei como lhe agradecer.

- Agradeça ao seu talento, querida. Fico feliz de termos você aqui e esperamos poder ajudá-la a alcançar seus objetivos.

- Agradeço - sorri e ele me acompanhou até a porta.

Atravessei o corredor e fui até o prédio de música, queria conhecer o piano, sentir suas teclas. Precisava conhecer aquele que seria meu eterno companheiro de faculdade. O celular vibrou em meu bolso durante a caminhada, no visor via o nome de Alan. Alan era meu namorado desde os 13 anos, apesar de ter começado a namorar muito cedo, não foi nada assim tão devastador. Sempre fui apaixonada por ele, nos conhecíamos desde o sete anos de idade e aos 12 ou 13 anos, passamos por aquela fase no qual queremos descobrir o mundo. Minhas amigas ficavam e namoravam, eu me senti perdida e pedi meu melhor amigo em namoro. Tudo aconteceu devagar, o primeiro beijo veio somente seis meses após o pedido de namoro, a nossa primeira vez, quase um ano e meio após o beijo e o namoro comum adolescente comecei desde esse dia. Éramos muito amigos, companheiros. Ele não gostou muito quando disse que iria morar nos dormitórios da faculdade e que não nos veríamos mais diariamente, apenas nos finais de semana. Mas ele sabe que sempre buscaria pelos meus sonhos.

- Alô - atendi logo.

- Amor. Como está? 

- Estou bem.

- Como foi a primeira noite? - ele perguntou desconfiado.

- Foi bem, minha colega de quarto dormiu fora, chegou hoje de manhã, já falei com o diretor e estou indo conhecer o piano - disse rapidamente.

- Amizades já? - senti pelo tom de voz dele, que ele já estava tentando monitorar as pessoas que conhecia.

Alan era um garoto perfeito, mas desde que descobriu sobre a faculdade, começou com pequenas crises de ciúme, me ligava a todo instante, as vezes apenas para me lembrar que ele me amava. Aquilo, que deveria estar me deixando feliz, por saber que tinha um namorado tão apaixonado, estava me irritando. Mas como sempre fui sincera com ele, não começaria naquele momento a esconder algo que ele pudesse se chatear.

- Minha colega de quarto disse que tem uma festa hoje e me chamou para ir - disse sem respirar.

- Que festa? Quem? - a voz dele se tornou levemente agressiva - Ash? Que festa é essa? Você acabou de chegar aí e já tem uma festa para ir?

- Alan... o que está acontecendo com você? - parei em meio ao campo, próxima a uma árvore, já não tão distante do prédio de música, ainda no Campus de Esportes - Você nunca me cobrou nada, vai começar agora?

- Você nunca foi de festas e vai começar agora, Ashley?

- Eu nunca fui de festas porque sempre estive me preparando para isso aqui. Eu consegui e agora posso desfrutar de tudo. Se eu quiser ou não ir a essa festa é uma decisão minha, Alan.

- Nós somos namorados, Ashley, você me deve alguma satisfação sim...

Desliguei o celular. Eu não precisava ouvir aquilo. Eu nunca fiz nada que Alan desconfiasse, nunca traí nem psicologicamente, sempre fui correta e fiel ao nosso relacionamento. Nunca tivemos problemas e não era agora que iria aceitar ordens ou pedir permissão para qualquer coisa.

Entrei no prédio de música e fui até a sala do piano, seguindo as placas e instruções no papel entregue pelo direto. A porta estava aberta, nem precisei usar a chave. Havia um garoto no canto da sala, dedilhando suavemente em um violino enquanto lia uma partitura, segurando o arco com cuidado e delicadeza. Ele olhou em minha direção e sorriu em forma de cumprimento. Respondi com um aceno e segui até o piano, sentei no banquinho e levantei a tampa, tocando as teclas, dedilhei algumas notas para sentir e ouvir o som. Estava bem afinado, as teclas excelentes. Ele era perfeito. Era um piano calda negro, já gasto pelo tempo, mas maravilhoso. Sentei na postura correta e dedilhei algumas notas. O garoto levantou e veio em minha direção.

- Toca feito um anjo - ele disse sorrindo - Lê partituras?

- Sim.

- Posso te testar?

- Claro.

Ele me entregou uma partitura, All Of Me de John Legend. Eu adorava aquela música. Peguei e coloquei a minha frente, ele encostou-se no piano e começamos a tocar. Eu já sabia aquela música, mas queria acompanhá-lo. Tocamos como se fossemos uma dupla há muitos anos. Ele dava o sangue pelo instrumento, tocava de forma brilhante. Cerrava os olhos e dava todo um sentimento. Quando terminamos, ele olhou para mim com um sorriso nos lábios.

- Você é perfeita - ele disse se aproximando e pegando uma de minhas mãos - Quem é você?

- Ashley München - ri da sua reação, um pouco envergonhada com o exagero.

- Me chamo Luciano Smith. Estou no quarto ano. 

- Lu - uma voz soou na sala e quando olhei para ver de quem se tratava, lá estava ela, a dona dos mais belos pares de olhos verdes que vi na vida - Olha só, a novata - ela disse com um sorriso entrando na sala - Percebi tarde, o quanto fui mal educada com você.

- Como?

Ela estendeu a mão.

- Samantha Fontes. 

- Ah - ri da sua reação e apertei sua mão - Ashley München.

- Você já conhecia esse anjo? - Luciano perguntou chocado. Senti, pela sua reação, que ele fosse gay, mas não queria ter pré conceitos de alguém que não conhecia.

- Anjo por que?

- Essa menina toca feito um anjo, Sam. Como pôde me esconder essa menina?

- A conheci hoje cedo, quando estava correndo. Mas, que feliz saber que meu melhor amigo encontrou alguém pra compartilhar sua paixão musical, porque eu não consigo acompanhar ele de forma alguma.

Sorri apenas!

- Ashley...

- Ash, podem me chamar de Ash.

- Ash - ela sorriu daquele jeito que me deixava perder o sentido das pernas - Sabe da festa hoje na ala de esportes?

- Minha colega de quarto havia comentado.

- Pensa em ir?

- Ainda não sei. Acabei de chegar, não conheço ninguém, não quero me sentir deslocada.

- Ah, mas não vai. Eu e a Sam vamos, pode vir com a gente.

- Minha colega de quarto me informou que iríamos, se eu realmente acabar indo, encontro vocês lá.

- Sem esse SE por favor. Você vai. Ai, você precisa de amigas mais decentes, Sam, aproveita essa anja aí!

- Lu, por favor. Bom, temos que ir logo que o Henrique está esperando a gente lá fora. Ash, foi um prazer enorme te conhecer - ela disse sorrindo e beijando de leve meu rosto antes de sair da sala acompanhada de Luciano. 

Eu continuei sentada, olhando para o nada por alguns minutos. Eu realmente deveria ir a essa festa, já que quero mudanças, que aconteçam. Voltei a pôr as mãos nas teclas e dedilhar músicas aleatórias.

 



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